Nos últimos anos, a supergigante do comércio eletrônico tem anunciado frequentemente novos serviços, expansões de produtos e possibilidades de negócios, incomodando e desafiando os principais players do mercado. Conheça algumas das intenções disruptivas dessa big tech e como a inovação na Amazon pode influenciar diversas indústrias e setores da economia.
Atualmente considerada uma das companhias integrantes do Big Five - nome dado às atuais cinco maiores empresas da indústria de tecnologia dos EUA, a Amazon é uma empresa internacional de comércio eletrônico que oferece varejo online, serviços de computação, eletrônicos de consumo, conteúdo digital e outros serviços.
Como varejista eletrônica líder nos Estados Unidos, seu fundador e CEO Jeff Bezos construiu um império focado em inovação constante. Devido ao seu alcance global, a organização é considerada uma das marcas mais valiosas do mundo e pioneira em áreas cujos objetivos vão muito além do e-commerce e dos serviços de computação em nuvem.
"Tínhamos três grandes ideias na Amazon. Estas foram colocadas em prática nos últimos 18 anos, e são a razão pela qual somos tão bem-sucedidos: coloque o cliente em primeiro lugar. Inove. E seja paciente."
Jeff Bezos
Após a pandemia da Covid-19 e com mais consumidores comprando on-line e ficando em casa, o lucro do terceiro trimestre de 2020 da empresa alcançou um aumento de 200% em relação ao terceiro trimestre de 2019.
Embora os lucros de 2021 tenham recuado um pouco, mudar o futuro de milhões de pessoas é um empreendimento que transcende o desempenho nos negócios e se reflete no valor da marca.
É possível perceber, portanto, que a Amazon ainda tem bastante potencial e poder de compra para enfrentar e assumir novas iniciativas com ampla capacidade de criar um efeito cascata que impulsionará mudanças positivas em toda a sociedade.
Pensando nisso, a CB Insights (uma das maiores plataformas de inteligência de mercado) mapeou as 5 indústrias que essa tech giant, claramente, tem intenção de disruptar no momento, além de outras 7, cujos esforços demonstram que ela poderá estar presente no futuro próximo. Vejamos quais são.
O estudo de caso Amazon mostra como a empresa cresceu rápido e construiu o seu ecossistema de growth até se consolidar e atingir um valor de mercado acima de US$1 trilhão, juntando-se à Apple, Tesla, Microsoft, Alphabet (controladora do Google) e Facebook.
Além disso, os seus 14 princípios de liderança foram fundamentais para a construção de uma cultura sólida para alavancar o seu crescimento. Beth Galetti, vice-presidente sênior de People eXperience and Technology da Amazon, descreve o ritmo da mudança e aprendizado contínuo implementados pela companhia como cruciais para a criação da infraestrutura necessária par apoiar todos os tipos de inovação.
Dito isso, seguem abaixo as 5 principais indústrias que a empresa pretender disruptar nos próximos 5 anos.
O interesse da companhia em disruptar essa indústria tem décadas e grandes redes de farmácias já viram suas receitas de varejo sofrerem com a grande diversidade de produtos oferecidos pela Amazon.
Desde 1999, quando comprou 40% da Drugstore.com, a gigante tem tentado revolucionar a forma como a distribuição de medicamentos acontece.
Embora tenha tido um posicionamento tímido no setor desde então, a partir de 2016 a empresa teria conquistado suas primeiras licenças para vender produtos farmacêuticos em diversos estados norte-americanos.
Em 2018, para se firmar nesse espaço complexo e altamente regulamentado adquiriu a PillPack por, aproximadamente, US$ 750 milhões e depois renomeou a empresa para PillPack By Amazon Pharmacy.
A aquisição de um negócio com licenças em todo o território dos EUA foi um movimento significativo contra as grandes redes de drogarias e gerentes de distribuição de medicamentos na cadeia de suprimentos de saúde. Entre as diversas razões para a Amazon estar investindo no setor, podemos citar:
2011 foi o ano em que a Amazon começou a investir em seus primeiros empréstimos comerciais para pequenas empresas e comerciantes que participavam de seu marketplace através do Amazon Lending - de US$1.000 até US$750.000 com planos de pagamento de 3 a 12 meses e taxas de 6% a 19,9%, por meio de uma parceria com a Marcus by Goldman Sachs ou através do Bank of America.
