Cristina Helena Junqueira
Brasileira
Setembro de 1982
Ribeirão Preto, em São Paulo
Cofundadora do Nubank
Cofundadora do Nubank
Rubens Pereira
Alice, Bella e Anna
Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo (USP), MBA pela Kellogg School of Management, nos EUA
Cristina Junqueira é um dos nomes mais importantes do cenário financeiro no Brasil. Cofundadora do Nubank, que faz parte da Nu Holdings Ltd, empresa com valor de mercado acima de US$ 42,3 bilhões, ela figura na pequena lista de mulheres fundadoras de unicórnios no Brasil e também na lista de bilionários que construíram sua própria fortuna da Forbes.
Cristina ocupa hoje um espaço importante que vai além de seu papel como responsável pelo crescimento da fintech. Ao se destacar em um setor ainda visto como masculino, ela conseguiu direcionar várias conversas. Uma delas, ao responder dúvidas de milhares de mulheres que a procuram nas redes sociais para falar sobre como conciliar carreira e família ou mesmo dicas para se sair bem em entrevistas de emprego.
Mas é na conexão com o cliente que Cristina Junqueira tem deixado sua marca. Desde a fundação do Nubank em 2013, ela consolidou a maneira como a fintech coloca o cliente no centro de tudo o que faz.Em entrevista a Época NEGÓCIOS, ela explicou sua visão para a cultura da empresa. “Se alguém perguntar o que você faz aqui, é pra falar: 'Eu faço o que precisa'. Se alguém perguntar 'Você responde para quem?', é pra falar: 'Respondo pra quem pergunta'. Essas são as regras. Vale para o meu time e vale pra mim”.
Cristina Junqueira começou sua carreira em estágios no Unibanco em 2003 e na consultoria Booz Allen Hamilton, em 2004. Durante quase três anos ela trabalhou como consultora no Boston Consulting Group (BCG), período em que estudou Finanças e Marketing na Kellogg School of Management, da Northwestern University, uma das mais respeitadas nos Estados Unidos.
Após retornar ao Brasil, quando assumiu o posto de superintendente de negócios no Unibanco, trabalhando na área de seguros para pequenas e médias empresas, ela se tornou Head de Marketing e Produtos na LuizaCred, em 2009. A essa experiência de quase três anos veio se somar o retorno à área financeira, como Portfolio Manager para Itaucard, em que Cristina expandiu seu conhecimento do funcionamento do mercado e também das demandas dos clientes. Foi nesse período que Cristina propôs uma série de ideias consideradas inovadoras, mas que não foram adiante no banco – e que se mostrariam a chave para o sucesso do Nubank.
Cristina Junqueira conheceu o colombiano David Vélez quase por acaso. Ela havia pedido demissão do Itaú (por vender cartão para quem não queria, como ela diria depois) e também buscava algo capaz de causar impacto. O colombiano, que tinha experiência em bancos de investimento, tinha vivido uma experiência negativa na hora de abrir uma conta em banco. A burocracia, a papelada, era demais ter que enfrentar tudo isso em pleno século 21. Ele tinha a ideia de abrir um banco digital no Brasil para desafiar o sistema.
"Ali, ele plantou a semente de que a gente precisava fazer algo fundamentalmente diferente e desafiar o status quo do sistema financeiro brasileiro, o que estava completamente alinhado ao que eu queria fazer", afirmou Cristina em entrevista à revista L'Officiel.
Com o capital privado que ela, Vélez e o terceiro sócio, o norte-americano Edward Wible dispunham na época, mais alguns investimentos, eles alugaram um imóvel no bairro paulistano do Brooklin, que eles apelidaram carinhosamente de "casinha". Cristina Junqueira arregaçou as mangas e fez de tudo um pouco. Ela cuidava desde RH até SAC, além de tocar reuniões com investidores. "Olhando para trás, eu sinto que me preparei a vida toda para esse momento".
