As técnicas de storytelling não devem ser utilizadas somente por escritores. Na hora de solucionar problemas, muitos gestores podem chegar a soluções melhores e mais efetivas utilizando artifícios narrativos, capazes de aumentar a capacidade de resolução de problemas em toda a companhia.
De acordo com um estudo do MIT com mais de 700 executivos internacionais, 60% dos entrevistados identificaram que a formulação superficial do problema é uma das barreiras que prevalecem na hora de solucionar um problema empresarial.
O que tende a acontecer na prática e se revela verdadeiro para mais da metade dos líderes, é que ao se depararem com problemas complexos ou decisões estratégicas relevantes, formulam as perguntas erradas, e como consequência, chegam às respostas erradas.
Nesse caso, o que podemos taxar como “errado” é uma pergunta que foca nos sintomas e não na causa, ou seja, uma abordagem que afeta a perspectiva - levando a uma série de achismos e vieses pessoais, que acabam inibindo um pensamento amplo e crítico.
Assim, para romper com esse padrão, é preciso mudar a forma como o problema é definido, ampliando as alternativas. Para ajudá-lo nesse processo, formulamos esse “guia” que pode orientá-lo a encontrar os problemas certos, evitando erros e tornando a empresa mais inovadora e resiliente.
Enquadrar um problema nada mais é do que estabelecer uma trajetória que gere mais alternativas e caminhos para possíveis soluções. Em geral, o processo encoraja a fazer perguntas mais certeiras, evitando desperdício de tempo, recursos e esforço em soluções pouco promissoras.
Embora o enquadramento pareça simples - e muitas vezes é -, é preciso estar preparado para não cair em armadilhas comuns - deixando-se levar pela própria experiência ou por jargões populares, que embora tenham efeito, muitas vezes carecem de utilidade prática.
Mesmo que premissas populares como “pensar fora da caixa” tenham seu valor, é preciso guiar-se por pensamentos que irão contribuir na prática para alcançar os resultados desejados.
Alguns dos principais erros cometidos pela liderança na hora de enquadrar um problema, são:
A seguir, detalhamos como esses erros acontecem e podem implicar em problemas cada vez maiores para a companhia.
Raramente o problema será compreendido por todos da mesma maneira. Essa abordagem, em geral, é impulsionada pela intuição. Os vieses cognitivos tendem a influenciar a tomada de decisão, assim, a capacidade de propor soluções e de discernir problemas passa a ser distorcida pela experiência profissional.
Não devemos desconsiderar o valor da experiência, pelo contrário. Mas em geral, ela tende a funcionar em problemas de baixo risco e que podem ser resolvidos rapidamente, mas não apresentam a mesma eficácia em problemas mais complexos.
É comum superestimar a experiência e subestimar o que não sabemos, mas para problemas que tendem a se tornar cada vez mais complexos, é fundamental equilibrar intuição e curva de aprendizado, afinal, nem sempre o que funcionou ao longo do tempo funcionará atualmente.
Portanto, ao invés de apresentar um problema e logo depois dar uma solução, o ideal é reservar um tempo para o diálogo.
Leia também: efeito dunning-kruger - uma situação comum entre empreendedores
Mesmo quando superamos o foco no instinto ou na experiência, podemos enquadrar o problema sob uma única perspectiva, evitando outras possibilidades e reduzindo a gama de opções.
O ideal é que quando as formulações forem feitas, evitemos nos apegar às alternativas mais óbvias e que parecem funcionar imediatamente. À medida que nos esforçamos para pensar de modo abrangente é possível ultrapassar o pensamento genérico e chegar a detalhes particulares, que de outro modo, seriam desconsiderados.
Assim, antes de focar na solução mais fácil, é preciso expandir o horizonte e formular perguntas que combinam diferentes elementos do problema, incluindo desafios que podem estar relacionados implicitamente.
O pensamento unilateral é um fenômeno comum e que afeta muitas resoluções de problemas. Ao definir um desafio sozinho ou com colegas que pensam de maneira parecida, podemos chegar a um falso consenso.
Por exemplo, se um problema está sendo resolvido por uma área específica, ao apresentarem a solução para outro departamento ela pode ser colocada à prova, pois mesmo que tenha tido alguma discussão, ela não apresentou diversidade de perspectivas, pelo contrário.
