Daniella Pierson fatura US$ 40 mi (e lucra US$ 10 mi) em 2021 com newsletter "The Newsette". O que aprender com ela?
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Daniella Pierson fatura US$ 40 mi (e lucra US$ 10 mi) em 2021 com newsletter "The Newsette". O que aprender com ela?

Por:
Lucas Bicudo
Publicado em:
17/8/2022
Atualizado em:

The Newsette se destaca no mercado editorial justamente por vencer em sua essência: a paixão e o público alvo, só que desta vez munido de tecnologia para entregar diferentes formatos, com fórmulas altamentes escaláveis.

Daniella Pierson é daqueles cases fenomenais. Escalou no mercado editorial, está aí a prova de valor. E usou como drive a paixão, tão sofisticada dentro dos ofícios da comunicação. 

Fundou uma empresa de newsletter focada para o público feminino quando tinha apenas 19 anos e agora é uma das mulheres mais ricas dos Estados Unidos. Sob a Latinx, Pierson construiu a The Newsette, um simples compilado de notícias daquilo que queria ler. Faltava-lhe tempo para sucatear tudo no vasto território da internet.

É na simplicidade que muitas vezes está a grandeza. Com uma curadoria afiada, em poucos anos saltou para US$ 40 milhões em lucros e receitas, segundo a Forbes. Um interesse, uma conveniência, que escalou o mercado editorial de uma forma interessante.

No último mês de julho, ela vendeu uma pequena participação da The Newsette, em uma transação que avalia a empresa em US$ 200 milhões. É o primeiro aporte que ela recebe - além de um empréstimo de US$ 15 mil de seus pais, que ela pagou, segundo o réu. Pierson continua sendo a acionista majoritária da empresa.

Não é por menos. O modelo de negócios, e-mail marketing, teve um mercado global avaliado em US$ 7,5 bilhões em 2020, segundo o Statista. A projeção é de US$ 17,9 bilhões até 2027. A taxa de crescimento anual composta para esse período deve chegar a 13,3%.

Na imagem, um gráfico elaborado pelo Statista sobre a estimativa de receita para o mercado de e-mail marketing até 2027.
Estimativa de receita para o mercado de e-mail marketing até 2027. (Crédito: Statista)

Daniella também é co-fundadora e co-CEO da empresa de saúde mental Wondermind, em sociedade com a cantora e atriz Selena Gomez. Sua participação, combinada com investimentos articulados, alavanca seu patrimônio líquido para a casa dos US$ 220 milhões. 

No começo de agosto, a Wondermind anunciou que levantou uma rodada de US$ 5 milhões, sob um valuation de US$ 100 milhões, liderada pela Serena Ventures, da investidora e atleta Serena Williams.

Pierson, que completou recentemente 27 anos, é dez meses mais nova que Lucy Guo, a mulher mais rica com menos de 30 anos na lista da Forbes self made de 2022. Guo, co-fundou a empresa de tecnologia Scale AI, avaliada em gigantescos US$ 440 milhões.

Mas afinal, o que fez o modelo Newsette achar um mar de dinheiro em um mercado que ainda procura suas alternativas? Qual o perfil de Daniella Pierson?

A construção do modelo Newsette

Pierson cursava a Universidade de Boston e não conseguia encontrar tempo para navegar por todas as notícias que queria. Fonte aqui, fonte lá, estudos no meio e uma carga pesada para aquilo que deveria ser um alívio. 

Decidiu então criar um boletim informativo que selecionasse conteúdos de cultura, negócios, beleza e bem-estar que ela e seus amigos gostariam de ler. Ali surgia o protótipo da Newsette: uma solução para um interesse pessoal, para uma paixão, com uma curadoria afiadíssima da própria Daniella. 

Imprimiu cópias e as colocou nas áreas comuns e nos saguões dos prédios ao redor da universidade. Dizia às pessoas que era um trabalho como estagiária em uma empresa que fazia esse tipo de trabalho. Não “sua empresa”. Lhe faltava confiança.

Foi só depois de se formar que esse drive mudou para Pierson. O que era um boletim informativo universitário se tornou uma newsletter, de fato, a qual já possuía uma base de leitores considerável e envolvia publicidade.

Daniella não é um desses casos de "trabalhe com o que gosta e nunca mais trabalhará na vida", mas um case que mostra como interesses podem ser um drive para autenticidade e execução.

Em 2019, suas receitas já passavam da casa do US$ 1 milhão; em 2020, esse número saltou para US$ 7 milhões. 2021 registra um crescimento impressionante para US$ 40 milhões em receitas, com parcerias e anunciantes como Bumble, Fidelity, Old Navy, Twitter e Walmart. 

Daniella Pierson entrou na lista Forbes Under 30 na categoria Mídia em 2020, quando tinha 24 anos.

