Surgindo em um um ritmo acelerado, esse modelo de negócios impulsionou a busca por soluções disruptivas que transformaram mercados inteiros e, com o avanço da tecnologia, o crescimento das startups alcançou escala global.
De acordo com um levantamento da StartupRanking, os Estados Unidos é o país com mais startups do mundo - cerca de 76.355 startups -, seguido por Índia e Reino Unido, com 12.863 e 6.184, respectivamente.
No Brasil, embora existam menos, o impacto econômico é expressivo. De acordo com a Cortex, que utilizou no estudo informações locais e globais de mais de 17 mil fontes, existem 11.562 startups no país, que atuam em sua maioria, em três grandes segmentos: TI (28%), serviços (22%) e varejo (16%).
Apesar do volume impressionante, ainda existem muitas dúvidas sobre esse modelo de negócios, mesmo no setor empresarial, que por muito tempo utilizou o termo para se referir somente a negócios que estavam começando.
Embora muitos definam startups como empresas em fase inicial, a definição é incorreta. Existem duas características que definem seu conceito de maneira apropriada e completa: uma startup é escalável e replicável.
Esses elementos são impulsionados pelo uso da tecnologia, que possibilita que o negócio impacte um número cada vez maior de clientes com despesas geralmente muito menores do que seriam sem o uso da rede mundial de computadores, tornando-se assim um modelo valioso para qualquer investidor.
Para conseguir 10 mil novos clientes, eles [Walmart] precisam construir um armazém novo, eu só preciso de dois servidores. - Jack Ma, criador do Alibaba
Mas como tudo isso começou? Antes do primeiro unicórnio surgir, muitos negócios falharam e, a seguir, explicamos como as startups passaram a atingir valuations astronômicos, mudando o mercado e se tornando verdadeiras potências.
Como mencionado, uma startup é um modelo de negócio escalável e replicável. Com esse conceito em mente, podemos considerar que a cada década desde 1960 nascem empresas que conseguem escalar e replicar sua solução através do uso da tecnologia.
A Intel, por exemplo, pode não apenas ser considerada uma das primeiras startups do mundo como também uma das primeiras a se tornar um unicórnio. Fundada em 1968, viveu a era de ouro dos semicondutores, conseguindo produzi-los 2x mais rápido que qualquer outro concorrente.
Um pouco depois de sua fundação, em 1971, fomos apresentados a um termo que viria a se tornar praticamente sinônimo de startup. Uma revista intitulada Electronic News utilizou pela primeira vez a expressão ?Vale do Silício?, se referindo a empresas que fabricavam semicondutores em toda a área de Palo Alto, Cupertino, entre outras.
Deste momento em diante, essa área passou a abrigar diversas startups que, ao utilizar avanços tecnológicos de suas respectivas épocas, se transformaram em companhias bilionárias:
Embora os semicondutores tenham sido importantes para a história do Vale do Silício e tudo que ele representa, podemos considerar que o verdadeiro crescimento das startups se intensificou no final dos anos 90 quando a internet ascendeu, apresentando ao mundo empresas como Google e Amazon.
Apesar do cenário promissor e dos altos investimentos, a supervalorização das empresas de tecnologia de 2000 a 2002 culminou em uma crise financeira que ficou conhecida como o ?estouro da bolha PontoCom?.
No entanto, como o mundo dos negócios é dinâmico e ágil, enquanto a bolha especulativa estourava nos Estados Unidos, a primeira startup brasileira de sucesso nascia ? quando o termo ?startup? nem existia por aqui e a internet era utilizada por cerca de 100 mil brasileiros.
Com um investimento inicial de R$ 4.800, o Buscapé foi fundado no interior de São Paulo em 1999 e a ideia de criar uma ferramenta que buscava e comparava preços de produtos em diferentes sites ganhou ampla aceitação.
Assim, após receber investimentos milionários, o Buscapé foi comprado por um conglomerado de mídia sul-africano chamado Naspers por US$ 342 milhões, abrindo caminho para muitas outras startups de sucesso que conhecemos atualmente. Já o primeiro unicórnio brasileiro surgiu em 2018, quando a 99 ?serviço de ride-sharing ? foi avaliada em US$1 bilhão.
