Ao contrário do que muitos podem pensar, inovar não é somente trazer algo grande, novo e revolucionário para o mercado. A inovação também precisa ser compreendida através de uma abordagem contextual, já que existem diferentes tipos de inovação que podem usar utilizadas para cada situação específica do seu negócio.
Não é segredo para nenhum empreendedor que a inovação é de extrema importância na criação e desenvolvimento de produtos e serviços, pois através dela é possível não só se destacar no mercado e conquistar o público, mas também crescer e se manter em níveis mais elevados.
Como é o caso da Tesla, por exemplo, que vem se tornando uma das empresas mais valiosas do mundo. O gráfico abaixo, baseado em pesquisa da Visual Capitalist, mostra que em 2020 a companhia investiu zero em marketing, mas, em contrapartida, gastou quase $3.000,00 por carro em Research & Development – praticamente a soma do que a Ford e a Toyota investiram juntas em marketing e R&D.
O resultado desse investimento em inovação foi impressionante e impactou diretamente o número de vendas e o faturamento da empresa em 2021: quase 1 milhão de veículos vendidos e um lucro líquido recorde de US$ 5,5 bilhões (segundo balanço da empresa), mesmo com todos os efeitos da pandemia.
Em sentido oposto, através do estudo de caso Blackberry, é possível observar, na prática, o crescimento da companhia quando soube investir em inovação, que a levou a deter mais de 50% do mercado de celulares nos EUA, e o seu declínio quando a ausência de soluções inovadoras a fez despencar ao ponto de encerrar a produção desses aparelhos.
Sem dúvidas, isso nos mostra a importância de inovar. E a inovação não se resume a ter ideias “mirabolantes” e criar diferentes produtos e serviços a cada dia. O importante é se pautar no conceito de o que é inovação e utilizar diferentes abordagens para trazê-la à tona, em seus diversos tipos e formatos.
Dentro desse contexto, conhecer os tipos de inovação e identificar o potencial de cada um se torna extremamente necessário para que a empresa saiba em que se pautar e oriente para aqueles que são os mais apropriados para cada momento e estratégia adotados.
Segundo Greg Satell, no livro “Mapping Innovation”, é um erro acreditar que exista um único caminho para a inovação. Pelo contrário, as companhias precisam estar abertas a experimentarem novas possibilidades. Nesse sentido, a Matriz de Inovação é fundamental para avaliar essa perspectiva, já que se baseia em duas importantes variáveis: a mercado e a tecnologia. Vejamos:
Nesse sentido, diferentemente do que muitas organizações acreditam, inovar não é um conceito único. Pelo contrário, com a classificação acima, é possível notar quatro tipos de inovação: arquitetônica, disruptiva, incremental e radical.
Como é possível observar, cada tipo de inovação se encaixa em um quadrante específico. Logo, ficar preso em um conceito engessado leva a soluções pouco eficazes, se não fracassadas, uma vez que os problemas e desafios do dia a dia são variados e, para resolvê-los, são necessárias, muitas vezes, abordagens não convencionais.
É por isso que em cada quadrante existem diferentes maneiras de se encarar a inovação: elas são ferramentas que fornecem estratégias específicas para determinadas tarefas. Ou seja, elas possibilitam a identificação da estratégia correta para resolver um problema.
Dito isso, vejamos como cada tipo de inovação é definido e como eles são colocados em prática através de exemplos reais.
Esse tipo de inovação é muito comum e, segundo estudos, cerca de 40% das patentes registradas nos últimos 150 anos se encaixam nessa categoria - e o número ainda vem crescendo.
Nesse caso, há uma combinação dos conhecimentos de domínio, tecnologia e habilidades existentes que são aplicados a um novo mercado.
Esse tipo de inovação tem como foco concentrar-se em maiores mudanças para ganhar ou se manter em uma posição de liderança no mercado e está voltada para a criação de novos produtos, recursos ou serviços que se diferenciem de todos os seus concorrentes.
Para alcançar seus objetivos, busca-se constantemente olhar para o que está sendo feito com o intuito de tornar aquilo ainda melhor, com uma ideia clara de quais problemas precisam ser resolvidos e quais habilidades serão necessárias para resolvê-los.
Empresas como Amazon, Alibaba e Google utilizam muito esse tipo de inovação para entrar em novos mercados. Eles fazem uso da experiência que já possuem para criar novos aplicativos, plataformas e aproveitam a sua própria base de clientes para oferecê-los.
A Amazon, mais especificamente, utilizou esse recurso para entrar no campo da assistência médica.
Outro modelo é o aplicativo Uber que, na construção de uma ideia revolucionária, combinou o compartilhamento de caronas, a geolocalização e os trabalhadores autônomos.
Ao pensar em inovação como sendo uma melhoria gradual e contínua dos produtos e serviços já existentes, vem à tona a inovação incremental. Apesar de ser a menos atraente dentre as modalidades sugeridas, ela tem o poder de valorizar ainda mais a sua solução.
Isso porque tais melhorias tendem a reduzir a estagnação das empresas e aumentar, consideravelmente, a sua participação no mercado, já que esses pequenos ajustes têm o potencial de potencializar a satisfação do cliente.
Vale ressaltar que a grande maioria das inovações se encontram nessa espécie incremental, uma vez que essas pequenas melhorias levam a grandes mudanças organizacionais e, sem dúvidas, é um caminho mais acessível, já que não exige grandes orçamentos para ser realizada.
Várias empresas reconhecidas mundialmente só se mantiveram no topo devido à inovação incremental que, muitas vezes, passou despercebida pelos clientes.
Os smartphones e os videogames são grandes exemplos de inovação incremental. Desde o seu surgimento, eles estão em constante mudança, sendo incrementados sem perder o seu conceito original. A cada lançamento, um modelo vai deixando obsoleto o aparelho anterior.
Na indústria de automóveis isso não é diferente. Anualmente, os carros possuem modelos com novas funções e acessórios, trazendo mais conforto e segurança para os seus usuários.
A Faber-Castell, de igual modo, é um exemplo de criatividade e inovação incremental. Ao longo dos anos, ela continuou adaptando seus produtos ao público consumidor, sem deixar de lado a sua essência: lápis que não escorrega na mão, canetinha vai e vem e assim por diante.
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Apesar do nome soar um pouco complicado, a inovação disruptiva é o tipo de inovação mais conhecido no mercado – pelo fato de trazer um alto impacto para a sociedade. Em linhas gerais, o seu objetivo é trazer algo novo para uma demanda já existente, mudando a forma como a solução interage com o seu público.
Segundo o pesquisador Greg Satell, no Harvard Business Review, apesar da inovação incremental ser uma ótima prática dentro das empresas, muitas vezes ela pode se tornar letal se a inovação disruptiva não se fizer presente.
Mais que isso, suas pesquisas demonstram que quando as bases do mercado competitivo mudam, as empresas podem ficar tão preocupadas em tornar seus produtos cada vez melhores que esquecem de conferir se o público, realmente, ainda se interessa por eles. Nesse caso, o ideal é utilizar a inovação disruptiva e trazer algo completamente inédito para o seu modelo de negócio.
As startups são um bom exemplo de inovação disruptiva. Elas visam segmentos desconhecidos e negligenciados pelo mercado com o intuito de oferecer uma oferta mais atraente, acessível e conveniente do que as já estabelecidas no mercado.
A Amazon também usou a inovação disruptiva quando abriu as portas da internet para a indústria dos livros. A empresa mudou a forma de vender e entregar suas mercadorias utilizando tecnologias únicas.
Outro exemplo é a Apple, que revolucionou o mercado de aparelhos celulares. Antes do Iphone, os telefones tinham teclas e botões, mas ele os substituiu pela tecnologia touch screen combinada a interfaces mais intuitivas para os usuários.
A inovação radical, como o próprio nome diz, utiliza um avanço tecnológico que transforma por completo uma dada indústria e cria novos mercados. Além disso, ela revoluciona a forma como uma organização interage com o seu público.
Em suma, é a junção de uma nova tecnologia com um novo mercado.
Apesar de ser altamente atraente e estar presente em manchetes nas diferentes mídias, a inovação radical traz muitos desafios e é a forma mais rara de inovação, pois envolve a criação de tecnologias, serviços, modelos e negócios que alcançam mercados completamente inexplorados.
O melhor exemplo de inovação radical foi a invenção do avião. Essa tecnologia possibilitou uma nova maneira de viajar, criou uma indústria e um mercado novos.
A PicPay, fintech capixaba criada em 2012, também transformou a maneira de se realizar pagamentos. Nos últimos anos, através da inovação radical, a empresa obteve um crescimento significativo e chegou até mesmo a firmas parcerias com o Governo Federal.
Indo além, o Airbnb também é um grande exemplo a ser citado. A empresa promoveu um impacto relevante na indústria de hospedagens, facilitando o contrato entre futuros hóspedes e anfitriões, de maneira mais simples e menos burocrática.
Finalmente, ao analisarmos esses 4 tipos de inovação, fica claro que não existe uma única solução possível para se solucionar todos os desafios do empreendedor. Portanto, se as suas estratégias de inovação estão falhando, considere experimentar novos métodos e identifique aquele que melhor se encaixa nas suas necessidades. O modelo de growth hacking, por exemplo, é uma vertente muito utilizada por empresas que buscam a inovação.
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A inovação pode acontecer em múltiplos campos dentro de uma organização, não apenas no desenvolvimento de produtos e serviços. Dessa forma, existe uma variedade de possibilidades em diversas áreas, sendo as mais comuns:
E por que não levantar possíveis ideias e soluções com a opinião dos colaboradores, especialistas e os feedbacks dos clientes? Invista em capacitação profissional, R&D e crie um sistema de recompensas para projetos inovadores. Assim, as inovações podem ser implantadas em praticamente todos os setores dentro da sua empresa.
Os tipos de inovação trazem novos horizontes e diferentes conceitos para se estruturar soluções que atendam às demandas do mercado e do avanço da tecnologia. Cabe ao gestor, analisar as estratégias da sua organização e definir qual é o melhor caminho a ser seguido.
Importante é não se deixar cair na zona de conforto e parar de inovar. As inovações precisam fazer parte do dia a dia das organizações para que elas possam se destacar e sobreviver em meio ao mercado avassalador que estão inseridas.