A Newsette, que é um compilado do universo que idealiza, tem mais de 500 mil assinantes, e com um público-alvo muito bem definido: mulheres entre 18 a 35 anos. Uma fórmula de identificação e fidelização, perfeita para a retenção de um ecossistema cada vez mais produtivo. Entrega de um conteúdo de qualidade, para um público fiel.

Os assinantes ganham pontos por indicar novos leitores por meio de um código de referência personalizado. Esses pontos podem ser usados ​​para resgatar qualquer coisa, desde uma “newsletter exclusiva de domingo” (3 pontos) até uma variedade de brindes: uma caneca (15 pontos), um moletom (55 pontos) ou café grátis por um ano (350 pontos).

Dentro da Newsette, Daniella também fundou a agência criativa Newland, que cria canais do TikTok para clientes e os ajuda a encontrar influenciadores para comercializar suas marcas. Sua primeira campanha foi para a Amazon, no Dia Internacional da Mulher em 2020. 

A agência ainda não teve um lançamento oficial, mas segundo Pierson respondeu por uma porcentagem de receita maior do que o negócio de newsletter no ano passado.

Daniella Pierson, saúde mental e o sucesso

Daniella Pierson reconhece uma trajetória bem-sucedida, mas é sincera sobre o fato de que não se encaixa no perfil ideal construído para uma empresária de sucesso. Admite sofrer de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e que gerenciar uma carreira de alta performance mentalmente saudável é um constante desafio.

Sua mãe nasceu na Colômbia e seu pai nos Estados Unidos. Daniella cresceu em  Jacksonville, Flórida, onde os pais residiam com um trabalho fixo. Quando criança, Pierson tinha problemas para dormir; ela se incomodava com o fato de que havia uma fita preta em um lado de sua cama, mas não no outro. Acabou desenvolvendo atitudes metódicas.

Em uma aula no ensino médio, ela percebeu, enquanto estudava distúrbios de saúde mental, que tinha TOC. Passou por dificuldades ao longo da sua vida acadêmica. Tinha uma média inferior a 2 e se preocupava se seria expulsa da escola se não aumentasse suas notas. 

Pierson não procurou tratamento até estar no último ano da faculdade. Ela sabia que precisava de ajuda, mas também sabia que não podia contar com seus pais para essa questão. Estava isolada e sem conhecimento.

Com parte do dinheiro que vinha da The Newsette, Daniella começou um tratamento com terapia cognitivo-comportamental e as coisas gradativamente começaram a mudar. Ao término do último ano da faculdade, suas notas eram todas máximas.

“Nada me traz tanta felicidade quanto construir empresas. Não quero que ninguém com problemas de saúde mental não se sinta parte do sucesso”

Daniella Pierson, fundadora da The Newsette

O TOC existe, mas também existe a The Newsette e a Wondermind. Está lá, mas Daniella cuidou o suficiente para aprender a lidar. É vital entender os espaços que as pessoas podem ocupar, desde que tenham o autoconhecimento para lidar conscientemente com suas questões. Saúde mental é ponto crítico justamente para o sucesso perene, não apenas um vislumbre dele.

O que podemos aprender com a trajetória de Daniella Pierson e a Newsette

Daniella Pierson mostra como uma paixão como drive de negócio pode ser um caminho sólido para manter o interesse e a dedicação. Mostra também como a relevância com a qual você comunica essa paixão pode atingir em cheio um público-alvo. Isso gera oportunidade de mercado, o qual as notícias são cada vez mais digitais.

Vejamos o que podemos aprender com o case The Newsette:

1# - Paixão como drive

Como foi dito, Daniella não é um desses casos de "trabalhe com o que gosta e nunca mais trabalhará na vida", mas um case que mostra como interesses podem ser um drive para autenticidade e execução.

Ao fazer genuinamente sua curadoria, para algo que lhe seria útil, criou uma oportunidade de negócio. Oportunidades de negócio também podem aparecer em diversas situações, mas é importante saber em quais delas você estará disposto a brigar por todas as batalhas.

Unir seus interesses com a possibilidade de escalar uma empresa pode não ser um fator determinante, mas certamente um combustível. Você trabalhará todos os dias da sua vida, mas existe um apreço maior pela jornada. Não é só sobre o fim, é sobre as conquistas que vão acontecendo pelo meio do caminho.

2# - Relevância para um público-alvo

Partimos da premissa que você tem que conhecer o receptor da mensagem para entender o tom dela. Daniella Pierson é enfática: seu público são mulheres, entre 18 e 35 anos. 

Ter uma compreensão profunda sobre quem você conversa é fundamental para solidificar a criação de conteúdo, desenvolvimento de produtos e realmente qualquer coisa relacionada à aquisição e retenção de clientes.

Encontrar os exatos momentos de dor te permitem adicionar mais camadas no relacionamento com seu cliente. Ajuda a galgar na confiança. Tudo por conta da assertividade do processo. Existe entrega dos dois lados. 

