Entrevista com Fernando Prado, CEO Brasil da BYJU’s e cofundador do ClickBus
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Entrevista com Fernando Prado, CEO Brasil da BYJU’s e cofundador do ClickBus

Entrevista com Fernando Prado, CEO Brasil da BYJU’s e cofundador do ClickBus

Por:
G4 Comunidades
Publicado em:
6/2/2023

CEO Brasil da BYJU’s e cofundador do ClickBus, Fernando Prado atuou por 12 anos em negócios tradicionais. Quando se juntou a um fundo internacional de Private Equity, se aproximou de outros empreendedores e do mundo digital, chegando a fazer parte da 1ª onda de startups nacionais. 

Em entrevista exclusiva para a Revista G4 Club, Fernando fala sobre os desafios de estar à frente de um negócio em momentos turbulentos, características e conceitos de gestão, como o "learning mindset” e “winning attitude". 

Além disso, compartilha como foi migrar de segmentos tradicionais para empresas digitais e como será o aprendizado do futuro.

Quais foram as suas maiores inspirações ao longo da sua trajetória?

Minha família sempre foi a minha maior inspiração. Primeiramente, meu pai que sempre foi uma referência nos valores e na forma de se relacionar com as pessoas. Desde a infância o tenho como um espelho para desenvolver competências e características para me tornar um líder e um homem de negócios como ele.

Tenho, também, a felicidade de contar com o suporte e apoio incondicionais da minha esposa e dos meus filhos que me inspiram diariamente a seguir em busca de melhora e aperfeiçoamento constantes. São eles que me motivam a liderar com o propósito de contribuir para um futuro melhor, especialmente por meio da educação. 

Que características você considera serem essenciais, hoje, para um bom gestor? 

Um bom gestor é acima de tudo um bom líder. A habilidade de conduzir um time inteiro em uma mesma direção é uma característica fundamental para um bom líder. 

Para suceder nesta missão destaco alguns pontos importantes: simplificando os desafios por meio de comunicação efetiva, o líder deve ser um grande contador de histórias.

Criando um ambiente de confiança, e para tal, é necessário construir relações positivas, ter conhecimento e entendimento sobre os principais temas e principalmente ter consistência nas ações ao longo do tempo.

Adicionalmente, acho importante ilustrar as características essenciais de um líder humanizado. É preciso: (i) contagiar o time com energia positiva – por meio do respeito e equidade; (ii) ter resiliência e flexibilidade – lidar com imprevistos e novidades; e (iii) ser humilde – vivenciar e estimular o "learning mindset e winning attitude"

Leia também: 15 lições de liderança por Tallis Gomes

Em relação à equipe, quais são as competências mais importantes que você busca para quem quiser trabalhar com você?

Poderia listar aqui uma série de competências técnicas importantes, mas prefiro iniciar destacando uma comportamental: a atitude. 

No mundo em que vivemos, as competências técnicas podem ser desenvolvidas paralelamente com as necessidades, enquanto as comportamentais – como proatividade, comunicação efetiva e inteligência emocional - precisam ser inatas.

Somente com atitude positiva e determinada, um profissional vai conseguir impor uma dinâmica de melhoria contínua e aprendizagem constante, e, como consequência, vai garantir seu desenvolvimento. 

“A atitude é o que nos leva a vencer em qualquer situação, mesmo naquelas que ainda não enfrentamos.”

No seu dia a dia, quais são os principais conceitos de gestão que você aplica e que fazem mais diferença no negócio?

Posso citar três conceitos importantes:

1. Objetivos claros e mensuráveis: é preciso deixar claro para todos o que buscamos enquanto time e quais são as principais alavancas atreladas a cada um desses objetivos; isso garante o norte, o compromisso e a responsabilidade com os resultados.

2. Transparência e contexto: é importante todos terem uma visão ampla sobre o negócio, além de deixar claro o contexto e não ter agendas ocultas. Nossos desafios, fraquezas, principais indicadores e metas são sempre abertos para as equipes, afinal, estamos todos no mesmo barco;

3. Decisões baseadas em dados: isso abre espaço para um ambiente colaborativo e inclusivo – do estagiário ao CEO, ganha o argumento mais bem embasado. As discussões se tornam mais produtivas e transparentes. 

Qual foi a situação mais complexa que você teve de enfrentar à frente de um negócio? Como você fez para superá-la?

Sem dúvidas foi na ClickBus, mais especificamente no dia 15 de março de 2020, quando começou o lockdown por conta da COVID-19. Liderar uma empresa de mobilidade, em um momento em que a grande orientação era justamente não se locomover, foi um desafio imenso.

De um dia para outro a empresa perdeu grande parte da receita e demorou algum tempo para se restabelecer. 

Como CEO, meu papel foi tentar manter o time engajado em um negócio que estava passando por um momento complexo. Somado a isso, precisamos enfrentar a pressão de caixa,  dos investidores e stakeholders.

Nossa força de trabalho passou a atuar remotamente da noite para o dia, então, foi necessário termos total transparência, jogar aberto e enfatizar que estávamos passando por problemas, mas que juntos superaríamos aquele momento adverso.

Contudo, aquele também foi um momento de novas oportunidades, já que a mobilidade também fez parte da recuperação, especialmente no transporte de médicos e vacinas – o que ajudou a inspirar e motivar nossa equipe. 