Ao conceder linhas de financiamento para os seus próprios comerciantes, a empresa ganha duas vezes: aumenta seus negócios e recebe juros, ao passo que o empreendedor obtém o capital de que necessita.
Os desafios inerentes ao relacionamento com uma instituição bancária tornam o mercado atraente para a Amazon disruptar, pois, ao contrário do sistema tradicional, a Amazon automatiza o processo de pagamento de empréstimos, retirando o dinheiro devido diretamente da receita de vendas do marketplace do seu usuário.
Além disso, a organização possui enormes quantidades de dados sobre os clientes que usam sua plataforma e, portanto, não precisa da documentação extensa e burocrática exigida por tantos bancos.
Para a Amazon, vender não é suficiente, é essencial que seus produtos cheguem aos seus clientes da melhor maneira possível. Por isso, uma logística de atendimento eficaz precisa da disrupção tecnológica necessária para um bom rastreamento, atendimento e entrega.
Apesar do frete ser um custo pesado para a companhia, a empresa se orgulha da entrega rápida e de atrair cada vez mais clientes para o seu modelo prime.
Como se vê, em 4 anos, a empresa aumentou sua infraestrutura logística em quase 3 vezes. Sendo que, desde 2019, oferece remessas no mesmo dia ou no dia seguinte para mais de 72% da população total dos EUA.
Como se vê, em 4 anos, a empresa aumentou sua infraestrutura logística em quase 3 vezes. Sendo que, desde 2019, oferece remessas no mesmo dia ou no dia seguinte para mais de 72% da população total dos EUA.
Contratando milhares de motoristas, comprando caminhões e aviões e construindo mais centros de depósito, essa expansão continuou em 2021 e provavelmente se estenderá em 2022.
A pandemia de Covid-19 e o isolamento social fizeram com que as vendas de supermercados online se naturalizassem e ficassem cada vez maiores. Apesar disso, a sua penetração geral no mercado americano ainda é relativamente baixa (9,5% em 2021).
Entre alguns dos fatores que influenciam essa indústria, estão os seus custos de armazenamento e distribuição. Apesar desse cenário, a Amazon possui uma significativa vantagem na sua infraestrutura logística para se diferenciar dos seus concorrentes.
Por isso, a Amazon Fresh, o negócio nascido da contratação de executivos da Webvan e da fusão a Prime Now, representa uma das maiores oportunidades no varejo.
A Amazon vem investindo no universo de pagamentos há muito tempo. A lógica é simples: quanto mais dinheiro os seus usuários colocam na plataforma, mais gastam com a própria companhia. É assim que funciona o Amazon Prime Visa, recompensando os clientes com crédito no marketplace, e outras iniciativas da organização, tais como:
Ao facilitar a vida dos seus clientes e permitir que eles economizem, é possível criar um canal de pagamento disruptivo e bem-sucedido já que, até 2025, de acordo com dados disponibilizados pela CB Insights, quase 60% dos consumidores em todo o mundo estarão utilizando carteiras móveis.
Nenhuma outra organização no mundo incorpora melhor o poder da ruptura audaciosa e contínua do que a Amazon. Por isso, as previsões abaixo fornecem insights poderosos para a inovação, adicionando conveniência à experiência do cliente.
A empresa criou uma variedade de produtos e serviços, ao ponto de ser possível acreditar que a qualquer expectativa será atendida quando e onde precisar.
Em poucas palavras, isso captura o impacto abrangente da companhia e o seu ecossistema de possibilidades. Agora, vamos examinar as sete principais tendências de seu (provável) futuro próximo e promissor.
A Amazon tem demonstrado, ao longo dos anos, o seu interesse crescente no mercado de seguros. Em 2016, lançou o Amazon Protect no Reino Unido. Em 2018, confirmou investimentos em uma startup indiana (Acko), que atua com apólices de seguro de carros e motos. Em 2019, lançou um piloto para um serviço de saúde para os seus funcionários, chamado de Amazon Care e assim sucessivamente. Atualmente, mantém parcerias estratégicas para oferecer coberturas residenciais e de automóveis.
