Por que as eleições presidenciais dos Estados Unidos impactam a economia do Brasil?

Por que as eleições presidenciais dos Estados Unidos impactam a economia do Brasil?

Por:
João Messina
Publicado em:
29/7/2024
Atualizado em:

As eleições presidenciais dos Estados Unidos sempre viram pauta nos principais veículos de imprensa nacionais, levantando a dúvida do por quê acompanhá-las e qual o seu impacto real no cotidiano do brasileiro. 

A relação entre os dois países, não obstante, é uma das bases da geopolítica brasileira e tudo o que ocorre na política do país norte-americano afeta diretamente os negócios, a economia e o custo de vida no Brasil

O maior exemplo disso é a movimentação do real, que depende proporcionalmente do valor do dólar.

O dólar, a indústria da exportação e importação, a indústria da tecnologia e as relações internacionais com países aliados aos Estados Unidos são pilares da economia brasileira

Portanto, as eleições presidenciais estadunidenses estão nos holofotes da mídia nacional, voltando os olhos de políticos, empresários e investidores para o que acontecerá na Casa Branca em Novembro de 2024.

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Como funciona o sistema eleitoral dos Estados Unidos?

Como funciona o sistema eleitoral dos EUA das primárias até a posse
Crédito: G4 Educação

Diferente do Brasil, os Estados Unidos adotam um sistema de eleição por etapas: as primárias e caucuses, seguidas pelas convenções nacionais e, finalmente, chegam as eleições presidenciais

O que são primárias e caucus?

Durante o período pré-eleitoral, delegados dos partidos Republicanos e Democratas reúnem-se em cúpulas estaduais a fim de discutir quem irá concorrer à presidência por cada partido. 

Essas cúpulas são chamadas de primárias, quando envolvem voto secreto dos delegados, e caucus, que é um grande debate seguido de uma votação aberta.

Estados que adotam primárias são maiorias, enquanto caucus são a minoria. Todo estado envolve pelo menos um destes modelos de votação.  

Ao fim dessa etapa inicial, ficam definidos quantos delegados cada estado terá para as eleições. 

O que são as convenções nacionais dos EUA?

Projetados os candidatos à presidência, começam as convenções nacionais, eventos tradicionais para os Republicanos em Julho e para os Democratas em Agosto. 

Nessas convenções, ocorre a tradicional contagem de votos de forma aberta, uma estratégia utilizada para reforçar que o candidato foi eleito de forma democrática e aumentar a persuasão dos delegados que não votaram na opção vencedora. 

Após as convenções, as candidaturas são oficializadas e começam as campanhas eleitorais - ou seja, a corrida presidencial se inicia. 

Como funcionam as eleições presidenciais dos Estados Unidos?

Na primeira segunda-feira de Novembro, os estadunidenses vão, de forma não obrigatória, às urnas preencher as cédulas eleitorais para votar para a presidência e para o congresso nacional. 

A contagem de votos se inicia e, na maioria dos estados, quem vence a eleição estadual leva todos os delegados daquele estado em específico.

Por exemplo, se a Flórida tem 30 delegados, e o candidato A vencer por 51%, todos os 30 delegados são contabilizados para este candidato A. 

As exceções à essa regra são os estados de Maine e Nebraska, que dividem os votos dos delegados de acordo com a porcentagem. 

Quais estados têm mais delegados nos Estados Unidos?

Para vencer as eleições norte-americanas, você não precisa vencer em 26 dos 50 estados. Basta vencer nos 12 abaixo, que são os que possuem mais delegados atualmente: 

Tabela de Delegados
Estado Número de Delegados
Califórnia 54
Texas 40
Flórida 30
Nova Iorque 28
Illinois 19
Pensilvânia 19
Ohio 17
Carolina do Norte 16
Geórgia 16
Michigan 15
Nova Jersey 14

Abaixo, você pode conferir uma imagem com a versão atualizada da quantidade de delegados dos Estados Unidos, divididos por estado: 

de delegados dos Estados Unidos, divididos por estado: 

Quantidade de delegados por estado nos EUA (Estados Unidos)
Crédito: G4 Educação

Quais são os candidatos às eleições presidenciais dos EUA em 2024?