Menos de um ano depois, com uma equipe de dez pessoas, o Nubank já emitia os primeiros cartões.
De início, David Vélez assumiu o posto de CEO e Wible ficou com a posição de CTO. A Cristina coube dar atenção maior ao atendimento, desenhando um padrão de atendimento financeiro inédito no país, especialmente para uma instituição que não cobrava taxas.
A construção do Nubank com foco total no cliente e em como tornar todo o processo mais simples em fluxo digital, foi se construindo no boca a boca, pelas indicações dos clientes. Houve um momento em que se tornou um hype: ter o cartão "roxinho" era visto como um diferencial, especialmente entre os clientes mais jovens.
Para Cristina Junqueira, essa evolução da fintech foi acompanhada pela construção de sua própria família. Suas três filhas foram gestadas e nasceram em momentos diferentes do Nubank, a mais velha, Alice, em 2015. Em 2020, ela chamou atenção ao se tornar a primeira mulher a aparecer visivelmente grávida (da menina Bella) na capa de uma revista brasileira de negócios, a edição "Mulheres mais poderosas do Brasil", da Forbes. Sua filha mais nova é Anna.
Para quem conhece melhor Cristina ou está ligando os pontos referentes aos nomes, uma explicação: a cofundadora do Nubank é apaixonada pelos personagens e parques da Disney. Ela fez muitas viagens ao reino encantado e a inspiração da Disney aparece em sua casa de campo. Mas também está na maneira de tratar os clientes do Nubank, na missão de criar um "encantamento" com a marca.
Em 2019, o Nubank foi eleito como Empresa Mais Inovadora da América Latina pela Fast Company, ocupando a 36ª posição entre as 50 empresas mais inovadoras do mundo. A fintech foi eleita Melhor Banco Brasileiro pela Forbes e no ranking dos melhores bancos do mundo pelo título internacional.
Em 2020, Cristina foi a única brasileira a figurar na lista Fortune 40 Under 40. Nesse ano, o Nubank recebeu o prêmio Boldness in Business, do Financial Times.
O Nubank realizou sua oferta pública de ações (IPO) na Bolsa de Valores de Nova York em dezembro de 2021. A operação foi considerada um sucesso e transformou o Nubank no banco digital mais valioso da América Latina.
O IPO tornou Cristina Junqueira uma das mulheres mais ricas do Brasil. Com cerca de 2,9% das ações do Nubank, ela viu sua fortuna crescer mais de 100% em 2022.
Ela, que passou a ocupar o posto de CEO no Nubank no Brasil em 2021, enquanto David Vélez assumiu a presidência global, com operações no México e Colombia, passou o bastão recentemente para Livia Chanes. O foco de Cristina Junqueira é continuar impulsionando o crescimento da fintech.
“Eu acredito em viver a jornada. Eu, por exemplo, não condiciono meu nível de felicidade aos resultados do Nubank. O importante é você estar feliz com o que faz e aproveitar o caminho.”
“Crescimento de startup é um eterno desapego, e isso é algo com o qual a gente lida com muita naturalidade. A única coisa que a gente precisa garantir é fazer o que é melhor para a empresa no momento. O importante é desapegar.”
"Ter impacto é o que me motiva."
“Quando você tem cinco pessoas iguais na mesma sala, com as mesmas origens e as mesmas experiências, você não precisa de cinco, só precisa de uma. Por isso, buscamos ter times os mais diversos possíveis.”
“Ser mãe desenvolve muita coisa na gente, como disciplina, organização, resiliência.“
“Além de gravidez, tem outras coisas que podem acontecer em nossas vidas que podem impactar o trabalho. Se as empresas querem manter as pessoas, essas são questões com as quais elas precisam lidar.”
“Às vezes, a gente acha que um problema é grande ou difícil demais (ainda mais com coisas que a gente se importa). Se eu pudesse voltar atrás, diria para me preocupar menos. No fim dá tudo certo.”