Design Sprint: o que é e como funciona a metodologia do Google?

Design Sprint: o que é e como funciona a metodologia do Google?

Por:
Amanda Gushiken
Publicado em:
14/9/2023
Atualizado em:
17/4/2024

O principal desafio dos empreendedores brasileiros é a estruturação e mapeamento de processos, segundo levantamento feito pelo G4 Educação. Apesar da metodologia ágil ter sido rapidamente incorporada a muitos negócios no Brasil, o desafio de pensar e desenhar o fluxo de processos permanece para quase 30% dos gestores entrevistados.

Design Sprint é uma metodologia para estruturar e mapear a construção de um produto ou uma solução em cinco dias. Ainda que a ideia e execução possam parecer uma tarefa impossível de ser feita em tão pouco tempo, o método já foi testado por diversas startups ao redor do mundo.

O Design Sprint ficou conhecido por ser o método implementado no Google Ventures (GV), o braço de investimentos de risco do Grupo Alphabet, que controla o Google. Em sua definição, o GV diz que o design sprint “é um ‘best-seller’ de estratégia de negócios, inovação, ciência do comportamento, design thinking e muito mais – reunidos em um processo testado arduamente que qualquer equipe pode usar”.

Imagem ilustrativa do fluxograma de Design Sprint
(Crédito: G4 Educação)


Muitas vezes confundido com o termo “sprint”, o design sprint é uma metodologia por si só. Ou seja, é uma opção de método a ser implementado para chegar a uma solução. Por sua vez, as sprints são um componente fundamental do Scrum, uma das estruturas ágeis mais amplamente utilizadas, em que as equipes multifuncionais se dedicam durante um período de tempo para concluir um conjunto específico de tarefas e entregar uma melhoria em produtos, processos ou projetos.

O que é Design Sprint?

O Design Sprint é uma metodologia que visa solucionar problemas encurtando o tempo que se leva em discussões para chegar a um resultado final. O objetivo desse método é garantir a agilidade de um projeto em um período definido de cinco dias (mas que pode comportar algumas variações). 

Por meio do Design Sprint é possível criar protótipos, jornadas de usuários, desenvolver soluções para problemas existentes, aprofundar o conhecimento sobre problemas latentes, criar experimentos rápidos em busca de soluções e antecipar possíveis empecilhos antes do desenvolvimento do produto/serviço e da implementação.

Tudo isso é alcançado dentro da metodologia básica de cinco dias, que cria um mapa de processos e identifica os stakeholders (partes interessadas), bem como os pontos nos quais eles interagem com o processo. Com isso, o Design Sprint estimula a integração e o alinhamento entre os integrantes dentro de um projeto.

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Como surgiu o Design Sprint?

Design Sprint é uma metodologia desenvolvida pelo designer norte-americano Jake Knapp, que trabalhou com o Google e foi responsável pela aceleração de diversas startups ao redor do mundo. O método foi apresentado pela primeira vez no Google Ventures (GV) em 2010. Knapp trabalhou com equipes como Chrome, Google Search e Google X. Em 2012, ele trouxe os design sprints para a GV, onde o processo foi aperfeiçoado com contribuições da equipe.

Na visão de Knapp, as reuniões de brainstorming não estavam sendo produtivas. Para otimizar o tempo e melhor aproveitar a colaboração dos envolvidos, o designer criou a metodologia Design Sprint.

Imagem representativa dos processos do Design Sprint
Metodologia de Design Sprint (Crédito: G4 Educação)


Durante uma viagem curta para Estocolmo em 2009, Jake Knapp teve oportunidade para testar o método que estava construindo. O norte-americano ia encontrar-se com os engenheiros de software Serge Lachapelle e Mikael Drugge para discutir a criação do Google Hangouts.

Junto aos suecos, Knapp testou o framework pela primeira vez, dando início à criação do Google Hangouts, uma plataforma de videochamadas sem a demanda da instalação de um software para ser utilizado.

Após o teste inicial pelo próprio Google, o Design Sprint foi então aplicado em mais de 80 startups espalhadas pelo globo. Entre as empresas conhecidas que implementaram o Design Sprint estão o Slack, Uber, Airbnb, Medium, Dropbox, Facebook, McKinsey, IDEO, LEGO, The New York Times, The Wall Street Journal e até a Harvard Business School.

