Como será o mercado de M&A em 2023?

Como será o mercado de M&A em 2023?

Por:
G4 Educação
Publicado em:
8/3/2023
Atualizado em:

Qualquer que seja o setor, para as oportunidades certas, permanecerão altos os níveis de interesse e otimismo quanto à perspectiva do mercado de M&A, mesmo em um cenário macroeconômico desafiador.

 

Vários fatores impactaram o mercado de fusões e aquisições nos últimos anos, incluindo turbulência geopolítica, inflação vertiginosa, taxas de juros crescentes e preocupações com uma recessão global. 

De acordo com a pesquisa de perspectivas de 2023 em M&A da Bain & Company, o apetite continuará para a construção de acordos que consolidem negócios em suas respectivas indústrias.

Por exemplo, na área da saúde, a aquisição da Abiomed por US$ 16,6 bilhões pela Johnson & Johnson, em novembro de 2022, tornou-se um prelúdio desse movimento.

Tela do noticiário falando sobre o fechamento da transação pela CNBC.
(Na imagem: notícia do fechamento da transação pela CNBC)
(Créditos: CNBC)

De fato, os deals feitos por grandes empresas mostram que a busca por crescimento mais rápido, a diversificação de produtos ou serviços, a entrada em novos mercados e a obtenção de vantagens competitivas ainda continua sendo um caminho quando se trata de reduzir custos e melhorar a eficiência operacional para perpetuar um negócio no mercado.

“Um número sem precedentes de forças perturbadoras criou ventos contrários para os negociadores, mas também está gerando oportunidades. (...) Os fundamentos que impulsionam a negociação ainda estão em vigor e, com as avaliações moderando após os níveis históricos alcançados em 2021, compradores estratégicos e financeiros aproveitarão oportunidades de crescimento com preços melhores.” MassimoBorghello, chefe de consultoria de fusões e aquisições da Ásia-Pacífico na WTW.

Embora ninguém possa prever o futuro, há uma série de fatores que demonstra quais serão as principais tendências da agenda de fusões e aquisições para 2023.

#1 – Os valuations estão sob pressão

 

A pressão das avaliações em processos de M&A é um desafio que muitas empresas enfrentam para determinar o preço justo que o comprador está disposto a pagar e o vendedor está disposto a aceitar.

A incerteza em relação ao custo, disponibilidade de capital e as perspectivas macroeconômicas gerais, nesse sentido, podem tornar ainda mais difícil o objetivo de se encontrar um denominador comum adequado nessas transações.

Como a Bain & Company sugere, os valuations normalmente encontram um piso em torno de 9 vezes a 10 vezes o valor da empresa para o EBITDA. No entanto, compradores estratégicos devem estar preparados para aumentar essa média à medida que o ano se desenrola.

Ainda assim, as empresas de private equity permanecem resilientes em busca de oportunidades para investirem empresas que oferecem um potencial de crescimento significativo.

#2 - Retorno do “efeito batom”

 

O chamado “efeito batom” – observado pela primeira vez durante a Grande Depressão dos anos 1930, quando as vendas de batons aumentaram, apesar da recessão econômica – é um termo utilizado para descrever o fenômeno em que as vendas de produtos de beleza, como batons, tendem a aumentar durante períodos de crise na economia.

Em sua essência, significa dizer que, durante tempos difíceis, as pessoas ainda desejam se sentir bem consigo mesmas e tendem a recorrer a pequenos luxos, como um batom novo, para se sentirem melhores.

Dito isso, para 2023, espera-se que os interessados em processos de M&A privilegiaram negócios menores. Dados da Insurance Business mostram que:

No terceiro trimestre de 2022, nenhum mega acordo (avaliado em mais de $ 10bilhões) foi fechado – primeira vez que isso ocorreu em mais de três anos. Grandes negócios (avaliados em mais de $ 1 bilhão) também foram significativamente mais baixos em comparação com o mesmo período de 2021 (49 contra67).

#3 – Tecnologia em foco para M&A

 

Com a crescente necessidade de transformação digital em todos os setores, a expectativa é que haja uma onda de aquisições em mercados de inteligência artificial (AI) e machine learning em 2023.

