Excelência: as lições do co-fundador da XP Investimentos sobre a busca pela excelência
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Excelência: as lições do co-fundador da XP Investimentos sobre a busca pela excelência

Excelência: as lições do co-fundador da XP Investimentos sobre a busca pela excelência

Por:
Soraia Yoshida
Publicado em:
19/4/2023

Pequeno, a passos curtos e sempre buscando melhorar. Foi assim que Guilherme Benchimol, fundador da XP Inc., construiu sua história de sucesso. Sua jornada como empreendedor começou com uma decepção: foi demitido de seu emprego aos 24 anos. O "empurrão" o levou a se mudar para outra região do país, iniciar uma jornada empreendedora, quase quebrar, encontrar a primeira virada de chave e, pouco a pouco, fazer ajustes, se transformar e levar a XP Inc. ao patamar que hoje todos conhecem. 

Em palestra exclusiva no G4 Day, evento do G4 Educação que reuniu empresários de todo país em debate sobre a busca pela excelência, ele deixou alguns insights valiosos sobre a constante busca pela excelência. 

#1 - Dê um passo de cada vez

Ao contrário do caminho escolhido por muitas startups, que buscam o crescimento rápido e "queimam" caixa durante esse trajeto, Guilherme Benchimol preza por dar um passo de cada vez. Os motivos:

  • Você tem que consolidar as suas teses gradativamente;
  • Você tem que construir uma matriz de despesas que faça sentido e;
  • Com foco, buscará deixar sua receita maior do que sua despesa, sempre visando a satisfação dos seus clientes.

Fazer isso é gerar lucro líquido de forma consistente. Aquele empreendedor que sai "acelerando e que sai queimando caixa", não está com a matriz de custo correta. Só que o negócio que era uma lancha vira um transatlântico e fica mais difícil corrigir a rota.  

Todo empreendedor que está começando fica ansioso, quer ficar grande rapidamente. Para Benchimol, é importante começar pequeno, pois a única certeza que você terá na jornada é que irá mudar de opinião várias vezes até acertar o formato. Acertando o modelo, você poderá escalar de forma sustentável. 

#2 -Erre, mas corrija rápido

“Não é uma corrida de 100 metros rasos, é uma ultra maratona.”

O empreendedor tem muitas vezes a impressão de que precisa agarrar certas oportunidades, sob o risco de não ter outras pela frente. Para Benchimol, não é assim que funciona. Se uma oportunidade passa, é certo que várias outras irão surgir. É importante administrar essa ansiedade e se certificar de estar construindo um negócio sustentável. 

Um de seus desafios sempre foi “poder cometer erros, mas erros pequenos”. Em 22 anos de empresa, Benchimol diz que errou inúmeras vezes, mas foram erros muito pequenos e que foram corrigidos rapidamente. Nenhum erro fez com que a companhia ficasse "de joelhos". 

"Empreender é, muitas vezes, manter-se vivo por 10, 20, 30 anos. Conseguindo isso, pode ter certeza que no longo prazo você vai estar gigante", afirma. 

Em sua filosofia, Benchimol insiste que você pode errar uma porção de vezes desde que corrija de maneira rápida, mantendo a humildade e calculando que esses erros não vão quebrar a empresa. "Quando você encontrar sua direção, depois de testar algumas hipóteses, esse será o momento para tomar riscos, mas sempre observando e pensando na preservação de caixa e deixando o orgulho de lado". 

#3: Cultura é a forma como você faz as coisas

“Como empreendedor, você naturalmente tem que atingir as suas metas. Quando você define a sua cultura, você define a forma como você vai fazer isso.”

Por que a forma é importante? Porque é assim que você vai encontrar pessoas que se conectam entre si. Como líder, quando você consegue definir quem você é dentro da empresa, torna-se muito mais fácil encontrar as pessoas que combinam com a sua maneira de enxergar os negócios.

Sonho grande, mente aberta e espírito empreendedor. Esse é o lema da XP e talvez a melhor maneira de explicar a visão de Guilherme Benchimol. Para ele, ter essa definição clara de quem se é ajuda na hora de contratar pessoas alinhadas com a missão e a maneira de trabalhar na empresa. “Quando você junta pessoas que têm essa cultura e esse DNA, elas se conectam de um jeito mais forte. E essa conexão é que forma as super equipes”.

Para ilustrar, Benchimol diz que não se deve tentar convencer alguém a trabalhar na empresa. Sua abordagem é outra: você quer trabalhar na XP?

  • Vai ser duro;
  • Vai ter dor de barriga;
  • Vai ter que virar noites;
  • Vai ter final de semana que você terá que trabalhar;
  • As coisas vão demorar até começarem a acontecer;
  • É uma jornada de 10-20 anos.

