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Neste episódio do podcast “Papo de Gestão com Tallis Gomes”, Fábio Gurgel, cofundador e CEO da Alliance, a maior rede de academias de jiu jitsu do mundo, fala sobre liderança, gestão, cultura e muito mais.
Fábio Gurgel é um atleta de alta performance. Campeão mundial de jiu jitsu 4x, levou seu desempenho para o empreendedorismo: são mais de 300 academias em 29 países. Mas como ele transformou esse esporte em um grande negócio de sucesso?
Conforme a modalidade se consolidava no país, ele notou que as academias focavam cada vez mais nos competidores, enquanto os praticantes do esporte que não competiam, mas que desejavam aprender não eram atendidos. O negócio nasceu para atender essa lacuna crescente.
Ao adaptar a metodologia da academia Gracie para aulas coletivas (uma vez que a técnica focava em treinos individuais), criou o primeiro método de grupo. Ao instaurar esse sistema, desenvolveu um aprendizado justo, no qual os praticantes eram avaliados a partir da própria evolução.
Assim, Fábio construiu um negócio inovador, saindo do nicho e ampliando sua solução de maneira consistente, através de um método de ensino eficaz e adequado à nova realidade. A partir do método, além de despersonificar o jiu jitsu, foi possível tornar o produto replicável, além de impulsionar outras avenidas de crescimento.
Separamos algumas dicas e insights do podcast que podem ajudá-lo a desenvolver uma gestão mais assertiva, além de uma liderança de alta performance.
De acordo com Gurgel, a cultura organizacional de qualquer empresa é construída desde o começo do negócio, a diferença entre culturas fortes e fracas é o quanto esse código é comunicado entre os colaboradores.
Um dos principais erros nesse sentido, é que muitas lideranças definem um código de cultura mas falham na hora de comunicá-lo. Afinal, ninguém pode praticar o que não sabe.
Portanto, à medida que a empresa cresce, o ideal é comunicar os valores de maneira recorrente, para que não haja conflitos, perda de produtividade e turnover. Desse modo, uma cultura sólida pode ser baseada em dois processos:
Resumidamente, a construção de qualquer time ou grupo de sucesso, passa por um forte alinhamento de valores. Além de alinhar o time, uma cultura forte é responsável por auxiliar decisões importantes por parte da gestão. Afinal, assim como deve ser utilizada como uma bússola no dia a dia da organização, também determina decisões estratégicas.
Decisões difíceis fazem parte da criação de qualquer negócio e do papel de todo gestor. Nesse sentido, uma coisa é certa: é preciso tomá-las, caso contrário, a tendência é que o caos se instaure.
Segundo Fábio Gurgel, para um processo mais assertivo e menos desgastante, é importante saber o porquê das suas escolhas, e principalmente, ser justo, ou seja, o ideal é decidir a partir de critérios objetivos, como performance e resultados, colocando a companhia em primeiro lugar.
Muitos líderes sentem dificuldade de tomar decisões difíceis por medo de estarem errados, e acabam paralisados. Nesse cenário, Gurgel destaca que o medo é uma emoção inata e natural, e a mentalidade que eleva a performance é decidir enfrentá-lo ou não. O líder que opta por enfrentar seus medos, desenvolve resiliência.
Por exemplo, se enquanto gestor, você tem dificuldade de ter conversas difíceis, postergando-as de maneira recorrente, colocar um deadline para que o papo aconteça tende a criar uma oportunidade que te ajuda a construir mais confiança.
Nesse cenário, é fundamental entender que o oposto do medo não é a coragem e sim a covardia. Gurgel enfatiza que a coragem é uma habilidade que pode ser desenvolvida.
“Todo corajoso tem medo, quem não tem é louco. O medo descontrolado é que te leva para uma rota perigosa.”
É comum que haja confusão quanto a atuação do gestor em uma empresa. Resumindo, um bom gestor é aquele que consegue entender o funcionamento da empresa como um todo, e orquestrar as equipes e os desdobramentos que suas tomadas de decisão ocasionam, de modo que os resultados sejam alcançados.