Conforme essa máquina se torna mais certeira, você consegue alcançar também a previsibilidade da receita, o que começa a saltar esses números impressionantes tais quais os de Daniella Pierson. 

Não se vende mais com estratégias frias e agressivas. É preciso nutrir estágios de confiança para que um potencial cliente se torne, de fato, em um cliente recorrente.

3# - Oportunidade de mercado

Segundo o Statista, foram registrados 6,14 milhões de assinantes pagos nos canais digitais do The New York Times no segundo trimestre de 2022.Um aumento de 14,8% do segundo trimestre de 2021 ao trimestre correspondente de 2022. Ainda mais impactante, é o gráfico que mostra essa evolução desde 2014.

Na imagem, um gráfico elaborado pelo Statista sobre o número de assinantes dos canais digitais do New York Times
Número de assinantes dos canais digitais do New York Times (Crédito: Statista)

Entre trancos e barrancos, o mercado editorial vai descobrindo as formas de monetizar seus modelos de negócio. O The New York Times apresenta crescimento consistente e apresenta uma forma de entregar a notícia.

A The Newsette não tem uma porção da vida de um publisher desse calibre e já tem uma base de 500 mil assinantes, com novos modelos de receita tornando um braço de empresas sustentáveis. As oportunidades de mercado são claras para um segmento que parece estar mais aberto ao imaginário de acessibilidade da tecnologia.

Isso porque é uma questão de consumo, de experiência de consumo. Hoje, se consome digitalmente, com metodologias pensadas para a experiência de consumo digital. 

Customer Experience (CX) é sobre como os clientes usam seu serviço e enxergam seu valor agregado. É a percepção ou o conjunto de percepções que o cliente tem da sua marca após interagir com ela. São valores mais intangíveis, da experiência. Algo que sempre fora valorizado pelo mercado editorial.

4# - Notícias são digitais

Na virada do milênio, o Bureau of Labor Statistics contava com pouco menos de 200 mil funcionários em editoras de jornais nos Estados Unidos. Hoje conta apenas 50 mil.

A pá de cal foi a pandemia da COVID-19, deixando milhares de repórteres, editores e fotógrafos sem trabalho. Em uma projeção feita pelo Pew Research Center, no ritmo atual, os norte-americanos estão prestes a perder mais de um terço de seus jornais até 2025.

Por outro lado, agências de notícias digitalmente nativas estão crescendo. As oportunidades de emprego mais que dobraram na última década – embora esse crescimento não tenha sido suficiente para compensar o declínio geral do setor. Esses dados mostram algo sintomático: a notícia hoje é digital.

Na imagem, um gráfico elaborado pela Pew Reasearch Center sobre publicações impressas continuarem caindo, enquanto negócios nativamente digitais de notícias crescem.
Publicações impressas continuam caindo, enquanto negócios nativamente digitais de notícias crescem. (Crédito: Pew Research Center)

Enquanto consumidor, você tem um imenso acesso disponível; enquanto produtor, você tem inúmeros modelos de negócio para monetizar qualquer processo que necessite de comunicação.

A notícia é um processo, não um fim mercadológico. Você cria comunidade, você chancela relevância, cria força de marca. Ao comunicar algo, você precisa ter um objetivo. O lugar de consumo hoje é no digital - e para você alcançar esse objetivo, você tem que se fazer escutado. 

É uma lógica de oferta e demanda, com diversas ferramentas à disposição para variar o formato de entrega e de captação de recursos.

The Newsette mostra alternativa sólida para um mercado editorial ainda pouco explorado pela tecnologia

The Newsette é a fórmula charmosa da comunicação, executada perfeitamente no contexto de um mercado digitalmente ágil. Uma newsletter pessoal, construída pela paixão como drive, que escala ao ponto de tornar um negócio milionário.

Mas a verdade é que tal qual qualquer empreendimento bem-sucedido, existem lacunas e oportunidades que comprovam o porquê Daniella Pierson alcançou o patamar merecido. Através de uma solução simples e acessível, entregou valor agregado em um mercado editorial ainda pouco explorado pelos recursos da tecnologia.

Existem players mais tradicionais que começam a tomar a vanguarda, mas é interessante ver cases de incumbentes surgindo com potência. É o que o mercado precisa: oxigênio, agilidade e experiência do cliente otimizada.

Se você quiser aprender mais sobre os conceitos discutidos neste case da The Newsette, conheça a Imersão G4 Growth, do G4 Educação, e aprenda como aplicar as estratégias usadas por Facebook, Google, Amazon, Uber e Apple para ativar as alavancas de crescimento no seu negócio.

Daniella Pierson fatura US$ 40 mi (e lucra US$ 10 mi) em 2021 com newsletter "The Newsette". O que aprender com ela?
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