A força da marca e a confiança do cliente podem tornar a Amazon Insurance uma opção altamente lucrativa (pesquisas indicam que 55% dos consumidores comprariam um seguro da companhia).
A função “lojas de luxo” disponibilizada pelo marketplace em setembro de 2020, tem tentado atrair marcas de ponta para vender em sua plataforma. De lá para cá, 9 companhias já se juntaram à sua vitrine virtual.
Além de objetivar dar mais poder e liberdade para essas marcas, sua ampla variedade de clientes prime demonstra que a empresa pode fornecer mais exposição, marketing e um novo canal de vendas para os interessados.
Paralelamente, em 2021, a Amazon se ramificou em serviços de beleza. O Amazon Salon usa a tecnologia de Realidade Aumentada para que suas clientes testem seus looks antes de tomarem uma decisão, aquecendo a competição e a disrupção no setor.
Em janeiro de 2022, a Amazon anunciou o lançamento da sua loja física, a Amazon Style, conectada ao aplicativo Amazon Shopping para os clientes conseguirem experimentar combinações ou comprar.
O primeiro local foi inaugurado em Los Angeles, com a ideia de utilizar provadores com telas sensíveis ao toque e peças com um QR Codes para facilitar descobertas, classificações e pedidos adicionais. De igual modo, clientes podem desfrutar do serviço para conseguirem ofertas especiais e personalizadas.
Dominar o mercado doméstico inteligente sempre fez parte dos planos da Amazon e foi, pensando nisso, que a empresa lançou em 2014 o Amazon Echo – apenas o primeiro passo para a construção de um lar conectado.
Em 2018, firmou parceria com a construtora Lennar para oferecer recursos de casa inteligente integrados com a tecnologia Alexa e vem, desde então, investindo em diversos negócios do ramo.
A expectativa, apenas nos EUA, é que o número de consumidores de itens inteligentes para casa mais do que dobre até 2025.
Plants Store é uma iniciativa da Amazon, em 2018, de oferecer aos seus clientes uma experiência exclusiva para tornar a jardinagem um nicho lucrativo para a empresa.
A aquisição da companhia Whole Foods pela Amazon é um poderoso indicativo de disrupção desse mercado, bem como a possibilidade de classificar plantas por vários critérios, incluindo tamanho, tipo, zona climática e até mesmo a quantidade de luz solar necessária para um crescimento ideal.
O mercado de games possui cifras expressivas. Pensando nisso, em 2014, a Amazon adquiriu a plataforma de transmissão ao vivo de videogame Twitch, bem como, em 2020, lançou o seu serviço de assinatura de jogos.
Como se não fosse o bastante, além do mundo dos games, a Amazon está investindo de forma substancial no Amazon Music, adquirindo a rede de podcast Wondery para intensificar suas ações com streamings de áudio.
Em 2015, a Amazon lançou a Handmade, um negócio de produtos artesanais para conquistar um mercado bilionário. Desde então, a iniciativa tem crescido constantemente: um aumento de 20x na variedade de itens e um aumento de 7,5x no número de vendedores.
Nos últimos 20 anos, a inovação disruptiva tem sido utilizada para prever quais negócios terão sucesso e uma ferramenta poderosa para alavancar uma mentalidade de growth.
De acordo com Michael Klein, Diretor Global de Estratégia da Indústria e Marketing da Adobe, competir com a Amazon se resume à experiência do cliente.
No final das contas, tudo se resume ao que você entrega de valor para o seu cliente. Você está mapeando a sua jornada de compra? Otimizando os produtos e serviços? Utilizando o benchmarking como aliado?
O método utilizado pela Amazon para desenvolver suas soluções, o Working Backwards, objetiva pensar primeiro no cliente para depois criar serviços com mais assertividade e, nesse sentido, a disrupção é a chave para subverter o status quo, movendo-se para o mainstream e ganhando cada vez mais participação de mercado.