Com muita frequência, os líderes de negócios precisam tomar decisões sem contar com todas as informações e em curto espaço de tempo. Nem sempre é possível avaliar todos os aspectos da situação, com base em dados, antes de acertar qual direção a companhia vai seguir.
Um estudo publicado pelo The Wall Street Journal aponta que os seres humanos tomam em média 35 mil micro decisões por dia. Desde a roupa que vamos usar ao que vamos comer no café da manhã, essas micro decisões se juntam às importantes decisões sobre que estratégia adotar para vendas, como contratar melhor e alavancar o negócio.
O método OODA Loop é uma metodologia desenhada para ajudar na tomada de decisão, principalmente em momentos de crise ou sob pressão. Ainda que tenha nascido como uma tática militar, desenvolvida pelo piloto e coronel da Força Aérea dos Estados Unidos John Boyd, ela pode ser usada por empresários e líderes de negócios.
O Ciclo OODA Loop é uma metodologia para facilitar a tomada de decisões estratégicas em diferentes setores de atuação: desde as táticas militares até a gestão de risco nas companhias. Na prática, o ciclo é um framework dividido em quatro etapas:
Dentro da gestão empresarial, o Ciclo OODA Loop se tornou base para outros frameworks organizacionais, como o SODA Loop, também dividido em quatro etapas:
Em suma, o SODA Loop é uma versão mais específica do OODA Loop, sendo direcionado somente para o contexto empresarial. Já o OODA Loop pode ser utilizado em qualquer tipo de estratégia competitiva: em jogos esportivos, estratégias empresariais e militares.
Durante a Guerra Fria, o governo dos Estados Unidos realizou várias intervenções em conflitos na Ásia, incluindo na Coreia do Sul, aliada norte-americana diante da Coreia do Norte, que recebia apoio da China e da então União Soviética. Nos combates aéreos, os pilotos norte-americanos eram vistos como tecnicamente superiores, mas isso não estava se traduzindo no número de vitórias.
O que ajudou a mudar o jogo foi a estratégia do coronel John Boyd. Conhecido como “Forty-second Boyd” devido à sua capacidade de vencer um oponente em menos de 40 segundos, ele entendeu que o sucesso dependia da capacidade de se adaptar rapidamente a situações imprevistas e tomar decisões rapidamente em um ambiente incerto.
Combinando as habilidades dos melhores pilotos a mudanças rápidas nas manobras, ele começou a desenhar uma estratégia vencedora. Essa ideia acabou evoluindo para o Ciclo OODA Loop, que ele aplicou aos processos nas operações de combate da Força Aérea norte-americana. Boyd desenhou as etapas de observação, decisão e ação, acrescentando uma quarta etapa, de orientação, para adequar aos objetivos.
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As etapas do Ciclo OODA Loop são Observar-Orientar-Decidir-Agir. Confira cada etapa em detalhes:
O primeiro estágio do Ciclo OODA Loop consiste em observar. Apesar de parecer simples, observar um acontecimento, um imprevisto ou uma crise pode ser um desafio. Afinal, fazer uma boa observação exige:
O filme “A Grande Aposta” (do inglês, “The Big Short”), dirigido por Adam McKay e lançado em 2016, ilustra como a observação pode ser um “poder” na busca por oportunidades. Baseado em fatos reais narrados no livro de Michael Lewis, o filme acompanha um grupo de investidores que investiga a possibilidade de que empréstimos imobiliários concedidos sem critério e inadimplência podem desencadear uma crise financeira nos Estados Unidos.
A crise imobiliária, que implodiu a economia norte-americana em 2008 e repercutiu em todo o mundo, poderia ter sido evitada se agentes em posições-chave observassem com atenção o cenário do mercado imobiliário de de investimentos.
Voltando para o framework OODA Loop, algumas perguntas que podem auxiliar a etapa de observação são:
As empresas podem usar essa etapa para monitorar continuamente seus ambientes internos e externos. Elas devem acompanhar o comportamento dos clientes, as tendências do mercado, as ações da concorrência e quaisquer outros dados relevantes. Essas informações ajudam a identificar oportunidades e ameaças emergentes.
