Coração acelerado. Palmas das mãos suadas. Garganta seca. Sorriso irredutível no rosto. Um turbilhão de pensamentos que passam pela minha cabeça, como um flash onde apareceram vários momentos e todos que fizeram parte dessa jornada até aqui.
Ontem, 21 de julho de 2021, participei do IPO da VTEX em Nova York, empresa da qual me orgulho de ser sócio.
Um momento único e inenarrável que prometo contar melhor para vocês. Acreditem, a ficha não caiu!
A reflexão que posso deixar para vocês agora é: as pessoas que vão estar nos momentos de perrengue ou de comemoração ao seu lado, fazem toda a diferença na experiência. Escolha bem as pessoas que vão estar ao seu lado durante a jornada.
Citando o trecho de Ernest Hemingway que diz muito sobre isso:
- Quem estará nas trincheiras ao seu lado?
- E isso importa?
- Mais do que a própria guerra.
Encontrei na VTEX, uma família de diferentes pessoas, etnias, estilos, gêneros, religiões e formações. Portanto, existe uma coisa em comum em todos: aceitar e respeitar a diversidade.
Quem me acompanha, sabe o quão frenético e contínuo foi o ritmo para chegar até aqui e posso dizer a você: essa é apenas mais uma parada na jornada.
Aprendi há muito tempo com o Mariano, fundador da VTEX e meu mentor, que “o que te trouxe até aqui, não é o que vai te levar para o próximo nível”.
Ele disse esta frase logo depois de adquirir a operação da Xtech, empresa da qual fui fundador, e passei a integrar o time da VTEX. Portanto, nunca deixem de se autodesenvolver, pois a corrida nunca acaba.
Há exatos 9 anos, eu vendia sites em uma sala de 30m² na Tijuca com 4 funcionários. As coisas foram acontecendo até conhecer a VTEX e criar todo um plano para me juntar como sócio.
Mas antes disso, vamos dar um passo atrás e contar melhor essa história.
Minha história começa de forma simples. Nasci e cresci na Tijuca no Rio de Janeiro, vim de uma família de classe média. Minha mãe parou de trabalhar quando nasci e meu pai era gerente geral de uma empresa de transporte de valores.
Acho que muito dessa veia empreendedora vem dele, principalmente depois que ele abandonou todo um estilo de vida confortável pra ter mais autonomia e mais tempo com a gente em casa.
Foi meu pai quem me fez praticar desde cedo o pólo aquático, para reforçar conceitos como disciplina, consistência e convivência em equipe. O esporte foi fundamental na construção do meu caráter e perfil profissional.
Além do polo, iniciei a faculdade de publicidade e propaganda e me tornei uma pessoa multitarefas ao tentar conciliar o trabalho na empresa júnior da universidade e empreender prestando serviços para pequenas e médias empresas, além de ser responsável pela área de atendimento.
Comecei a empreender aos 17 anos. Após fazer um curso de Photoshop com meu amigo Reinaldo, tomamos a iniciativa de criar e vender cartões de visita e demos o nome da empresa de Ideia Carioca.
Eu vendia pra todo mundo: para o treinador de polo, para os amigos mais próximos, cooperativas de táxis, pequenas empresas, até para a minha mãe. Também fazíamos panfletos e banners, além dos cartões. Isso durou quase dois anos, conseguindo levantar uma renda mensal.
Nessa época, eu fazia design e vendia cartões. Como eu cursava publicidade e propaganda, foi natural migrar para outras áreas do marketing além do design. Foi aí que surgiu a ideia da Marketing Shop.
Foi um momento de virada de chave. A primeira vez que pensei em montar uma empresa mesmo para crescer, contratar funcionários e ter uma equipe.
O Marketing Shop era uma agência que fazia de tudo: criava logo, montava site, montava loja virtual, fazia papelaria, atendendo a pequenas e médias empresas. Com o tempo, foram aparecendo cada vez mais demandas de pedidos de sites para vender pela internet.
Na ocasião, conheci o Ricardo, que tinha montado um sistema no qual era muito fácil cadastrar os produtos e colocá-los à venda. No primeiro momento, eu queria comprar o sistema, e na sequência o que aconteceu foi que o Ricardo veio trabalhar comigo para darmos continuidade na elaboração de um sistema de e-commerce.
Foi assim que embarquei no mundo do e-commerce.
Na sequência, outra virada de chave. Em 2013, eu e o Ricardo fomos assistir a um evento de e-commerce em São Paulo, e lá vimos o Mariano, fundador da VTEX, palestrar. A admiração foi instantânea.
Ali vimos que a gente precisava mudar o negócio, mudar o nome e fazer o produto ser atendido pelas agências. Precisávamos de um ecossistema, de pessoas vendendo o nosso produto.
