O que é Transformação Digital? Definição, impactos e exemplos
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O que é Transformação Digital? Definição, impactos e exemplos

O que é Transformação Digital? Definição, impactos e exemplos

Por:
Lucas Bicudo
Publicado em:
11/11/2022

Aprenda o que é transformação digital, sua importância, como aplicar e exemplos práticos em grandes empresas.

"Somando os membros do C-level das 1.984 das empresas estudadas no mundo, descobrimos que só 17% são digitalmente hábeis."
Artigo: “A cúpula das empresas não tem inteligência digital suficiente” MIT Sloan Review Brasil – Edição 8

Conforme a função C-level, o efeito do conhecimento digital sobre o desempenho é maior ou menor. A margem líquida e a receita sobem à medida que a porcentagem do conhecimento digital aumenta.

Para cada 10% de aumento na inteligência digital das equipes C-level, há um aumento de 0,4 pontos percentuais (pp) na lucratividade e um aumento de 0,7 pp no crescimento da receita, em comparação com a média do setor.

As empresas com executivos digitalmente experientes nas cinco funções: CEO, finanças, marketing, comunicação corporativa, relações com investidores, compliance jurídico, têm vínculo estatístico mais forte com o alto desempenho.

Ou seja, as empresas com melhor performance têm o dobro da probabilidade de ter um CEO  com inteligência digital.

A transformação digital é um termo genérico para descrever a implementação de novas tecnologias, talentos e processos para melhorar as operações de negócios e entregar mais valor aos clientes, e, portanto, é essencial para todas as empresas, sejam de pequeno, médio ou grande porte.

Essa mensagem se torna ainda mais clara quando se observa palestras, painéis de discussão, artigos e estudos sobre como as empresas conseguirão permanecer competitivas e relevantes à medida que o mundo se torna cada vez mais digital, algo que se tornou ainda mais importante depois da pandemia de Covid-19.

“Vimos a crise de Covid remodelar rapidamente o ‘quê’ e o ‘como’ das agendas de transformação digital das empresas.”
Melissa Swift, líder da consultoria digital da Korn Ferry para a América do Norte e Contas Globais

É importante ressaltar que as empresas de hoje estão em lugares diferentes no caminho para a transformação digital. Afinal, uma das questões mais difíceis para tal adaptação é saber como superar as barreiras iniciais entre a visão e a execução.

Muitos responsáveis pela tecnologia de informação (CIOs – Chief Information Officers) em empresas pensam que estão muito atrás de seus concorrentes na transformação, quando esse não é o caso.

Isso demonstra o quanto ainda não está claro para muitos líderes de negócios o que significa a transformação digital e muitas questões relevantes ainda persistem, tais como:

  • É só mais um termo popular ou realmente vale a pena?
  • Quais são as etapas específicas que precisamos realizar?
  • Precisamos projetar novos empregos e modificar funções para nos ajudar a criar uma estrutura para a transformação digital?
  • Que partes de nossa estratégia de negócios precisam mudar?

Para sanar essas dúvidas, continue lendo esse artigo que contém detalhes sobre o que é transformação digital, esclarece as questões levantadas, juntamente com exemplos, dicas e cases que auxiliarão na aplicação de sucesso em sua empresa.

O que é transformação digital?

Uma vez que a transformação digital será diferente para cada empresa, pode ser difícil localizar uma definição que se aplique a todas as realidades.

No entanto, em termos gerais, define-se a transformação digital (Digital Transformation ou DX) como a integração da tecnologia digital em todas as áreas de um negócio, resultando em mudanças fundamentais em como as empresas operam e como entregam valor aos clientes.

Além disso, é uma mudança cultural que exige que as organizações desafiem continuamente o status quo, experimentem com frequência e se sintam confortáveis ​​quando houver o fracasso.

Isso às vezes significa abandonar os processos de negócios antigos e consolidados sobre os quais as empresas foram construídas, em favor de práticas relativamente novas, que ainda estão sendo definidas.

O que é transformação digital para a Monsanto

Líderes pensam no que a transformação digital significará, na prática, para sua empresa e em como articular isso.

“Digital é uma palavra carregada que significa muitas coisas para muitas pessoas.”
Jim Swanson, CIO da Johnson & Johnson

“Ao discutir a transformação digital, desvende o que ela significa”, aconselha Swanson, que liderou a transformação digital na Bayer Crop Science (e anteriormente atuou como CIO da Monsanto) antes de ingressar na Johnson & Johnson no início de 2020.

Na Monsanto, Swanson discutiu a transformação digital em termos de centralização no cliente.

