A conversa com o Giovanni Colacicco no Papo de Gestão deixou claro que empresas de qualquer porte podem conquistar organização, clareza e maturidade financeira para sustentar o crescimento. A maneira como ele articula método, governança e leitura inteligente dos indicadores revela padrões que frequentemente observo nas empresas que passam pelo G4.
O diálogo trouxe à tona desafios cotidianos de negócios que avançam em vendas, mas perdem visibilidade sobre caixa, prazos e eficiência operacional. A trajetória do Giovanni desenvolvendo o método RFA e apoiando organizações na prática oferece um entendimento muito concreto de como uma boa gestão nasce de estrutura confiável, nunca de improviso.
Esses insights dialogam diretamente com o que praticamos: a importância de alinhar líderes, rituais e mecanismos de gestão para promover autonomia, eliminar ruídos e construir empresas capazes de crescer com consistência sem sacrificar caixa, margem ou saúde organizacional.
O problema não é vender. O problema é entender o que os números estão te dizendo
Sempre digo que vendas são o motor que tira uma empresa do zero, mas a gestão financeira é o freio e o volante que impedem o carro de bater. Só que existe uma ilusão muito comum: achar que “estar vendendo” significa “estar indo bem”.
Giovanni trouxe uma frase que eu gostei muito: “Lucro não é sorte. Lucro é construção”. E essa construção só acontece quando gestor e time enxergam o mesmo número de maneira clara, organizada e padronizada, o que não é tão simples quanto parece.
A maioria das empresas que ele atende não tem o básico estruturado: fluxo de caixa, DRE e balanço patrimonial funcionando como deveriam. E sem isso, o dono está pilotando o avião no meio da neblina.
O método RFA: clareza antes de complexidade
O método RFA, Raciocínio Financeiro Aplicado, nasceu da experiência do Giovanni ao assumir uma empresa familiar nos anos 2000. Ele percebeu que tudo funcionava no instinto, sem números confiáveis e, por isso, sem capacidade de decidir de forma madura.Com o tempo, entendendo as dores das PMEs, ele organizou um método baseado em três pilares:
1. Fluxo de caixa operacional, financeiro e de investimento
De acordo com Giovani, o fluxo de caixa é como um balde furado com três torneiras:
- Operacional (vendas e pagamentos do dia a dia)
- Investimento (dinheiro aplicado ou imobilizado)
- Financiamento (empréstimos e crédito)
Cada entrada e saída pertence a uma dessas três atividades e quando você entende isso, tudo muda. Vale conferir na conversa completa como essas camadas se conectam no dia a dia da empresa.
2. DRE para medir eficiênciaA DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) mostra o quanto sua operação é eficiente, independente do prazo que você paga ou recebe. É a medida real do seu desempenho como negócio.
3. Balanço patrimonial para entender a riqueza que você administraO empreendedor é, antes de tudo, gestor de ativos. O empresário que não tem clareza sobre onde está o dinheiro — no caixa, no estoque, nos recebíveis, nas máquinas — não está gerenciando, mas apenas reagindo.
Caso Aramis: Por que tantas empresas quebram crescendo?
Durante a conversa, lembrei de um case clássico do Richard Stad, da Aramis. Ele relatou que a empresa teve o melhor ano de faturamento e lucro e ainda assim terminou o ano com o caixa quase zerado. Como isso é possível? A resposta é simples: crescimento sem controle de prazos.
Ele pagou seus fornecedores mais rápido, demorou mais para receber dos parceiros e precisou de um investimento maior em estoque. O resultado dessa equação foi um fluxo de caixa negativo, mesmo com um lucro positivo. Detalhamos esse exemplo passo a passo no episódio completo, com a análise visual que o Giovanni fez ao vivo.
O ciclo vital do caixa: comprar, pagar, vender e receber
Giovanni desenhou ao vivo um raciocínio que mostra a problemática por trás do caso Aramis e demonstra o “custo invisível” que derruba empresas. Para ter saúde financeira, a ordem ideal é:
Comprar
Vender
Receber
Pagar
Se você paga antes de receber, está financiando o cliente.Se gira estoque devagar, trava capital.Se recebe tarde, está bancando o varejista.Se compra errado, destrói margem.
