Rainha Elizabeth II: o que ela ensinou sobre negócios e liderança

Rainha Elizabeth II: o que ela ensinou sobre negócios e liderança

Por:
Iara Rodrigues
Publicado em:
10/9/2022
Atualizado em:

Homenagens vêm sendo recebidas de todo o mundo depois que o Palácio de Buckingham anunciou a morte da rainha Elizabeth II. Mas, o que poucos sabem é que a monarca administrava também um portfólio com diversos negócios bem-posicionados no mercado - incluindo uma filial do McDonald's.

Poucos reinados na história foram tão longos quanto o de Elizabeth Alexandra Mary, que sustentou a Coroa da Grã-Bretanha por sete décadas, até se despedir aos 96 anos.

Com uma mentalidade marcada por um intenso senso de dever, é difícil pensar em outra liderança da história moderna que tenha incorporado tanto o seu papel e aprendido a se comportar tão bem nas mais diversas condições desafiadoras e hostis.

Nascida em 1926, a monarca testemunhou momentos históricos. Quando adolescente, presenciou os horrores da Segunda Guerra Mundial, já idosa viu as agonias da pandemia de coronavírus. Além disso, em sua trajetória presidiu uma família que viu tragédias, escândalos e turbulências, cobrindo um período de grandes mudanças sociais, econômicas, tecnológicas e políticas.

De fato, desde que se tornou rainha aos 25 anos, Elizabeth II sempre viu a coroa como a sua principal vocação de vida. Apesar disso, o mundo dos negócios sempre permeou as suas atividades reais. Vejamos, então, as suas principais lições que continuarão para sempre vivas e atuais para todo grande líder.

Quais eram os negócios da Rainha Elizabeth II?

A Família Real Britânica mantém a Coroa como uma entidade empresarial autônoma e possui uma impressionante habilidade de produzir receita através de suas propriedades privadas e seus negócios bem administrados.

De fato, a rainha possuía imóveis e empreendimentos particulares, de pouco acesso, por serem fonte de informações confidenciais e privadas. Entre os principais, citamos:

🍟 Filial do McDonald's no Reino Unido

Segundo levantamento do  Business Insider, a Rainha Elizabeth II era proprietária de um terreno a 130 km de Londres, onde fica o restaurante McDonald's no Banbury Gateway Shopping Park, em Oxfordshire, Reino Unido, aberto em 2020.

Diferentemente das outras lanchonetes da rede, esse possui sofás de couro e assentos semelhantes a cabines, pisos laminados, banquetas giratórias, menus digitais e até tablets Samsung gratuitos em algumas mesas.

Apesar da Rainha Elizabeth II nunca ter sido vista apreciando o menu do local, os Príncipes William e Harry são alguns dos membros da realeza que possuem o hábito de comer no McDonald's - incentivados a terem uma "vida normal" pela mãe, a Princesa Diana.

Ainda de acordo com a Revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios, “essa não é a primeira franquia do McDonald's que pertence à rainha: há seis anos, em 2016, a monarca vendeu uma loja da rede que possuía no Bath Road Retail Park, em Slough (cidade próxima a Londres), por 177 milhões de libras”.

🏘️ Propriedades privadas

É possível ver no site oficial da família real britânica que as propriedades de Sandringham e Balmoral são de propriedade da rainha e ambas foram herdadas de seu pai.

Propriedades privadas da Coroa (Créditos: Wikoon)

Em relação à propriedade de Sandringham, Elizabeth II aparecia como única proprietária. Composta por uma vasta terra agrícola de 8.000 hectares, produz cordeiro orgânico e são cultivados pomares e frutas como trigo, cevada, feijão, aveia e groselha. Além disso, o empreendimento emprega cerca de 200 funcionários.

Outra fonte de renda da propriedade é o aluguel do terreno. Metade da propriedade (4000 hectares) está arrendada e a propriedade recebe uma renda considerável. 

Por sua beleza natural, Sandringham também foca no setor de turismo e hospitalidade. Aos verões, um ingresso para visitar a propriedade custa cerca de £ 15,30 e é possível apreciar a loja de souvenirs, cafés e restaurantes do próprio local. Conforme dados do Daily Mail em 2019, meio milhão de pessoas visitaram a propriedade só no ano de 2018.

Já em relação à propriedade de Balmoral, na Escócia, este foi o local escolhido pela Rainha Elizabeth II para passar seus últimos dias de vida.

A propriedade engloba cerca de 20.000 hectares de terra, dos quais 4.688 hectares têm seus direitos esportivos alugados para terceiros. Segundo o site oficial do Castelo, "Balmoral é uma propriedade de trabalho. Perseguição de veados, caça ao galo silvestre, silvicultura e agricultura são os principais usos da terra".

Assim como o imóvel anterior, este também está aberto ao público, que pode passear por seus edifícios e jardins ou locar seus grandes salões e área externa para eventos corporativos, públicos e particulares, como casamentos e afins.

🍸 The Buckingham Palace Dry Gin

Como apreciadora deste tipo de bebida, a rainha Elizabeth II também lançou a sua própria marca de gin seco feito de botânicos do Palácio de Buckingham.

Limão, verbena, bagas de espinheiro e folhas de amoreira estão entre os 12 botânicos escolhidos a dedo para o gin nos Jardins do Palácio. Cada garrafa custa, aproximadamente, £ 40.

Segundo o site Curly Tales, esse movimento ocorre após a divulgação de que as receitas de turismo das propriedades da monarca caíram durante a crise do coronavírus, causando um rombo de US $22 milhões em suas finanças reais.