Além do mais, nos adaptamos às regulações sanitárias junto aos nossos parceiros e atualizamos nossa plataforma online para atender novas demandas de serviços digitais.

Após esse período turbulento, hoje, a companhia está surfando uma onda muito positiva da tecnologia e turismo no pós-pandemia.

 Leia também: Como liderar em tempos de incerteza

Networking é chave para qualquer executivo de sucesso. Você tem alguma dica para cultivar uma rede de networking que seja efetiva?

fernando prado ceo da byjus e cofundador do clickbus
(Na imagem: Fernando Prado, CEO Brasil da BYJU’s e cofundador do ClickBus) (Créditos: reprodução/ G4 Educação)

Enquanto líder de uma empresa de educação, recomendo sempre a interação para compartilhamento de experiências e aprendizado em conjunto.

Cursos executivos e programas de ensino, por exemplo, unem pessoas e profissionais com interesses semelhantes e oferecem uma oportunidade única de trocas e, potencialmente, colaborações no futuro. 

A educação une pessoas e, além de trazer conhecimento, possibilita networking.

Você fundou a ClickBus em meio à primeira onda de criação de negócios via app, quando o próprio canal em si parecia ser o mais importante. O que foi mais importante: desenvolver a plataforma para que tudo funcionasse via app ou o serviço em si prestado?

No caso da ClickBus, com certeza foi o serviço prestado. Nossa principal missão foi apresentar uma conveniência que a internet trouxe para o público, enquanto nosso aplicativo foi crescendo e evoluindo ao longo do tempo.

Foi um desafio fazer com que as pessoas compreendessem que o hábito de compra de passagem e organização da viagem não precisava ser tão custoso e burocrático. 

Com nosso aplicativo, já não era necessário se deslocar até uma rodoviária, procurar o guichê e, manualmente, comparar os preços das passagens. Conseguimos consolidar tudo em um único lugar e simplificar todo o processo. 

Antes de entrar para o universo das empresas digitais, você teve uma trajetória marcada por grandes empresas de segmentos tradicionais. O que levou a esta virada?

É verdade, antes de mergulhar no universo das empresas digitais, tive experiências relevantes em segmentos tradicionais em transporte e farma. Logo após este período, a virada ocorreu durante uma vivência no papel de investidor em Private Equity.

Nos primeiros 12 anos da minha carreira, nem existia um ecossistema consolidado  de startups , mas quando decidi me juntar a um fundo internacional de Private Equity observei o início do segmento de Venture Capital e, ao mesmo tempo, tive a chance de conhecer e me aproximar de empreendedores e de suas jornadas empresariais. 

Conhecer mais a fundo como eles começaram seus negócios do zero me inspirou a sair do mundo de negócios tradicionais e partir para o digital.

Em 2014, tive o privilégio de fundar a ClickBus e posso dizer que fiz parte da 1ª onda das startups no Brasil. Vivenciar o cenário desde o início e ver como o ecossistema de startups evoluiu nos últimos 10 anos tem sido marcante.

Hoje você está à frente de uma edtech, uma empresa cujo core business é democratizar o acesso à educação. Como isso se difere de outras empreitadas?

O grande destaque de estar à frente de uma edtech é o impacto que podemos causar em milhares de crianças e famílias espalhadas por todo Brasil. 

Sempre comento com o time que se tivermos sucesso no nosso projeto, na nossa empresa, automaticamente geraremos um futuro melhor para nossa sociedade, para o nosso país e isso é muito potente.

Além disso, trabalhar com educação de crianças e adolescentes traz uma responsabilidade ainda maior. Um ensino que não seja, no mínimo, excelente em termos de conteúdo e acessibilidade é inaceitável. Como toda startup, a empresa aprende e cresce com erros, mas aqui temos pouco espaço para errar. 

Com a ClickBus você tinha uma grande responsabilidade por promover o transporte de pessoas nas rodovias do Brasil. Hoje, há uma responsabilidade maior ainda por lidar com crianças. Como você lida com este tipo de pressão?

Eu não acho que isso é uma pressão, pelo contrário, é uma motivação. Quando passamos por situações desafiadoras, nossa equipe da BYJU’S tem o costume de assistir algumas de nossas aulas e acompanhar o aprendizado de crianças e adolescentes. 

Com isso, reforçamos ainda mais nosso propósito enquanto pessoas, profissionais e entusiastas da educação como ferramenta transformadora. 

Como será, na sua visão, o aprendizado do futuro?

A grande mudança que vivenciamos é a do aluno no centro: ele que vai direcionar o próprio processo de aprendizagem e desenvolvimento. O professor segue como uma figura importante, atuando como um tutor para apoiar os alunos a explorar diferentes perspectivas para encontrar a melhor forma de aprender.

Vemos o aluno como protagonista no seu próprio desenvolvimento. Com essas mudanças, também vejo uma necessidade de aprendizagem constante, e por meio da tecnologia podemos alcançar uma educação ainda mais acessível e atual. 

“Em um mundo cada dia mais dinâmico, precisamos aprender ao longo de toda a vida.”

O que você considera ser sua principal missão hoje, seja à frente da BYJU’s ou de qualquer outro negócio que surja?

Eu posso dividir minha principal missão atual em três: unir pessoas em torno de um objetivo comum; simplificar os principais desafios; e comunicá-los de maneira correta. Além disso, é muito importante garantir um ambiente seguro, onde as pessoas consigam trazer a sua essência e contribuir com o que elas têm de melhor.

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