R$ 1,1 bilhão em um ano: foi essa a soma da remuneração dos CEOs das 90 empresas brasileiras listadas no IBOVESPA para o período de 2021. Saiba como essa compensação é medida e quanto ganham os principais executivos do país.
A tomada de decisão sobre a compensação financeira devida ao nível mais alto de executivo no mundo corporativo pode ser um grande desafio para uma empresa.
No entanto, quando a remuneração é estabelecida com planejamento, alinha o comportamento das lideranças com a cultura e a estratégia da companhia e busca gerar o melhor desempenho possível, os resultados tendem a ser surpreendentes.
Por outro lado, se mal administrado, especialmente em um cenário macroeconômico em crise, os efeitos podem ser devastadores: desmotivando talentos, agravando desigualdades e minando o crescimento da companhia.
Nesse sentido, desde 2009, é exigido das companhias de capital aberto listadas no IBOVESPA que entreguem à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) uma documentação informando sobre os ganhos e remunerações da sua diretoria.
Assim, utilizando as informações disponibilizadas no Formulário de Referência da CVM, Renato Chaves, especialista em governança corporativa e ex-diretor da Previ, concluiu que, mesmo em um cenário de pandemia, o salário de um CEO (Chief Executive Officer) cresceu, aproximadamente, 30% em relação ao ano anterior, somando R$1,1 bilhão em 2021 e, individualmente, alcançando a média de mais de R$1 milhão por mês para cada executivo.
Já nos EUA, de acordo com levantamento realizado pela Forbes, o salário dos CEOs mais bem pagos das companhias listadas na Bolsa de Nova York também atingiu um novo recorde, com um aumento de 29,4% em relação a 2021 e uma média de US$ 1,93 milhão (ou R$10,13 milhões) por mês para cada executivo.
Como ilustrado acima, a compensação de um executivo de alto escalão é, basicamente, calculada com base em 3 requisitos: incentivos de longo prazo, bônus anual e salário-base. Entretanto, estudo da HBR aponta que as mudanças anuais na remuneração de quem ocupa essa posição de liderança não refletem, necessariamente, as mudanças no desempenho corporativo.
Por isso é importante estar atento a esse fato para que a contraprestação incentive um comportamento sustentável de longo prazo capaz de levar a organização onde ela realmente quer chegar.
Atualmente, as dez companhias que pagam as mais altas contraprestações pecuniárias para executivos nesta posição acumulam 30% do montante de R$1,1 bilhão anual - o que corresponde ao equivalente de R$400 milhões. Vejamos quais são os 5 principais CEOs dessa lista, por ordem de faturamento.
O atual CEO e chairman do banco espanhol Santander no Brasil, Sergio Rial, recebeu a quantia de R$ 59 milhões no ano passado, representando um crescimento de 26% em comparação a 2020.
Além de sua função no Banco Santander, Rial faz parte dos conselhos da The Nature Conservancy LACC, Delta Airlines e é vice-chairman da BRF.
Nome completo: Sergio Agapito Lires Rial;
Idade: 62 anos;
Formação: Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Economia pela Gama Filho;
CEO do Santander Brasil desde: 01/2016;
Passagens importantes na carreira: ocupou cargos de alto escalão na Minnesota Cargill (2004/2012), na Seara Alimentos (2012/2015) e na Marfrig (2014/2015);
Lucros do Santander Brasil em 2021: R$ 16,347 bilhões (+7% em relação a 2020);
Desempenho das ações em 2021: +34,4%.
(Na imagem: Sérgio Rial)
(Crédito: Santander)
Há mais de 10 anos na companhia, tendo passado por diversas funções, Bartolomeu foi, ao longo de 2021, o executivo mais bem remunerado da mineradora, com a quantia de R$55 milhões.
Com o sonho de deixar um legado de excelência operacional para a companhia, o CEO está liderando a empresa em uma jornada de transformação sócio-ambiental e uma das metas é ingressar no Índice Dow Jones de Sustentabilidade até 2025.
