Com a crescente demanda por projetos ágeis e a necessidade de colaboração entre equipes e departamentos, muitas companhias estão optando pela estrutura matricial, por sua abordagem inovadora, para lidar com as complexidades do atual ambiente de negócios.
Toda organização precisa construir uma estrutura para definir como as atividades, funções e responsabilidades serão direcionadas. Nela, é esclarecida a cadeia de comando e quem se reporta a quem.
Assim, em sua essência, uma estrutura organizacional nada mais é do que a forma como a hierarquia é definida em uma determinada instituição.
No modelo organizacional tradicional, esse framework tende a ser fixo e funcionar melhor quando as pessoas trabalham em seus próprios silos (isoladamente). No entanto, projetos de grande escala, que exigem equipes multidisciplinares e multifuncionais, necessitam de uma abordagem diferente – e é justamente aqui que a estrutura matricial entra.
De acordo com dados divulgados pela Trissa Strategy Consulting, apenas 1 em cada 10 organizações são bem-sucedidas em alinhar sua estratégia com o seu design estrutural corporativo.
Assim, inicialmente, é fundamental entender o que é e como funciona esse tipo híbrido de disposição interna.
Embora não existam informação exatas sobre a origem do termo, acredita-se que a estrutura matricial tenha surgido na década de 1960 em empresas de engenharia e tecnologia dos Estados Unidos.
Em sua essência, esse é um formato organizacional mais flexível em relação a outras estruturas. Isso porque ele combina elementos tanto de uma estrutura funcional (com a existência de departamentos, como TI, marketing, gestão de pessoas etc.), quanto de uma estrutura de divisão (em que o capital humano é alocado para projetos específicos).
Dessa maneira, portanto, a estrutura matricial consegue tirar proveito de ambos os modelos de uma forma aprimorada e mais confiável. Uma exemplos de representação visual seria:
Para ilustrar o conceito, imagine a seguinte situação hipotética: João trabalha na companhia X, é responsável pelo design de todas as peças publicitárias da organização e o seu líder direto é o coordenador da área.
Entretanto, sempre que a empresa X lança uma nova campanha, os gestores da companhia selecionam os melhores talentos de cada área para atuarem nesse projeto e garantirem que ele seja um sucesso. Durante esses tempos, João se reporta a duas pessoas: o coordenador de marketing e o gerente da nova iniciativa.
Assim, na estrutura matricial, cada departamento está subordinado à sua gestão, mas também subordinado ao líder do projeto, tornando os colaboradores duplamente subordinados.
A estrutura matricial difere das estruturas organizacionais tradicionais, como funcional ou hierárquica, pois permite uma abordagem mais flexível e adaptável às demandas de projetos e funções.
Nesse sentido, uma diferença fundamental entre elas é a forma como lidam com essas demandas. Como dito anteriormente, enquanto as estruturas funcionais se concentram em separar a empresa em departamentos baseados em funções e as estruturas hierárquicas se concentram em uma clara linha de autoridade e responsabilidade, a estrutura matricial combina o melhor dos dois mundos, permitindo equilibrar as necessidades de cada um, permitindo que a empresa responda de maneira mais ágil às demandas do mercado.
Além disso, na estrutura matricial, os funcionários podem ter duas responsabilidades: uma no seu departamento de origem e outra no projeto em que está envolvido, o que gera uma alocação mais eficiente de recursos e flexibilidade na atribuição de tarefas. Segundo Chris Fussell, presidente do McChrystal Group:
“A era da informação deu início a um mundo em rede e interdependente, no qual desafios e oportunidades aparecem e desaparecem mais rapidamente do que os modelos organizacionais tradicionais podem gerenciar”.
Sem dúvidas, o modelo de estrutura matricial é adequado paraempresas com diferentes atividades, como produtos e projetos.