“Falamos sobre automação de operações, sobre pessoas e sobre novos modelos de negócios. […] Envolvidos nesses tópicos estão a análise de dados, tecnologias e software, todos os quais são facilitadores, não impulsionadores. […] No centro de tudo está a liderança e a cultura”, complementa.

“Você poderia ter todas essas coisas – a visão do cliente, os produtos e serviços, dados e tecnologias realmente interessantes, mas se a liderança e a cultura não forem o coração, ela falha. Entender o que a transformação digital significa para o seu negócio, seja uma instituição financeira, agrícola, farmacêutica ou de varejo, é essencial.”

Jim Swanson, CIO da Johnson & Johnson

Essa diversidade também pode ser vista nas palavras de Melissa Swift, líder da consultoria digital da Korn Ferry para a América do Norte e Contas Globais: “Diga ‘digital’ para uma pessoa e ela pensa na redução do uso de papel; outra pode pensar em análise de dados e inteligência artificial; outra pode imaginar equipes mais ágeis; e ainda outra pode pensar em escritórios de plano aberto.”

Os líderes precisam estar totalmente cientes dessa realidade enquanto estruturam as conversas em torno da transformação digital.

Por que investir em Transformação Digital?

Toda empresa pode aplicar a transformação digital por vários motivos. Mas, de longe, o mais provável é que eles precisam dela: é uma questão de sobrevivência.

De acordo com dados da SiriusDecisions, 67% da jornada do comprador agora é feita digitalmente. A informação foi endossada pela Forrester no antigo mencionado – curiosamente, a SiriusDecisions foi adquirida pela Forrester em 2018.

No meio do cenário da pandemia, a capacidade de uma organização de se adaptar rapidamente às interrupções da cadeia de suprimentos, às pressões do mercado e às mudanças rápidas nas expectativas dos clientes tornou-se crítica.

Ao mesmo tempo, as prioridades de gastos e crescimento de receitas advindas de novos negócios refletem essa realidade.

De acordo com a IDC (International Data Corporation), os gastos globais com tecnologias e serviços de transformação digital devem avançar a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 15,5% de 2020 a 2023, valor estimado a atingir exorbitantes US$ 6,8 trilhões.

Outros números também chamam a atenção. De acordo com a pesquisa “Keeping Score: Why Digital Transformation Matters”, patrocinada pela CA Technologies e pela Coleman Parkes Research, a transformação digital tem impulsionado, em média, 37% do crescimento de receita advinda de novos negócios.

Além disso, 76% das empresas informaram ter melhorado a capacidade de atingir seus clientes por meios digitais e 69% relataram melhoria na diferenciação competitiva.

Construção da Transformação Digital: exemplos e elementos essenciais

Um elemento importante da transformação digital é, obviamente, a tecnologia. Mas frequentemente, trata-se mais de descartar processos desatualizados e tecnologias de herança do que adotar novas tecnologias. É também permitir a inovação.

Como a tecnologia desempenha um papel fundamental na capacidade de uma organização de evoluir com o mercado e aumentar continuamente o valor para os clientes, os CIOs desempenham um papel crítico na transformação digital.

Embora a transformação digital varie amplamente com base nos desafios e demandas específicas da organização, existem algumas constantes e temas comuns entre os estudos de caso existentes e estruturas publicadas que todos os líderes de negócios e tecnologia devem considerar ao embarcar na transformação digital.

Os seguintes elementos de transformação digital são frequentemente citados:

  • Experiência do cliente;
  • Agilidade operacional;
  • Cultura e liderança;
  • Capacitação da força de trabalho;
  • Integração de tecnologia digital nos modelos de negócio.

Embora cada guia tenha suas próprias recomendações e várias etapas ou considerações, os CIOs devem procurar esses importantes temas compartilhados ao desenvolver sua própria estratégia de transformação digital.

1. Experiência do cliente e perfil consumidor: partes cruciais da transformação digital

Melhorar a experiência do cliente se tornou uma meta crucial e, portanto, uma parte crucial da transformação digital. Dion Hinchcliffe, VP e analista principal da Constellation Research, considera a ótima experiência do cliente “o fator discriminatório mais importante para o desempenho de um negócio”.

Isso é endossado pela pesquisa “Experience is everything: Here’s how to get it right”, da PwC. De acordo com ela, 89% dos consumidores brasileiros consideram que a experiência do cliente é importante no momento de tomar uma decisão de compra.

Inclusive, cabe destacar que o Brasil foi o país cujos respondentes deram maior importância à experiência do cliente, à frente de México (88%), China (87%), Colômbia (84%), Argentina (77%), Singapura (76%) e Estados Unidos (75%), por exemplo.

