A sociedade está regida pelo medo e insegurança de saúde, financeira e ecológica, de acordo com Andrea Bell, diretora da WGSN Insight, organização de pesquisa do consumidor. Os 14 países pesquisados pela instituição em 2020, incluindo o Brasil, possuem um sentimento de que o mundo está se tornando pior entre a maioria das pessoas. Logo, estamos vivendo uma crise epistêmica, tanto quanto epidêmica. Em adição, com a pandemia, milhares de empresas foram forçadas a adotar o trabalho remoto, o que forçou a população a uma mudança abrupta em sua rotina, que somado à insegurança, levou muitos profissionais ao esgotamento mental e fez muitos gestores se questionarem: como evitar o burnout?
Atualmente, o desafio de manter-se são, assim como de promover o mesmo aos subordinados ainda é uma realidade, por conta da segunda onda de COVID-19. Portanto, o esgotamento mental segue como pauta entre gestores e uma barreira em relação à produtividade e retenção de talentos. Hoje vamos entender melhor sobre o assunto e como evitar o burnout.
No pior momento da pandemia dentro do país, com a média diária de mortes chegando a 3 mil e a impossibilidade do retorno presencial das atividades, os colaboradores e gestores se encontram esgotados mentalmente procurando saídas para esta situação.
Não podemos negar a crise de saúde que está acontecendo no Brasil, assim como devemos entender a realidade e a necessidade de cada pessoa dentro da corporação, sendo necessária extrema empatia.
O termo em inglês foi criado para exemplificar a “queima” ou “pane” do sistema psíquico do indivíduo, inclusive, é tratado como uma síndrome por especialistas e requer tratamento em casos graves.
Basicamente, é o total esgotamento mental causado pelo trabalho. É resultado do acúmulo de estresse, de atividades e de pressão constante.
Os sintomas mais comuns para a síndrome é:
Os líderes sentem-se apreensivos, pois este acúmulo significativo de estresse lhes têm custado diversos talentos e bons profissionais dentro das empresas, já que muitas vezes a sobrecarga mental se desdobra em uma atitude impulsiva, como pedir demissão, mesmo sem nenhuma outra oportunidade na mira.
Isso pode levar ao questionamento precipitado do porquê os trabalhadores se sentem tão esgotados, sendo que estão dentro do conforto do lar. Uma perspectiva turva, se analisarmos a realidade de muitos profissionais. Portanto, cabe ao gestor aprofundar-se na realidade de cada membro da equipe, para evitar o burnout dos subordinados.
Durante a transição do trabalho nos escritórios para o trabalho remoto, acreditava-se que as atividades poderiam tornar-se mais leves. A esmagadora realidade demonstra o contrário. É o que apontam cinco estudos de Harvard feitos com aproximadamente 2 mil pessoas de países diferentes.
As pesquisas mostram que houve um aumento de sobrecarga, ao unir atividades domésticas, familiares e profissionais, além de uma flexibilização não saudável de horários, deixando indivíduos antenados com o trabalho em horários não comerciais. Na prática, torna-se claro que a rotina ficou mais bagunçada, se comparada à época do trabalho no escritório. Assim, mistura-se o horário de trabalho, com a soneca das crianças e o passeio dos cachorros, muitas vezes gerando ineficiência na jornada diária e fazendo com que os profissionais estendam o horário de trabalho para compensar.
Segundo uma pesquisa da Microsoft feita com seus funcionários, de acordo com análise do uso da ferramenta Teams, as pessoas estão trabalhando mais frequentemente nos períodos da manhã e da noite, mas também nos fins de semana. Os chats do Teams das 8h às 9h e das 18h às 20h cresceram mais do que qualquer outra hora do dia – entre 15% e 23%. O trabalho no fim de semana também está aumentando – os chats do Teams aos sábados e domingos aumentaram mais de 200%.
Além disso, a pesquisa da Microsoft aponta que as reuniões em videoconferência diárias, causam um cansaço mental extra, se comparadas a encontros presenciais. Para saber mais sobre esse fenômeno, atualmente já com nome próprio, é só acessar ao artigo: fadiga do zoom.
Afim de evitar o burnout, muitas empresas brasileiras pensam em adotar as atividades híbridas, aliando corte de despesas (alugueis menores, redução da conta de luz e outros), mas mantendo a troca presencial para o fomento da cultura organizacional e convívio social entre os times.
Pequenas ações como a pausa para o café ou os esbarrões no corredor começaram a fazer falta para os colaboradores como parte das interações sociais, levando empresas a optar pelo híbrido, lógica alinhada com a de muitos profissionais. De acordo com uma pesquisa realizada pela Unentel, feita com profissionais de empresas brasileiras e multinacionais, 60,8% dos brasileiros gostariam de incorporar o home office parcialmente após a pandemia – equilibrando parte da agenda de trabalho no escritório e a outra parte em casa. Com estes dados, torna-se compreensível algumas empresas optarem pelas atividades híbridas.
Sem opções para fugir do estresse da pandemia, alguns psiquiatras e psicólogos recomendam ações muito parecidas tanto para o gestor quanto para os colaboradores. A principal dica para ambos é manter movimentos regulados inerentes à necessidade humana: sol, alimentação, ar livre, sono e atividade física.
Dadas estas recomendações, do ponto de vista do gestor, ser mais empático e ter mais flexibilidade para entender o momento incomum em que vivemos é fundamental. Nem todos compartilham da mesma realidade ou perspectiva que o líder, diferindo em cada caso.
O termômetro de como agir e manter o sistema funcionando é de responsabilidade do líder e para isso, a recomendação número um é escutar mais. Escutar o time e cada membro que o compõe, pois agir "como um trator" só passando demandas 24/7 pode trazer perdas consideráveis, tanto de turn-over como perda de confiança dos liderados. Logo, é necessário que o gestor sistematize a escuta, com ações como o café ou happy hour virtual e com reuniões de 1:1.
Além da prática do líder de escutar, trazer maior engajamento entre os membros, agir conforme o alinhamento destes encontros fará com que o líder ganhe credibilidade e respeito.