As eleições presidenciais dos Estados Unidos sempre viram pauta nos principais veículos de imprensa nacionais, levantando a dúvida do por quê acompanhá-las e qual o seu impacto real no cotidiano do brasileiro.
A relação entre os dois países, não obstante, é uma das bases da geopolítica brasileira e tudo o que ocorre na política do país norte-americano afeta diretamente os negócios, a economia e o custo de vida no Brasil.
O maior exemplo disso é a movimentação do real, que depende proporcionalmente do valor do dólar.
O dólar, a indústria da exportação e importação, a indústria da tecnologia e as relações internacionais com países aliados aos Estados Unidos são pilares da economia brasileira.
Portanto, as eleições presidenciais estadunidenses estão nos holofotes da mídia nacional, voltando os olhos de políticos, empresários e investidores para o que acontecerá na Casa Branca em Novembro de 2024.
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Diferente do Brasil, os Estados Unidos adotam um sistema de eleição por etapas: as primárias e caucuses, seguidas pelas convenções nacionais e, finalmente, chegam as eleições presidenciais.
Durante o período pré-eleitoral, delegados dos partidos Republicanos e Democratas reúnem-se em cúpulas estaduais a fim de discutir quem irá concorrer à presidência por cada partido.
Essas cúpulas são chamadas de primárias, quando envolvem voto secreto dos delegados, e caucus, que é um grande debate seguido de uma votação aberta.
Estados que adotam primárias são maiorias, enquanto caucus são a minoria. Todo estado envolve pelo menos um destes modelos de votação.
Ao fim dessa etapa inicial, ficam definidos quantos delegados cada estado terá para as eleições.
Projetados os candidatos à presidência, começam as convenções nacionais, eventos tradicionais para os Republicanos em Julho e para os Democratas em Agosto.
Nessas convenções, ocorre a tradicional contagem de votos de forma aberta, uma estratégia utilizada para reforçar que o candidato foi eleito de forma democrática e aumentar a persuasão dos delegados que não votaram na opção vencedora.
Após as convenções, as candidaturas são oficializadas e começam as campanhas eleitorais - ou seja, a corrida presidencial se inicia.
Na primeira segunda-feira de Novembro, os estadunidenses vão, de forma não obrigatória, às urnas preencher as cédulas eleitorais para votar para a presidência e para o congresso nacional.
A contagem de votos se inicia e, na maioria dos estados, quem vence a eleição estadual leva todos os delegados daquele estado em específico.
Por exemplo, se a Flórida tem 30 delegados, e o candidato A vencer por 51%, todos os 30 delegados são contabilizados para este candidato A.
As exceções à essa regra são os estados de Maine e Nebraska, que dividem os votos dos delegados de acordo com a porcentagem.
Para vencer as eleições norte-americanas, você não precisa vencer em 26 dos 50 estados. Basta vencer nos 12 abaixo, que são os que possuem mais delegados atualmente:
Abaixo, você pode conferir uma imagem com a versão atualizada da quantidade de delegados dos Estados Unidos, divididos por estado:
de delegados dos Estados Unidos, divididos por estado:
Repetindo a disputa acirrada em 2020, os candidatos às eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2024 seriam Donald Trump, pelo Partido Republicano e Joe Biden, pelo Partido Democrata.
No entanto, após um atentado à vida do candidato republicano em um congresso na Pensilvânia, as tensões aumentaram em torno das eleições, resultando na desistência oficial de Joe Biden à reeleição presidencial.
Diante da retirada do então presidente, o Partido Democrata definiu Kamala Harris como substituta de Biden para concorrer às eleições, que já têm data para acontecer: 5 de Novembro de 2024.
Donald John Trump, 78 anos, é uma figura proeminente no cenário empresarial e político dos Estados Unidos. Com uma fortuna avaliada em 5,5 bilhões de dólares, é uma das pessoas mais bem sucedidas financeiramente do mundo.
Antes de se tornar o 45º presidente dos Estados Unidos, Trump já era amplamente conhecido como um grande empresário do setor imobiliário e uma personalidade midiática.
Ele cresceu no Queens, Nova Iorque, e seguiu os passos de seu pai, Fred Trump, no ramo imobiliário, desenvolvendo e adquirindo propriedades de alto perfil em Manhattan e outras regiões.
Em 2016, Trump entrou na política como candidato do Partido Republicano e venceu a eleição presidencial contra Hillary Clinton.
Sua presidência foi marcada por políticas econômicas conservadoras, como cortes de impostos e uma abordagem atuante com relação à política imigratória norte-americana.
Trump também enfrentou dois processos de impeachment, dos quais foi absolvido pelo Senado em ambas as ocasiões.
Após sua presidência, ele continuou a exercer influência significativa na política americana, mantendo uma base de apoiadores leais e participando ativamente de eventos e campanhas políticas.
Portanto, mesmo após ser derrotado por Joe Biden em 2020, foi a escolha republicana para tentar uma nova eleição em 2024.
Joseph Robinette Biden Jr., 81 anos, é o 46º presidente dos Estados Unidos.
