Ownership: o que é essa skill e como implementar na sua equipe?
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Ownership: o que é essa skill e como implementar na sua equipe?

Ownership: o que é essa skill e como implementar na sua equipe?

Por:
Amanda Gushiken
Publicado em:
23/10/2023

A falta de engajamento tem um custo. Milhões? Bilhões? Mais de US$ 8,8 trilhões, de acordo com o relatório State of the Global Workplace: 2023 da Gallup. Essa perda de produtividade equivale a 9% do PIB global. Reduzir essa perda envolve tecnologia, processos otimizados, boas práticas de gestão e ownership.

Ownership (do inglês, propriedade ou titularidade) nada mais é do que sentimento de dono. Um colaborador que se sente dono daquilo que faz, seja uma tarefa, meta ou projeto, desenvolve uma relação completamente diferente com a empresa do que alguém que “só trabalha ali”. Portanto, estimular essa skill tende a aumentar o engajamento dos colaboradores e, lá na frente, reduzir desperdício. Quem se sente dono, cuida. 

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Assim, existe uma oportunidade para que gestores e líderes do mercado de trabalho incentivem o sentimento de dono (ownership) dentro de seus negócios. 

Framework de Ownership mostra os três elementos que formam o sentimento de dono: visão (vision), reponsabilidade (responsability) e responsabilização (accountability) (Crédito: G4 Educação)

O que é Ownership?

No contexto do mercado corporativo, ownership pode ser interpretado como “sentimento de dono”. Ownership é uma habilidade muito buscada em empresas de rápido crescimento ou que atuam em mercados altamente competitivos. É uma qualidade vista como positiva pelos recrutadores e empregadores por envolve também alguém que vai procurar resolver problemas. 

A habilidade "ownership" (ou habilidade de assumir a responsabilidade) se refere à capacidade de uma pessoa ou profissional de assumir a propriedade e responsabilidade por tarefas, projetos, problemas ou decisões. É uma habilidade essencial no mundo profissional e pode ser importante em diversas áreas da vida.

A skill "ownership" se baseia nos seguintes pilares:

  1. Assumir a Responsabilidade: Significa aceitar a responsabilidade por suas ações e resultados. Quando uma pessoa possui a habilidade de ownership, ela não culpa os outros por problemas ou fracassos, e assume a responsabilidade por resolver problemas e melhorar resultados.
  2. Compromisso: A skill do de dono está relacionada ao comprometimento com metas e objetivos. As pessoas com essa habilidade estão dispostas a fazer o que for necessário para alcançar essas metas, mesmo quando enfrentam obstáculos.
  3. Liderança: a capacidade muitas vezes está associada à liderança, pois líderes eficazes frequentemente demonstram responsabilidade por sua equipe e pelos resultados de suas ações.
  4. Tomada de Decisão: A capacidade de tomar decisões é uma parte fundamental da ownership. Isso inclui a tomada de decisões difíceis e assumir as consequências dessas decisões.
  5. Proatividade: Pessoas com ownership tendem a ser proativas. Elas não esperam que os problemas se resolvam por conta própria ou empurram para alguém resolver, e sim agem para resolver questões e ultrapassar barreiras.

Ter a habilidade de ownership é valioso em ambientes de trabalho, pois demonstra comprometimento, responsabilidade e autoliderança. Isso pode levar ao sucesso profissional, contribuindo para a resolução de problemas, atingimento de metas e construção de relacionamentos profissionais sólidos.

Além disso, a habilidade do sentimento de dono também é vista como um traço positivo em outros contextos da vida, pois promove a maturidade, a confiabilidade e a capacidade de enfrentar desafios de forma eficaz.

Leia mais: Visão de Negócios: o que é e o passo a passo de como construir

Quais são os benefícios do Ownership nos negócios?

Os principais benefícios de implementar o sentimento de dono na cultura organizacional de um negócio são:

Comunicação e colaboração

Em uma companhia típica, a comunicação unidirecional é padrão, ou seja, os direcionamentos vêm de cima para baixo (top-down). Portanto, os colaboradores têm poucas oportunidades para expressar opiniões e preocupações. Isso se deve, em grande parte, à estrutura hierárquica e à linha de comando existente na empresa. Por outro lado, em uma companhia que cultiva o senso de ownership, há maior transparência e a estrutura hierárquica de gerenciamento tende a perder rigidez: as boas ideias podem vir de baixo para cima e de todos os lados.

Os colaboradores querem trabalhar em uma empresa em que sintam que suas ideias e opiniões são valorizadas. Em um estudo da Gartner, apenas 45% dos colaboradores ouvidos disseram que suas empresas olham para eles como “pessoas” e não apenas “funcionários”. 

