Frederico Trajano Inácio Rodrigues é empresário e atual CEO do Magazine Luiza, uma das maiores empresas do varejo brasileiro, com mais de 1.400 lojas espalhadas pelo país e mais de 38.000 colaboradores.
Filho de Luiza Trajano, o empresário foi o principal responsável pela transformação digital da empresa nos últimos 20 anos, liderando o desenvolvimento de um comércio eletrônico no início dos anos 2000 e a criação e lançamento do marketplace e aplicativo da empresa, este último recebendo em torno de 37 milhões de acessos no último trimestre de 2022. Frederico Trajano também foi um dos idealizadores da influenciadora virtual Lu do Magalu.
Eleito “Executivo Mais Inovador do Brasil” pelo Anuário Valor Inovação em 2020, ele já esteve presente na lista dos brasileiros mais ricos da Forbes.
Frederico Trajano nasceu em Franca, interior de São Paulo, no dia 25 de março de 1976, filho de Luiza Helena Trajano e Erasmo Fernandes Rodrigues e sobrinho de Luiza Trajano Donato, fundadora do Magazine Luiza. Suas primeiras lembranças em relação ao Magazine Luiza são do setor de brinquedos. De acordo com o empresário, ele e seus primos trabalhavam nas lojas durante as férias escolares.
“Começava dezembro e nós já íamos para a loja ajudar na expedição”, comentou Fred Trajano no podcast “Do Zero ao Topo”, da InfoMoney. “Para nós, era como se fosse a Disneylândia. Estar lá trabalhando, mas ao mesmo tempo vendo os brinquedos que estavam chegando. Ver a movimentação toda de clientes na loja sempre era um momento gostoso”.
Embora tivesse esse contato desde cedo com a empresa de sua família, Frederico Trajano tinha outras ambições. Aficionado por Ciências Políticas, acompanhava as eleições para prefeito em sua cidade e tinha como sonho ser político. Atualmente, ele não pensa em migrar para esse segmento, pois já consegue impactar positivamente a vida de milhões de pessoas e milhares de colaboradores.
Na hora de escolher a faculdade, no entanto, escolheu o curso de Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas (FGV), concluído em 1998. Após conseguir seu primeiro emprego no banco alemão Deutsche Bank, recebeu uma carta de sua mãe. Abaixo um trecho (para ler a versão completa, clique aqui)
“Acredite sempre em você mesmo, na sua fé e que tem um Absoluto por aí. Procure não mitificar pessoas nem coisas. (Não tem ninguém perfeito.) Tenha sempre uma atitude de troca, dar e receber. NÃO ABRA MÃO POR NADA DA SUA ÉTICA, MORAL E CRENÇA NA EVOLUÇÃO DOS HOMENS. Saiba que tem uma missão. Descubra e lute por ela. Tenha tempo para tudo, por isso se organize, crie ritmo e rotina. Tenha paixão pelo que faz, pois só assim fará melhor e mais fácil. Seja sempre você mesmo, nunca omita a verdade, a transparência é importantíssima neste momento.”
Seu segundo trabalho foi em um fundo de investimentos no qual avaliava empresas ligadas à internet. Foi nesse período que ele enxergou como a tecnologia poderia mudar o negócio da família. Ele não queria que a incrível história construída por sua mãe e sua tia terminasse por falta de adaptação e investimentos em inovação. Em maio de 2000, Frederico Trajano deixou seu emprego e voltou para Franca focado em montar o site do Magazine Luiza.
Segundo ele, a única forma dessa iniciativa ser bem-sucedida era através da multicanalidade (envolvendo o varejo físico). Na época, entretanto, o empresário contou que praticamente todos pensavam que o e-commerce precisava funcionar completamente separado das lojas físicas.
Enquanto o modelo ganhava tração, ele foi ganhando funções e responsabilidades dentro da empresa. De acordo com Douglas Matricardi, Diretor Executivo de Operações de Lojas da empresa, e que trabalha com Frederico Trajano há mais de 20 anos, a visão do empresário sempre foi integradora, focada no propósito da empresa e em qual lugar ela pode chegar no futuro. Ele nunca precisou desconstruir nada para montar algo novo e sempre exigiu que todos trabalhassem com fatos e dados.
Frederico Trajano assumiu as diretorias Comercial e de Marketing. Dois grandes pontos de destaque de sua passagem no Marketing foram o contrato firmado para ter Fausto “Faustão” Silva como garoto propaganda da rede em 2006 e a criação da Lu, atendente virtual do Magazine Luiza que hoje é uma das maiores influenciadores virtuais do mundo.
Durante os primeiros 6 anos, a Lu ficava muito centrada em tirar dúvidas e resolver problemas no e-commerce. Foi só em 2009 que começou a ganhar mais espaço e acumular seguidores com um canal no YouTube. Em 2016, uma série de mudanças foram feitas para promovê-la de assistente virtual à garota propaganda da marca.
Embora tenha tido uma abertura de capital (IPO) bem-sucedida em 2011, nos anos seguintes o desempenho do Magazine Luiza não foi muito satisfatório aos olhos dos acionistas. Também em 2011, o então CEO Marcelo Silva passou a ser responsável por preparar o próximo integrante da família Trajano para exercer o comando da empresa – naquela altura, Frederico não era o único candidato.
No final de 2015, sua mãe, então CEO da empresa, reuniu-se com um conselheiro que lhe propôs um caminho que melhoraria a situação da empresa: criar uma empresa voltada às lojas físicas e outra ao site do Magazine Luiza. Caso fizesse isso, a rede poderia abrir o capital da parte digital como uma companhia possuindo um valuation de R$ 3 bilhões, segundo as estimativas da época. Na manhã seguinte, Luiza Helena Trajano levou a ideia para Frederico, que disse: “Se separar, eu saio da empresa”.