A cultura financeira é o maior diferencial competitivo
O que mais me chamou atenção no método RFA é algo simples: as finanças não devem ser uma preocupação apenas do financeiro, mas de toda a empresa.
- Comercial precisa entender margem
- Compras precisa entender giro e prazo
- Operação precisa entender CMV
- Marketing precisa entender custo de aquisição
- Logística precisa entender o impacto no caixa
- RH precisa entender capacidade instalada
Quando o time todo entende o impacto do próprio trabalho no resultado, surgem soluções que o dono jamais conseguiria gerar sozinho. A empresa fica mais inteligente e a margem sobe quase como consequência natural.
A Cadeia de Valor de Porter é um modelo clássico que ajuda a descobrir onde sua empresa realmente gera valor, quais atividades aumentam margem, reduzem custos e como estruturar processos que criam vantagem competitiva. Neste material você pode entender mais detalhadamente como usar a Cadeia de Valor de Porter para otimizar sua operação.
Esse ponto rendeu uma das discussões mais profundas do episódio, então recomendo assistir a análise completa para ver como isso se desenrola na prática.
O maior vilão da análise financeira: rateio
Outro ponto importante trazido pelo Giovanni é que o famoso rateio é um hábito que as empresas precisam urgentemente desaprender. E por um bom motivo: ratear gasto fixo dentro dos produtos distorce completamente a informação.
Preço bom, margem real, tomada de decisão por produto, mix… tudo fica contaminado.A regra é simples:
- Gasto fixo é da empresa.
- Margem de contribuição é do produto.
- E o encontro dos dois define o seu lucro.
Misturar isso é pedir para tomar decisões erradas.
Margem de contribuição: o número que você deve olhar todos os dias
Quando perguntei qual é o número sagrado para o empreendedor, Giovanni não titubeou: é a margem de contribuição. Esse é o indicador que responde à pergunta mais importante de qualquer negócio: “Eu gerei margem suficiente para pagar o meu custo fixo hoje? Se a resposta for “não”, você pode estar afundando e talvez nem saiba.
Muitos empreendedores se enganam achando que “vender é o mais importante”, o que não necessariamente é verdade. Vender é importante, mas gerar margem é indispensável, por isso, além da margem de contribuição, é preciso mapear e acompanhar os indicadores financeiros que expressam a saúde da empresa.
Sem controle de estoque, nada funciona
Quem trabalha com produto, precisa entender a relação entre controle de estoque, CMV e margem: sem controle de estoque, é impossível saber o CMV; sem CMV, não se conhece a margem e, por fim, sem a margem, você nunca vai saber se está ganhando dinheiro.
Quando investir em gestão financeira?
Quando as planilhas deixam de ser suficientes e um ERP precisa entrar em ação, é hora de investir em gestão financeira. No entanto, mais importantes do que o sistema, são o plano de contas, a organização e o método por trás da gestão. Um sistema ruim pode funcionar quando alimentado com bons dados, mas dados ruins serão inúteis até mesmo com o melhor dos sistemas.
O gargalo é vivo — e sempre muda de lugar
Um insight muito valioso trazido pelo Giovanni foi sobre a Teoria das Restrições. Toda empresa tem um gargalo e, quando você o soluciona, surge outro. É por esse motivo que a gestão é um jogo infinito e a clareza financeira é a vantagem que leva ao sucesso.
Finanças não são números, são decisões
O que levo desse episódio e quero reforçar aqui é que gerir finanças, mais do que contar dinheiro, é entender o impacto que cada decisão, seja ela comercial, operacional, logística ou estratégica, impacta o resultado final.
É esse conhecimento que separa as empresas que vão escalar, daquelas que caminham lentamente para o fracasso. A boa notícia é que, com método, clareza e disciplina, é possível dominar este jogo.Para conferir na íntegra a minha conversa com o Giovanni, o episódio está disponível no canal do G4 Podcasts no YouTube.
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