The Buckingham Palace Dry Gin, o gin que leva o nome do Palácio de Buckingham (Créditos: The Royal Collection Trust)

As lições de Liderança e Negócios da Rainha Elizabeth II

Quando a revista Time  nomeou a rainha Elizabeth II como a Mulher do Ano em 1952, esperava-se que a ascensão ao trono fosse um "presságio de um grande futuro". De fato, ela liderou a família real com a destreza necessária para que a próxima geração estivesse pronta para levar a coroa adiante.

Nesse sentido, reunimos aqui as sete principais lições de liderança deixadas pela Rainha.

 "Como você encontra as palavras para descrever a perda de Sua Majestade a Rainha? Ela era realmente uma líder icônica, uma inspiração e uma presença tranquilizadora para a maioria, se não todas, de nossas vidas".
Lewis Hamilton, campeão de Fórmula 1

Retrato da Rainha Elizabeth II feita por Ranald Mackechnie e divulgado pelo Palácio de Buckingham dias antes de seu funeral (Crédito: Ranald Mackechnie/PA)

#1 - Coloque o dever em primeiro lugar

Do treinamento como mecânica de caminhão durante a Segunda Guerra Mundial ao trabalho até seus últimos dias, quando nomeou Liz Truss como a nova primeira-ministra do Reino Unido, a Rainha Elizabeth II viveu uma vida de completa e absoluta devoção ao seu dever de servir e unir a nação.

"Declaro diante de todos vocês que minha vida, seja ela longa ou curta, será dedicada a servi-los".
Rainha Elizabeth II

#2 - Fique calmo sob pressão

A liderança pode ser um negócio complicado, especialmente em tempos de mudança. Por isso, aprender a manter a calma e manter uma visão clara é uma habilidade essencial para todo líder.

A rainha liderou a Coroa em muitos momentos de turbulência, incluindo guerras e conflitos familiares, sempre se posicionando de maneira calma e com uma autoridade silenciosa e tranquilizadora.

"Vale a pena lembrar que muitas vezes são os pequenos passos, não os saltos gigantes, que trazem a mudança mais duradoura".

#3 - Seja resiliente e saiba se adaptar

Durante seu período notável como monarca, a rainha Elizabeth II viveu guerra e paz, recessões e tempos de crescimento. Inclusive, quando perdeu o marido, o príncipe Philip, voltou ao trabalho poucos dias após a sua morte.

Sem dúvidas, ela sempre demonstrou um nível extraordinário de resiliência e adaptabilidade em todos os desafios que se apresentaram em sua vida pessoal e em sua trajetória como monarca.

"A geração da guerra - minha geração - é resiliente".

#4 - Pratique a humildade intelectual

Enquanto Chefe de Estado e figura pública real, Elizabeth compartilhava muitas responsabilidades com a sua família e com os seus conselheiros no Palácio.

Nesse sentido, é crucial que o verdadeiro líder tenha a humildade de reconhecer que não possui todas as respostas e que a tomada de liderança eficaz envolve ouvir os outros, buscar ativamente informações e conselhos para aquele determinado momento.

"Não nos levemos muito a sério. Nenhum de nós tem o monopólio da sabedoria".

#5 - Seja um líder servidor

Liderar pessoas e equipes é servi-los simultaneamente. Assim como a monarca fez em seu longevo Reinado, é essencial remover o ego e a arrogância da liderança, mantendo-se a seriedade e a autoridade.

"Ao longo dos anos, observei que alguns atributos de liderança são universais e muitas vezes consistem em encontrar maneiras de incentivar as pessoas a combinar seus esforços, talentos, insights, entusiasmo e inspiração, para trabalharem juntos."

Foto rara da Rainha Elizabeth II clicada pelo fotógrafo Cecil Beaton, divulgada pelo Palácio de Buckingham após sua morte (Crédito: Cecil Beaton/Palácio de Buckingham)

#6 - Construa sua própria marca pessoal

A rainha Elizabeth II é considerada um dos rostos mais conhecidos do mundo. Desde seu estilo distinto de se vestir, até a sua personalidade, fala e jeito, ela conseguiu construir uma marca pessoal extremamente forte para si mesma.

Ter a sua própria marca é extremamente importante e define como você será visto dentro da sua organização e além.

"Quando a vida parece difícil, os corajosos não se deitam e aceitam a derrota; em vez disso, estão ainda mais determinados a lutar por um futuro melhor".

#7 - Trabalhe duro, mas encontre tempo para fazer o que você ama

A rainha Elizabeth II sempre foi uma trabalhadora totalmente dedicada e com uma agenda com pouquíssimo descanso. No entanto, ela conseguiu equilibrar suas responsabilidades com seus hobbie, valorizando os benefícios de encontrar tempo para fazer as coisas que gostava.

Ser capaz de dedicar algum tempo para fazer as coisas que o deixam verdadeiramente feliz e acalmam sua mente e alma é uma lição poderosa para quem ocupa uma posição de liderança e produz efeitos positivos em todos os aspectos da vida.

“Ao longo dos anos, aqueles que me pareceram os mais felizes, contentes e realizados sempre foram as pessoas que viveram as vidas mais extrovertidas e altruístas".

Sem dúvida, a mudança de liderança mais traumática é a partida de um monarca porque só acontece após uma revolta ou a morte. Nesse sentido, o falecimento de um rei ou rainha é emblemática do ponto de vista da sua complexidade cultural, estratégica e emocional.

Bezos, Gates, Tim Cook, Sundar Pichai e Sir Richard Branson são alguns dos líderes que reconheceram publicamente a influência ímpar da Rainha Elizabeth II.

Por fim, sendo ou não monarquistas, é importante reconhecer que Elizabeth foi uma força global e uma líder de princípios. Por isso, aproveite os insights, dicas e técnicas de uma das monarcas mais longevas da história para alavancar os resultados da sua empresa.

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