Para agregar na melhoria da experiência do cliente, entender e analisar as mudanças do perfil consumidor no cenário da pandemia é crucial.

Rodney Zemmel, líder global da McKinsey Digital, diz que no lado do consumidor, “o digital está se acelerando em quase todas as categorias”.

Um fator importante a ser observado será o grau em que a mudança forçada dará lugar a algo natural, após a ênfase de hoje nessa transformação. Por exemplo, de acordo com a McKinsey & Company, ¾ dos americanos mudaram seus comportamentos de compra desde a pandemia de COVID-19.

Dados da McKinsey mostram que a mudança acelerada em direção ao streaming e ao fitness online provavelmente continuará permanentemente, diz Zemmel.

Mas as maiores mudanças foram em torno da comida. Tanto cozinhar em casa quanto fazer compras de mercado online (categoria esta que geralmente tem resistência a ser movida para a Internet), provavelmente permanecerão mais populares entre os consumidores do que no passado.

Isso mostra, portanto, que se adaptar rapidamente não é mais opcional, e sim obrigatório.

2 – Cultura, liderança e mudanças na função do CIO: qual o papel na transformação digital?

Idealmente liderada pelo CEO (Chief Executive Officer) em parceria com CIO, CHRO (Chief Human Resources Officer) e outros líderes seniores, a transformação digital requer colaboração de todos para implementação e adaptação às enormes mudanças que acompanham a transformação digital.

Por isso, a transformação digital é uma questão de pessoas e cultura da empresa.

Nos últimos anos, a função de TI mudou fundamentalmente. Em vez de focar na economia de custos, o setor de TI se tornou o principal impulsionador da inovação nos negócios, mas abraçar essa mudança exige que todos na empresa repensem a função e o impacto da TI em sua experiência diária.

De acordo com a pesquisa “CIO Survey 2018”, feita pela Harvey Nash e pela KPMG com mais de 3.900 CIOs, a principal prioridade operacional do CIO é melhorar o processo de negócios, seguida de entregar uma TI estável e de melhorar a eficiência operacional.

Porém, entre os CIOs em “líderes digitais”, empresas identificadas como de alto desempenho, a principal prioridade operacional do CIO é desenvolver novos produtos inovadores, seguida de entregar uma TI estável e de melhorar a experiência do cliente.

Os líderes de TI trabalham em equipes multifuncionais mais do que nunca. As iniciativas de transformação digital geralmente remodelam grupos de trabalho, cargos e processos consolidados de longa data.

Quando as pessoas temem seu valor e talvez seus empregos estejam em risco, os líderes de TI sentirão a resistência. Assim, as habilidades pessoais de liderança – que se revelam bastante difíceis – tornam-se muito procuradas.

“Quando sua empatia é genuína, você começa a construir confiança. […] Se você não tem uma organização que apoia e está totalmente integrada aos esforços de transformação, é impossível ter sucesso. Você precisa ter líderes que saibam o que é ‘bom’ e que estejam motivados para ajudar a organização a entender por que você está fazendo o que você está fazendo.”
Sven Gerjets, Executive Vice President (EVP) e Chief Technology Officer (CTO) da Mattel

Como fazer a transformação digital nas empresas?

Se tudo isso te motivou a aplicar a transformação digital em sua empresa, tendo em vista todos os potenciais benefícios que tal escolha pode proporcionar, os seguintes passos podem ajudar a tangibilizar esta mudança.

1. Alinhe objetivos com metas de negócios

Responda à pergunta: Quais resultados de negócios você deseja alcançar para os clientes?

Stacey Goodman, CIO da seguradora Prudential Financial, diz que cabe aos líderes de TI saber o problema que a empresa está tentando resolver e alinhar suas metas com o resultado que a empresa se esforça para alcançar.

“As empresas de onde venho e que tiveram um bom desempenho estavam todas alinhadas com o resultado do negócio”, diz ela. Use o mapa da jornada do cliente como um guia.

2. TI e negócios devem co-criar

Tradicionalmente, os departamentos de TI eram chamados para consertar serviços interrompidos, diz Julie Averill, CIO da varejista Lululemon. Hoje, a TI deve trabalhar como co-criadora com a empresa para resolver problemas e agregar valor aos clientes.

3. Escolha parceiros estratégicos

Quer se trate de uma consultoria 5 estrelas, um integrador de sistema ou uma boutique, os líderes de TI precisam de ajuda para cumprir os imperativos digitais para reduzir o tempo para o valor do negócio. Aposte naqueles com histórico comprovado, cujos valores se alinham mais de perto com os seus.

