Neste episódio do Extremos, podcast do G4 Educação, Alfredo Soares e Bruno Nardon conversam com Bruno Van Enck, fundador da rede de barbearias Corleone.
Os podcasts tornaram possível que o áudio fosse consumido de maneira mais interativa, em diferentes contextos do dia a dia. Extremos para abordarmos sobre os extremos das jornadas dos players mais influentes do mercado, de um jeito leve e descontraído. Foi assim que nasceu o podcast do G4 Educação.
Bruno Van Enck, fundador da rede de barbearias Corleone, surge como um personagem com uma narrativa de ascensão, burnout, descoberta de novos hobbies e muito sobre a única profissão do mundo: a de vendedor.
O que separa uma mera ideia de uma excelente ideia é o quanto você sabe vendê-la, afinal, de nada adianta se ela continuar enjaulada na sua cabeça. Conseguir dar asas para um projeto voar é a função de um vendedor por característica, um construtor.
Bruno é mestre nisso. Confira agora os melhores momentos desse bate-papo e se prepare para aprimorar a sua visão de negócios com insights trazidos pelo empreendedor.
“Só existe uma profissão no mundo: vendedor.”
Essa é uma afirmação que simboliza bem o personagem. Parafraseia o empresário Carlos Alberto Veiga Sicupira: “pequenos negócios tem pequenos problemas, grandes negócios tem grandes problemas”.
Mais em uma questão perspectiva, de perfil de gestão - simplificar as coisas em menos camadas de comando. Bruno Van Enck é dono, daqueles “barriga no balcão”. Sabe como está o mercado porque está nele e faz jus ao sucesso merecido por uma competência inigualável para vender o que toca.
Esse é o fator de identificação com seu público: aqueles que são donos de negócio e que estão abrindo e fechando as portas todos os dias. Nem sempre as coisas dão certo, mas resistir e colocar dinheiro para dentro é a essência para qualquer empresa sobreviver.
Então é preciso sair e vender. Gerir e botar em ação.
Bruno tem cheiro para oportunidades, porque criou um ambiente pelo qual circula oportunidades, diretas e indiretas. Com a barbearia, um serviço recorrente e com grande capacidade de fidelização, o empresário sempre esteve cercado de pessoas trocando todos os tipos de ideias.
A troca constante com seus consumidores só desenvolveu sua estratégia empresarial. Um construtor com visão 360º sobre seus empreendimentos, no controle dos processos e próximo dos clientes. É o que um vendedor precisa para construir sua carta de vendas.
Os processos de vendas estão diretamente ligados à entrada de receita, o que mantém uma empresa viva. Também estão ligados à proposta de valor, de modo que sua base reconheça seu diferencial e como você oferece aquilo que eles precisam.
Segundo Bruno, "muitos empreendedores se interessam mais pelo fim do que pela jornada”. Mas complementa: “empreendedores de sucesso são os que se apaixonam pela jornada, não pelo fim”.
Seu fator de identificação é a realidade. Sabe que o “se apaixonar pela jornada” não funciona exatamente com as mesmas regras para todo mundo. Muitos precisam “enfrentar a jornada” - e essa, de fato, fora sua realidade ao longo do maior recorte de sua vida.
Isso o levou a um burnout. O termo em inglês foi criado para exemplificar a “queima” ou “pane” do sistema psíquico do indivíduo pelo excesso de trabalho. Basicamente, é o total esgotamento mental, resultado do acúmulo de estresse, de atividades e de pressão constante.
Tudo pode correr em direção a um caminho próspero, mas quando o corpo sinaliza, é hora de prestar atenção.Passar por um burnout realmente é daqueles momentos de parar as máquinas e recomeçar por um caminho diferente. Se de alguma maneira te derruba, também te fortalece.
Ouviu de seu médico que tinha como única perspectiva de vida seu trabalho; precisava criar hobbies, precisava aprender a “se apaixonar pela jornada”.
Bruno brinca e tenta não soar demagogo, mas passa a valorizar a caminhada. Claro que existe uma construção que o levou a mudar a chavinha, mas entende como movimento natural de quem sempre colocou tudo de si naquilo que se propôs. É questão de saúde mental.