"É importante garantir que quem estiver entrando na sua empresa realmente combine com você. Que essas pessoas possuam um horizonte temporal apropriado. Caso contrário, não existirá um alinhamento", explica.

Leia mais: Cultura Organizacional, o que é, qual a importância e como aplicar

#4: Tenha a mente aberta

Durante a pandemia, a XP adotou o trabalho remoto, assim como milhares de outras companhias. Benchimol conta que no início, a empresa funcionou muito bem, pois era uma equipe que já trabalhava integrada há muitos anos. A cultura, portanto, já estava formada. A XP tinha praticamente 3.000 funcionários nessa época. A XP abraçou o modelo remoto e Benchimol acreditou que seria viável reduzir custos com grandes escritórios.

O crescimento do negócio acabou resultando na contratação de mais 4.000 pessoas, cuja experiência com a cultura da XP era feita por meio de plataformas digitais.

Segundo ele, o que se percebeu com o passar do tempo é que esse modelo funcionava bem em algumas áreas, como Tecnologia. Porém, pelo crescimento acelerado e contratação de tantas pessoas, a identidade e a cultura da empresa estavam perdendo espaço. Nesse momento, ele reuniu a liderança da empresa e a decisão foi trazer as equipes de volta ao escritório. 

Para ele, a XP hoje se parece muito mais ao que era antes no quesito modelo de trabalho, mas traz consigo bons aprendizados, como manter a flexibilidade e entender como algumas áreas produzem mais em outro modelo.

"A empresa teve uma visão de qual era a melhor direção naquele momento, mas houve a necessidade de corrigir a rota. Hoje, temos a convicção de que a direção correta é aquilo que sempre deu certo, mas sempre mantendo a mente aberta".

#5: Aprenda a dizer “não”

Para Guilherme Benchimol, nem tudo é trabalho. É preciso olhar para a família e para a saúde física e mental. Ele não abre mão do tempo qualitativo que passa com seu núcleo familiar, o que significa participar das conversas, saber como foi o dia, sem ficar olhando o celular. Alguns programas, inclusive, como viagens para praticar  kitesurf, são feitos em família. Como dar conta de tanta coisa?

Em primeiro lugar, diz ele, tendo muita disciplina. Você tem que saber fazer escolhas. Quando você sabe o que você quer, teoricamente já definiu o que não quer. 

“Quando você se torna empreendedor, você se torna escravo da sua causa. Então, você tem que estar muito dedicado, muito focado. Você precisa estar bem com o resto.”

Por isso, para Benchimol é importante manter sua rotina organizada:

  • Dormir cedo;
  • Manter uma alimentação saudável;
  • Fazer exercícios todos os dias.

No entanto, nada disso é possível se você não aprender a falar muito “não”. "Dizer não é uma coisa muito difícil. Mas no fundo é sobre escolher fazer as coisas que realmente irão fazer a diferença na sua vida. Ao aprender essa tarefa difícil, isso te fará mais feliz e você poderá realizar melhor aquilo que você definiu como prioridade", diz. 

#6: Sempre busque melhorar

“O que tem que divertir o empreendedor é a sensação de estar melhorando a cada dia.”

Guilherme Benchimol entende que a visão que muitas pessoas têm ao empreender é que vão trabalhar duro, muito dedicadas e que mais tarde poderão abrir mão e trabalhar pouco. É um erro. "Quanto mais sucesso você tiver na vida, maior será o seu nível de comprometimento. Quanto maior o sucesso, maior a responsabilidade, as suas atitudes exemplares se tornam mais necessárias e você tem que se tornar mais humilde", ensina.

Ser empresário, segundo o fundador da XP, só tem fim quando você vende a sua empresa. A evolução faz com que você desenvolva habilidades e assimile novas ideias. "Você tem que aprender a ser uma pessoa completamente diferente a cada 2 anos e ter a humildade de reconhecer que as habilidades que te trouxeram até certo estágio, muitas vezes não vão levar a empresa para o estágio seguinte".

Para exemplificar esse ponto, Benchimol trouxe o caso da passagem de bastão do cargo de CEO para Thiago Maffra. Apesar de qualificado para seguir liderando a empresa, Benchimol entende que foi se transformando na "cara da empresa". Isso tornou muito desafiadora a tarefa de cobrir o aspecto comercial e institucional do negócio e, ao mesmo tempo, monitorar os indicadores, conversar com as equipes e dar feedbacks. 

A melhor decisão foi posicionar Thiago Maffra como CEO e utilizar sua imagem e história como fundador da empresa como uma maneira de abrir novas portas. 

“No final, os milhões de metas te ajudam a guiar seu caminho no curto, médio e até no longo prazo, mas a sensação de melhorar, de que o seu avião pode voar cada vez mais alto e mais longe é o que me motiva como empreendedor.”
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