Antes de assumir a presidência, Biden teve uma longa carreira política, servindo como senador por Delaware de 1973 a 2009 e como vice-presidente durante os dois mandatos de Barack Obama, de 2009 a 2017.
Biden cresceu em Scranton, Pensilvânia, e mais tarde se mudou para Delaware, onde começou sua trajetória política.
Em 2020, Biden foi eleito presidente dos Estados Unidos, derrotando o então incumbente Donald Trump.
Sua campanha focou em unir o país, combater a pandemia de COVID-19, e promover uma agenda progressista com ênfase em mudanças climáticas, justiça racial e revitalização econômica.
No entanto, pela política externa controversa e o aumento de guerras provocadas pelos Estados Unidos ao redor do mundo, a popularidade do governo de Joe Biden caiu ao longo dos quatro anos, fazendo com que o atual presidente não fosse favorito à reeleição.
Kamala Devi Harris, 59 anos, é a 49ª vice-presidente dos Estados Unidos, sendo a primeira mulher a ocupar esse cargo. Antes de assumir a vice-presidência, ela foi senadora e procuradora-geral da Califórnia.
Nascida em Oakland, de pais imigrantes, Kamala Harris seguiu carreira política durante toda a sua vida e em 2024 foi nomeada candidata à presidência dos EUA, por desistência do então candidato Joe Biden, como supracitado.
O posto de candidata à presidência pelo Partido Democrata foi discutido por um bom tempo e nomes como Gavin Newsom e Gretchen Whitmer, governadores de Califórnia e Michigan, respectivamente, foram colocados em pauta, mas Kamala venceu a concorrência.
Como vice-presidente, Kamala Harris ficou marcada pela política externa violenta, passando por capítulos polêmicos como a não retirada das tropas estadunidenses do Afeganistão e a guerra no Irã.
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A economia brasileira é profundamente impactada pela influência americana, que se manifesta de diversas formas, desde a flutuação do dólar até as relações comerciais e tecnológicas.
A interdependência entre as duas nações têm implicações significativas para políticos, empresários e investidores ao redor do mundo. O dólar americano, a indústria de exportação e importação, a tecnologia e a diplomacia moldam a economia brasileira e isso é crucial para o cenário global.
O dólar americano é a moeda de reserva mundial e desempenha um papel crucial na economia global.
No Brasil, a valorização ou desvalorização do dólar tem efeitos diretos sobre a inflação, a dívida externa e os preços de produtos importados.
Quando o dólar está forte, o custo das importações aumenta, impactando desde produtos eletrônicos até insumos industriais, o que pode levar à elevação dos preços internos.
Por outro lado, um dólar valorizado pode beneficiar exportadores brasileiros, como os do setor agrícola e de commodities, que recebem mais reais por cada dólar exportado.
Para políticos, empresários e investidores, monitorar a taxa de câmbio é essencial para tomar decisões estratégicas em um mercado globalizado.
Os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais do Brasil, influenciando fortemente a balança comercial brasileira.
Produtos como soja, carne, aviões e minério de ferro são exportados para o mercado americano, gerando receita significativa para o Brasil.
Simultaneamente, o Brasil importa uma variedade de produtos dos EUA, incluindo tecnologia, equipamentos médicos e produtos químicos.
A dinâmica dessas relações comerciais afeta diretamente setores-chave da economia brasileira e pode ser influenciada por políticas comerciais, tarifas e acordos bilaterais.
Empresários e investidores precisam entender essas relações para identificar oportunidades e riscos no comércio internacional.
A influência americana na indústria de tecnologia no Brasil é notável.
Empresas de tecnologia dos EUA, como Google, Apple, Microsoft e Amazon, têm uma presença significativa no mercado brasileiro, tanto em termos de consumo quanto de investimento em infraestrutura e inovação.
Além disso, startups brasileiras frequentemente buscam investimentos de capital de risco de firmas americanas para crescer e se expandir.
Essa interação promove a transferência de tecnologia, a criação de empregos e o desenvolvimento de novos setores econômicos no Brasil.
Para políticos e empresários, fomentar um ambiente favorável para essas parcerias tecnológicas é crucial para o crescimento econômico e a competitividade global.
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A diplomacia entre Brasil e Estados Unidos também desempenha um papel vital na estabilidade e prosperidade econômica.
Acordos bilaterais e cooperação em áreas como segurança, energia e meio ambiente podem abrir novas oportunidades para investimentos e parcerias comerciais.
Políticos de ambos os países trabalham para fortalecer esses laços, promovendo um ambiente favorável para negócios e investimentos.
Investidores internacionais observam atentamente as relações diplomáticas, pois mudanças nas políticas externas podem impactar significativamente os mercados financeiros e as condições de investimento.
A influência americana na economia brasileira é multifacetada e profunda, impactando desde a taxa de câmbio até as relações comerciais e tecnológicas.
Políticos, empresários e investidores ao redor do mundo devem estar atentos a essa dinâmica para tomar decisões informadas e estratégicas.
Compreender como o dólar, as exportações e importações, a tecnologia e a diplomacia moldam a economia brasileira é essencial para projetar o cenário econômico global e, consequentemente, nacional.