Com o sucesso da implementação e popularização do método, Knapp publicou o livro “Sprint: O método usado no Google para testar e aplicar novas ideias em apenas cinco dias”, em 2016. O livro foi traduzido para mais de 20 idiomas e se tornou uma referência para quem pensa em criar seu próprio negócio.

Cronograma padrão do Design Sprint
Framework de Design Sprint (Crédito: G4 Educação)

Passo a passo do Design Sprint

O Design Sprint foca em construir um produto ou uma solução no prazo de cinco dias ou uma semana útil. Após definido o escopo da equipe que atuará no projeto, o passo-a-passo dessa metodologia se divide pelos dias da semana:

Dia 1: Faça o mapeamento

O primeiro dia de um Design Sprint é direcionado para a identificação e alinhamento de um problema. É o momento de definir o alvo: estabelecer qual é a questão prioritária e levantar informações que contribuam para a discussão de qual é o problema e como poderia ser solucionado. 

“O que eu aconselharia a alguém que está fazendo isso pela primeira vez é conversar com as pessoas da equipe. Faça um rascunho do que você acha que é a meta de longo prazo e a métrica para ela. Isso o ajudará muito na segunda-feira”, afirmou Knapp em entrevista ao Workshopper.

Dia 2: Faça o desenho

O segundo dia é a etapa mais parecida com uma reunião de brainstorming tradicional: todas as direções possíveis são registradas. O foco dessa reunião é a divergência, para então formular uma lista de possíveis caminhos para a resolução do problema. 

A tendência é que cada profissional presente na reunião faça uma análise e solucione a questão de uma forma diferente das outras pessoas, com base em seu background profissional. Com a reunião das ideias, o time pode partir para a próxima fase.

Dia 3: Tome a decisão

O terceiro dia do design sprint foca na tomada de decisão. Após a apresentação de diferentes propostas pelos integrantes do time, chega o momento de decidir qual é a solução mais apropriada e viável de execução para solucionar o problema. O ideal é desenhar a escolha, por meio de um mapa de jornada do usuário ou um storyboard, o que facilitará as próximas etapas.

“Em um design sprint, você terá que se sentir confortável com o desconforto: desconfortavelmente rápido, desconfortavelmente imperfeito e desconfortavelmente incompleto”, aconselhou Knapp em entrevista ao Workshopper.

Dia 4: Construa o protótipo

O quarto dia do design sprint foca na criação do protótipo. O objetivo não é terminar o dia com um produto, o que seria tecnicamente impossível, mas encerrar com uma representação fiel das funcionalidades e finalidades que o produto quer alcançar.

O protótipo deve ser útil para a realização de testes, a fim de validar se realmente cumpre com o que se propõe a fazer. Nesta fase, uma dica é dividir o time para que uma equipe seja responsável pelo desenvolvimento do protótipo e a outra crie os roteiros de testes para o último dia.

Dia 5: Faça o teste

Por fim, o último dia da semana é direcionado para apresentar o protótipo aos usuários, e então  mensurar os dados, analisar os feedbacks e aprender com a versão lançada. Em cinco dias, o problema é identificado, analisado e corrigido. 

Caso o teste

  • Tenha retorno positivo: o protótipo parte para o desenvolvimento. 
  • Tenha retorno negativo: é possível reiniciar o ciclo, começando um novo design sprint. Porém, desta vez, o time não parte da estaca zero, já que já possui o aprendizado da tentativa anterior. 

Para auxiliar a implementação do Design Sprint em um projeto, é possível baixar o Kit de Design Sprint desenvolvido pelo próprio Google Ventures

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O que é Design Sprint 2.0?

Design Sprint 2.0 é uma versão atualizada do modelo desenvolvido por Jake Knapp. A agência alemã AJ&Smart revisitou a metodologia e encurtou o período de 5 para 4 dias. A principal diferença entre os modelos é que o 2.0 condensa as atividades do 1º e 2º dias do modelo 1.0 em um único dia.

Outra diferença entre as versões é o escopo do time. De acordo com a agência alemã, um gestor "só precisa da equipe completa do Sprint por dois dias, em vez de cinco. Qualquer pessoa que já tenha lidado com stakeholders sêniores sabe que essa é uma grande, grande vitória”.

