People skills são competências comportamentais que influenciam relacionamentos pessoais e profissionais, tomadas de decisão em momentos de pressão, oratória durante negociações e o perfil de liderança dentro das empresas, e impulsionada pelas mudanças na forma como trabalhamos, vem ocupando cada vez mais espaço em grandes empresas.
Entre 400 e 800 milhões. Segundo um relatório da McKinsey, esses são os números estimados de pessoas que perderão seus empregos para a automação no mercado de trabalho, estimulada pela inteligência artificial e novas tecnologias. O número é expressivo, e indica que uma nova era de habilidades está se aproximando.
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Pensando em habilidades fundamentais para este futuro próximo, outra pesquisa definiu que apesar de diferentes carreiras e setores de atuação, existem competências comuns que se irão se destacar e que terão como resultado os seguintes pontos:
Além disso, foram mapeadas algumas categorias de habilidades que contemplam elementos com uma abordagem interpessoal, ou seja, intituladas “interpersonal” e “self-leadership”:
Apesar de relevante para o futuro, habilidades pessoais são determinantes para o presente. De acordo com um report do LinkedIn, 89% dos recrutadores dizem que quando uma contratação não funciona, geralmente, há uma lacuna de habilidades interpessoais.
Quando pensamos em gestão, é comum a divisão entre hard skills e soft skills. Enquanto a primeira foca na técnica, naquilo que aprendemos e comprovamos por meio de diplomas e certificados, por exemplo, a segunda é referente a habilidades comportamentais, chamadas também de habilidades interpessoais, ou ainda de people skills. São competência como inteligência emocional e comunicação:
Com a evolução da tecnologia, é natural que as hard skills pareçam assumir cada vez menos protagonismo, enquanto as people ou soft skills se consolidam como um grande diferencial, capaz de impulsionar o desenvolvimento de carreira em um mercado que tende a ser cada vez mais automatizado, digital e dinâmico.
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No contexto apresentado até aqui, people skills, acabam se tornando outra maneira de se referir a soft skills, englobando competências pessoais e sociais no ambiente de trabalho. Na prática, refere-se a habilidades comportamentais como oratória, resiliência, comunicação, inteligência emocional, negociação e outros.
Conceitualmente, muitos especialistas em recrutamento e seleção e gestão de equipes, preferem o termo people skills a soft skills, uma vez que “soft” tende a minimizar a importância das habilidades interpessoais.
Afinal, são competências capazes de mudar o patamar de comunicação, eficácia, e até produtividade dos profissionais que decidem investir em desenvolvê-las, principalmente aqueles que exercem papéis de liderança. Empresas que investem em profissionais com people skills, por sua vez, relatam taxas mais altas de inovação e produtividade.
“As people skills são habilidades que se resumem a como as pessoas interagem umas com as outras, de uma perspectiva verbal e/ou não verbal. São de natureza não técnica.”
Se antes experiência e aprimoramento técnico eram capazes de serem propulsores de uma carreira de sucesso, atualmente, é imperativo desenvolver habilidades sociais, focando na empatia, flexibilidade, escuta ativa e resolução de problemas.
Neste sentido, as people skills podem ser consideradas habilidades do mundo real, que todo profissional precisa para alcançar seus objetivos de carreira mais ambiciosos. Além disso, para um líder, gera reconhecimento e senso de autoridade similar à da liderança transformacional. São elas:
Em um momento em que ser lembrado é cada vez mais desafiador, a gestão de imagem e marca é cada vez mais relevante, embora muitas vezes ainda seja deixada em segundo plano por muitos profissionais.
Além de fazer com que as pessoas gerem associações (o ideal é que sejam positivas), pode ser utilizada a seu favor, causando diferenciação e adicionando ainda mais valor a suas outras habilidades, transformando-o em uma verdadeira autoridade.
Enquanto muitos empreendedores, gestores e líderes sabem a importância de um bom produto, incluindo seu design, essa percepção ganha menos força quando aplicada à própria imagem, embora ela se apresente como uma extensão da representação tanto da empresa quanto de suas próprias competências.
Em suma, a gestão da imagem e marca cria reconhecimento, credibilidade e consistência. Por esses e outros fatores, pensar e desenvolver uma imagem de maneira estratégica, é essencial e te ajudará a galgar cada vez mais espaços, uma vez que influencia em seu posicionamento e reputação.
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"Reputação será sempre o seu maior patrimônio. Sua marca pessoal vale mais do que a sua empresa.”
Mesmo que algumas pessoas acreditem que essa habilidade possa ficar em segundo plano, conseguir traduzir seus pensamentos de maneira clara e objetiva é fundamental. A comunicação é determinante para alavancar a carreira, e menosprezá-la pode impactar a performance e mantê-la abaixo do esperado.
Uma frase bem direcionada pode evitar uma série de problemas e reações negativas, assim como pode ter o efeito contrário, se não houver clareza. Uma mensagem bem comunicada tem força, e possui um poder transformador, aumentando a capacidade de influência, confiança e persuasão.
Além da oratória, a linguagem corporal diz muito. 93% da comunicação ocorre de maneira não verbal. Isso significa que fatores como voz, olhares e postura podem elevar sua liderança para o próximo nível, aprofundando a percepção que possui de si mesmo enquanto profissional e inspirando qualquer equipe.
Pensamento crítico é uma habilidade que contribui para uma alta performance e decisões embasadas, colaborando para uma atuação efetiva.