4. Redesenhe negócios e produtos em torno dos resultados do cliente

Isso pode incluir o uso de software em nuvem para acelerar a mudança e abraçar a inteligência artificial para aumentar a eficiência operacional e oferecer exatamente o que o cliente espera.

As empresas de serviços bancários, por exemplo, estão mudando a forma como entregam as melhores soluções aos seus consumidores, recorrendo aos canais digitais que hoje são tão utilizados para aumentar a praticidade e a eficiência no atendimento.

Ao colocar os resultados como foco desde a elaboração de um produto ou serviço, as iniciativas tendem a ser muito mais bem-sucedidas.

5. Retreine os funcionários no mundo digital

Empresas que buscam alinhar seus imperativos digitais com as preferências do cliente devem garantir que seus funcionários estejam na mesma página.

Firmas de serviços financeiros, como TransUnion e TIAA, estão requalificando a equipe em nuvem, DevOps, CI / CD e outras tecnologias e práticas modernas para se fortalecer para o futuro.

Como este é um mundo ainda novo para muitas pessoas, o ideal é que a equipe seja bem preparada para saber como lidar com ele e, assim, desfrutar ao máximo do que a transformação digital pode oferecer.

Quais os fatores essenciais para a transformação digital?

Mesmo com tantas informações, ainda pode parecer um pouco nebulosa a estrada que leva ao sucesso quando falamos em DX. Por isso, baseado em dados e informações do Boston Consulting Group (BCG), vamos conferir o que mais importa nessa conquista.

O próprio BCG informa que, baseado em 895 transformações, apenas 30% atingiram ou superaram o valor esperado e resultaram em uma mudança sustentável; contra 44% que atingiram alguma mudança, mas não a longo prazo; e 26% criaram um valor limitado, sem mudanças sustentáveis.

Portanto, podemos destacar seis fatores essenciais, que são os seguintes:

Uma estratégia integrada e com metas claras de transformação. A estratégia descreve o “porquê”, o “que” e o “como”, os quais estão atrelados a resultados de negócios específicos e indicadores de desempenho mensuráveis.

Compromisso de liderança do CEO através da gerência intermediária. A empresa deve ter um alto alinhamento e engajamento em sua liderança, incluindo a propriedade e a responsabilidade da gerência intermediária.

Talentos de alto calibre. A gestão deve identificar e liberar os recursos humanos mais capazes para tornar o programa de transformação em realidade, o que está alinhado com a ideia da gestão estratégica de pessoas.

Uma governança com mindset ágil que permite uma adoção mais ampla. Os líderes devem estar aptos a se adaptar rapidamente e, além disso, levar este comportamento a toda a empresa. Ele precisa lidar com desafios individuais sem perder a visão das metas gerais como um todo.

Monitoramento efetivo do progresso em direção às metas definidas. A empresa deve estabelecer métricas claras e alvos ao redor dos processos e suas metas, com dados disponíveis imediatamente e de qualidade comprovada.

Tecnologia modular liderada pelos negócios e plataforma de dados. A empresa deve colocar em prática uma arquitetura tecnológica moderna e adequada para o que precisa, totalmente guiada pelas necessidades de negócios. Assim, ela terá um desempenho seguro e escalável, conseguirá realizar mudanças rápidas e terá um ecossistema totalmente integrado.

A importância de seguir esses passos fica ainda mais clara ao perceber que quanto mais deles são seguidos, maior é a probabilidade de ser bem-sucedido na transformação digital. Confira o percentual de sucesso:

  • Nenhum fator: 0%
  • 1 fator: 4% (+ 4%)
  • 2 fatores: 15% (+ 11%)
  • 3 fatores: 19% (+ 4%)
  • 4 fatores: 42% (+ 23%)
  • 5 fatores: 60% (+ 18%)
  • 6 fatores: 81% (+ 21%)

Portanto, estatisticamente, fica claro que esses fatores podem fazer toda a diferença para atingir a tão desejada transformação digital.

A escassez do profissional da tecnologia

O Brasil está entre os países com maior gap em relação aos profissionais de TI. Tendo muita perda de profissionais para o mercado internacional, muitos são atraídos pelo aumento salarial e pela dinâmica do trabalho remoto.

Depois da pandemia, muitas empresas viram o quanto é possível manter os funcionários em modelo home office ou em jornada híbrida e a adoção de jornadas híbridas ou integrais de home office pode fazer com que uma vaga se torne ainda mais atrativa para os profissionais de TI.