Inspirado na maior empresa do Brasil, VTEX, criamos a Xtech. Sim, os nomes se parecem propositalmente, como forma de marketing mesmo. Muitas pessoas confundiram por anos as duas empresas por conta do nome parecido – apesar de algumas pessoas acharem que não é semelhante, deu certo.
Depois de criar um nome, me aproximei novamente do Mariano em um outro evento e apresentei a ideia da Xtech, focado para as pequenas e médias empresas, já que eles estavam focados em clientes maiores. Ele gostou da ideia e me convidou para conhecer pessoalmente a VTEX em São Paulo.
Naquele momento, começou o nosso relacionamento. Ele assumiu um papel como meu mentor, com o intuito de me ajudar a crescer.
Admito que o cerceei muito para que essa unificação ocorresse e não me arrependo.
"A cena que me lembro é a gente lá no escritório da VTEX, em 2015, e ele querendo empreender com uma plataforma de e-commerce no mercado de Low End (pequeno e médio porte), e na época a VTEX não tinha código para o Low End. E ele assumiu a frente, resolvendo montar a empresa e fazendo o Low End acontecer, e aí ele disse 'você compra essa empresa e a gente vira sócios!', e pra mim já tava fechado."
Mariano Gomide, fundador da VTEX.
A Xtech começou rodando bem. O meu papel era comercial e, em 2015, ainda naquele ano, no auge de nosso crescimento, tomamos um tombo gigantesco.
Não tínhamos dimensão de que ainda havia poucos braços para aquilo que estávamos propostos a fazer.
Na Black Friday, nosso site caiu e ficou fora do ar por quatro horas. Para resolver, tínhamos que reprogramar o site e foi exatamente o que demorou. Viramos meme, clientes ameaçaram nos processar, o clima ficou bem pesado e tivemos em torno de cinquenta cancelamentos.
Nós tivemos um ano para refazer nossa imagem, que foi bem destruída na Black Friday, e colocamos como meta a próxima Black Friday para nos reconfigurar. Entramos em 2016 com tudo, batendo metas, ajustando produtos e preparando tudo para pisar no acelerador com os dois pés.
A Black Friday chegou e batemos recordes. Tudo deu muito certo e voltamos a ser uma grande promessa para crescer no mercado. Ali já tínhamos entendido mais sobre o mercado e ainda crescemos em outras áreas da empresa.
Já havíamos entendido onde queríamos chegar e encontrado nossa visão empreendedora.
Quando conhecemos o Mariano, a gente ficou muito empolgado em construir uma ponte e uma parceria. Ele era nosso concorrente direto, pois já tinha uma vertical para pequenas e médias empresas, a Loja Integrada, e possuía mais experiência. Então, quando lançavam algo no sistema, nós virávamos a noite elaborando algo para também lançar.
Nos posicionamos estrategicamente para incomodar mesmo, e claro começamos a chamar muita atenção de forma proposital, a fim de criar uma relação de competitividade, de forma que a VTEX desejasse estar junto à Xtech.
Em maio de 2017, a Xtech foi adquirida pela VTEX, tornando-se algo grande.
Com essa união, passou a haver um planejamento mais maduro, com planos mais claros e maior assertividade, e as coisas foram para outra proporção e nível de profissionalização.
Assim, me tornei sócio da VTEX e atualmente sou VP Institucional da empresa, ao lado de pessoas brilhantes que compõem o time.
De lá para cá, a empresa só cresceu, sendo apontada como o e-commerce que mais cresceu no mundo em 2019, de acordo com o IDC Worldwide Digital Commerce.
Na sequência, com a digitalização do mundo em 2020 e 2021, essa aceleração só aumentou, tornando a VTEX uma gigante no mercado, até chegar a esse grande momento da abertura na NYSE.
Apenas um passo entre tantos outros que já foram e serão dados, mas definitivamente, o IPO da VTEX foi um dia especial.
Eu sempre digo que as pessoas querem atalho, mas ele não existe. Não se dorme em um dia e se acorda com sucesso no outro.
A trajetória exige constância, e se você se manter constante, com certeza vai colher um bom resultado no final.
Pense grande e execute maior ainda! E escolha bem as pessoas que estarão com você na jornada, pois não dá para ir longe sozinho. Tudo se trata de pessoas.
Para os poucos que acreditaram quando não existia nem destino definido: GRATIDÃO. Durante muitos anos, tudo parecia improvável. Como é difícil acreditar. Como é difícil continuar. Em muitos momentos, falta até conhecimento sobre o quão longe podemos ir.
Somente a jornada vai te mostrar o verdadeiro destino.
Quer saber o que descobri depois de tudo que aconteceu comigo nos últimos tempos?
Descobri que o destino não existe, é apenas a próxima parada.
Então, vamos sempre em frente: let’s do it!