“Limpar sua agenda por cinco dias é um sacrifício enorme em qualquer nível, portanto, obter os mesmos resultados do Sprint com o comprometimento de apenas dois dias é muito importante quando se está tentando convencer alguém a autorizar um Sprint”, completa a agência.

Como o Design Sprint foi pensado dentro do GV, grande investidor de startups, a agência alemã viu a oportunidade de otimizar o modelo para empresas já consolidadas no mercado. Essa é outra diferença entre as metodologias: o público ao qual são direcionadas. 

Imagem ilustrativa representando as diferenças entre o Design Sprint e o Design Sprint 2.0
Framework de Design Sprint 1.0 e Design Sprint 2.0 (Crédito: G4 Educação)

Quando usar o Design Sprint?

O método pode beneficiar uma série de situações dentro da empresa.

  1. Quando um projeto se inicia: a metodologia ajuda a definir a solução para o problema que o projeto visa resolver. Por exemplo, pode ser implementada na construção de um produto, de uma nova funcionalidade do produto, de um website, de uma landing page ou de uma campanha de anúncios. 
  2. Quando um projeto está em andamento: a metodologia auxilia na superação de obstáculos encontrados em determinada etapa do projeto. Por exemplo, a jornada do usuário em serviços digitais é um aspecto que precisa de melhorias contínuas. Ou seja, no longo prazo, é um projeto constantemente em andamento. Aplicar o design sprint para mapear as melhorias e a evolução ao longo do tempo pode ajudar a definir se as estratégias adotadas estão ou não cumprindo os objetivos propostos.
  3. Quando um processo precisa ser acelerado: o método ajuda a acelerar e dar agilidade a diversos processos, que não são necessariamente projetos. Por exemplo, times com alta procura dentro da empresa e uma longa lista de demandas, como os times de Tecnologia e Financeiro, podem visualizar melhor as tarefas a serem feitas e quais são as prioridades para entregas.
  4. Quando as equipes precisam se integrar: o método auxilia a integrar todos os colaboradores dentro de um mesmo projeto. Por exemplo, projetos que necessitam da cooperação entre diferentes times, como Marketing e Tecnologia, podem se beneficiar da aplicação do modelo e evitar atritos, conflitos ou desentendimentos entre os participantes porque todos compartilham as principais informações para buscar o sucesso do projeto.

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Qual é a diferença entre Design Sprint e Design Thinking?

O Design Sprint é um processo estruturado e de tempo restrito para resolver problemas complexos, promover a inovação e criar soluções centradas no usuário. É amplamente utilizado por empresas e equipes de produtos. Um Design Sprint geralmente dura cinco dias e envolve uma equipe multifuncional trabalhando em uma série de exercícios estruturados para idealizar, criar protótipos e testar possíveis soluções.

O Design Thinking é uma abordagem centrada no ser humano para a solução de problemas e a inovação que prioriza a empatia, a criatividade e a ideação iterativa. O conceito foi introduzido por Tim Brown em 1978, quando era CEO da IDEO. O objetivo é utilizar o kit de ferramentas do designer para integrar as necessidades das pessoas, as possibilidades da tecnologia e os requisitos para o sucesso dos negócios. 

A diferença entre Design Thinking, Design Sprints e Sprints ágeis
A diferença entre Design Thinking, Design Sprints e Sprints ágeis (Crédito: G4 Educação)

Qual é a diferença entre Design Sprint e a Sprint da Metodologia Ágil?

A Metodologia Ágil engloba uma série de modelos diferentes para a estruturação de processos e projetos. Os mais famosos tipos de modelos ágeis são o Scrum, o Kanban, o Lean e o XP.

O Scrum foi mencionado pela primeira vez na Harvard Business Review em 1986, e as empresas começaram a implementá-lo em 1993. A autoria do framework é atribuída aos norte-americanos Jeth Sutherland e Ken Schwaber, no início da década de 1990. Os criadores acreditavam que para obter os melhores resultados de um projeto, as equipes deveriam ter objetivos, liberdade para determinar como atingir esses objetivos e a capacidade de se auto-organizar.

O Scrum se baseia em ciclos de desenvolvimento com tempo pré-determinado. Ou seja, cada sprint (do inglês, “corrida”) dentro do Scrum terá uma duração definida previamente: seja uma semana, duas semanas ou um mês.

