Crescimento das startups: quando elas se tornaram essa potência?
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Crescimento das startups: quando elas se tornaram essa potência?

Crescimento das startups: quando elas se tornaram essa potência?

Por:
G4 Educação
Publicado em:
30/1/2023

Surgindo em um um ritmo acelerado, esse modelo de negócios impulsionou a busca por soluções disruptivas que transformaram mercados inteiros e, com o avanço da tecnologia, o crescimento das startups alcançou escala global.

De acordo com um levantamento da StartupRanking, os Estados Unidos é o país com mais startups do mundo - cerca de 76.355 startups -, seguido por Índia e Reino Unido, com 12.863 e 6.184, respectivamente. 

No Brasil, embora existam menos, o impacto econômico é expressivo. De acordo com a Cortex, que utilizou no estudo informações locais e globais de mais de 17 mil fontes, existem 11.562 startups no país, que atuam em sua maioria, em três grandes segmentos: TI (28%), serviços (22%) e varejo (16%).

Apesar do volume impressionante, ainda existem muitas dúvidas sobre esse modelo de negócios, mesmo no setor empresarial, que por muito tempo utilizou o termo para se referir somente a negócios que estavam começando.

Embora muitos definam startups como empresas em fase inicial, a definição é incorreta. Existem duas características que definem seu conceito de maneira apropriada e completa: uma startup é escalável e replicável.

  • Escalável: por não possuir um custo marginal ao aumentar o volume de produtos distribuídos, é um negócio que cresce a sua receita de maneira desproporcional aos custos;
  • Replicável: através de um passo a passo, o modelo pode ser repetido em diferentes locais a partir de um playbook.

Esses elementos são impulsionados pelo uso da tecnologia, que possibilita que o negócio impacte um número cada vez maior de clientes com despesas geralmente muito menores do que seriam sem o uso da rede mundial de computadores, tornando-se assim um modelo valioso para qualquer investidor.

Para conseguir 10 mil novos clientes eles [Walmart] precisam construir um armazém novo, eu só preciso de dois servidores.
Jack Ma,
criador do Alibaba

Mas como tudo isso começou? Antes do primeiro unicórnio surgir, muitos negócios falharam e, a seguir, explicamos como as startups passaram a atingir valuations astronômicos, mudando o mercado e se tornando verdadeiras potências.

Quando começaram as startups? 

Como mencionado, uma startup é um modelo de negócio escalável e replicável. Com esse conceito em mente, podemos considerar que a cada década desde 1960 nascem empresas que conseguem escalar e replicar sua solução através do uso da tecnologia. 

A Intel, por exemplo, pode não apenas ser considerada uma das primeiras startups do mundo como também uma das primeiras a se tornar um unicórnio. Fundada em 1968, viveu a era de ouro dos semicondutores, conseguindo produzi-los 2x mais rápido que qualquer outro concorrente. 

Um pouco depois de sua fundação, em 1971, fomos apresentados a um termo que viria a se tornar praticamente sinônimo de startup. Uma revista intitulada Electronic News utilizou pela primeira vez a expressão ?Vale do Silício?, se referindo a empresas que fabricavam semicondutores em toda a área de Palo Alto, Cupertino, entre outras. 

Deste momento em diante, essa área passou a abrigar diversas startups que, ao utilizar avanços tecnológicos de suas respectivas épocas, se transformaram em companhias bilionárias:

crescimento das startups
(Na imagem: podemos atribuir ao surgimento de novas empresas a cada nova era tecnológica)
(Créditos: Aileen Lee, TechCrunch, hitenism.com)

Embora os semicondutores tenham sido importantes para a história do Vale do Silício e tudo que ele representa, podemos considerar que o verdadeiro crescimento das startups se intensificou no final dos anos 90 quando a internet ascendeu, apresentando ao mundo empresas como Google e Amazon.

Apesar do cenário promissor e dos altos investimentos, a supervalorização das empresas de tecnologia de 2000 a 2002 culminou em uma crise financeira que ficou conhecida como o ?estouro da bolha PontoCom?.

No entanto, como o mundo dos negócios é dinâmico e ágil, enquanto a bolha especulativa estourava nos Estados Unidos, a primeira startup brasileira de sucesso nascia ? quando o termo ?startup? nem existia por aqui e a internet era utilizada por cerca de 100 mil brasileiros.

Com um investimento inicial de R$ 4.800, o Buscapé foi fundado no interior de São Paulo em 1999 e a ideia de criar uma ferramenta que buscava e comparava preços de produtos em diferentes sites ganhou ampla aceitação. 

versão inicial do site da Buscapé, em 1999
(Na imagem: versão inicial do site do Buscapé, em 1999)
(Créditos: Wayback Machine)

Assim, após receber investimentos milionários, o Buscapé foi comprado por um conglomerado de mídia sul-africano chamado Naspers por US$ 342 milhões, abrindo caminho para muitas outras startups de sucesso que conhecemos atualmente. Já o primeiro unicórnio brasileiro surgiu em 2018, quando a 99 ?serviço de ride-sharing ? foi avaliada em US$1 bilhão. 

Leia também: Entrevista com Romero Rodrigues, cofundador do Buscapé e investidor de VC na Headline

Embora o cenário brasileiro de startups seja um pouco mais recente, seu impacto econômico é inegável. 

Além de movimentar bilhões em diferentes setores, revolucionaram seus respectivos segmentos ao alinhar tecnologia às novas necessidades dos consumidores, como é o caso do Nubank e da healthtech Alice, que mudaram radicalmente a maneira como olhamos para serviços financeiros e de saúde.

Leia também: Tech startups: o que é fintech, insurtech, healthtech e mais [+ exemplos]

Mundo em constante transformação: o crescimento das startups

Depois da crise financeira, a comunidade de startups americana se reergueu com uma nova leva de negócios. Com a volta dos investimentos, outras startups começaram a surgir, dando origem não só a novas soluções tecnológicas mas também a uma era digital que mudaria o mundo.

De 2003 a 2006, fomos apresentados a startups que deram início a ascensão das redes sociais:

  • MySpace em 2003
  • Facebook em 2004
  • YouTube em 2005
  • Twitter em 2006

Além de impulsionarem novos comportamentos, as startups desse período já começaram a reconfigurar o mundo dos negócios como conhecíamos, de sua origem ao valuation que recebiam. O Facebook, por exemplo, foi fundado por Mark Zuckerberg em seu dormitório em Harvard e o YouTube foi comprado pelo Google por US$ 1,65 bilhão em 2006.

Em 2007, um novo produto consolidou a mudança em andamento. O lançamento do primeiro iPhone da Apple foi um sucesso e à medida que o uso de celulares aumentou, os aplicativos ganharam destaque, o que propiciou que uma nova leva de startups pudessem funcionar, transformando setores inteiros e consolidando o modelo de negócios que vinha há anos se aperfeiçoando:

  • Airbnb em 2008
  • Uber e WhatsApp em 2009
  • Instagram em 2010
  • Snapchat em 2011

steve jobs, fundador da apple, apresentando o iphone
(Na imagem: Steve Jobs, Fundador da Apple)
(Créditos: divulgação)

Como vimos até aqui, a tecnologia é um elemento central para o crescimento exponencial das startups, tanto que parece se retroalimentar. Conforme o cloud computing foi evoluindo, por exemplo, muitas startups passaram a adquirir poder computacional enquanto reduziam custos consideráveis, impulsionando toda a operação e ganhando escalabilidade.

Ou seja, à medida que a tecnologia avança, as empresas podem aprimorar seu modelo de negócios continuamente, se reinventando sempre que necessário ? um dos maiores desafios de empresas tradicionais e que as startups souberam usar a seu favor desde o começo.

Uma vez que os gastos com infraestrutura foram reduzidos, a barreira de altos investimentos foi parcialmente superada, o que aumentou as chances de muitos empreendedores realizarem um MVP de alta qualidade mesmo com poucos recursos, o que acaba acelerando a validação ou a reformulação das ideias.

O Instagram, por exemplo, começou com um aplicativo de check-in chamado Burbn, mas ao notarem a pouca tração, os fundadores rapidamente puderam mudar os planos. Atualmente, o Instagram conta com cerca de 1 bilhão de usuários mensais e em 2012 foi comprado pelo Facebook por US$ 1 bilhão.

Mark Zuckerberg
(Na imagem: Mark Zuckerberg)

Em 2012, ao chegar à bolsa de valores realizando um dos maiores IPOs de todos os tempos (captando 16 bilhões de dólares e sendo avaliada em mais de US$ 100 bilhões), a empresa fundada por Mark Zuckerberg assumiu protagonismo frente à ascensão desse novo modelo, representando até onde as startups poderiam chegar e como podiam mudar o setor empresarial.

Startup: um modelo com mais de 50 anos de existência e muitos mais pela frente

O ecossistema de inovação que vivenciamos hoje está sendo construído há décadas e, ao que tudo indica, continuará se perpetuando, impulsionando novas ideias e negócios disruptivos. Afinal, o Airbnb chegou onde está mesmo sem querer ser dono dos quartos e o Uber corta cidades de todo o mundo sem foco em possuir veículos. 

Todas as startups de sucesso utilizam inovação tecnológica para atender o desejo dos consumidores por maior conveniência e praticidade, tornando-se lucrativas e sustentáveis ao longo do caminho. Como?

Três grandes elementos fazem parte do modelo de startup que conhecemos hoje:

  1. Criação de um novo modelo de negócios
  2. Ascensão do capital de risco
  3. Uma nova geração de empreendedores, interessados em construir uma empresa com propósito forte, não apenas em fazer um produto.

Com a tecnologia avançando cada vez mais, é possível, como nunca antes, transformar uma visão em realidade, impactando a vida de muitos consumidores de maneira única, atendendo e superando suas expectativas.

Uma coisa é certa: as startups transformaram o mundo dos negócios para sempre, e embora os riscos envolvidos sejam altos, os ganhos são extraordinários.

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