Repetindo a disputa acirrada em 2020, os candidatos às eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2024 seriam Donald Trump, pelo Partido Republicano e Joe Biden, pelo Partido Democrata.

No entanto, após um atentado à vida do candidato republicano em um congresso na Pensilvânia, as tensões aumentaram em torno das eleições, resultando na desistência oficial de Joe Biden à reeleição presidencial. 

Diante da retirada do então presidente, o Partido Democrata definiu Kamala Harris como substituta de Biden para concorrer às eleições, que já têm data para acontecer: 5 de Novembro de 2024.

Quem é Donald Trump?

Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos discursando
Foto: ANNA MONEYMAKER/ GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP

Donald John Trump, 78 anos, é uma figura proeminente no cenário empresarial e político dos Estados Unidos. Com uma fortuna avaliada em 5,5 bilhões de dólares, é uma das pessoas mais bem sucedidas financeiramente do mundo.

Antes de se tornar o 45º presidente dos Estados Unidos, Trump já era amplamente conhecido como um grande empresário do setor imobiliário e uma personalidade midiática. 

Ele cresceu no Queens, Nova Iorque, e seguiu os passos de seu pai, Fred Trump, no ramo imobiliário, desenvolvendo e adquirindo propriedades de alto perfil em Manhattan e outras regiões.

Em 2016, Trump entrou na política como candidato do Partido Republicano e venceu a eleição presidencial contra Hillary Clinton.

Sua presidência foi marcada por políticas econômicas conservadoras, como cortes de impostos e uma abordagem atuante com relação à política imigratória norte-americana. 

Trump também enfrentou dois processos de impeachment, dos quais foi absolvido pelo Senado em ambas as ocasiões.

Após sua presidência, ele continuou a exercer influência significativa na política americana, mantendo uma base de apoiadores leais e participando ativamente de eventos e campanhas políticas.

Portanto, mesmo após ser derrotado por Joe Biden em 2020, foi a escolha republicana para tentar uma nova eleição em 2024.

Quem é Joe Biden?

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos discursando
Foto: Mandel Ngan/AFP

Joseph Robinette Biden Jr., 81 anos, é o 46º presidente dos Estados Unidos.

Antes de assumir a presidência, Biden teve uma longa carreira política, servindo como senador por Delaware de 1973 a 2009 e como vice-presidente durante os dois mandatos de Barack Obama, de 2009 a 2017.

Biden cresceu em Scranton, Pensilvânia, e mais tarde se mudou para Delaware, onde começou sua trajetória política.

Em 2020, Biden foi eleito presidente dos Estados Unidos, derrotando o então incumbente Donald Trump.

Sua campanha focou em unir o país, combater a pandemia de COVID-19, e promover uma agenda progressista com ênfase em mudanças climáticas, justiça racial e revitalização econômica.

No entanto, pela política externa controversa e o aumento de guerras provocadas pelos Estados Unidos ao redor do mundo, a popularidade do governo de Joe Biden caiu ao longo dos quatro anos, fazendo com que o atual presidente não fosse favorito à reeleição.

Quem é Kamala Harris?

Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos sorrindo e apontando
Foto: Reuters/Vincent Alban

Kamala Devi Harris, 59 anos, é a 49ª vice-presidente dos Estados Unidos, sendo a primeira mulher a ocupar esse cargo.  Antes de assumir a vice-presidência, ela foi senadora e procuradora-geral da Califórnia.

Nascida em Oakland, de pais imigrantes, Kamala Harris seguiu carreira política durante toda a sua vida e em 2024 foi nomeada candidata à presidência dos EUA, por desistência do então candidato Joe Biden, como supracitado.

O posto de candidata à presidência pelo Partido Democrata foi discutido por um bom tempo e nomes como Gavin Newsom e Gretchen Whitmer, governadores de Califórnia e Michigan, respectivamente, foram colocados em pauta, mas Kamala venceu a concorrência.

