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Quando finanças viram estratégia: lições reais de quem já arrumou a casa no caos

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Bruno Nardon

Cofundador Kanui, Rappi Brasil e G4 Educação

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Esse Papo de Gestão com o Gustavo Martins foi uma troca sobre maturidade. Um daqueles episódios em que a gente não fala de teoria, fala de chão de fábrica — ou melhor, de planilha aberta às duas da manhã, empresa crescendo mais rápido do que a estrutura e decisões sendo tomadas no limite.

Gustavo foi meu sócio na Kanui, depois esteve comigo na Dafiti; hoje, é mentor do G4 e conselheiro de startups. Mas antes de qualquer título, ele é alguém que viveu o caos de perto e aprendeu a transformar o números em clareza.

Se você já sentiu que sua empresa cresce, mas os números não acompanham, assista ao episódio completo no canal do G4 Podcasts ou escute pelo Spotify.

E isso começa por entender que finanças não são números bonitos em relatório.

“Se eu não fizer isso, vão me demitir no terceiro mês”**

Em um dos momentos mais honestos do papo, o Gustavo conta do choque que foi entrar na Kanui.

Não tinha ERP. Não tinha processo redondo. Tinha Excel, Access, notas fiscais espalhadas e uma empresa crescendo rápido demais para a estrutura que tinha.

“Se eu não fizer isso, os caras vão me demitir no terceiro mês.”

Essa frase resume bem o sentimento de quem entra num negócio em crescimento acelerado sem base de dados confiável. Essa falta de leitura da própria realidade é o motivo pelo qual muitas empresas em franco crescimento acabam quebrando..

O erro comum, como ele mesmo explica, é achar que BI é só o que aparece na tela. O dashboard bonito. A casquinha.

O trabalho de verdade está em transformar dado bruto em informação confiável. Nota fiscal, venda, devolução, custo, estoque. Criar regra. Criar lógica. Criar base. Sem isso, qualquer decisão vira chute.

Finanças não são contabilidade — e isso muda tudo

Perguntei ao Gustavo o que um financeiro estratégico precisa fazer para ajudar o CEO de verdade e recebi uma resposta direta: o primeiro erro é confundir finanças com contabilidade.

A contabilidade existe para atender regra, imposto, obrigação legal. O financeiro existe para ajudar a decidir. Quando o empreendedor olha um DRE feito só para fins fiscais, ele não se reconhece ali. E não é porque está errado, mas porque não é gerencial.

Aí começa o problema clássico: marketing tem um número, comercial tem outro, financeiro tem outro. Cada área defende a sua verdade. Ninguém confia nos dados.

Outro ponto que aparece forte na conversa é a confusão entre DRE e fluxo de caixa. O DRE mostra resultado econômico. O fluxo de caixa mostra quando o dinheiro entra e sai. Misturar os dois gera ruído e decisões erradas. **Quando a empresa separa essas visões e organiza minimamente a casa, o jogo muda.

O verdadeiro divisor de águas não foi uma planilha

Em dado momento, eu pergunto:

“O que foi, de fato, o divisor de águas pra gente chegar no break-even?”

A resposta do Gustavo não é técnica. É cultural.

Ele lembra do ciclo que a gente vivia quase sem perceber: analisar dados, gerar hipótese, testar pequeno, medir rápido e escalar o que funciona. Hoje todo mundo chama isso de growth. Na época, era só sobrevivência bem feita.

Isso não acontecia só no marketing. Acontecia em pricing, compras, planejamento, financeiro.

Era PDCA na veia.
Plan, Do, Check, Act — não promessa vazia.

E isso só funcionou porque havia uma cultura muito clara: transparência, confiança e gente boa trabalhando junta.

“Era só camisa dez.”

Eu concordo. E quem viveu aquela fase sabe.

Quando cada área corre para um lado diferente

Avançando no papo, o Gustavo traz um exemplo muito claro da Dafiti.

Marketing com meta de ROI. Compras com meta de margem bruta. Cada um defendendo o seu indicador.

O resultado? Briga. Desconto travado de um lado, venda travada do outro. Todo mundo certo individualmente e a empresa errada como um todo.

A virada veio quando a meta passou a ser única: contribuição marginal absoluta.
Simplificando: quanto cada produto gera de lucro antes dos custos fixos.

Com uma boa base de dados, isso passou a ser acompanhado quase em tempo real. Produto errado, preço errado, estoque errado — ação rápida.

**Quando todo mundo passa a olhar para o mesmo número, a conversa muda. A empresa começa a remar na mesma direção.

O básico bem feito ainda ganha jogo

No fim do episódio, a conversa volta para a realidade da pequena e média empresa.

O Gustavo reforça algo que eu vejo todos os dias no G4: a maioria não usa as ferramentas financeiras porque elas não foram traduzidas para gestão.

O empresário precisa de dados claros que apontem de onde vêm os ganhos e onde estão as oportunidades de mudança e ésse movimento começa com o básico bem feito:

  • DRE gerencial
  • fluxo de caixa organizado
  • dado confiável
  • rotina de olhar número e discutir em paz

Como ele mesmo comenta em outro momento do papo: sentar toda segunda com sócios e líderes para olhar números, sem briga, só engrandece.

Finanças, no fim, são sobre escolha

Se tem uma mensagem que esse episódio deixa clara é essa: finanças não são sobre burocracia, são sobre decisão. Reduzir o risco antes de crescer, testar em menor escala antes de expandir e discutir mudanças com base em dados, não em opiniões.

Quando o financeiro cumpre esse papel, ele deixa de ser um centro de custo e vira um motor estratégico. E talvez a melhor pergunta para encerrar seja a mais simples de todas: o financeiro da sua empresa ajuda você a decidir melhor… ou só a fechar imposto?

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