Liderança democrática: definição, características e exemplos
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Liderança democrática: definição, características e exemplos

Liderança democrática: definição, características e exemplos

Por:
Iara Rodrigues
Publicado em:
6/6/2022

Descubra o motivo pelo qual, diferentemente dos perfis centralizadores, a liderança democrática tem sido cada vez mais difundida no meio corporativo e quais são os seus benefícios para a empresa e para os seus colaboradores.

Liderar não é uma tarefa fácil. Exige não só autoconhecimento, mas também um aperfeiçoamento contínuo de habilidades e competências para promover um ambiente de trabalho que inspire confiança e colaboração.

O líder precisa compreender que os diversos tipos de liderança trazem uma série de consequências, diferenciando-se umas das outras em diversos pontos, e que a liderança que ele adota interfere diretamente na equipe e no desempenho organizacional.

É um grande desafio liderar equipes de alto desempenho, por isso, entender o que é liderança e como exercê-la dentro do seu contexto empresarial é de suma importância para se obter resultados cada vez mais positivos.

De acordo com um artigo trazido pela McKinsey & Company, líderes que valorizam e acreditam no trabalho da sua equipe têm 2 vezes mais chances de levarem suas empresas a uma performance acima da média.

Isso mostra que a liderança não é uma função isolada, mas que ela está inserida em uma relação mútua entre o líder e seus liderados, como explicitado abaixo:

“No matter how brilliant your mind or strategy, if you’re playing a solo game, you’ll always lose out to a team.”
“Não importa o quão brilhante é a sua mente ou estratégia, se você estiver jogando sozinho, você sempre vai perder para um time”.

Reid Hoffman, co-fundador do LinkedIn

“Talent wins games, but teamwork and intelligence win championships.”
“Talento vence jogos, mas o trabalho em equipe e a inteligência vencem campeonatos”.
Michael Jordan, considerado um dos maiores jogadores de basquete da história


Diante disso, fica clara a importância de um líder no processo organizacional. Como diz o velho ditado, “uma andorinha sozinha não faz verão”. Por isso, o foco na liderança democrática será abordado neste artigo.

O que é liderança democrática?

Em primeiro lugar, essencial contemplar o significado de democracia. Essa palavra tem origem grega e é composta por dois vocábulos: demos e kracia. O primeiro representa o povo/povos, os liderados e o segundo se refere ao governo, aos líderes/autoridade.

Assim, a democracia se resume em um tipo de governo/liderança que une os dois públicos acima em um único contexto para o exercício do poder e da tomada de decisão participativa.

Nesse sentido, a liderança democrática se define pelo respeito mútuo, atribuindo responsabilidades significativas aos líderes e seus liderados, compartilhando o poder e exercendo a cooperação.

Quando uma equipe tem um líder democrático, cada pessoa é incentivada a participar, expor suas ideias e opiniões, assim como discutir abertamente, sem medo de ser recriminado.

Equipes democráticas se envolvem no processo de gerenciamento de suas empresas e compartilham os mesmos objetivos, sendo capazes de tomar decisões mais assertivas ao negócio.

Esse modelo se gestão se tornou mais popular nas últimas décadas e pode ser conhecido também como: liderança participativa, compartilhada, gestão open-book, tomada de decisão participativa ou estilo de gestão democrática.

Ela se difere da liderança autocrática em vários pontos, mas é possível destacar que apesar da autocracia ser uma linha de gestão que pode dar uma maior agilidade e controle aos processos, por depender de uma só pessoa, ela pode também pode sobrecarregar o líder e tornar o ambiente de trabalho mais tenso e conflituoso.

As principais características da liderança democrática são:

  • Incentivo à participação de todos através da criação de um ambiente livre, sem retaliações ou julgamentos;
  • Estímulo à criatividade, inspirando outras pessoas a terem ideias;
  • Transparência, compartilhando informações e ouvindo a opinião de todos;
  • Senso de pertencimento e engajamento;
  • Humildade para envolver os colaboradores e aceitar suas ideias e
  • Alta frequência de feedbacks com o intuito de alinhar comportamentos e resultados.

Essas características muitas vezes levam a vantagens muito significavas para as instituições. A seguir, algumas dessas vantagens.

Leia mais: Liderança situacional: definição, características e exemplos

Vantagens da liderança democrática

A liderança democrática, quando bem exercida, pode levar a inúmeras vantagens, não só para a empresa, mas também para seus colaboradores.

Dentre elas, destacam-se:

  • O aumento da produtividade – os colaboradores se tornam mais eficientes;
  • Uma melhora no engajamento dos colaboradores – todos sabem que estão trabalhando em prol de um objetivo comum;
  • O incentivo à autogestão – envolver as pessoas nas tomadas de decisão ajuda  a reforçar a visão da empresa;
  • Maior comprometimento da equipe – sabem que sua participação é importante;
  • Maior interação entre líder e liderados – eles passam a confiar mais em si e no outro;
  • Aumento na motivação e satisfação da equipe – sentem-se úteis para o grupo;
  • Valorização profissional – os colaboradores são reconhecidos dentro da organização;
  • Desenvolvimento pessoal e profissional –  práticas que favorecem a busca por melhorias;
  • Estímulo à inovação – a criatividade e a discussão aberta levam a novas ideias;
  • Diversidade de opiniões – quanto maior o número de ideias, melhor será a qualidade das decisões tomadas;
  • Fortalecimento da equipe – o vínculo entre eles fica mais forte por priorizarem a colaboração;
  • Mais facilidade para solucionar problemas – mais recursos criativos e métodos inovadores à disposição e
  • Menor taxa de absenteísmo – quanto maior o comprometimento e o engajamento dos colaboradores, menor é a chance dele faltar ao trabalho.