Ao focar na resolução de problemas e organização de ideias, é possível tomar decisões mais assertivas no dia a dia, mesmo sob alta pressão, além de priorizar uma abordagem tática, que opta pelos resultados desejados através de um viés analítico. O pensamento crítico favorece e facilita:
42,9% dos gestores e diretores consideram que inteligência emocional é uma das habilidades mais valorizadas do mercado e não poderia ser diferente. Aprender a gerir emoções aprimora a resiliência em momentos de pressão, facilita a lidar com conflitos do dia-a-dia e melhora seus relacionamentos pessoais e profissionais.
Em níveis de gestão torna-se ainda mais relevante. Um estudo da Universidade Yale, concluiu que colaboradores cuja liderança possui inteligência emocional eram mais felizes, criativos e inovadores. Em contrapartida, 70% daqueles que consideravam a liderança com baixa inteligência emocional possuíam sentimentos negativos.
Em suma, a inteligência emocional é a habilidade de entender e gerenciar as próprias emoções, além de reconhecer e influenciar a emoção daqueles em volta. Levando em consideração que gestores influenciam pelo menos 70% do engajamento dos colaboradores, focar no desenvolvimento dessa habilidade é crucial.
“Os líderes mais eficazes são todos iguais em um aspecto crucial: todos eles têm um alto grau do que veio a ser conhecido como inteligência emocional. Não é que o QI e as habilidades técnicas sejam irrelevantes. Eles importam, mas... São os requisitos básicos para cargos executivos.”
Pelo menos 70% das pessoas não sabem negociar, mesmo que negociemos diariamente, o tempo todo. Embora algumas profissões pareçam mais inclinadas ao tema, aprender a negociar auxilia na capacidade de persuasão, confiabilidade e resolução de conflitos, se mostrando útil, independente do setor e para as mais diversas situações.
O sucesso de uma negociação está intimamente relacionado à capacidade de estabelecer objetivos e limites e um sentimento de ganha-ganha, independente do resultado. Ao entender os pilares de um bom processo de negociação, é possível resolver conflitos, fortalecendo a cultura organizacional e ainda, criar uma equipe de alta performance.
“Aprimorar suas habilidades de negociação tem uma recompensa enorme. Ele permite que você chegue a acordos que poderiam escapar por entre os dedos. Ele permite expandir o bolo, criar valor, para que você obtenha mais benefícios dos acordos alcançados. Também, em alguns casos, permite que você resolva pequenas diferenças antes que elas se transformem em grandes conflitos.”
Além de desenvolver paralelamente outras skills mencionadas anteriormente, como comunicação e inteligência emocional, aprender a negociar aprimora a capacidade de planejamento estratégico, fundamental para qualquer profissional, principalmente C-level.
Um dos maiores adversários da produtividade é a falta de estratégias para gerenciar o tempo e organizar diferentes demandas. Para isso, construir rotinas consistentes tende a melhorar a performance do dia a dia. Levando em consideração que, durante o dia, apenas 39% do tempo é produtivo, construir rituais focados em alta performance impacta em entregas melhores de todos os envolvidos.
No caso de gestores, um grande desafio é equilibrar suas próprias demandas com o gerenciamento de times, e a tendência é haver uma disfuncionalidade em ambos, como afirma Aaron Schmookler, co-fundador no The Yes Works:
“Se você está tentando equilibrar um contra o outro, sempre se sentirá dividido e provavelmente sentirá que está fazendo um trabalho ruim em ambos.”
Para evitar times insatisfeitos e entregas ruins, o ideal é criar artifícios que comuniquem o que precisa de maneira assertiva, sistemas de priorização e principalmente, separar um tempo de qualidade com os times, além de delegar.
É normal que ao longo da carreira profissional, exista a necessidade de priorizar determinados conhecimentos e abordagens, em sua maioria técnicos, o que acaba por acentuar a divisão entre habilidades técnicas e comportamentais.
Mas é preciso pensar diferente: a habilidade de programar (hard skills), provavelmente será elevada pela habilidade de persuadir e inspirar (soft skill). Ou seja, apesar da grande demanda por habilidades sociais estar latente, o futuro prevê a união entre ambas, potencializando resultados e o impacto positivo nas organizações, mostrando que o futuro tende a ser cada vez mais correlacionado.
“Para alguém ser bem-sucedido em 10 anos, precisa ser resiliente e capaz de se reinventar em diferentes ambientes de aprendizado.”
Uma habilidade complementa a outra e tende a transformar o seu dia a dia para melhor: uma marca pessoal forte tende a trazer oportunidades de negócios. Contudo, para usufruir delas, a comunicação e a oratória são essenciais, além da negociação, impactando no engajamento, clareza e confiabilidade.
O pensamento crítico, por sua vez, garante entregas organizadas e focadas em resultados, enquanto a inteligência emocional ajuda a lidar com contratempos, algo comum na vida de todo empreendedor ou profissional. Ao aprender a priorizar as tarefas no dia a dia, é possível ganhar produtividade e performance.
Com a evolução do mercado de trabalho, a compreensão e uso de determinadas habilidades em respectivos contextos são essenciais para uma carreira de sucesso.
Nesse sentido, as chamadas people skills ou soft skills mostram-se protagonistas nesse ambiente futuro: pós-pandêmico, tecnológico e dominado por gerações cada vez mais interessadas em gerar impacto positivo através de colaboração e mudanças estruturais, como é o caso da geração Z que está construindo ativamente novas percepções sobre o trabalho.