Como líderes de negócios e tomadores de decisão, somos constantemente bombardeados com muita informação e pouco tempo para escolher quais recursos devem ser priorizados em nossa rotina. Pensando nisso, conheça o método Ice Score e saiba como selecionar os testes e tarefas que mais importam, de uma maneira inteligente e rápida.
No momento de desenvolver um novo produto ou serviço é fundamental saber escolher os recursos ideais no timing certo. Claro que, nem sempre, essa é uma tarefa fácil para o empreendedor. Seja em uma startup ou em uma empresa tradicional, a falta de gestão empresarial e estratégias podem comprometer sobremaneira o seu negócio.
Tanto é verdade que, segundo a pesquisa “Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo” elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), menos de 4 em cada 10 companhias surgidas no país conseguem sobreviver após 5 anos.
Trata-se do indicador conhecido como taxa de sobrevivência. E a realidade é ainda mais crítica quando analisamos as startups. Conforme o estudo “Causas da Mortalidade de Startups Brasileiras”, realizado pelo Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, em média, 25% das startups morrem em seu primeiro ano e 50% até o quarto ano de vida.
Em ambos os casos, os problemas de gestão estão entre os 3 principais catalisadores do fracasso. Sendo assim, é imprescindível poder contar com estratégias de priorização de operações e atividades, e uma delas é o ICE Score.
O modelo ICE Scoring é uma ferramenta de priorização de projetos, ideias e recursos, de forma simples e ágil, através de um sistema de pontuação de quesitos. O ICE Score oferece uma abordagem estruturada para que os fundadores de startups, gerentes de produtos ou equipes avaliem e comparem várias iniciativas, recursos ou oportunidades, ajudando-os a concentrar seus esforços nos empreendimentos mais impactantes e viáveis.
A criação da técnica é atribuída a Sean Ellis, considerado o “pai” do Growth Hacking, e tem sido usada para ajudar diversas empresas ao redor do mundo, como a DropBox, a priorizar as suas atividades e alavancar o seu crescimento.
O uso do modelo ICE não apenas ajuda na tomada das melhores decisões, mas também na otimização do processo de desenvolvimento. Por isso, é indicado para organizações de todas as formas e tamanhos.
Em linhas gerais, importante explicitar, também, que ICE é acrônimo para três elementos que serão avaliados independentemente segundo essa metodologia: impacto (impacta), confiança (confidence) e facilidade (ease).
O impacto avalia a importância ou o valor potencial de uma ideia ou projeto. Ele mede o grau em que se espera que a iniciativa crie resultados positivos ou gere os resultados desejados para a startup. Quão relevante é o recurso em questão? A resposta para essa pergunta oferece os subsídios necessários para determinar se tal funcionalidade é necessária para uma ampla base de usuários ou apenas um pequeno conjunto.
O impacto pode ser avaliado com base em fatores como geração de receita, aquisição de clientes, expansão do mercado, visibilidade da marca ou alinhamento estratégico com metas de longo prazo. As iniciativas de maior impacto geralmente recebem pontuações mais altas na estrutura do ICE.
A confiança representa o nível de certeza ou crença de que a iniciativa produzirá o impacto previsto. Ela reflete o grau de confiança nos dados, suposições ou percepções que sustentam o possível sucesso da iniciativa.
A confiança pode ser influenciada por fatores como pesquisa de mercado, feedback do cliente, análise da concorrência ou experiência anterior com iniciativas semelhantes. As iniciativas com níveis de confiança mais altos geralmente são consideradas menos arriscadas e recebem pontuações mais altas no ICE Score.
Ao determinar uma pontuação para o quesito confiança, é importante refletir qual o seu nível de segurança e clareza em relação ao recurso em questão. Você está seguro de que ele terá um impacto significativo no seu negócio? Isso ajuda a ponderar se esse fator deve ou não ser uma prioridade imediata.
Será que você tem todas as informações necessárias para validar uma suposição? Se sim, essa será uma pontuação alta. Se não, se houverem muitos questionamentos, esse score precisa ser menor.
A facilidade avalia a viabilidade e a praticidade da implementação da ideia ou do projeto. Ela considera fatores como requisitos de recursos, restrições de tempo, complexidade técnica e capacidades organizacionais necessárias para executar a iniciativa de forma eficaz.
Trata-se de analisar o “nível de dificuldade” ou “nível de esforço” para executar um determinado recurso ou atividade em termos de tempo, esforço e custos.
Basta questionar: isso levará horas, dias, meses ou anos para ser implementado? Não há parâmetros fixos, tudo depende de quão fácil ou difícil será a sua conclusão.
A facilidade avalia quão simples ou desafiadora seria a implementação da iniciativa em relação a outras opções. As iniciativas que são mais fáceis de implementar normalmente recebem pontuações mais altas na estrutura do ICE.