Kanban é uma técnica ágil de gestão de projetos e visualização de fluxo de trabalho que se originou dos processos de fabricação da montadora japonesa Toyota e foi posteriormente adaptada para o desenvolvimento de software e outros domínios de trabalho de conhecimento. O método enfatiza a melhoria contínua.

Extreme Programming, geralmente abreviado como XP, é uma metodologia ágil de desenvolvimento de software que se concentra em práticas de engenharia para fornecer software de alta qualidade com eficiência. O XP foi criado no final da década de 1990 e é conhecido por sua ênfase na colaboração, no feedback do cliente e na excelência técnica.

O Lean é uma metodologia ágil inspirada nos princípios da manufatura enxuta, especialmente aqueles desenvolvidos pela Toyota. O Lean enfatiza o fornecimento de valor e, ao mesmo tempo, minimiza o desperdício e as ineficiências no processo de desenvolvimento. Embora o Lean tenha suas origens na manufatura, ele foi adaptado para vários setores, incluindo desenvolvimento de software e gerenciamento de produtos.

Enquanto as metodologias ágeis atuam no gerenciamento dos projetos, mantendo a fluidez dentro dos times e o fluxo de ações e execuções dentro da organização, o Design Sprint foca na busca para a solução de um problema em um tempo restrito, basicamente de 5 dias ou uma semana, seja para um novo produto ou projeto. 

Leia mais: Como ter um time ágil?

Tipos de Design Sprint

Confira abaixo as principais aplicações de Design Sprint:

  1. Design Sprint de Produto: é a aplicação mais convencional. Alguns exemplos de Design Sprint de produto são a construção de jornadas de usuários completas, criação de protótipos e de novas funcionalidades para um produto.
  2. Design Sprint de Processo: processos organizacionais podem ser otimizados com o Design Sprint. Isso vale para todas as áreas dentro de uma empresa, desde o Financeiro, Jurídico, RH, Marketing, Vendas, Atendimento ao Cliente, etc. 
  3. Design Sprint de Visão: este tipo foca no longo prazo. O objetivo é mirar lá na frente em que patamar um produto pode chegar no futuro, explorando desafios e oportunidades. Com essa finalidade, o Design Sprint auxilia na escolha de ferramentas e demais recursos necessários para atingir essa visão. 
  4. Design Sprint Moonshot: aqui a busca é pela inovação. A intenção é reimaginar um produto ou serviço, identificando vantagens competitivas e pensando em aspectos nunca antes pensados ou criados pela concorrência. Por isso tem um caráter mais “subjetivo” e pode não resultar em um produto final. No entanto, alguns materiais podem ser compilados, como um esboço de ideias, uma apresentação em slides com sugestões e soluções para um problema complexo, etc.

Como se preparar para uma Design Sprint?

Veja algumas dicas práticas para preparar um design sprint:

  1. Reserve a semana inteira no seu calendário e no da sua equipe.
  2. Tenha materiais disponíveis na sala de reunião para auxiliar a demonstração de ideias: quadros, lousas, flipcharts, post-its, folhas de papel sulfite, canetas, marcadores, adesivos, dentre outros. 
  3. Mantenha um relógio em sala para acompanhamento do tempo das reuniões.
  4. Avise aos colaboradores para não usar dispositivos durante as sessões, a fim de garantir que toda a equipe esteja 100% concentrada durante os encontros.

Qual é o escopo do time do Design Sprint?

Em geral, alguns profissionais são essenciais para a realização de um design sprint. Além de já terem conhecimento e (possivelmente) experiência com a metodologia, profissionais como Sprint Master dão maior direcionamento para a reunião. Seu papel é o de um “mestre de cerimônias”, tomando a posição de decisor e intermediador de conflitos. Outros profissionais que entram no escopo do design sprint são:

  • Sprint Master
  • Gerentes de Produtos
  • Engenheiros de Software
  • Designers de UX/UI (User Experience/User Interface)
  • Product owners
  • Especialistas
  • Analistas de Marketing

Conclusão

O Design Sprint é um método comprovadamente eficaz no ecossistema de tecnologia. Aplicá-lo a um negócio pode aumentar a produtividade da empresa, bem como tornar mais visível o caminho que está sendo percorrido. O método ainda estimula o alinhamento das equipes, a maior integração da companhia e a priorização de tarefas e processos dentro de um projeto. 

Design Sprint: o que é e como funciona? | Blog G4
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