A história de Israel Salmen começou cedo, com apenas 14 anos já se aventurava no mundo do empreendedorismo. Desde então, ele vem construindo uma história de sucesso como um dos fundadores e atual CEO da Méliuz, o maior portal de cashback do Brasil.
No final de março de 2022, a companhia atingiu 8,6 milhões de usuários ativos. O sucesso é apontado como resultado de uma filosofia simples, porém poderosa: a junção entre tecnologia, cultura forte e partnership.
Em entrevista concedida a 1ª edição da Revista G4 Club, Israel Fernandes Salmen comentou sobre algumas lições que aprendeu ao longo de sua trajetória e os principais insights que norteiam a Méliuz.
Sou o Israel Salmen, nascido em 1989, em Governador Valadares, Minas Gerais. Meus pais são empreendedores e eu comecei a empreender aos 14 anos, na minha cidade. Nasci em um lar que sempre me condicionou a essa visão do empreendedorismo e moldou a minha forma de ver as coisas.
Sou formado em Economia pela UFMG, onde conheci meu sócio Ofli Guimarães. Em 2009, fundamos a Solo, uma gestora de investimentos. Vendemos a empresa pouco tempo depois, em 2011, no mesmo ano em que criamos o Méliuz.
O Méliuz surgiu como uma opção aos programas de fidelidade existentes no Brasil que, em sua grande maioria, ofereciam pontos que só poderiam ser utilizados nas lojas parceiras ou, então, precisávamos juntar uma grande quantidade para conseguir trocar por algum produto simples.
Diferente da maioria desses programas de fidelidade e de outros programas de cashback, o Méliuz devolve, em dinheiro, uma porcentagem do valor da compra feita nas lojas parceiras e também da fatura do Cartão Méliuz, direto na conta bancária.
Só existe essa opção de resgate do benefício. Assim, a pessoa não fica presa a uma rede de lojas e nem é obrigada a usar o dinheiro recebido em outra compra. Com o Méliuz, o consumidor é livre para usar o seu cashback como, quando e onde quiser.
Um dos nossos principais desafios foi mostrar o valor do nosso produto. Era o famoso “bom demais para ser verdade”.
O cashback já era um benefício muito conhecido fora do país, mas quase ninguém conhecia o modelo de recompensas aqui no Brasil. Hoje, somamos mais de 16 milhões de contas abertas e geramos R$2,9 Bilhões em vendas para as nossas lojas parceiras no último ano.
De 2012 para 2013, quando saímos de R$ 700 mil em vendas para as lojas parceiras, em 2012, para R$ 35 milhões, em 2013.
Depois de 2 anos iniciais muito difíceis, queimando caixa e sem conseguir escalar a companhia, a virada do ano de 2012 para 2013 foi o momento em que encaixamos o produto certo, com a base de usuários certa e, de lá pra cá, não paramos de crescer.
Gosto de dizer que não existe bala de prata. Growth é uma combinação de fatores e de muito teste. Aprendemos ao longo da jornada que o que funcionou ontem não necessariamente funcionará amanhã, o que não funcionou hoje não significa que nunca funcionará.
Criamos uma cultura de testes muito forte aqui no Méliuz, e sabemos que um teste vale mais do que mil opiniões. Dados acima de tudo.
Na verdade, nossos objetivos vão muito além do cashback distribuído. O cashback é só uma das estratégias que usamos para atrair e engajar usuários, seja recompensando em campanhas do nosso marketplace, ou em ações em parceria com indústrias, e até devolvendo parte do valor gasto com nosso cartão de crédito.
Historicamente, a nossa north star metric é alterada anualmente, de acordo com a necessidade e foco da companhia para aquele ano em específico. O que não mudou e não vai mudar na companhia são os 3 pilares que nos trouxeram até aqui: Tecnologia, Cultura forte e a nossa Partnership.
Tecnologia para criar as melhores soluções e conectar marcas e usuários, Cultura forte para guiar as nossas ações em nosso dia-a-dia, sem deixarmos de lado nossos valores e princípios, mesmo com todo crescimento e Partnership.
Entendemos que para fazer crescer também é necessário repartir e ter ao lado pessoas que compartilham dos mesmos valores, sonhos e objetivos.