Logo, a partir da adoção desse modelo, a companhia passa a ter uma visão mais gerencial dos seus setores e uma visão mais diferenciada dos projetos em andamento. Entre algumas das suas principais vantagens estão:
Dito isso, é importante analisar cada um desses tópicos para entender se essa é uma estratégia que faz sentido para a realidade da sua organização.
Como viabiliza a alocação de recursos de acordo com as necessidades de cada projeto, ao mesmo tempo em que mantêm a especialização e o conhecimento técnico necessários para o sucesso da empresa, possibilita que a companhia se torne mais competitiva e alcance seus objetivos de maneira mais eficiente.
Um outro benefício da estrutura matricial é que ela permite a colaboração cruzada entre funcionários e departamentos que nem sempre têm oportunidades de trabalhar juntos.
Desta feita, aproveitando a expertise, as ideias e sugestões de várias equipes e áreas, pode-se gerar respostas e soluções mais inovadoras para os desafios do dia a dia da companhia.
A estrutura matricial cria uma dinâmica de trabalho colaborativa que incentiva a comunicação eficaz dentro do negócio, tornando-o um ambiente mais inclusivo.
Em razão disso, o employee experience se torna mais positivo e a cultura organizacional ganha em comprometimento, atração e retenção de seus talentos.
A estrutura matricial é uma abordagem avançada para a gestão de projetos que oferece uma resposta gerencial rápida- através dos seus requisitos técnicos, adaptabilidade e flexibilidade -para enfrentar mudanças.
Além disso, ajuda líderes e gestores a tomarem decisões de trade-off por uma perspectiva mais ampla, reduzindo eventuais resistências e dificuldades no ciclo de vida de seus negócios.
Se por um lado, é importante garantir que os objetivos do projeto sejam alcançados dentro do prazo e orçamento estabelecidos. Por outro, é crucial que os projetos estejam alinhados aos objetivos estratégicos da empresa.
Nesse sentido, como aqui as equipes trabalham em vários projetos ao mesmo tempo, fica mais fácil para as lideranças garantirem que todos os projetos estão avançando e alcançando seus objetivos, ao mesmo tempo em que as prioridades corporativas são atendidas.
Esta pode ser uma escolha muito interessante para empresas que se concentram na execução de projetos, mas, antes de tudo, organizar uma estrutura matricial requer planejamento, definição de responsabilidades, alocação de recursos e gerenciamento eficiente. Alguns passos importantes envolvem:
Lembre-se que avaliar todos esses pontos é crucial para entender se essa estrutura é adequada para a sua realidade ou não.
Vale ressaltar, ainda, que para garantir que esse modelo seja bem-sucedido e sustentável, é imprescindível revisar e avaliar regularmente a estrutura para garantir que ela atenda às necessidades da organização e de seus colaboradores.
Afinal, as estruturas matriciais não são uma solução universal e podem levar a prioridades conflitantes, aumento de complexidade e redução de responsabilidade. Por exemplo, se um gestor de projeto e um gestor da função têm prioridades conflitantes, o funcionário pode ser puxado em diferentes direções, sem saber a quem se reportar, com demandas excessivas sobre o seu tempo.
Starbucks ,Microsoft e Philips são algumas das empresas que utilizam essa abordagem. Esta última, inclusive, começou a adotar esse modelo, pela primeira vez, em 1970.
Na matriz de Philips, os gerentes da empresa se reportavam tanto ao chefe de produção, quanto aos gerentes geográficos. Deu tão certo que outras multinacionais passaram replicar esse modelo, como General Motors, Hughes Aircraft e Caterpillar Tractors.
Embora a estrutura matricial tenha se tornado uma metodologia poderosa para a gestão de projetos e recursos nas companhias, ela também pode prejudicar (e até mesmo destruir) um negócio se não for implementada e monitorada adequadamente.
Assim, na chamada “low touch economy”, é imprescindível que founders, gestores e C-levels estejam preparados para serem mais ágeis do que nunca, aprendendo a explorar novos canais, práticas, estruturas e ferramentas que ajudem a alavancar os resultados da sua organização.