Nesse sentido, companhias que ainda não adotaram essas tecnologias podem optar por adquirir empresas que possuam essa expertise, em vez de desenvolver internamente.

Já organizações que já utilizam AI e machine learning podem optar por adquirir startups ou concorrentes para aumentar a escala e expandir sua oferta de produtos e serviços.

Em qualquer que seja o caso, a necessidade de transformação digital deve impulsionar a atividade de M&A durante o ano.

De acordo com um levantamento da PwC, os acordos de software continuarão a dominar o setor de tecnologia –tanto quanto em 2022 –, tendo contabilizado dois terços (71%) da atividade de negócios e três quartos ( 74%) dos valores da transação. 

 #4 - Investidores estão preparados para injetar capital e sair dos investimentos existentes

 

Nos últimos anos, os fundos de private equity têm se especializado em indústrias e subsetores específicos, o que tem ajudado esses fundos a tomarem decisões de investimento com maior confiança em relação ao desempenho de seus negócios em diferentes ciclos de mercado.

Isso tem sido possível graças a uma série de fatores, incluindo avanços em tecnologia e análise de dados, que vem permitindo que, tais fundos, invistam de maneira mais consistente, independentemente dos altos e baixos do ciclo de negócios.

Somado a isso, muitos investidores têm uma grande quantidade de capital não investido em mãos que pode ajudar a impulsionar ainda mais a atividade de fusões e aquisições no decorrer deste ano.

Gráfico mostrando o capital de equity global disponível de 2010 a 2022.
(Na imagem: capital de equity disponível)
(Créditos: Pitchbook)

Além disso, existem muitas empresas no portfólio desses fundos que eles gostariam de vender. Por isso, é possível que novos negócios sejam realizados a partir dessa premissa.

#5 - M&A transfronteiriço pode estar aumentando

 

Conforme divulgado pela Morgan Stanley, os conflitos geopolíticos diminuíram significativamente as negociações entre as fronteiras internacionais no ano passado.

Gráfico com transações anunciadas com um valor agregado de $ 100M ou mais, inclui valores estimados e exclui transações encerradas (de 2012 a 2022).
(Na imagem: transações anunciadas com um valor agregado de $ 100M ou mais, inclui valores estimados e exclui transações encerradas)
(Créditos: Morgan Stanley / Refinity)

À medida que os ânimos se acalmam entre os países, a tendência é que a atividade transfronteiriça aumente durante os próximos dois anos, com muitas companhias buscando fortalecer suas cadeias de suprimentos globais.

#6 - Due diligence: intensifique e expanda

 

Com o aumento da atividade de fusões e aquisições em setores de alto crescimento nos últimos anos, muitas empresas enfrentaram uma forte pressão para realizar operações rapidamente e sob forte concorrência.

Nesse cenário, muitas equipes optaram por reduzir seus esforços de due diligence e se concentrarem em questões financeiras e legais, deixando aspectos críticos como cibersegurança, sinergias operacionais e sustentabilidade para serem abordados durante a fase de integração.

No entanto, essa abordagem gerou consequências duvidosas, como a própria onda de demissões e layoffs em diversos setores.

Dito isso, ficou claro que a due diligence simplificada não é suficiente para o ambiente atual. A intensificação e a expansão desse procedimento serão necessárias para que as empresas possam garantir que as aquisições sejam bem-sucedidas e gerem o valor esperado.

Este é apenas o início da próxima corrida para o mercado de fusões eaquisições

 

Conhecer as tendências do mercado não basta para se desenvolver uma forte capacidade de liderar operações de M&A.

É essencial que os envolvidos no processo sejam orientados por estratégias que ofereçam valor em toda a cadeia existente nesse ciclo:

Desenho do modelo operacional de um processo de M&A.
(Na imagem: cadeia do processo operacional de M&A)
(Créditos: Bain & Company)

Dominar o conhecimento necessário para dirigir um portfólio e atualizar roteiros para compras e vendas de seus ativos permite uma tomada de decisão ágil.

Isso porque, segundo o estudo da PwC já mencionado anteriormente, 60% dos CEOs globais não planejam adiar os seus acordos de M&A para 2023.

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