Em companhias em que colaboradores adotam uma mentalidade de ownership, e a gestão passa a tratá-los mais como parceiros na construção do negócio, o resultado é uma melhora considerável na comunicação e maior colaboração entre colaboradores e líderes.

Engajamento dos colaboradores

É muito comum na implementação de novas estratégias, que os colaboradores resistam às mudanças. Sabe aquele sentimento de “Hum, eu já vi isso” ou “Não vai dar certo”? Quanto maior o sentimento, menor a adesão. O que muitas lideranças esquecem é que os colaboradores é que vão operacionalizar a nova estratégia. Já uma empresa em que os colaboradores se sentem responsáveis e assumem a “propriedade” e se sentem responsáveis pelo sucesso de suas tarefas e processos, é mais provável que estejam engajados e dispostos a realizar os objetivos organizacionais. Em última análise, eles se sentem responsáveis pelo sucesso financeiro da companhia.

Não é preciso que os colaboradores sejam acionistas ou tenham alguma forma de participação na empresa para garantir altos níveis de engajamento. As companhias só precisam ter uma cultura organizacional que cultive a mentalidade de ownership

Nesse tipo de ambiente, os colaboradores têm um entendimento compartilhado das principais metas e objetivos, o que os torna mais responsáveis por seu comportamento. Esse senso de responsabilidade e propriedade impulsiona o envolvimento e a produtividade.  

Retenção de colaboradores

Encontrar as pessoas certas para a sua empresa é um desafio enorme, ainda mais em tempos de mudanças nos modelos de trabalho e na maneira como as empresas atuam. Igualmente difícil é reter os melhores talentos por um período longo de tempo – que pode variar conforme o setor, o tipo de estrutura ou se é uma empresa tradicional ou uma startup. As companhias que estimulam o sentimento de dono costumam oferecer a seus colaboradores incentivos financeiros para que permaneçam na empresa por mais tempo. 

Embora os incentivos financeiros ofereçam um caminho para a retenção de funcionários, há outras maneiras de aproximá-los de uma mentalidade de dono. Por exemplo, o desenvolvimento de habilidades e a educação contínua, por meio de programas internos ou de cursos, assim como ter caminhos claros para o avanço na carreira também incentivam as pessoas a ficar. 

Ao oferecer oportunidades de crescimento e desenvolvimento, os funcionários passam a sentir que são valorizados e que desempenham um papel crucial no sucesso da organização.

Leia mais: Maturidade do negócio: o que é e quais são as formas de medir?

Como cultivar a mentalidade de dono dentro de uma empresa?

Confira a seguir um passo a passo para implementar a mentalidade de dono (ownership mindset) em um negócio, de acordo com a revista Forbes:

#1 - Condições para criar uma mentalidade de propriedade

Uma mentalidade de propriedade vem da promoção da igualdade da equipe. Quando os membros da equipe sentem que são essenciais e que têm um papel igual na criação dos sucessos da empresa, eles querem se esforçar para alcançar esses sucessos.

Quando você inspira essa mentalidade, sua equipe é mais orientada por valores do que por regras. Os integrantes da equipe podem ver com mais clareza o impacto que têm no futuro da empresa, o que cria um sentimento de propriedade em relação ao resultado da empresa.

Os membros da equipe ficam livres para serem mais criativos e envolvidos em tudo o que fazem na empresa. Eles se sentem responsáveis pelos resultados do negócio e querem que o dia a dia corra bem. Como resultado, os clientes recebem um atendimento melhor e ficam mais satisfeitos. E o clima no local de trabalho é mais energizado, longe da apatia do “mais do mesmo”, e sempre aberto a novas ideias.

#2 - Benefícios da cultura de propriedade

Quando a mentalidade de propriedade é estabelecida, as coisas mudam para melhor. Quando toda a equipe assume a responsabilidade pelo resultado, ela se torna mais produtiva. Como o sucesso também pertence à equipe, as pessoas tomam decisões de forma mais autônoma, independente e assumem papéis mais ativos na conclusão das tarefas. Elas também colaboram mais diretamente com outros departamentos e equipes e estão abertas a coordenar esforços para o bem da empresa. 

Quando um time é capacitado a ser mais criativo e inovador, está mais disposto a assumir riscos mais calculados. Toda a equipe se sente ouvida e incluída. Como os integrantes vêem seu papel no contexto geral, e não apenas olham para sua área,, eles sentem que têm mais influência sobre os resultados do negócio e demonstram mais paixão e dedicação ao sucesso.

Depois de adotar essa mentalidade, o recrutamento da companhia se torna mais fácil. Quem não quer trabalhar em um ambiente positivo? A retenção de talentos também melhora. Ninguém quer sair de um ambiente em que se sente apreciado e valorizado, especialmente quando está investindo no sucesso da empresa.