Entrou aí a fotografia na sua vida. Em um interesse comum, com uma pessoa próxima, decidiu aprender a fotografar. Juntou o útil ao agradável e foi pegando gosto pela câmera. Inseriu na sua rotina. Como passava grande parte do seu tempo na barbearia, começou a treinar com aquele ambiente rico em perspectivas.
Bruno tirava fotos dos seus clientes e ao término do serviço as oferecia como cortesia. Passou a ganhar propaganda orgânica nas redes sociais, desses clientes que usavam suas fotos, ganhava mais oportunidades de vendas e começou a ficar estimulado com os detalhes da fotografia. Passou a compreender as minúcias e viu que ali naquele mundo, não teria um fim.
“Não existe um fotógrafo que conheça tudo sobre fotografia”, diz. São muitas técnicas para muitos tipos de contexto. Naquele hobby, descobriu como “se apaixonar pela jornada” e como desvendar mais uma profissão. Foi o motor para lidar com um burnout, mesmo com tudo “dando certo”.
“Já parou para pensar na importância que sua foto de perfil tem para sua imagem? Ela é a sua porta de entrada para quem no mundo físico te procura no mundo digital. É o seu cartão de visitas”.
Como bom dono de comércio, Bruno precisou encarar a pandemia de portas fechadas. Enfrentou o período com bagagem, mas as contas não deixaram de debitar. Embora inoperante na barbearia, traçou a missão de se tornar um fotógrafo profissional. Estudou para isso.
Em uma ocasião, conta, precisava dar um basta - o dinheiro apenas saía e precisava liquidar alguns pagamentos. Voltou ao passo um. E postou a frase que abre essa seção no Instagram, propondo a quem quisesse melhorar sua foto de perfil que entrasse em contato. Agenda lotada, seis ensaios por dia, durante três semanas. Resolveu as contas.
Para ele, a chave é ser autêntico, estar alinhado entre aquilo que você promove e aquilo que você acredita. Ser referência, ter domínio, criatividade e sair do senso comum. Adverte: “Like não paga conta, mas alimenta o ego”. Você não precisa seguir necessariamente o que estão fazendo por aí para ter sucesso nas redes sociais.
Há possibilidade de achar seu espaço produzindo um conteúdo de autenticidade e autoral. Bruno passou a se portar como um fotógrafo profissional em suas redes sociais. Diz que nem sempre as fotos com mais curtidas são as que geram mais oportunidades.
As fotos que demonstram um olhar mais apurado para o autoral, são as que mais lhe rendem chances comerciais. Audiência qualificada, que muitas vezes se perde no julgamento dos grandes números. Conhecer quem idealmente seu público é estar adiantado em algumas etapas no processo de vendas.
"Experiência é o que o seu concorrente não consegue copiar e o que o seu cliente não consegue explicar.”
De acordo com o relatório “State of the Connected Customer”, produzido pela Salesforce, para 95% dos brasileiros, a experiência oferecida por uma marca é tão importante quanto os produtos e serviços.
Avaliando cerca de 13 mil consumidores e 4 mil compradores na América do Norte, América do Sul, Europa, África e Ásia-Pacífico, os dados foram coletados entre 8 de dezembro de 2021 e 1º de fevereiro de 2022.
Bruno Van Enck sempre entregou uma experiência de ponta a ponta em sua barbearia. Criou um ambiente no qual as pessoas se sentem impelidas a voltar. Parte disso acontece porque imprime em cada canto daquele lugar um pouco da sua autoria.
O que Bruno levanta para as redes sociais também se aplica para toda a experiência de seus negócios físicos. Não há desequilíbrio entre aquilo que mostra e aquilo que realmente acredita. Com um acompanhamento de lupa do comportamento do seu cliente, sempre se antecipa ao atendê-lo. E fideliza.
Essa consistência vende. Nas mãos de um bom vendedor, gera mais oportunidades ainda.
Assista ao episódio na íntegra no vídeo abaixo: