Resiliência e sucesso nos negócios: lições de Daniel Borghi, da Crescera Capital
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Resiliência e sucesso nos negócios: lições de Daniel Borghi, da Crescera Capital

Resiliência e sucesso nos negócios: lições de Daniel Borghi, da Crescera Capital

Por:
Amanda Moura
Publicado em:
3/11/2022

No novo episódio do podcast “Papo de Gestão”, Tallis Gomes recebe Daniel Borghi, co-CEO da Crescera Capital, o qual discorre sobre Private Equity, IPOs, educação, provas de resiliência e os pormenores da jornada daqueles que almejam o sucesso nos negócios.

Papo de gestão. Do mais alto calibre. Um podcast e videocast, cujo objetivo é trazer de forma simples e aplicável às práticas de governança dos maiores gestores do Brasil. Tallis Gomes, sócio-fundador do G4 Educação, é o gestor que media e dinamiza com o outro gestor convidado. Papo sério, de gente grande, olho no olho. Papo de gestão.

No episódio de hoje, o Maracanã como palco. A taça da Copa do Mundo posando excelsa atrás dos protagonistas da partida. O time que cada um carrega consigo? Suas histórias: principalmente a de Daniel Borghi, que nos ilumina com uma jornada de resiliência e sintetiza perfeitamente a forma como somos eternos aprendizes.

Desde 2008, Daniel é sócio, co-CEO e membro do Comitê Executivo da Crescera Capital, plataforma de Private Equity que atua com forte presença nos setores de tecnologia e educação. Hoje, eles têm mais de 6 bilhões de ativos sob gestão, já fizeram 4 IPOs (Abril Educação, Ânima, Estapar e Afya) e investiram em mais de 70 empresas nesse período.

Antes de se juntar à Crescera, Daniel atuou por 3 anos como Engagement Manager na McKinsey & Company, cuidando principalmente de instituições financeiras. Graduou-se em Engenharia Elétrica na PUC-RIO, possui um MBA pela Kellogg School of Management e detém o título de Especialista em Economia pelo IBMEC. 

Separamos algumas dicas e insights do podcast que podem ajudá-lo a desenvolver uma gestão mais assertiva, através das lentes que construíram o repertório de Daniel Borghi, um gestor de sucesso.

#1 - Dois ouvidos e uma boca: sempre aprender antes de agir

“Dois ouvidos e uma boca: tentar entender um pouco mais das coisas antes de entrar precipitadamente em qualquer negócio.”
Daniel Borghi, co-CEO da Crescera Capital


Qual era a coisa mais importante para definir o que queria fazer na vida? Para a pergunta que abre o papo, a resposta de Daniel está acima. Deveria ser colocada como despertador para todos aqueles que ainda subestimam o poder do aprendizado perene.

E não o aprendizado necessariamente atribuído às instituições. O aprendizado do ouvir antes do agir. Temos dois ouvidos e uma boca para escutar antes de bradar aos ventos planos mirabolantes. E isso não foi algo que Daniel aprendeu em algo palpável de currículo.

É de sua característica a curiosidade pelo que o outro pode oferecer para rechear seu repertório. Nada relacionado a troca monetária. O gosto por aprender. É unânime entre Tallis e Borghi que quando uma pessoa embarca na jornada de aprender a gostar de aprender, é um caminho sem volta. Algum fruto vai render.

Porque planta que não rega, padece. Quem pára de aprender, essencialmente, tem limite ao que oferecer. Talvez por essa característica fundamental Daniel tenha tanto sucesso em empreendimentos de educação.

Educação essa que o graduou em Engenharia Elétrica, mas os caminhos da vida o levaram a um despertar também de ensino para estratégia e finanças.

#2 - Estratégia de M&A aos 18 anos e o flerte de Daniel Borghi com o mundo dos investimentos

Borghi tinha 18 anos e cursava os primeiros semestres de Engenharia Elétrica. Seu padrasto, pai de criação, tinha uma empresa de telemarketing que precisava de uma mão firme na administração. Não andava muito bem das pernas.

Cercado por uma família de médicos, parte da responsabilidade recaiu sob seus ombros. 18 anos e uma mão firme na administração? Daniel sempre entendeu a proporção dos dois ouvidos para uma boca. Aquele era um momento de emancipação, não de consolidação.

O protagonista deste episódio elaborou, então, uma estratégia de M&A para vender a empresa a um grupo alemão. O contexto era a década de 1990 e pouco se falava em Investment Banking, Venture Capital e Private Equity no Brasil.

Daniel Borghi é o convidado do novo episódio do podcast “Papo de Gestão”, do G4 Educação.
Tallis Gomes conversa com Daniel Borghi, co-CEO da Crescera Capital durante gravação do podcast Papo de Gestão (Crédito: G4 Educação)

Borghi não tinha ferramentas nem para definir o valuation do seu negócio. Mais uma vez: sempre entendeu a proporção dos dois ouvidos para uma boca. Antes de fechar qualquer negócio, procurou entender todos os pormenores desse tipo de transação.

A graduação institucional o formou em Engenharia Elétrica, mas esse movimento acelerado da vida o ensinou sobre estratégia e finanças. Daniel Borghi entendeu qual era seu jogo a partir daí. Não era o que estava impresso em seu diploma - e sim o mundo de possibilidades que sua curiosidade passaria a permitir.

O gestor executou uma estratégia de M&A lá atrás nos anos 1990. A consolidação desse modelo hoje é respaldada por diversos dados. 

Dados levantados pelo Distrito mostram que em 2020 foram concretizadas 170 aquisições no Brasil; em 2021, esse número saltou para 247, o equivalente a um aumento de 45,3 pontos percentuais.

Por sua vez, a consultoria Bain & Company divulgou o relatório Global M&A Report Midyear 2022, o qual avalia o desempenho do 1º semestre e faz uma projeção para a segunda metade do ano fiscal do setor. Com base na performance dos primeiros seis meses, 2022 deve atingir US$ 4,7 trilhões em valor de negócios realizados por fusões ou aquisições no mundo todo.

Aos 18 anos, Daniel fazia parte do time do sell-side, ou o “lado dos vendedores”, aqueles interessados em vender sua propriedade corporativa. Hoje, Borghi se tornou parte do time do buy-side, ou o “lado dos compradores”, aqueles interessados em adquirir uma propriedade corporativa. Seu foco de atuação, em um mercado mais maduro, é Private Equity

#3 - Provas de resiliência mudam o jogo

A vida não é feita apenas de um campo aberto cheio de flores. A história de Daniel Borghi não é uma daquelas cuja narrativa sempre beneficia o protagonista, bem como uma da sessão da tarde. 

Chegou onde chegou pelo ímpeto do desenvolvimento e pela aguçada sabedoria de ser um eterno aprendiz, mas as forças superiores ousaram escrever linhas tortas para as páginas que ainda iriam compor sua trajetória. Talvez para reafirmar o compromisso de ser um eterno aprendiz.

Aos 26 anos, Daniel sofreu um acidente de carro, situação em que o colocou em um hospital por 3 meses e por 3 anos em reabilitação. Quebrou o fêmur e as duas pernas, mas o problema foi a infecção óssea que pegou, conhecida como Osteomielite. 

No período do hospital, o perigo de amputação era quase que iminente. Passada essa fase, teve que lidar com anos de reabilitação para recuperar o movimento natural, sempre ao lado de muletas.

“Em uma prova de resiliência, você não pode terceirizar a responsabilidade de resolver o problema.”

A vida desacelerou. A corrida pelo ouro deu uma pausa. Abriram-se novas perspectivas para uma rotina diferente. Esse fora, justamente, o período em que Borghi se aprofundou em seu mestrado em Economia. Catapultou seu know-how e sua posição no mercado.

Tallis passou por uma prova de resiliência parecida. Paraquedista, estava realizando seu quarto salto no dia. Pousou errado e acabou quebrando feio a perna. O mesmo risco iminente de amputar existia, mas passou por diversos processos cirúrgicos e conseguiu recuperar parcialmente todos os movimentos.

Ao longo dos meses parado em uma cama de hospital, escreveu o projeto que idealizou o Gestão 4.0, hoje G4 Educação.

#4 - O futuro da educação no Brasil

Um total de 69% dos graduados no ensino superior estão empregados após até um ano da colação de grau. A taxa de empregabilidade é a mesma para os recém-formados, independente da modalidade do curso. Os dados são do Índice da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes)/ Symplicity de Empregabilidade 2022.

Por outro lado, segundo o estudo “Americans’ Most Trusted Universities, and the Need to Bridge Gaps in Public Trust”, elaborado pela Morning Consult, cerca de 35% dos membros da Geração Z que compunham a amostragem de pesquisa, ​​disseram que tendem a não confiar no ensino superior.

A contrapartida é de 41%, que disseram tender a confiar nas universidades. Essa balança começa a equilibrar, principalmente quando olhamos o fato de que entre os quatro grupos de geração pesquisados (Geração Z, Millennials, Geração X e Baby Boomers), aqueles na faixa etária entre 18 e 25 anos são, de fato, os menos propensos a confiar no ensino superior.

A Geração Z, que já possui uma fornada sendo formada, será a liderança do futuro e cada vez mais ocupará cargos administrativos. 

Quais serão as competências exigidas em processos de contratação, por exemplo? Em qual formato? Continuaremos a respeitar a credibilidade das instituições superiores, ou enxergamos uma tendência com os dados apresentados por essas novas gerações, hiperconectada, multiplataforma, on-demand?

Daniel Borghi é o convidado do novo episódio do podcast “Papo de Gestão”, do G4 Educação.
Daniel Borghi durante gravação do podcast Papo de Gestão, do G4 Educação (Crédito: G4 Educação)

Uma coisa não tem como fugir: cada um aprende de um jeito diferente. O ideal seria que você pudesse montar um currículo que atestasse suas valências de jeitos diferentes. Uma visão de longo prazo, quase que holística.

“Essas tendências são evolucionárias, não revolucionárias.”

Entretanto, Borghi acredita na evolução, não na revolução. Enxerga evolução em coisas já muito palpáveis, tal qual a praticidade dos cursos. Usa como exemplo a baixa vazão dos cursos de medicina, que ensina a ser médico, na prática. 

Ao longo de toda sua jornada pela graduação, você já tem todos os instrumentos que serão utilizados na rotina de trabalho. Uma evolução natural é o ensino superior desenvolver currículos mais práticos e alinhados ao mercado de trabalho. Isso já bate na nossa porta.

Se você gostou desta seção, você pode se interessar nesse conteúdo: O que é edtech? Entenda a revolução da educação

#5 - Um IPO é realmente necessário para grandes empresas?

“Cada um tem sua bússola e vai entender se um IPO é realmente importante. Passando pelo ‘Vale da Morte’, qual é o seu próximo passo? Se você é um lifestyle entrepreneur, cujos objetivos atingidos os satisfazem, talvez não seja o movimento mais assertivo. Agora, se você quer mais, atingir novos mercados, perenizar sua empresa, essa é uma maneira de fazer isso”.

O IPO é o começo de uma nova fase, não o final. Como Borghi disse, se você é um lifestyle entrepreneur, talvez voltar a apertar o botão start não seja o caminho mais acessível para sua sanidade e para a saúde do seu negócio. Até porque é um processo extremamente burocrático e custoso.

Agora, se você quer mais, existem algumas boas vantagens que a estratégia traz. O primeiro é o acesso aos recursos dos acionistas. Com o dinheiro envolvido ao abrir o capital, empresas vislumbram novos caminhos e novas alavancas de crescimento para penetrar em diferentes mercados e perenizar suas marcas.

Logo, um IPO é um objetivo. Assim como ter um imóvel é um objetivo. Você pode ter ele traçado ou não. A matemática da educação financeira muitas vezes diz que é mais proveitoso colocar seu dinheiro em investimento do que em financiamento de imóvel. Você vive de aluguel, mas seu dinheiro trabalha o dobro para você. 

É possível, só uma questão de escolha. Tem gente que prefere viver de rendimentos e pagando um aluguel razoável e tem gente que prefere ter seu próprio teto. Terão empreendedores cujo objetivo se alinham com uma estratégia de abrir o capital, terão outros que não. O importante é analisar o contexto e por em uma balança.

A jornada daqueles que almejam o sucesso é feita de aprendizado perene e resiliência

Daniel Borghi aprendeu nas instituições de ensino e aprendeu com a vida. O imperativo que o acompanhou: ouvir antes de agir. Um eterno aprendiz, que nos ensina com toda a sabedoria de um professor. A jornada daqueles que almejam o sucesso é feita de aprendizado perene e muita resiliência.

Nem a vida quebrando suas pernas, literalmente, o fez parar. Com curiosidade, tudo se torna um processo para descobrir como se superar.

Papo de Gestão, podcast do G4 Educação, é objetivo em trazer o intercâmbio de ideias cara a cara entre dois gestores de alto calibre. Tallis Gomes recebeu neste episódio Daniel Borghi, sócio, co-CEO e membro do Comitê Executivo da Crescera Capital, plataforma de Private Equity que atua com forte presença nos setores de tecnologia e educação.

Você pode complementar sua leitura assistindo ao episódio do videocast:

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