A cultura do Méliuz foi sendo construída como reflexo da maneira com que trabalhávamos e tomávamos decisões, desde os primeiros anos do Méliuz. Temos sete pontos muito importantes na nossa cultura, mas os que mais destaco são:
pessoas que fazem parte da nossa equipe. Se comportar como dono em todas as situações e decisões e nunca terceirizar os problemas. Assumir riscos para poder realizar coisas grandes e, principalmente: se falhar, não desistir.
Eu gosto de dizer que 80% está no processo de recrutamento e seleção. Temos muito cuidado na hora de contratar pessoas que tenham fit com a nossa cultura, nosso jeito de pensar e trabalhar. Assim, fica mais fácil de manter vivo tudo aquilo em que acreditamos.
A nossa cultura é vivenciada no nosso dia-a-dia, nas nossas ações e por cada um que faz parte do Méliuz. Nosso time está sempre muito bem alinhado com nossos propósitos e objetivos e os esforços de todos são sempre para um bem maior.
Além de todas as etapas inerentes a um processo seletivo, temos uma etapa no nosso processo de recrutamento que é a entrevista de cultura.
Essa entrevista é realizada por nossos próprios colaboradores, de diversos setores e senioridades, guardiões da nossa cultura e que têm por objetivo saber se o candidato compartilha dos mesmos valores que a gente. Por isso, essa etapa tem peso decisivo e até eliminatório, porque a nossa cultura é de fato muito importante, desde o processo seletivo.
Nossa principal estratégia é fazer com que o Méliuz seja sempre um lugar incrível para se trabalhar. Se seu time está feliz e amando a empresa, ele com certeza vai falar disso com outras pessoas, nas redes sociais, com amigos e conhecidos.
Os melhores talentos não estão buscando altos salários, estão buscando empresas com desafios gigantes, com oportunidades de crescimento e impacto, e a chance de se tornarem sócios. E aqui no Méliuz oferecemos tudo isso para elas.
Ao ler essa pergunta eu preferi perguntar para os meus liderados direto as características que eles consideravam minhas principais qualidades. E as respostas que eu recebi foram:
O Projeto Guerra, história que abre o livro, foi talvez o maior fracasso que vivemos (e no qual mais erramos) e que quase nos levou ao fim. Já tínhamos certa experiência na aventura do empreendedorismo - o Méliuz estava com 6 anos - e o negócio estava indo muito bem.
Essa confiança na gente, no time e no produto foi a combinação ideal para entrarmos em uma espiral de erros e fracassos. Não é por menos que a primeira parte dessa história.
Sem dúvida nenhuma, a nossa Cultura e a nossa Partnership. O que constrói um negócio, no longo prazo são as pessoas. A forma como a gente olha para o que estamos construindo, o jeito de trabalhar, de lidar com os clientes. Isso não vai mudar. A nossa cultura é vivenciada no nosso dia-a-dia, por todo mundo que trabalha no Méliuz.
E ao escolhermos os novos colaboradores que serão agraciados com a Partnership, levamos em consideração os planos que essas pessoas pretendem executar ao longo do tempo, dentro da companhia.
Não. O IPO foi a maneira que enxergamos, após já termos feito rodadas de investimentos, que melhor se encaixaria nos nossos próximos objetivos.
Aqui no Méliuz temos o costume de receber mentorias e escutar muito a experiência de outras pessoas e empresas. Durante as mentorias, o assunto do IPO começou a surgir com mais força e começamos a cogitar essa hipótese.
Após algumas análises, com base em feedbacks e quando estávamos com a convicção de que existia uma alta probabilidade de o negócio sair, decidimos seguir esse caminho.
Já tínhamos nossos objetivos de crescimento bem definidos para os próximos anos. O IPO teve total foco no nosso futuro, no que o Méliuz eventualmente vai se tornar daqui uns anos. E por isso, dizemos que o IPO foi o nosso Day One, o nosso novo começo.
Com a compra da Acesso nos consolidamos no segmento de serviços financeiros, pois passamos a ter tecnologia e o know how de banking para gerar ainda mais valor para os nossos clientes.
Nosso objetivo é ter uma plataforma cada vez mais robusta, com oferta de uma variedade maior de serviços para que nossos usuários possam se engajar cada vez mais com o Méliuz.