#3 - Cultivando a cultura de dono

Instigar essa mentalidade na sua equipe não depende de cirurgia cerebral, mas vem com seus desafios e trabalho braçal. Como líder, você pode tomar medidas para tornar essa mudança mais fácil para sua equipe.

Para começar, é preciso desenvolver a responsabilidade da equipe. Comece garantindo que cada integrante do time tenha uma noção clara de sua função e responsabilidades (por escrito) e tenha acesso às ferramentas necessárias para atender a essas demandas. Em seguida, é preciso definir indicadores-chave de desempenho (KPIs) trimestrais. Os KPIs são objetivos (não subjetivos) e medem o desempenho de um membro da equipe.

Se possível, os membros da sua equipe devem identificar seus próprios KPIs trimestrais com base em suas responsabilidades por escrito. Alguns podem precisar de ajuda na primeira vez, mas no segundo e terceiro trimestres, o gestor não precisará de muito tempo na hora de sentar com os times. 

É muito importante reforçar que o gestor desempenha um papel muito importante nesse processo. Ele deve analisar cada KPI e responder a duas perguntas importantes: 

  • Os KPIs abordam adequadamente as prioridades da função?
  • Os KPIs são significativos para a empresa? 

Isso não é microgerenciamento – é a criação de uma atmosfera que incentiva a responsabilidade pelas tarefas e como essas tarefas contribuem para o projeto ou para as metas da empresa.

Como os KPIs são objetivos, o fato de serem ou não atingidos não se baseará na percepção do gestor, mas na realidade. Há apenas três resultados possíveis:

  1. O KPI foi atingido.
  2. O KPI não foi atingido devido a um terceiro ou a mudanças de prioridade.
  3. O KPI não foi atingido devido ao desempenho do membro da equipe (uma oportunidade de aprendizado e treinamento). 

A maneira mais eficaz de promover o crescimento é abrir um espaço seguro para comunicação, com incentivo de uma política de "portas abertas" capaz de incentivar as conversas nos dois sentidos – e não apenas de cima para baixo.

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#4 - Mudança de mentalidade (mindset)

Para cultivar a cultura de dono, a mentalidade organizacional deve mudar. Isso implica abandonar a mentalidade de projeto. A mentalidade de projeto é uma abordagem temporária das tarefas e do trabalho. Com essa mentalidade, perde-se a continuidade dos negócios e esquecemos o "quadro geral". 

Enquanto a mentalidade de projeto olha muito para o curto prazo, a mentalidade de ownership se concentra nos objetivos finais da companhia. Onde queremos chegar? O que precisar começar ou parar de fazer para chegar lá? Como posso aplicar minhas habilidades e desenvolver novas capacidades que façam diferença no resultado que a empresa quer alcançar?

Com essa mentalidade, as equipes têm mais responsabilidade pelo resultado final, em vez de se concentrarem apenas em cronogramas, orçamentos etc. 

Uma mentalidade de propriedade incentiva sua equipe a se concentrar nas metas organizacionais mais amplas, em vez de apenas concluir a tarefa em questão, receber um salário e seguir em frente. Os membros do time podem consultar as métricas para ver o que funcionou, o que não funcionou e como podem melhorar no futuro. Eles também têm um senso de orgulho pelo que estão desenvolvendo e “transbordam” esse sentimento para os clientes.

#5 - Adotando a mentalidade de dono

A adoção de uma mentalidade de dono traz inúmeros benefícios para a sua organização e para a sua equipe. Ao incentivar uma cultura de responsabilidade, comunicação e capacitação, os colaboradores ficam mais satisfeitos. O sentimento geral torna-se mais positivo no ambiente de trabalho, é possível perceber um fluxo de colaboração mais natural, agregado a maior produtividade e melhor desempenho nos resultados. 

A chave para desbloquear essa nova mentalidade é capacitar sua equipe para assumir a responsabilidade pelos resultados e pelas decisões que levam a esses resultados. Sua equipe é vital para atingir esse objetivo, mas cabe a você instigar essa paixão e responsabilidade.

Conclusão

O sentimento de dono ou ownership é uma habilidade que pode turbinar os resultados operacionais e financeiros de uma empresa, uma vez que engaja os colaboradores a participarem ativamente do trabalho realizado.

Assim, cultivar essa habilidade dentro de uma equipe pode ser um diferencial para os gestores. Com o sentimento de dono, a flexibilidade para tomar decisões e iniciar projetos, bem como o desenvolvimento de um diálogo mais horizontal entre gestão e funcionários são fatores que colaboram para que ownership seja uma oportunidade de crescimento. 

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