Um CEO criativo e estudioso. Uma ideia genial. E capital para transformar sonhos em realidades. Essa é a fórmula do sucesso do iFood?
“Tudo bobagem”! Em uma das palestras mais aguardadas do G4 Valley, o CEO do iFood, Fabricio Bloisi, revelou os verdadeiros segredos por trás da sua operação bilionária. P.S: eles não são nada do que você imaginou.
Fabricio compartilhou insights valiosos sobre os bastidores da companhia e atribuiu o crescimento vertiginoso dos últimos anos a quatro princípios que fundamentam toda a estrutura do negócio:
Mas antes de continuar, o CEO adverte:
“A verdade por trás disso é que deu muito errado. Antes do iFood começar a ser uma empresa que cresce e conta uma história legal, a gente quase quebrou por uns 5 ou 7 anos”.
Para Fabricio Bloisi, todo negócio deve ter um propósito claro, que entenda seu impacto para sua família, comunidade, cidade e para o mundo todo.
Essa é a força-motriz que te guiará mesmo quando tudo der errado. O propósito também será a bússola para encontrar pessoas que querem causar o mesmo impacto no mundo que você.
“O meu propósito é o que me guia para quando está sempre pronto para começar de novo, correr mais e fazer melhor.”
No iFood, o propósito é representado pela frase “Alimentar o futuro do mundo”. Através deste mantra, a companhia cria um planejamento estratégico ambicioso, de caráter global, e que pode ir muito além do setor de alimentos. E com este mesmo mantra, colaboradores ambiciosos e que querem mudar o mundo são selecionados para fazerem parte da transformação.
Há pouco menos de dez anos, o iFood movimentava em torno de R$ 1 milhão por ano em seu aplicativo. Em 2023, o número registrado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) foi de R$ 97 bilhões – aproximadamente 0,5% do PIB do país.
Segundo Fabricio, o verdadeiro mérito da conquista é das pessoas que participam do negócio ao seu lado. Seu papel é definir um propósito, definir uma cultura, selecionar pessoas muito boas e investir nelas.
O empresário compartilha alguns dos atributos que procura nos seus colaboradores: ambição, estudioso, trabalhador e que entregue resultado.
“Se você conseguir essa pessoa, invista nela. Faça um plano para ela aprender muito e ganhar muito dinheiro”.
Para empresários com menos recursos, o CEO ainda oferece duas dicas: stock options ou comissionamento baseado em risco.
No iFood, dos 5.500 colaboradores, cerca de 1.300 possuem stock options.
“Eu preciso de 1.300 donos empurrando a empresa para frente e fazendo a empresa crescer”.
Para manter uma mentalidade de inovação, Fabricio Bloisi utiliza a mentalidade de Ambidestria Organizacional. Na prática, isso significa equilibrar as estratégias da empresa entre ações que trazem resultados de curto prazo, e ações que promovem a disrupção do próprio negócio.
No iFood, essa mentalidade é aplicada em testes constantes, para pequenos grupos de pessoas (baratos). A empresa não investe grandes quantias de recursos até que uma bateria de testes seja feita à exaustão.
“É assim que a gente acerta no iFood. Não é tendo uma ideia do Fabricio, é aprendendo rápido e se movendo muito rápido.”
O CEO afirma que o ciclo de projetos médio é de 2 semanas. Projetos longos podem durar até por um ano, mas serão subdivididos em etapas de 2 semanas (sprints). Sobre o tema, ele finaliza recomendando a leitura do livro “A Startup Enxuta” (Lean Startup no original) de Eric Ries.
Disciplina é ser capaz de indicar claramente qual o objetivo esperado, acompanhá-lo continuamente e, ao fim do processo, remunerar adequadamente os responsáveis, explica Fabricio Bloisi.
No iFood, há um ritual mensal de acompanhamento de resultados para todos os colaboradores. Nesta reunião, as lideranças compartilham abertamente os resultados dos seus projetos, o que está dando certo e o que não está funcionando.
O CEO reforça que a transparência é o segredo para manter os melhores profissionais. “Se eu quero uma empresa de gente boa, apaixonada, inteligente, e melhor que eu, elas têm que saber o que está acontecendo, conhecer os objetivos (da empresa) e ter transparência (sobre os resultados)”.
Antes de finalizar a palestra no G4 Valley, Fabricio instigou a plateia com o conceito das “Ondas de Kondratiev”, um fenômeno teórico que mapeia o avanço tecnológico por ondas de crescimento rápido e desaceleração. Nestes ciclos, inovações básicas lançam revoluções tecnológicas que, por sua vez, geram novos setores comerciais ou industriais.
Conhecido por sua mentalidade de inovação contínua, o CEO disse que a melhor inovação não é a internet, as redes sociais ou o iFood. A melhor inovação é aquela que ocorrerá nos próximos 10 anos.
“O mundo mudou muito rápido, mas ele vai mudar mais rápido ainda nos próximos anos. Isso não é o fim do mundo. Isso é uma oportunidade para quem está com uma empresa começando agora.”