A queda dos unicórnios significa seu fim?
6 min de leitura

Maria Isabel Antonini
31 de jan. de 2023 • Última atualização 22 de abr. de 2025 • 6 min de leitura
Será a queda dos unicórnios e o uso excessivo do termo um sinal de que a bolha finalmente estourou ou eles ainda serão um marco legítimo no ciclo de vida de uma startup?_
Após anos de forte crescimento das companhias de tecnologia, tanto listadas em bolsa quanto de capital fechado, uma sensação de cautela voltou a pairar no ar.
Por um lado, conhecer o que são empresas unicórnios inundou o mercado a tal ponto que a designação se tornou sem sentido. Durante o auge anterior, as avaliações se tornaram tão clichê que foi necessário criar uma nova referência de avaliação: os decacórnios (valuation de mais de US$10 bilhões) e os hectacórnios (valuation de mais de US$ 100 bilhões).
De fato, a distância entre US$ 1bilhão e US$ 100 bilhões parecia grande o suficiente para dar a essa nova categorização a escassez que antes era desfrutada pelos unicórnios.
No entanto, já no terceiro trimestre de 2022, os investidores dispostos a avaliarem uma startup como tal praticamente desapareceram em meio ao aumento das taxas de juros e à queda abrupta dos preços das ações de tecnologia, conforme relatório da CB Insights.
(Na imagem: o número de novos unicórnios despencou) (Créditos: CB Insights)
Assim, as ofertas públicas iniciais pararam e os investimentos iniciais caíram. Além do ciclo normal de conceitos que entram e saem de moda, que outras forças de mercado estariam em jogo? Será que alguma versão não contaminada do termo poderia emergir nos próximos anos? Afinal, esse significa o fim dos unicórnios e das startups ou, na verdade, a transição para uma nova fase?
Quanto mais alto, maior o tombo
Sem dúvidas, o setor de tecnologia experimentou um crescimento fora da curva nos últimos dois anos, com marcas históricas sendo alcançadas, como a da Apple que, em janeiro de 2022, alcançou o título de primeira empresa dos EUA a atingir um valor de mercado de US$ 3 trilhões.
(Na imagem: Valor das ações da Apple em 03 de janeiro de 2022) (Créditos: TecMundo)
Pouco tempo depois, em 02 de fevereiro de 2022, o número de startups bilionárias no mundo acabava de superar, pela primeira vez, a quantidade de 1 mil (isso é mais unicórnios do que nos cinco anos anteriores combinados).
No entanto, com a invasão na Ucrânia no final de fevereiro de 2022, o cenário financeiro mundial se tornou desafiador devido à inflação, aumento de juros pelo banco central americano, o The Federal Reserve System - pela primeira vez desde 2018 - e a retomada da vida normal após a pandemia.
Como consequência, iniciou-se uma desaceleração conjunta do crescimento projetado para as empresas de tecnologia e uma grande queda em seus valores de mercado, como Zoom, Amazon, Facebook, Airbnb e Magazine Luiza.
Desta forma, a redução de liquidez impactou negativamente o setor, tornando os investimentos de risco menos atrativos e fazendo com que os fundos de venture capita se tornassem mais criteriosos em seus investimentos.
Mesmo em meio a esse cenário, é possível redefinir sua estratégia com clareza. O G4 Gestão e Estratégia prepara líderes para superarem desafios com as práticas das empresas que mais crescem no mundo.
O início dos layoffs
O ambiente geopolítico criou significativa incerteza macro e isso se refletiu na capacidade dos investidores assumirem riscos.
Como todo o crescimento projetado para essas organizações não aconteceu, em resposta à essa desaceleração, a bolha financeira das startups estourou e muitas companhias precisaram cortar despesas a todo custo, anunciando demissões em massa pouco tempo após um rápido crescimento de suas equipes. Alguns exemplos incluem:
· Google, 12 mil colaboradores dispensados em 20/01/2023;
· Meta, 11 mil colaboradores dispensados em 9/11/2022;
· Microsoft, 10 mil colaboradores dispensados em 18/01/2023;
· Amazon, 10 mil colaboradores dispensados em 16/11/2023 e mais 8 mil em 4/01/2023.
Algumas até anunciavam layoffs enquanto ainda recrutavam para sua força de trabalho. De acordo com a layoffs.fyi, foram mais de 214.921 pessoas demitidas de empresas de tech desde o início da pandemia.
(Na imagem: layoffs 2022-2023) (Créditos: Layoffs.fsy)
Dito isso, para manter a continuidade de seus negócios - reavaliando_ sua estratégia e fazendo ajustes - medidas drásticas foram tomadas para garantir que pudessem seguir em frente, mesmo enfrentando a pressão para proteger a imagem e a cultura de suas companhias.
Além disso, muitas startups sofreram downrounds e descobriram que a empresa vale, na verdade, menos do que anunciando na última rodada de captação de investimento. Foi o caso da Instacart, uma startup de entrega de alimentos, que em março de 2021 tinha um valuation de US$ 39 bilhões e em outubro de 2022 foi avaliada em US$ 13 bilhões de dólares.
Em decorrência desse ambiente desafiador, as empresas passaram a perceber uma elevação de seu CAC, que é o Custo de Aquisição de Clientes, para manter seus negócios rentáveis em um sinal claro de que essas companhias estão tendo dificuldades para atrair novos clientes de forma eficiente.
Assim, a aquisição de usuários deixa de ser a única preocupação e a geração de caixa passa a ser uma prioridade, já que nessa nova jornada não é possível prever quando conseguirão investimento e qual será o custo desse novo capital.
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Isso implica no fim dos unicórnios?
Todo founder almeja que sua startup seja bem-sucedida, entretanto, querer não significa nada sem um plano sólido e os meios para implementá-lo.
A verdadeira questão não é o que chamamos de unicórnios, mas que avaliações precisarão ser estabelecidas como marcos reais a partir de agora. Essa escala deslizante obviamente precisará de uma redefinição, assim como o próprio mercado.
Isso porque esse não é, necessariamente, o fim, mas uma mudança em que a sustentabilidade dos negócios e a atenção aos seus unit economics precisarão ser encarados com mais responsabilidade para a perenidade da organização.
O ambiente contemporâneo, conhecido como mundo V.U.C.A (volatility - volatilidade, uncertainty - incerteza, complexity – complexidade e ambiguity - ambiguidade),exige que se esteja preparado para desaprender continuamente para desfazer os mitos e procedimentos nocivos que levam tantas empresas ao declínio.
Dessa forma, o ato de obter uma avaliação US$ 1 bilhão – ou mais – poderá retornar ao status cobiçado e disputado que era antes.
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