Dito isto, o ICE Score é uma maneira rápida e acessível de decidir quais projetos devem ter prioridade. No entanto, mesmo sendo simples de fazer, não se trata de um modelo simplório de gestão. Isso porque, com o cruzamento desses três valores, cada um dos critérios assume uma influência igualmente grande sobre o resultado final a ser adotado. Descubra agora como esse cálculo é realizado na prática.
Para calcular o potencial de viabilidade das suas ideias e encontrar a sua pontuação ICE, você deve primeiro atribuir um valor para impacto, confiança e facilidade. É importante que, ao dar a nota para as suas ideias, exista um range fixo, que pode ser de 1 a 5, por exemplo, sendo:
Observe que, para a maioria das pontuações, é importante não apenas descrever o grau de dificuldade, mas também o intervalo de tempo necessário para garantir que todos estejam na mesma página ao atribuir uma pontuação para determinada iniciativa.
Em seguida, esses valores serão somados para fornecer uma pontuação para cada projeto/recurso/atividade/insight a ser investigado. Assim, a ideia é que você tenha em mente quais testes deve realizar no seu negócio.
Imagine um comparativo entre dois projetos: A e B. O projeto A recebeu nota 5 para Impacto, 2 para Confiança e 1 para Facilidade, gerando uma pontuação ICE de 8 (5+2+1), já o projeto B recebeu nota 2 para Impacto, 4 para Confiança e 3 para Facilidade, produzindo uma pontuação ICE de 9 (2+4+3). Nesse caso, portanto, a melhor solução para validar a sua ideia de negócio seria o projeto B, que alcançou a maior nota.
Para priorizar corretamente, avalie a rapidez com que você pode executar uma hipótese, quanto tempo você precisa para testá-la e o quanto ela influenciará o seu crescimento.
Vejamos um exemplo prático desse modelo:
Nos pressupostos acima considerados, a primeira hipótese seria a de mais fácil execução e testagem. Entretanto, em um ambiente colaborativo, a atribuição de valores subjetivos pode mudar drasticamente de acordo com a interpretação de cada colaborador. Para evitar esse cenário, ao definir um valor numérico, é imprescindível que o significado do que cada número representa esteja claro para todos.
Outro ponto importante é avaliar e pontuar cada coluna de forma independente. Por exemplo, ao discutir o Impacto que um investir em tráfego pago pode trazer para o seu site, tente mensurar apenas o Impacto – não considerando as outras variáveis envolvidas no processo. Não se preocupe se essas notas serão extremamente fidedignas ou não, elas são apenas premissas que, posteriormente, serão colocadas a prova no mundo real.
Como acima explicitado, é bastante prática e didática a utilização dessa metodologia para definição de quais ideias executar primeiro e quais esperar ou precisar de maiores esclarecimentos.
Logo, uma dúvida comum é saber se é possível adaptar essa matriz para a realidade do seu negócio. Sim, aqui no G4 Educação, por exemplo, fazemos isso de acordo com cada caso.
Em nossa versão adaptada, usamos os seguintes elementos para serem pontuados:
Na coluna A, o objetivo é identificar o tamanho do seu mercado: quanto maior, melhor. Porém, é importante observar o seu addressable market (qual a parcela de um grande mercado que a sua solução, realmente, consegue atender?).
Quanto à coluna B, analise qual a tendência de crescimento desse mercado. Já na coluna C, avalie o acesso ao mercado, quanto maior a sua facilidade de acesso, melhor e maior deve ser essa nota. A coluna D investiga qual é a sua capacidade de criar esse produto/recurso/solução. Como nos anteriores, quanto maior, melhor.
E, por fim, a coluna E determina a questão financeira, quanto mais pessoas estiverem dispostas a pagar pela sua solução, melhor.
Como na matriz ICE original, após pontuar cada quesito, basta somar cada linha para ter acesso ao seu resultado. Porém, é fundamental entender que essa é só uma das inúmeras possibilidades de adaptação que o método permite e nada impede que cada gestor ou empresa adapte as suas colunas para aquilo que julgar mais relevante e conclusivo.
Sem dúvidas, a matriz ICE Score é uma ferramenta muito prática e poderosa, especialmente para otimizar o tempo de gestores e founders. Ela serve tanto para listar e categorizar as suas principais ideias, quanto para visualizar a facilidade de implementação e impacto que elas podem atingir em sua companhia.
Contudo, é essencial que, ao utilizá-la, você evite ao máximo focar em tarefas com alta complexidade de implementação e baixo impacto em suas metas.
Ao potencializar o seu processo de tomada de decisão e inovação com esse “algoritmo” bastante simples, você descobrirá que toda a sua equipe é capaz de desenvolver recursos de maneira rápida, confiável e impactante.
E melhor: quanto mais testes você realizar, mais ideias e dados para hipóteses de crescimento você terá. Isso aumentará exponencialmente as suas chances de sucesso.
Seu negócio é como um organismo vivo, em constante adaptação e evolução às novas condições do mercado. Sempre que novas informações ou desenvolvimentos vierem à tona, certifique-se de ter alguém gerenciamento a sua planilha.