Nome completo: Eduardo Bartolomeo;
Idade: 57 anos;
Formação: Engenharia Metalúrgica pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e MBA em Administração de Empresas pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT);
CEO da Vale desde: 04/2019;
Passagens importantes na carreira: foi diretor de operações da Ambev (1994-2003), atuou como diretor executivo da Vale (2004-2012), CEO da BHG - Brazil Hospitality Group (2013-2015) e CEO da NTS - Nova Transportadora do Sudeste (2017);
Lucros da Vale em 2021: lucro recorde de R$ 121,2 bilhões (+354% em relação a 2020);
Desempenho das ações em 2021: -9,1%.
(Na imagem: Eduardo Bartolomeo)
(Crédito: Exame)
Filho está há 20 anos na companhia, já tendo ocupado diversas posições na empresa: diretor-executivo de produtos e operações, diretor comercial e diretor de tesouraria do Itaú BBA. Em 2011, inclusive, aos 35 anos, tornou-se sócio do banco.
Atualmente, como CEO do Itaú Unibanco, a sua remuneração faz jus a importância dos cargos que já ocupou (tendo crescido +52% em relação ao ano anterior).
Vale dizer que entre os bancos privados, Milton foi o mais jovem executivo a assumir como CEO aos 44 anos de idade.
Nome completo: Milton Maluhy Filho;
Idade: 46 anos;
Formação: Administração de Empresas pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap);
CEO do Itaú desde: 02/2021;
Passagens importantes na carreira: CEO da Rede (empresa de meios de pagamento do Itaú de 2012-2015) e CEO do Itaú CorpBanca (2016-2018);
Lucros do Itaú em 2021: R$ 26,87 bilhões (+45% em relação a 2020);
Desempenho das ações em 2021: -18,8%.
(Na imagem: Milton Maluhy Filho)
(Crédito: Bloomberg)
Com a quarta maior remuneração das empresas de capital aberta listadas está Zinner, à frente das atividades da Eneva de exploração e produção de petróleo e gás natural.
Entre os desafios do executivo estão as ambições estratégicas da companhia de eliminar o uso de carvão e ampliar a sua fonte renovável para alcançar o net zero até 2030.
Nome completo: Pedro Zinner;
Idade: 48 anos;
Formação: Economia pela PUC-Rio e MBA pela University of Chicago Booth School of Business.
CEO da Eneva desde: 03/2017;
Passagens importantes na carreira: membro do Conselho da Stone (2022), CEO da Parnaíba Gás Natural (2014-2016), group treasurer da BG Group (2012-2014) e global head de Finanças da Vale (2010-2011);
Lucros da Eneva em 2021: R$ 1,1 bilhão (+17% em relação a 2020);
Desempenho das ações em 2021: -12,5%.
(Na imagem: Pedro Zinner)
(Crédito: Folha de S. Paulo)
Tomazoni possui vasta experiência e conhecimento da indústria alimentícia. Trabalhou por 27 anos na Sadia, onde começou como estagiário e foi CEO.
Atualmente, o engenheiro mecânico catarinense, lidera o conglomerado agropecuário com unidades espalhadas por vinte países e promete balancear emissões de carbono na companhia. Em relação a 2020, o seu salário subiu, aproximadamente, 56%.
Nome completo: Gilberto Tomazoni;
Idade: 64 anos;
Formação: Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina;
CEO da JBS desde: 12/2018;
Passagens importantes na carreira: presidente do Conselho da Pilgrim's (desde 2013), presidente global de operações da JBS (2015-2018), CEO da Seara (2013-2015) e vice-presidente de Alimentos & Ingredientes da Bunge Alimentos (2009-2013), SEO da Sadia (2004-2009);
Lucros da JBS em 2021: R$ 5,142 bilhões (+151,4% em relação a 2020);
Desempenho das ações em 2021: +71,9%.
(Na imagem: Gilberto Tomazoni)
(Crédito: JBS)
Para fazer o trabalho de CEO bem-feito e ser um bom líder, fazendo jus a compensações expressivas, é necessário estar à frente da curva e ter uma visão de negócios afiada. De acordo com um estudo da HBR, um CEO médio dedica 62,5 horas de trabalho todas as semanas.
Nesse sentido, é imprescindível priorizar o tempo de desenvolvimento pessoal e profissional para garantir a permanência no topo da companhia e, especialmente, ser referência no mercado, aproveitando as últimas tendências do setor, prevendo os desafios e oportunidades que se aproximam e utilizando o seu tempo de maneira estratégica (evitando a sobrecarga de atividades meramente reativas).