Quando situações como essa acontecem, podemos considerar dois pontos que devem ser melhorados: trabalho colaborativo e tempo de reflexão.
O processo de discussão é fundamental, no entanto, é preciso ter espaço também para a reflexão - essencial para relacionar problemas diretos e indiretos mais facilmente, aumentando assim, o leque de possibilidades.
Integrar olhares diferentes desde a definição do problema contribui para soluções igualmente múltiplas, o que fomenta também a inovação.
Como visto nos tópicos anteriores, enquadrar o problema adequadamente não é uma tarefa complexa, mas requer alguns cuidados essenciais que não podem ser deixados de lado.
Uma das maiores dores da resolução de problemas é a falta de capacidade de organizar várias ideias, compreendê-las e entender em que pontos elas se relacionam entre si. Para superar esse impasse, podemos utilizar um framework que aplica uma estrutura básica de história para enquadrar e reenquadrar um problema.
Assim, a estrutura narrativa nos ajuda a compreender informações complexas, afinal contar uma história é útil não só pelo poder de persuasão mas também para pensar informações ambíguas de maneira mais adequada.
Em resumo, contar uma história simplifica a complexidade de ideias utilizando três elementos principais:
Ao se relacionarem, os elementos formam uma pergunta que direciona seus esforços para a resolução de um desafio:
Como pode [o herói] obter [o tesouro], dado [o dragão]?
Embora não seja uma regra, o ideal para esse exercício é manter um herói, um tesouro e um dragão, ou seja, se durante o processo encontrar múltiplos problemas, é melhor separá-los e organizá-los por ordem de prioridade.
A arte do storytelling pode ajudá-lo e enquadrar e estruturar problemas de maneira mais efetiva, apesar disso, não está imune aos erros. A seguir, separamos algumas dicas que te ajudarão a utilizar a técnica da melhor maneira.
Esse framework usa elementos narrativos que ajudam a enquadrar um problema de maneira clara e objetiva, oferecendo uma visão criativa e ao mesmo tempo eficiente do desafio. É importante realçar que todos os elementos devem estar presentes na definição do problema - herói, tesouro e dragão. Caso contrário, podemos continuar a negligenciar pontos críticos de uma situação - investindo tempo, energia e esforços em suposições.
“A reformulação pode começar considerando a abordagem inicial do problema e perguntando: “Por que essa não seria a melhor busca a ser realizada?” A resposta pode ser que você identificou o herói, tesouro ou dragão errado.” MIT
De maneira geral, o storytelling ajuda a liderança a filtrar informações básicas e se concentrar no que que é essencial.
Para que um problema seja resolvido, é preciso se atentar principalmente, para a sua construção - explicar o que e também o porquê, priorizando uma abordagem útil e ágil, adicionando elementos que importam para a tomada de decisão.
Nesse sentido, o storytelling ajuda a descomplicar o problema a ser resolvido, mesmo que muitas vezes ele seja complicado. A concisão da narrativa é uma das maiores vantagens do framework, que ajuda os líderes a entender pontos cegos e as restrições dos desafios que enfrentam.
“Todos os modelos estão errados, mas alguns são úteis” - George Box, estatístico
Além disso, a narrativa estimula a criatividade, uma das 15 habilidades do futuro do trabalho. De acordo com um relatório da McKinsey existe uma ligação direta entre desempenho financeiro e criatividade. Empresas consideradas mais criativas apresentam um crescimento de 67% maior em comparação com as demais e para os acionistas, retornos 70% acima da média.
“A linguagem das histórias torna as trocas mais envolventes. Contribui para a criação de um ambiente seguro. É libertador, colocando os membros da equipe em um estado de espírito mais expansivo e otimista ao discutir problemas.” MIT
Embora pareça simples, chegar a um enquadramento simples exige um esforço expressivo. Nesse sentido, utilizar o storytelling facilita o processo, sendo utilizado em problemas simples ou mais complexos.
Se está enfrentando dificuldades para encontrar novos clientes, sente que seu time é dependente ou não consegue pensar estrategicamente, a Imersão G4 Traction do G4 Educação é para você.