Como vice-presidente, Kamala Harris ficou marcada pela política externa violenta, passando por capítulos polêmicos como a não retirada das tropas estadunidenses do Afeganistão e a guerra no Irã. 

Leia também: Matriz de Eisenhower: como funciona e como fazer

Como funciona a influência americana na economia brasileira?

A economia brasileira é profundamente impactada pela influência americana, que se manifesta de diversas formas, desde a flutuação do dólar até as relações comerciais e tecnológicas.

A interdependência entre as duas nações têm implicações significativas para políticos, empresários e investidores ao redor do mundo. O dólar americano, a indústria de exportação e importação, a tecnologia e a diplomacia moldam a economia brasileira e isso é crucial para o cenário global.

O papel do dólar na economia brasileira

O dólar americano é a moeda de reserva mundial e desempenha um papel crucial na economia global.

No Brasil, a valorização ou desvalorização do dólar tem efeitos diretos sobre a inflação, a dívida externa e os preços de produtos importados.

Quando o dólar está forte, o custo das importações aumenta, impactando desde produtos eletrônicos até insumos industriais, o que pode levar à elevação dos preços internos.

Por outro lado, um dólar valorizado pode beneficiar exportadores brasileiros, como os do setor agrícola e de commodities, que recebem mais reais por cada dólar exportado.

Para políticos, empresários e investidores, monitorar a taxa de câmbio é essencial para tomar decisões estratégicas em um mercado globalizado.

As relações comerciais brasileiras e sua relação com os EUA

Os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais do Brasil, influenciando fortemente a balança comercial brasileira.

Produtos como soja, carne, aviões e minério de ferro são exportados para o mercado americano, gerando receita significativa para o Brasil.

Simultaneamente, o Brasil importa uma variedade de produtos dos EUA, incluindo tecnologia, equipamentos médicos e produtos químicos.

A dinâmica dessas relações comerciais afeta diretamente setores-chave da economia brasileira e pode ser influenciada por políticas comerciais, tarifas e acordos bilaterais. 

Empresários e investidores precisam entender essas relações para identificar oportunidades e riscos no comércio internacional.

A indústria tecnológica norte-americana e sua influência no Brasil

A influência americana na indústria de tecnologia no Brasil é notável.

Empresas de tecnologia dos EUA, como Google, Apple, Microsoft e Amazon, têm uma presença significativa no mercado brasileiro, tanto em termos de consumo quanto de investimento em infraestrutura e inovação.

Além disso, startups brasileiras frequentemente buscam investimentos de capital de risco de firmas americanas para crescer e se expandir.

Essa interação promove a transferência de tecnologia, a criação de empregos e o desenvolvimento de novos setores econômicos no Brasil.

Para políticos e empresários, fomentar um ambiente favorável para essas parcerias tecnológicas é crucial para o crescimento econômico e a competitividade global.

Leia também: Estudo de Caso Apple: como ela se tornou a maior empresa de tecnologia do mundo

A importância da diplomacia entre Brasil e EUA

A diplomacia entre Brasil e Estados Unidos também desempenha um papel vital na estabilidade e prosperidade econômica.

Acordos bilaterais e cooperação em áreas como segurança, energia e meio ambiente podem abrir novas oportunidades para investimentos e parcerias comerciais.

Políticos de ambos os países trabalham para fortalecer esses laços, promovendo um ambiente favorável para negócios e investimentos.

Investidores internacionais observam atentamente as relações diplomáticas, pois mudanças nas políticas externas podem impactar significativamente os mercados financeiros e as condições de investimento.

A influência americana na economia brasileira é multifacetada e profunda, impactando desde a taxa de câmbio até as relações comerciais e tecnológicas.

Políticos, empresários e investidores ao redor do mundo devem estar atentos a essa dinâmica para tomar decisões informadas e estratégicas.

Compreender como o dólar, as exportações e importações, a tecnologia e a diplomacia moldam a economia brasileira é essencial para projetar o cenário econômico global e, consequentemente, nacional.

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