“A distância entre o número um e dois é sempre uma constante. Se você quer melhorar a sua organização, você tem que se melhorar e a empresa te acompanhará. Essa é a grande lição”.
De fato, o que esses grandes líderes fazem é posicionarem estrategicamente as suas empresas para capturarem os melhores e maiores canais de receita (do presente e do futuro), enquanto as protegem e preparam para enfrentar eventuais crises econômicas.
Pensando nisso, listamos algumas das principais lições de liderança e negócios que podemos extrair desses grandes executivos-chefes do mercado:
Como visto acima, um CEO geralmente é um profissional altamente qualificado e experiente - o que requer uma combinação de educação formal, conhecimento de vários domínios de negócios e gerenciamento, experiência no setor e habilidades de liderança.
Ainda que não existam requisitos específicos de qualificação formal para indivíduos que aspiram a cargos executivos corporativos, as qualificações dos membros do alto escalão variam de bacharelado, MBAs, PhDs e bastante street intelligence - segundo Luccas Riedo, CEO do G4 Educação, esta última é uma das habilidade mais importantes para qualquer profissional de alto nível.
Quando se trata de acelerar o crescimento de uma companhia, algumas das informações mais importantes estão dentro da sua própria organização, mas são facilmente perdidas, já que são invisíveis, intangíveis e, muitas vezes, difíceis de medir.
Os melhores CEOs fornecem a clareza e os insights necessários para direcionar a atenção e os recursos organizacionais para onde são mais necessários, apoiando as ações de liderança estratégica que são necessárias para alcançar os melhores resultados.
Executivos-chefes estão constantemente sob pressão para conciliar diversas agendas que afetam a sua organização. Assim, precisam estar sempre se antecipando e gerenciando riscos de forma eficaz para manter a convergência dessas necessidades.
No período pandêmico, por exemplo, foi fundamental a adoção de um papel ativo e inovador para abordar a crise que muitas organizações enfrentaram. Em muitos negócios, inclusive, a pressão do cargo é agravada pelas expectativas da mídia, poder público, investidores, clientes, funcionários e sociedade, justificando o montante que recebem ao final do mês.
Grandes lideranças se comportam como aprendizes e exploradores ao longo de suas vidas, prosperando em situações desafiadoras e inesperadas graças a um capital intelectual maior que o financeiro.
Não é a toa que Warren Buffet, chairman e CEO da Berkshire Hathaway, em entrevistas, chegou a mencionar que dedica 80% de seu horário de trabalho para as leituras.
No mundo acelerado em que vivemos, uma marca registrada de pessoas altamente bem-sucedidas é que elas se tornam parte de um organismo de aprendizado contínuo. Em sua essência, o lifelong learning é sobre ser curioso, reservando um tempo para se desafiar com novas ideias, teorias e abordagens.
Todo CEO enfrenta um novo desafio todos os dias. Afinal, diferentes estágios na carreira exigem diferentes habilidades e competências. Durante a pandemia, por exemplo, os líderes das companhias tiveram pouco espaço ou tempo para reflexão, mas precisaram mostrar muita resiliência e comando, mesmo navegando em um território inexplorado.
Além disso, o desafio empresarial mais comum está relacionado ao crescimento das suas organizações. Os CEOs se preocupam em gerenciar e crescer de forma previsível, impulsionando novas demandas, reconstruindo pipelines de oportunidades e reengajando o seu relacionamento com os clientes.
De fato, eles precisam gerenciar várias mudanças em várias frentes simultaneamente, com alto grau de complexidade, como a necessidade de criar novas soluções que abracem as tecnologias disruptivas e se atentem às preocupações com segurança cibernética para se manterem competitivos no mercado.
"Tudo acaba se tornando problema do CEO, não importa onde comece. Eu posso ver por que alguns CEOs cedem sob a pressão."
Assim, ocupar o nível mais alto de executivo no mundo corporativo exige repensar tudo e descobrir como encontrar o equilíbrio certo entre as prioridades de curto prazo e o sucesso de longo prazo certamente é a chave para se fortalecer os negócios, criar um legado e deixar sua marca pessoal na empresa.
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