Portanto, a maioria dos gestores tende a viver sob pressão. Para evitar a exaustão, é importante desenvolver inteligência emocional. Essa é uma das people skills essenciais para tomar decisões mais racionais e tangíveis.
Lembre-se, um líder não tem todas as respostas, mas é responsável por fazer as perguntas certas. Para isso, é importante se distanciar das emoções que aproximam suas ações dos instinto, aproximando-as do campo técnico.
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Uma coisa é certa: não se pode mudar o passado. Com isso em mente, Gurgel acredita que uma vez que os liderados erraram, provavelmente, eles já estão em uma situação de vulnerabilidade e do ponto de vista hierárquico, mais expostos.
O que o líder pode fazer, do ponto de vista de negócios, é entender como se deu o erro e aprender com ele, para que no futuro não se repita. Já do ponto de vista de gestão, o ideal é acolher aquele colaborador, fazendo com que ele tenha consciência de seu erro através de uma abordagem que priorize o aprendizado e o desenvolvimento do liderando, motivando-o.
Mesmo que ele precise ser repreendido em algum momento, Gurgel frisa a importância de esperar pelo melhor momento, dando tempo do funcionário se restabelecer e entender o que aconteceu. Além de conservar o relacionamento entre líder e liderado, envia uma mensagem clara para o restante do time: errar faz parte do processo de crescimento e está tudo bem.
“Temos que fazer com que o nosso time tenha coragem de se arriscar: vai lá, se der errado estamos juntos.”
O esporte pode ajudar o empreendedor de diversas maneiras. O jiu jitsu é um esporte composto por uma série de pressões e micro derrotas. Conforme se avança, entende-se que perder faz parte do processo, e a derrota passa a ser analisada sob uma nova perspectiva: não estou perdendo, só não consegui ainda. Através do jiu jitsu, aprendemos a:
“Você vai perder um monte de vezes e ganhar de vez em quando. Quando você acostuma que a derrota é parte de um processo de aprendizagem, começa a lidar com a derrota de uma maneira muito mais natural.”
Gurgel destaca que controlar as emoções ajuda a potencializar o raciocínio, e a prática se desenvolveu a partir desse conceito. Uma vez que ele é aplicado aos negócios, temos líderes mais analíticos, capazes de planejar e pensar de maneira mais estratégica.
O ego faz parte da jornada, e quando equilibrado, tende a não ser danoso. Para que não chegue a ser prejudicial, é preciso entender suas motivações internas e como elas são externalizadas.
Um líder que atua totalmente em benefício próprio, por exemplo, até pode conquistar bons resultados, mas eles não se sustentarão a médio e longo prazo, e tende a ficar sozinho.
Portanto, é necessário equilibrar o ego com a humildade, afinal, a falta dele também é ruim, gerando falta de confiança para tomar decisões necessárias.
Outro ponto elucidado por Fabio Gurgel é a importância de diferenciar o ego da vaidade. O primeiro faz parte de quem você é, e quando utilizado da maneira correta, impulsiona uma alta performance. Já o segundo tende a ser relacionado a bons momentos, mas em geral passageiros. Embora o ego inclua doses de vaidade, é composto por outros elementos, como individualidade, determinação e força.
“Eu nunca vi um cara que não tenha ego realizar nada.”
Sem dúvidas, a liderança ocupa um papel relevante dentro das organizações, influenciando o ambiente de trabalho e a produtividade dos colaboradores, mas para atuar de maneira relevante, é preciso mudar a mentalidade: ao invés de trabalhar baseado em metas ou objetivos pontuais, trabalhe focado em construir um legado.
Assim, mesmo que as metas sejam alcançadas, a motivação continua, mantendo a equipe e você mesmo, engajados e alinhados com o propósito.
É importante celebrar as conquistas, mas sempre tenha em mente o senso crítico e a humildade.
Um líder de alta performance é aquele que prioriza o desenvolvimento da inteligência emocional direcionando o time de maneira assertiva e ao mesmo tempo, deixando claro que os liderados podem contar com ele. Além disso, compreende que perder faz parte, e que as derrotas impulsionam resultados maiores e melhores, garantindo ao negócio consistência e sustentabilidade.