O segundo estágio do Ciclo OODA Loop diz respeito a como um indivíduo ou um grupo de pessoas interpreta uma situação, e como essa interpretação orienta a tomada de decisões. Uma das principais dificuldades encontradas nessa etapa é o viés: todos os seres humanos tendem a enxergar os acontecimentos por um prisma pessoal. Em outras palavras, os eventos passam pelo filtro da consciência.
A consciência reúne desde experiências vividas até crenças e valores morais e éticos de cada indivíduo. Esse prisma tende a enviesar o panorama do todo. De acordo com o coronel John Boyd, cinco fatores podem influenciar a forma como nos orientamos:
Tornar-se consciente das percepções facilitará o entendimento das situações, agilizando o ciclo de decisão. Quanto mais consciente um indivíduo é, mais facilmente ele vai se localizar e se orientar. E isso pode se tornar uma vantagem competitiva.
Ainda tomando o exemplo do filme “A Grande Aposta”, os investidores conversaram com pessoas que compraram imóveis sabendo que não poderiam pagar, corretores que estavam apenas interessados em seus bônus e especialistas. Somando a isso sua experiência, eles analisaram os fatos e chegaram a uma conclusão: se apostassem contra a economia, eles poderiam lucrar muito no final.
As empresas devem analisar criticamente os dados coletados e avaliar como eles se alinham com suas metas e objetivos estratégicos. Compreender o cenário competitivo, os pontos fortes, os pontos fracos e as oportunidades é fundamental nessa fase. Isso ajuda a formar um quadro claro da situação atual.
O terceiro estágio trata diretamente da tomada de decisão: qual rumo o negócio, a situação ou o evento irá tomar. Decidir o que deve ser feito demanda:
A habilidade de tomar decisões assertivas também demanda o pensamento criativo dos profissionais: é preciso imaginar quais cenários podem se concretizar a partir da decisão tomada. Em suma, as decisões são as melhores suposições de uma situação. Elas se baseiam nas observações feitas e na orientação tomada.
Ao fim do filme “A Grande Aposta”, quando a economia norte-americana entra em colapso, o investidor interpretado por Steve Carell precisa decidir pela venda das ações para garantir o lucro do investimento. Ele demora para vender as ações porque acha que quanto maior a demora, mais alto será o valor da cota e, portanto, maior o seu lucro. A decisão se provou acertada: a crise afeta milhões de pessoas.
No contexto dos negócios, as decisões podem envolver a escolha de estratégias de marketing, planos de desenvolvimento de produtos, alocação de recursos ou respostas às mudanças nas condições do mercado. A chave é tomar decisões informadas rapidamente para ficar à frente dos concorrentes.
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O último estágio do Ciclo OODA Loop é a ação, ou seja, a execução da decisão tomada. Aqui é importante ter em mente dois pontos: as ações podem influenciar o restante do ciclo; após a ação ser implementada, o ciclo é reiniciado.
Ter um negócio que se move de forma rápida e decisiva implica em:
A velocidade com que a ação é implementada é um aspecto relevante no ecossistema de negócios. Com a alta competitividade, perder o timing pode ser uma desvantagem. Por exemplo, demorar a lançar um produto inovador pode dar tempo a um concorrente de lançar um produto parecido. E aí, adeus vantagem competitiva.
As empresas precisam executar suas estratégias escolhidas, alocar recursos e monitorar o progresso de perto. Agir de forma rápida e eficaz é essencial para obter uma vantagem competitiva no mercado.
As principais vantagens de implementar o framework OODA Loop no contexto organizacional são:
O Ciclo OODA Loop é um framework organizacional com foco na tomada de decisões assertivas dentro de um negócio. Esse método, muito utilizado na gestão de riscos e em novos negócios, é uma maneira eficaz de organizar o fluxo de acontecimentos e ideias para direcionar ações rapidamente a determinados acontecimentos, situações, estímulos ou problemas.