Leia também: Entrevista com Romero Rodrigues, cofundador do Buscapé e investidor de VC na Headline
Embora o cenário brasileiro de startups seja um pouco mais recente, seu impacto econômico é inegável.
Além de movimentar bilhões em diferentes setores, revolucionaram seus respectivos segmentos ao alinhar tecnologia às novas necessidades dos consumidores, como é o caso do Nubank e da healthtech Alice, que mudaram radicalmente a maneira como olhamos para serviços financeiros e de saúde.
Leia também: Tech startups: o que é fintech, insurtech, healthtech e mais [+ exemplos]
Depois da crise financeira, a comunidade de startups americana se reergueu com uma nova leva de negócios. Com a volta dos investimentos, outras startups começaram a surgir, dando origem não só a novas soluções tecnológicas mas também a uma era digital que mudaria o mundo.
De 2003 a 2006, fomos apresentados a startups que deram início a ascensão das redes sociais:
Além de impulsionarem novos comportamentos, as startups desse período já começaram a reconfigurar o mundo dos negócios como conhecíamos, de sua origem ao valuation que recebiam. O Facebook, por exemplo, foi fundado por Mark Zuckerberg em seu dormitório em Harvard e o YouTube foi comprado pelo Google por US$ 1,65 bilhão em 2006.
Em 2007, um novo produto consolidou a mudança em andamento. O lançamento do primeiro iPhone da Apple foi um sucesso e à medida que o uso de celulares aumentou, os aplicativos ganharam destaque, o que propiciou que uma nova leva de startups pudessem funcionar, transformando setores inteiros e consolidando o modelo de negócios que vinha há anos se aperfeiçoando:
Como vimos até aqui, a tecnologia é um elemento central para o crescimento exponencial das startups, tanto que parece se retroalimentar. Conforme o cloud computing foi evoluindo, por exemplo, muitas startups passaram a adquirir poder computacional enquanto reduziam custos consideráveis, impulsionando toda a operação e ganhando escalabilidade.
Ou seja, à medida que a tecnologia avança, as empresas podem aprimorar seu modelo de negócios continuamente, se reinventando sempre que necessário ? um dos maiores desafios de empresas tradicionais e que as startups souberam usar a seu favor desde o começo.
Uma vez que os gastos com infraestrutura foram reduzidos, a barreira de altos investimentos foi parcialmente superada, o que aumentou as chances de muitos empreendedores realizarem um MVP de alta qualidade mesmo com poucos recursos, o que acaba acelerando a validação ou a reformulação das ideias.
O Instagram, por exemplo, começou com um aplicativo de check-in chamado Burbn, mas ao notarem a pouca tração, os fundadores rapidamente puderam mudar os planos. Atualmente, o Instagram conta com cerca de 1 bilhão de usuários mensais e em 2012 foi comprado pelo Facebook por US$ 1 bilhão.
Em 2012, ao chegar à bolsa de valores realizando um dos maiores IPOs de todos os tempos (captando 16 bilhões de dólares e sendo avaliada em mais de US$ 100 bilhões), a empresa fundada por Mark Zuckerberg assumiu protagonismo frente à ascensão desse novo modelo, representando até onde as startups poderiam chegar e como podiam mudar o setor empresarial.
O ecossistema de inovação que vivenciamos hoje está sendo construído há décadas e, ao que tudo indica, continuará se perpetuando, impulsionando novas ideias e negócios disruptivos. Afinal, o Airbnb chegou onde está mesmo sem querer ser dono dos quartos e o Uber corta cidades de todo o mundo sem foco em possuir veículos.
Todas as startups de sucesso utilizam inovação tecnológica para atender o desejo dos consumidores por maior conveniência e praticidade, tornando-se lucrativas e sustentáveis ao longo do caminho. Como?
Três grandes elementos fazem parte do modelo de startup que conhecemos hoje:
Com a tecnologia avançando cada vez mais, é possível, como nunca antes, transformar uma visão em realidade, impactando a vida de muitos consumidores de maneira única, atendendo e superando suas expectativas.
Uma coisa é certa: as startups transformaram o mundo dos negócios para sempre, e embora os riscos envolvidos sejam altos, os ganhos são extraordinários.