Você já ouviu falar do conceito de liderança situacional? É um modelo que visa mais flexibilidade na atuação do líder, de acordo com diferentes contextos. Alguns grandes nomes lideraram aplicando esse estilo, entre eles Jack Stahl, presidente da Coca-Cola de 1978 a 2000, Phil Jackson, técnico da NBA com 11 campeonatos conquistados, e até Steve Jobs.
Muitos conceitos tornaram-se fundamentais no mundo dos negócios, dentre eles, a liderança se destaca como um dos pilares de qualquer organização de sucesso.
Isso se dá, principalmente, pelo forte poder de influência dessa posição, que impacta diretamente a cultura organizacional. De acordo com um estudo da Gallup, gestores influenciam pelo menos 70% do engajamento dos colaboradores.
Embora exista um consenso sobre como exercer essa função com sucesso, existem diversos tipos de liderança a serem exploradas, com características e abordagens distintas. Uma delas é a liderança situacional.
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A liderança situacional ou situational leadership, é um modelo de gestão centrado na capacidade do líder de se adaptar a qualquer contexto e circunstância interna ou externa. Esse modelo nasceu com a Teoria da Liderança Situacional desenvolvida por Paul Hersey e Ken Blanchard.
Resumidamente, a teoria se baseia na quantidade de direcionamento e na quantidade de apoio que um líder deve fornecer de acordo com a situação e o nível de maturidade da equipe.No estudo, o nível de maturidade é referenciado como readiness/performance readiness. O conceito é a combinação entre capacidade técnica e disposição do colaborador para realizar uma tarefa. Em tradução livre, refere-se a “facilidade” de realizar algo.
De maneira geral, esse estilo faz com que o líder adapte seu comportamento e atuação às necessidades de performance do time. Nesse sentido, age focado em fortalecer a relação com o liderado, atuando para apoiar suas necessidades de desenvolvimento.
Para obter êxito, existem alguns pilares fundamentais e que determinam o sucesso dessa abordagem. São eles:
“A chave para uma liderança de sucesso hoje é a influência, não a autoridade.”
A liderança situacional permite constante desenvolvimento. Além de construir um ambiente mais propício a uma mudança efetiva de comportamento, acelera a evolução dos funcionários, respeitando seu nível de maturidade. Os líderes, por sua vez, conseguem interpretar os cenários com mais qualidade, e responder às demandas com mais precisão.
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Uma das maiores vantagens para um gestor estabelecer a liderança situacional é a possibilidade de olhar para cada situação, aperfeiçoá-la e assim, construir um clima organizacional que funcione de maneira harmoniosa.
Embora englobe um contexto geral, abarca mais quatro estilos de liderança, que funcionam sob dois eixos centrais, um mais diretivo e outro que oferecem mais suporte:
A partir desses eixos, é possível que o gestor implemente um direcionamento que melhor se adapte às necessidades dos liderados como ilustra o gráfico a seguir:
Essa gestão é focada em direcionar, com uma comunicação que flui do líder para o liderado, ou seja, é mais centralizada. A comunicação é um fator determinante nesse estilo, e o funcionário deve ser orientado com clareza.
Em outras palavras, é recomendada quando os funcionários possuem pouca habilidade para a execução e tendem a ser mais inseguros.
Em suma, essa é uma abordagem voltada a criar movimento, ou seja, é de curto prazo, e a ideia é que a partir de uma supervisão mais próxima, o colaborador apresente progressos tanto em suas habilidades quanto em sua confiança, priorizando um desenvolvimento contínuo, já que possui menos maturidade.
Esse estilo de gestão ainda centraliza o poder de decisão no líder, mas já possui um pouco mais de flexibilidade quanto a oportunidade de discussão, principalmente sobre o por que de determinada tarefa ser realizada. Simplificando, foca na orientação.
Assim, o líder ainda decide o que, como e quando uma atividade deve ser executada e concluída, mas com uma abordagem mais voltada à mentoria, já que geralmente, esse funcionário já possui um nível de maturidade moderada.
Ainda se alinha melhor com colaboradores que possuem menos habilidades, contudo, com alta confiança e motivação. Neste caso, o diagnóstico continua fundamental, e deve ser utilizado para feedbacks construtivos, focando em um processo de desenvolvimento contínuo.
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Como o próprio nome aponta, o estilo voltado para o apoio possui o viés mais colaborativo descrito até aqui, tanto que o alinhamento costuma ser direcionado pelo próprio colaborador.
Esse perfil, por sua vez, possui um nível de habilidade mais elevado e consegue realizar uma tarefa de maneira coesa e assertiva, no entanto, possui baixa confiança e motivação, o que ainda mantém seu nível de maturidade moderado.
Simplificando, por mais que consiga realizar o trabalho, hesita em fazê-lo e isso pode ser uma consequência de falta de motivação ou até falta de compromisso.
Diante dessa situação, o líder possui um papel de guia, com o objetivo de ajudar o colaborador a encontrar a fonte do desalinhamento entre capacidade e motivação.
Diante dos estágios de desenvolvimento e os estilos de liderança para acompanhá-lo, esse estilo pode ser considerado uma etapa mais madura, em que a gestão foca em melhorar a autonomia e as habilidades do liderado, que por sua vez, possui maior equilíbrio entre habilidade, confiança e motivação.
Essa estabilidade na execução de atividades, proporciona uma comunicação mais aberta e horizontal, em que o diálogo flui do colaborador para o líder, e garante maior independência nas decisões.
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As principais características para se tornar um grande líder situacional são:
O domínio dessas habilidades de liderança situacional pode capacitar um líder a formar uma equipe eficiente e de alto desempenho que permanecerá relevante por muitos anos. Como você pode ver, o aprendizado da liderança situacional é altamente benéfico para a organização, pois cria um ambiente de trabalho melhor e a conduz a um futuro de sucesso.
Os níveis de liderança situacional não são determinados apenas pelo cenário em que um líder se encontra, mas também pela maturidade da equipe que está sendo liderada. A maturidade das equipes está intrinsecamente relacionada ao nível de competência e habilidades dos membros. Ao formar uma equipe ou gerenciar projetos e crises, os líderes precisam levar em consideração em qual estágio de desenvolvimento seus liderados se encontram.
Para avaliar e aprimorar esses níveis de maturidade, é fundamental que o gestor realize uma análise de desempenho, seguida de programas de treinamento e desenvolvimento. Vamos explorar esses níveis de maturidade em detalhes:
É importante ressaltar que as necessidades de gestão variam de acordo com o estágio de maturidade da equipe. Por exemplo, mesmo que o estilo de liderança mais adequado seja o P4 (E4), um líder pode optar por adotar o estilo P1 (E1) se os membros da equipe ainda estiverem em processo de treinamento e desenvolvimento.
Assim, a liderança situacional considera não apenas o contexto, mas também o nível de preparação e disposição dos liderados, permitindo aos líderes adaptar seus estilos para melhor atender às necessidades de suas equipes em evolução.
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Agir de acordo com as circunstâncias, levando em consideração aspectos mais individuais, tende a fortalecer a confiança e a cultura organizacional, ao mesmo tempo em que cria uma trilha de desenvolvimento mais individualizada. Algumas das vantagens encontradas pelo gestor que adota esse modelo são:
Em suma, uma liderança situacional parece estar em maior sintonia com as novas gerações, interessadas em ambientes de trabalho mais flexíveis, focados em um desenvolvimento abrangente, e principalmente, que acompanhe seu progresso e não o contrário.
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Apesar dos benefícios, uma gestão baseada no ambiente, pode gerar confusão entre os colaboradores, justamente por seu viés mais “individualizado”. Além disso, tende a focar em desafios mais imediatos do que em necessidades de longo prazo. Algumas desvantagens deste estilo de gestão são:
Por seu caráter mais versátil, algumas empresas podem enfrentar dificuldades ao utilizar o método, ainda mais se for centralizada, com um nível de hierarquia mais consolidado. Em suma, dependendo da cultura da empresa, pode ser um desafio para o gestor manter o alinhamento necessário para realizar o trabalho de maneira efetiva.
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“Líderes efetivos precisam ser flexíveis, se adaptando de acordo com a situação.”
Seja com um viés mais autocrático ou democrático, um dos conceitos mais importantes desse estilo é que não há um um estilo de gestão único ou perfeito, mas sim, o ideal para determinada situação.
De acordo com a ideia de liderança situacional de Hersey e Blanchard, uma das maiores qualidades de um líder é seu poder de adaptação.
Isso porque, uma empresa é composta por diferentes backgrounds, e a liderança situacional pode ser considerada uma abordagem que tenta abarcar o máximo de grupos e com diferentes níveis de experiência.
Alguns grandes nomes adotaram esse framework e obtiveram muito sucesso em suas respectivas áreas:
Desde o gerenciamento de grandes empresas à excelência esportiva, é evidente que a liderança situacional abrange diferentes ambientes, mas sempre levando em consideração características individuais, performance e nível de experiência.
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Recapitulando, a teoria da liderança situacional proporciona mais ou menos autonomia para os liderados, levando em consideração sua experiência e habilidades. Esse estilo é extremamente influenciado pelo comportamento do líder, e pelo seu próprio track-record.
Mesmo que existam muitas situações e diferentes maneiras de lidar com elas, a gestão sempre deve focar em fortalecer a confiança e introduzir um plano de desenvolvimento individual e sustentável.
A liderança situacional preza pelo progresso de diferentes funcionários, e mesmo que seja passível de falhas, mostra-se ideal tanto para quem precisa de uma liderança mais dirigida tanto para quem consegue trabalhar com mais autonomia.
Embora essa forma de gestão traga mais igualdade e flexibilidade ao ambiente de trabalho, se não gerenciada de maneira apropriada, pode se perder em sua própria agilidade.
Sendo assim, atente-se a como o modelo está funcionando na prática, acompanhando o progresso e melhorando a metodologia. Até por sua própria essência circunstancial, aperfeiçoamentos provavelmente serão necessários.
Como já apontamos, o mundo está em constante transformação. Com modelos de trabalho mais descentralizados, virtuais e autogerenciáveis, é esperado que a liderança também evolua, afinal, mais do que nunca, a maneira de liderar possui implicações estratégicas.