Em suma, pode-se afirmar que a liderança democrática estimula a criatividade, o trabalho em equipe e a colaboração em um ambiente altamente participativo e engajador.

Mas, apesar de muitas empresas acreditarem que os benefícios trazidos pela liderança democrática fazem o método valer à pena, existem também alguns contras que devem ser levados em consideração.

Desvantagens da liderança democrática

Quando esse modelo de gestão não é implementado adequadamente, ele pode fugir do controle e causar malefícios no ambiente de trabalho.

Dentre os pontos negativos, observam-se:

  • A lentidão no processo de tomada de decisão – muitas opiniões e ideias a serem discutidas;
  • A desorganização – quando a comunicação entre os membros da equipe não é bem estabelecida;
  • O surgimento de conflitos – quando a minoria precisa aceitar a vontade da maioria;
  • A falta de sigilo – já que os colaboradores participam ativamente dos processos e têm informações chave sobre a empresa;
  • A ausência da garantia de realizar a melhor escolha – muitas opiniões podem não ser boas o suficiente;
  • Líderes mais dependentes – tornam-se excessivamente presos  às opiniões de seus liderados e
  • A sobrecarga dos líderes – o desafio de supervisionar equipes colaborativas.

O ideal é analisar cada cenário e avaliar os prós e contras para verificar a possibilidade de implantar ou não a metodologia de gestão baseada na liderança democrática. Caso essa não seja a melhor opção, sugere-se analisar outros modelos para definir o melhor para a realidade do seu negócio.

Leia mais: Liderança democrática: definição, características e exemplos

Exemplos de liderança democrática

Os líderes que atuam de forma democrática têm algumas características em comum. Eles incentivam mais a participação de seus colaboradores, estimulam desde cedo a criatividade de todos, são honestos, transparentes, humildes e ainda têm o hábito de dar feedbacks com frequência.

Esses gestores também precisam ser abertos a escutar e desempenhar o papel de orientador, apoiando e incentivando o desenvolvimento de seus liderados, através de uma relação segura,  de confiança, com metas a serem alcançadas.

Sua atuação é mais flexível, o que deixa a sua equipe mais confortável para expressar suas opiniões. No entanto, quando necessário, ele assume o controle e cuidadosamente seleciona as melhores ideias para a organização.

Isso faz com que os líderes democráticos sejam mais racionais em suas abordagens e avaliações. Eles também são menos preocupados com a posição social de cada membro da equipe.

Por isso, são mais igualitários e se sentem mais confortáveis fazendo as coisas juntos. Veem seus colaboradores como colegas de trabalho e fazem mediações em meio a desacordos levando ao consenso.

Veja alguns exemplos de líderes democráticos conhecidos:

Steve Jobs, fundador e ex-CEO da Apple, apresenta o iPhone, que transformou o mercado de aparelhos móveis (Crédito: Matthew Yohe)

Steve Jobs (fundador e ex-CEO da Apple)

Jobs foi um líder multifacetado. Inicialmente, adotou uma postura de líder autocrático na Apple e, por isso, foi extremamente criticado pelos diretores e acionistas da empresa. No entanto, soube se adaptar e foi da quase falência ao topo do mercado mundial.

Em sua segunda passagem como CEO da companhia, mais de 10 anos após ter sido afastado, ele acrescentou a gestão democrática ao seu estilo de liderança e às coisas voltaram a fluir.

Entre as mais valiosas lições de liderança democrática deixadas por Jobs estão a busca pela simplicidade, o poder da ambição positiva e o domínio sobre os processos.

Larry Page, um dos fundadores do Google (Crédito: Reprodução/YouTube)

Larry Page (cofundador do Google)

O cofundador do Google, Larry Page, sempre foi um líder democrático. Seu foco em estimular a inovação e a colaboração fizeram do seu negócio um fenômeno mundial, através da combinação entre inventividade e criatividade para encontrar diferentes maneiras de solucionar problemas reais.

Algumas de suas lições sobre a liderança democrática são a valorização da escuta, a autonomia setorizada e a oportunidade para todos.

O ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela (Crédito: Reprodução/YouTube)

Nelson Mandela (ex-presidente da África do Sul)

Principal representante do movimento antiapartheid, Nelson Mandela foi um grande exemplo de líder democrático, entendendo que o grupo é o principal responsável pelo sucesso, com uma liderança participativa e tomada de decisão colaborativa.

Seu legado inclui o desenvolvimento de equipes e o estímulo a um aprendizado sem imposições, com orientação na realização das tarefas.

Dito isso, é importante ressaltar o que esses líderes têm em comum: uma visão positiva do seu local de trabalho, através de uma grande capacidade administrativa baseada na participação, compartilhando decisões e apoiando sempre o trabalho colaborativo.

Será que esse modelo de gestão é o melhor para o seu negócio? Vejamos como ele pode ser aplicado na prática.

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Como aplicar a liderança democrática na sua empresa

Situações de trabalho que tendem a mudar com frequência são ambientes bem propícios ao desenvolvimento de uma liderança democrática, pois ela traz uma maior flexibilidade para solucionar os problemas e realizar as tarefas cotidianas.

Para uma gestão que se baseia na democracia, é essencial que os colaboradores sejam bem qualificados e dispostos a compartilhar seus conhecimentos e que os líderes atuem sem arrogância, delegando tarefas.

Para que isso aconteça, é importante que o líder estude o organograma da empresa e as funções de cada colaborador. Reuniões de time regulares também são imprescindíveis e a empresa precisa investir em programas de treinamento e qualificação profissional.

Além disso, um bom líder democrático precisa manter um registro de todas as ideias sugeridas, criar um processo de tomada de decisão simplificado, envolver as pessoas certas e transformar a rejeição em uma outra oportunidade.

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