“Muita gente pressionava para fazer o spin-off e separar. Consultores, banqueiros e investidores”, comentou o empresário ao podcast “Do Zero ao Topo”. “Mas a convicção era muito grande, o modelo [transformação digital] já estava funcionando. As pessoas só não davam valor a isso”.
Em 2016, o valor de mercado (valuation) do Magazine Luiza era de R$ 386 milhões, representando uma queda de 87% em relação ao valor inicial do IPO. O cenário recessivo no Brasil impactou severamente os resultados das empresas, especialmente no setor varejista. Rumores sobre a possibilidade de falência do Magazine Luiza circulavam entre gestores e investidores. E foi nesse contexto desafiador que Frederico assumiu a liderança da empresa.
Frederico Trajano não era apenas um herdeiro querendo ditar o rumo das coisas. A essa altura ele já acumulava 14 anos de empresa, tinha estudado todos os modelos possíveis de comércio eletrônico e estava certo de que era uma questão de tempo até que o e-commerce do Magalu decolasse e levasse a empresa a um novo patamar. Foi sob sua supervisão que criou-se o LuizaLabs, departamento de pesquisa e desenvolvimento do Magazine Luiza que hoje possui mais de 1400 colaboradores.
Para convencer todos os colaboradores a embarcar na transformação digital que ele queria implementar na empresa, Trajano criou a campanha interna chamada: “Abrace o Novo”, guiada por 5 pilares:
Em 2016, as ações tiveram uma valorização significativa, encerrando o ano com um aumento de 500%. No ano seguinte, esse crescimento se repetiu, com mais 500% de valorização. A empresa não só recuperou o valor de R$ 3 bilhões do IPO, como chegou a valer R$ 15 bilhões no final de 2017.
Frederico Trajano também foi responsável por mudar a estratégia de expansão do Magazine Luiza, agora com foco na aquisição de empresas digitais. Desde então, foram mais de 20 companhias adquiridas, incluindo Netshoes, Estante Virtual, Logbee, a fintech Hub, a InLoco Midia (de publicidade digital) e Jovem Nerd (de conteúdo).
As aquisições deram ao Magazine Luiza uma ampla variedade de recursos para explorar o mercado online tanto para si quanto para seus parceiros, abrangendo áreas como produtos, pagamentos, logística e marketing.
Uma das grandes realizações da empresa durante a pandemia de Covid-19 foi o programa Parceiro Magalu, que possibilitou a venda de produtos da rede por empresas que não possuíam comércio eletrônico, assim como por pessoas físicas, incluindo o Magazine Você. Outra novidade foi a inclusão da venda de insumos agrícolas no marketplace da empresa.
No primeiro trimestre de 2021, as vendas totais atingiram a marca de R$ 12,5 bilhões, representando um impressionante aumento de 63% em relação ao mesmo período do ano anterior. O destaque ficou por conta do comércio eletrônico, que registrou um faturamento de R$ 8,8 bilhões, uma notável expansão de 114% na comparação anual, correspondendo a 70% do total das vendas.
Nos últimos três anos, o e-commerce do Magalu teve um crescimento médio anual de 44%. No ano de 2022, as vendas ultrapassaram R$ 43 bilhões, representando um crescimento de 9% em comparação a 2021.
O marketplace do Magalu também obteve resultados impressionantes nos últimos três anos, com um crescimento médio anual de 58%. No trimestre de 2022, as vendas do marketplace alcançaram cerca de R$ 5 bilhões, registrando um crescimento de 12% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Ao longo do ano de 2022, as vendas do marketplace totalizaram R$ 15 bilhões, apresentando um crescimento de 18% em relação a 2021.
“Eu tenho uma paixão enorme pelo legado que me deixaram”, afirmou Frederico Trajano em entrevista ao podcast “Do Zero Ao Topo”, da InfoMoney. “Eu tenho muita admiração pelo trabalho dos meus antecessores, da minha tia, da minha mãe, do Marcelo Silva. Eu sou o 4º líder em 63 anos de uma história muito bonita que está sendo construída pelo Magazine Luiza”.
Em 2017, Frederico Trajano recebeu o prêmio “Empreendedor do Ano” pela EY Brasil. No ano seguinte, foi nomeado “Executivo de Valor” pelo Jornal O Valor, que reconhece lideranças que se destacaram ao longo do ano. Em 2020, o Anuário Valor Inovação Brasil o elegeu como executivo mais inovador do Brasil, Executivo de Valor (categoria comércio) e Transformador Digital. Frederico Trajano também foi premiado pelo E-commerce Brasil na categoria Gestão e Operações.
“O difícil não é vender e sim ganhar.”
“Quando você financia seu próprio cliente, isso traz rentabilidade.”
“As empresas brasileiras têm o direito e condições de inovar.”
“Para chegar no nível da China, vamos ter que fazer o varejo online se digitalizar. Então, a expansão vai estar no marketplace, porque ele é que vai ajudar na digitalização do varejo.”
“Sempre que entramos [em algum segmento] é de maneira massiva.”
“No varejo, quem não cresce desaparece.”
“Nós fomos a primeira empresa a anunciar que o inverno estava chegando. Não tínhamos visibilidade de quanto tempo iria durar. Mas sabíamos que estava vindo. Por isso, anunciamos ao longo do ano uma série de medidas, que tínhamos de fazer, para corrigir e passar por esse momento difícil.”
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