Modelo de cultura e gestão baseado no libertarianismo de Ayn Rand foi aplicado em todos os meus negócios nos últimos 20 anos.
Você já ouviu falar em libertarianismo? Essa é uma corrente filosófica que eu admiro muito, cuja espinha dorsal aparece em um dos meus livros preferidos, “A Revolta de Atlas”, de Ayn Rand. Essa foi uma das fontes utilizadas para o desenvolvimento do que eu gosto de chamar de gestão libertária.
O modelo foi utilizado por mim em todos os meus negócios nos últimos 20 anos, incluindo o G4 Educação, com seu crescimento exponencial; a Easy Taxi, já avaliada em R$ 1 bilhão; e a Singu, maior marketplace de saúde e bem-estar do Brasil.
Não tenho dúvidas de que ele foi um pilar fundamental no crescimento e desenvolvimento de todas essas iniciativas muito bem-sucedidas, e a boa notícia é que você também pode aplicar o modelo em seu negócio, independentemente de qual seja seu porte ou segmento.
Antes de falar especificamente sobre a gestão libertária, vamos entender o que é o libertarianismo, já que ambos conceitos estão diretamente relacionados.
Em linhas gerais, o libertarianismo é uma corrente filosófica que rejeita todas as formas de violência e defende a nossa liberdade como o princípio mais importante de todos.
Portanto, para um libertário, o indivíduo não é um meio para um fim, mas sim um fim em si mesmo. Em outras palavras, no libertarianismo, nós somos senhores de nós mesmos.
Porém, é importante lembrar que a liberdade vem acompanhada de responsabilidade. O economista Friedrich Hayek, um dos vencedores do prêmio Nobel em 1974, disse uma vez o seguinte:
“Liberdade significa não somente que o indivíduo tenha tanto a oportunidade quanto o fardo da escolha; significa também que ele deve arcar com as consequências de suas ações. Liberdade e responsabilidade são inseparáveis.”
Pense comigo: existe jeito melhor de ativar e potencializar as capacidades individuais das pessoas do que dar a elas liberdade e responsabilidade?
No mundo do empreendedorismo, gestão libertária é uma gestão descentralizada em que o líder tem como princípio a criação e o desenvolvimento de um ambiente livre e favorável para o surgimento natural de novos líderes.
Se tem algo que eu aprendi lidando com pessoas e culturas de 35 países diferentes durante a minha jornada de expansão na Easy Taxi é que não existe desenvolvimento sem liberdade.
Porém, isso não significa que você deve largar o seu negócio nas mãos de outras pessoas. Para entender isso, precisamos voltar um ponto muito importante para qualquer empreendedor ou gestor, que é a composição do seu time.
O lendário Steve Jobs tem uma frase que sintetiza muito bem essa ideia:
“Não faz sentido contratar pessoas inteligentes e dizer-lhes o que fazer. Contratamos pessoas inteligentes para que nos digam o que fazer.”
Steve Jobs, Co-founder, chairman e CEO da Apple
Uma empresa de sucesso, assim como uma sociedade bem desenvolvida, precisa de líderes que, por mais que confiem em seus times, estimulem essas pessoas a serem líderes.
O poder da influência do líder, portanto, deve ser usado para desenvolver a independência das pessoas.
Portanto, praticar uma gestão libertária nada mais é que recrutar um time qualificado e diversificado para que você não precise interferir o tempo todo no processo de decisão de cada célula (ou squad, como dizemos neste modelo).
Em companhias departamentalizadas, verticais, os vetores de força acabam apontando para direções opostas. Por outro lado, as companhias que mais crescem no mundo e atingem trilhões em valor de mercado fazem exatamente o oposto: alinham as forças para que os vetores convirjam para a mesma direção.
O problema dos departamentos é que eles criam silos, o que, por consequência, cria conflitos de interesse.
É aí que começam os conflitos internos, como a clássica briga entre os departamentos de Vendas e Marketing, quando o primeiro diz não receber leads qualificados, ao passo que o segundo afirma que a equipe comercial não consegue fechar as oportunidades que recebe.
O resultado é que a companhia fica no meio desses vetores, cada um apontando para uma direção diferente. Com isso, ela não sai do lugar.
Neste exemplo em especial, as equipes devem saber como unir Marketing e Vendas e, a partir daí, andarem juntas – afinal, o objetivo é o mesmo.
Os pontos que mais chamam atenção no modelo de gestão libertária são os seguintes:
Certamente não! Muito pelo contrário.
Por vezes, nosso ego nos empurra para a centralização integral das decisões, o que tende a nos colocar em um pedestal, como aquele líder intocável, indisponível e, no final das contas, irreconhecível.
Esse é um dos piores tipos de liderança que pode existir, já que torna impossível a implementação de uma gestão horizontal e, claro, libertária.
Não é segredo para ninguém que pessoas felizes e confiantes produzem mais e melhor. De acordo com um estudo da Universidade de Warwick, uma das principais do Reino Unido, a alegria aumentou a produtividade dos trabalhadores em 12%.
Tendo isso em mente, chegamos a outro dos principais objetivos de um líder dentro da gestão libertária: tornar-se dispensável.
Parece estranho em um primeiro momento, mas faz todo sentido. Afinal, quando seus colaboradores desempenham suas funções só quando você está por perto, este é um sinal de que a liderança fracassou completamente.
No final do dia, ser dispensável consiste em ter um time muito bem selecionado, processos estruturados e uma cultura organizacional forte e enraizada na companhia.
Assim, o maior esforço de um gestor libertário é olhar para a estratégia definida e garantir a perpetuidade do negócio, enquanto o seu time, que é extremamente qualificado, fica responsável pelo tático-operacional.
Se você se interessou pelo assunto e deseja saber mais, não apenas sobre a gestão libertária, mas também sobre gestão e liderança no geral, eu recomendo duas leituras que ajudarão a abrir sua mente no sentido de confiar, delegar e extrair o melhor de cada pessoa: