Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso
Autor: Carol Dweck
“Se você gerencia pessoas ou é um pai ou uma mãe (que é uma forma de gerenciar pessoas), largue tudo e leia Mindset.”
Nossa mentalidade (mindset) determina se acreditamos ou não que podemos aprender, mudar e crescer. Como seres humanos, geralmente temos muito pouco controle sobre as características físicas (tamanho do pé, tamanho do crânio, cor natural do cabelo, por exemplo) do nosso corpo.
Nossa mentalidade é que molda nossas crenças em relação ao que conseguiremos ou não realizar quando pensamos em habilidades intelectuais e físicas. As pessoas com mentalidade fixa (fixed mindset) acreditam que nasceram naturalmente dotadas para fazer certas atividades, mas totalmente incapazes de realizar outras. Alguém que pensa dessa maneira, pode afirmar que é uma pessoa criativa, capaz de imaginar situações inusitadas, mas sem qualquer talento para aprender a fazer uma planilha.
Por sua vez, indivíduos com mentalidade de crescimento (growth mindset) acreditam que podem se tornar virtuosos em qualquer aspecto se investirem suficiente tempo e esforço. Usando o mesmo exemplo, uma pessoa capaz de ser criativa, imaginar cenários diferentes e também aplicar seu conhecimento na construção de planilhas.
Separamos os principais insights do livro “Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso”, escrito pela psicóloga norte-americana Carol Dweck, professora de Psicologia na Universidade de Stanford e umas principais pesquisadoras no mundo no campo de motivação do aluno. A versão original do livro “Mindset: The New Psychology of Success”, lançada em 2006, vendeu mais de 1,5 milhão de cópias.
Após a leitura, você entenderá as diferenças entre pessoas com uma mentalidade fixa e aquelas com uma mentalidade de crescimento, como nossa mentalidade determina a maneira como lidamos com situações difíceis e desafios e como mudar esse mindset para atingir nossos objetivos.
As pessoas com mentalidade fixa (fixed mindset) acreditam que o talento é rei. Esses indivíduos acreditam que as habilidades de uma pessoa são imutáveis, ou seja, por natureza, uma pessoa é inteligente e talentosa ou limitada e incompetente.
Para a psicóloga Carol Dweck, muitas empresas grandes incorporam essa forma de pensar e investem muito na busca pelos grandes talentos das universidades (especialmente as mais conceituadas), esperando que esses talentos contratados aumentem instantaneamente o desempenho da empresa com suas habilidades excepcionais.
No entanto, por acreditar nesse suposto talento de alto nível, as empresas oferecem pouco treinamento a esses novos profissionais, o que pode afetar sua performance e, consequentemente, a de suas equipes. O desempenho abaixo da expectativa faz com que seus superiores passem a indagar: será que esses recém-formados são realmente tão inteligentes quanto pensávamos ou seus erros revelam que eles não têm o talento necessário para realizar o trabalho?
As pessoas com mentalidade fixa acham que os funcionários que não são perfeitos desde o primeiro dia nunca serão, portanto, profissionais de alto desempenho. E que é melhor dispensá-los rapidamente. Além disso, acreditam que só podem realizar tarefas para as quais demonstram aptidão natural — e que a prática não leva à perfeição.
Indivíduos com esse tipo de mentalidade sentem a necessidade de mostrar o quanto são talentosos e inteligentes sempre que podem, buscam constantemente a aprovação dos outros para proteger seus egos e confirmar que realmente são tão bons quanto pensam que são.
Quando crianças com mentalidade de crescimento (growth mindset) recebem um problema difícil para resolver na escola, elas não apenas aceitam o desafio como querem resolver mais desafios iguais a esse. Essas crianças acreditam que podem aprender mais através do esforço, dedicação e perseverança.
Elas não estão interessadas em obter as notas mais altas ou em se destacar mais do que os outros alunos, mas sim em sentir a satisfação de se esforçar até o limite de seu potencial de crescimento, seja em campos científicos, artísticos ou em modalidades esportivas.
As pessoas com uma mentalidade de crescimento apreciam qualquer oportunidade de aprender truques com os melhores do seu segmento, reconsideram e/ou descartam estratégias usadas no passado e sempre pensam em como podem reduzir seus pontos fracos.
Em relacionamentos, esses indivíduos incentivam seus parceiros a continuar aprendendo e se desenvolvendo. Quando praticam esportes, entendem que estão jogando pela equipe. Quando atingem a posição de gestores de uma empresa, demonstram respeito e gratidão pelo trabalho de seus colaboradores, geralmente pedindo sua opinião honesta sobre o projeto e sobre a companhia — por mais que a verdade aponte para aspectos menos positivos.
Quando Lee Iacocca se tornou CEO da Chrysler Motors em 1979, a empresa estava à beira da falência. Graças à maneira como enxergava o negócio, sua experiência e rápida tomada de decisões, assim como um bom relacionamento com os funcionários, ele conseguiu trazer a empresa de volta para uma posição de destaque durante a década de 1980.
Seus resultados, no entanto, fizeram com que seu comportamento mudasse. Ele passou a ostentar sua superioridade e dedicar mais energia à sua própria imagem do que ao bem-estar da empresa, tendo como objetivo a busca pela aprovação dos outros — uma clara demonstração de mentalidade fixa.
No caso de Lou Gerstner, sua ascensão ao posto mais alto da IBM em 1993, quando a companhia estava prestes a quebrar, foi acompanhada de um comportamento bem diferente. A empresa sofria com desentendimentos internos em vez de se concentrar no trabalho em equipe e em atender às necessidades dos clientes. Abaixo algumas das mudanças implementadas por Gerstner:
A mentalidade de crescimento de Lou Gerstner lhe garantiu criar um novo ambiente dentro da IBM com foco no desenvolvimento compartilhado e não no sucesso individual.
“As definições da missão são coisas maravilhosas […], mas elas não têm sentido para os colaboradores se a empresa não implementar políticas que tornem esses valores reais e alcançáveis.”
Carol Dweck, professora da Universidade de Stanford
Segundo Carol Dweck em artigo para a Harvard Business Review, “as organizações que incorporam uma mentalidade de crescimento incentivam a tomada de riscos apropriada e recompensam os funcionários por importantes lições aprendidas, mesmo que um projeto não atinja seus objetivos originais”.
O fracasso tem repercussões dramáticas para as pessoas com mentalidade fixa. O jogador de golfe espanhol Sergio García, por exemplo, demitia um caddie – pessoa que geralmente carrega os tacos de golfe e oferece conselhos ao jogador profissional – após o outro, quando passou por uma maré de azar em um momento de sua carreira.
Segundo a autora, as pessoas com mentalidade fixa não acreditam que podem aprender com seus erros e uma única derrota pode desvalorizar todos os sucessos anteriores. Para preservar a pouca autoconfiança que têm, eles inventam desculpas ou perdem o interesse em vez de analisar friamente cada derrota.
Um claro exemplo de mentalidade de crescimento é do ex-astro do basquete Michael Jordan. Em épocas em que não conseguia converter em pontos vários arremessos, ele voltava à quadra – muitas vezes até mesmo após uma partida – e praticava repetidamente os arremessos que havia errado.
No final de sua carreira, Jordan era conhecido por ter as melhores técnicas de arremesso dentro do time. Em vez de encontrar falhas em seus colegas de equipe ou no piso da quadra, ele buscou maneiras de melhorar suas próprias habilidades.
Para a psicóloga Carol Dweck, quando pessoas com mentalidade fixa se deparam com uma situação difícil, tudo o que enxergam são riscos. Quanto mais tempo e energia tiverem que investir em algo, menos desculpas terão no caso de fracasso.
A violinista ítalo-americana Nadja Salerno-Sonnenberg apresentava esse tipo de comportamento:
Os desafios, diz a autora, dão às pessoas com uma mentalidade de crescimento a oportunidade de buscar ações com propósito. Quanto mais desanimadas elas estiverem, mais energia vão dedicar a enfrentar o que parece ser seu destino e vão reescrever sua história.
Em 1995, o ator estadunidense Christopher Reeve sofreu um grave acidente de cavalo que o deixou tetraplégico. Por conta de sua mentalidade de crescimento, ele assumiu o controle de sua situação e se recusou a aceitar que não recobraria seus movimentos e teria dificuldades de respirar pelo resto de sua vida.
Reeve nunca atingiu seu objetivo de se reerguer, mas fez um progresso quase milagroso. Ele recuperou alguma sensação em seu corpo em 2000, dando-lhe a emoção de sentir o contato com sua esposa Dana e seu filho, Will. Ele também logo percebeu que podia mover as pernas deitado de costas e descobriu uma maior amplitude de movimento enquanto estava imerso em uma piscina.
“[Os médicos] Me disseram desde o início que seria impossível recuperar o movimento abaixo dos ombros. Mas todo cientista deveria remover a palavra ‘impossível’ de seu vocabulário”, disse em entrevista à The New Yorker.
Segundo a autora, os bebês nascem com uma mentalidade de crescimento: eles querem aprender e crescer o máximo possível a cada dia.
Os adultos presentes durante esse período de desenvolvimento — geralmente seus pais ou responsáveis — desempenham um papel fundamental para determinar se a criança vai manter esse desejo de progredir (growth mindset) ou se acabará adotando uma mentalidade fixa (fixed mindset).
Os professores também são modelos muito importantes e influenciam a mentalidade das crianças. Professores com mentalidade fixa acreditam que o desempenho de um aluno é imutável, que os “bons alunos” continuarão a se sair bem e que os alunos “mais limitados” sempre tirarão notas baixas. Isso geralmente faz com que os estudantes que são rotulados como “limitados” possam desenvolver uma mentalidade fixa.
Já professores com mentalidade de crescimento acreditam firmemente que seus alunos são capazes de aprender qualquer coisa e mostram maneiras diferentes de resolver problemas. Com isso, mesmo os estudantes que possam ter sido chamados de “limitados” em outro momento passam a adotar uma mentalidade de crescimento e começam a tirar notas melhores, deixando de se considerar "burros" por natureza.
Ninguém precisa ser vítima de seu ambiente e desenvolver sua própria mentalidade, acredita a professora de Stanford. O cérebro pode ser treinado como qualquer outro músculo: se quisermos ter uma mentalidade de crescimento, podemos aprender a pensar dessa forma, um passo de cada vez.
De acordo com Carol Dweck, essa é uma ótima oportunidade para pedir apoio a outras pessoas, falar sobre pontos de desenvolvimento, incertezas e fazer planos concretos para atingir metas.
O livro também ressalta a importância de entender que não é fácil abandonar uma mentalidade fixa, pois ela pode ter se tornado uma muleta emocional ao longo dos anos. O fato de achar que algo não deu certo por culpa de alguém (e não sua) é uma forma de se proteger do fracasso, alimentando sua autoconfiança (muitas vezes por meio do ego) e constantemente servindo como justificativa.
Para ajudar pessoas com mentalidade fixa a fazer a transição para a mentalidade de crescimento, é importante que essas pessoas adotem uma perspectiva de crescimento em determinadas situações, em vez de querer abandonar totalmente essa mentalidade fixa.
A adoção de uma mentalidade de crescimento em qualquer campo nos permite tornar possível o impossível (como no caso de Christopher Reeve) e continuar aprimorando nossos talentos e habilidades (assim como o exemplo de Michael Jordan). Em outras palavras, a mentalidade de crescimento é a chave para a autorrealização.
Pessoas com uma mentalidade fixa tendem a obstruir seu próprio processo de desenvolvimento e capacitação, enquanto indivíduos que possuem uma mentalidade de crescimento trabalham e treinam arduamente para realizar seu potencial ao máximo.
As pessoas com uma mentalidade de crescimento aceitam os problemas e os veem como desafios, não como barreiras intransponíveis. Elas se empenham em melhorar a si mesmas e o mundo ao seu redor.
A mentalidade de crescimento é um grande motivador para continuar crescendo e aprendendo ao longo da vida (lifelong learning), adquirindo novas habilidades e se dedicando a relacionamentos humanos. Para as pessoas com growth mindset, a vida está em constante mudança e seus desafios trazem oportunidades de se envolver em iniciativas com propósito.
Muitos dos sucessos (ou fracassos) vão depender muito do padrão mental que as pessoas escolherem para governar suas vidas. É fundamental olhar para todos os aspectos da sua vida e ser honesto consigo mesmo ao se perguntar: “Quais são as mudanças necessárias que devo fazer para me reinventar?".