Outro desafio é a contratação de mulheres na área. Uma lamentável constatação feita no Fórum Econômico Mundial, em 2019, mostrou que a desigualdade de gênero no trabalho só acabará daqui a 257 anos. Quando vamos para o setor de tecnologia, esses números ainda tem outros complicadores, uma pesquisa realizada pela Yoctoo, consultoria de recrutamento especializada na seleção de profissionais de TI, mostrou que 82,8% das mulheres que trabalham no setor de tecnologia já sofreram algum tipo de preconceito, outras 42% das participantes afirmam que o maior desafio é ter de provar a todo o tempo que são competentes tecnicamente. Por outro lado, 71% das entrevistadas acreditam que os ambientes corporativos estão amadurecendo e se transformando para tornar a área de tecnologia mais inclusiva para as mulheres.

Além disso, a equiparação salarial é outro fator importante para as profissionais, segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, em 2019, o salário médio dos homens que trabalhavam em profissões relacionadas aos serviços de tecnologia da informação era de R$ 6.256,52, enquanto das mulheres esse valor era R$4.519,87. Dessa maneira, além de contratar mulheres para ocupar essas posições, é preciso garantir que a média salarial delas seja a mesma que a dos homens.

Além de todas essas nuances expostas, é preciso lembrar que com a escassez de profissionais qualificados, o desafio de fazer com que esses talentos estejam na sua empresa torna-se ainda mais complexo. Por esse motivo, a alocação de squads externos de desenvolvimento ágil tem sido uma opção para as organizações. A maneira de trabalho dos squads, num modelo de People-as-a-Service, facilita a integração dos times, o aprendizado, a agilidade e a produtividade.

Empresas como a Spotify, Google, Quinto Andar e Magazine Luiza já adotaram essa metodologia. Outra oportunidade para agregar expertises para além da própria empresa é adotar o open innovation, a inovação aberta faz com que as organizações se abram para outras empresas, universidades, consumidores, governo e outros organismos, assim, com o intercâmbio de conhecimentos e conexões, desenvolve-se iniciativas inovadoras de maneira colaborativa.

Com todas essas constatações, torna-se cada vez mais importante que as empresas estejam atentas a todas as etapas que atravessam a contratação de profissionais de tecnologia. É preciso desenvolver tech recruiters, é necessário progredir na construção de escopo de vagas, e acima de tudo, é preciso evoluir em mentalidade e cultura organizacional, abrindo-se para as inovações do setor e em gestão de pessoas. Dessa maneira, juntos, será possível desenvolver um mercado de tecnologia cada vez mais democrático reduzindo o gap de profissionais nesse setor.

Exemplos de transformação digital aplicados em grandes empresas

A transformação digital é um empreendimento gigantesco, especialmente para empresas maiores e estabelecidas. Quando feito da maneira certa, ele produzirá um negócio mais alinhado com as demandas dos clientes e resiliente no futuro digital em rápida evolução.

À medida que as empresas formulam sua própria estratégia de transformação digital, há muito o que aprender com os CIOs e líderes de TI que já começaram suas jornadas.

Varejistas como Walmart e Bed Bath & Beyond, por exemplo, mudaram as operações da loja com opções de entrega sem contato para ajudar os consumidores a obterem seus produtos com segurança.

Abaixo, selecionamos 4 grandes exemplos de transformações digitais em empresas que merecem destaque:

1. Case de Transformação Digital do Magazine Luiza: Omnichannel no varejo

O Magazine Luiza é um dos exemplos de transformação digital mais famosos no Brasil graças à adoção da estratégia omnichannel, modelo de atendimento unificado entre diferentes canais de comunicação com foco na melhoria da experiência do cliente.

Com iniciativas e fortes investimentos em tecnologia no e-commerce e na otimização da experiência de compra dos clientes também nas lojas físicas, os resultados foram excelentes. De acordo com a Forbes, as vendas cresceram 241% no digital e 51% no presencial de 2015 a 2018.

2. Case de Transformação Digital do Taco Bell: Geomarketing em rede de fast-food

A rede de fast-food norte-americana Taco Bell adotou a estratégia de investimento em geomarketing com a utilização de geolocalização para otimizar a experiência de seus clientes, com a entrega de seus pedidos assim que entram na loja, em um sistema que foi chamado de “Taco Bell Go Mobile”.

Basicamente, a ideia funciona por um aplicativo em que o cliente realiza o seu pedido. Então, com base em sua geolocalização, ele transmite à cozinha do fast-food o momento em que está se aproximando do restaurante para que recebam o pedido ainda quente assim que entram no estabelecimento.

Os planos foram tão bem-sucedidos que, de acordo com a CNN Business, a rede tinha planos de ter pelo menos 30 lojas “Go Mobile” nos Estados Unidos até o final de 2021.

3. Case de Transformação Digital da General Eletrics (GE): impressão 3D aplicada aos processos de fabricação

A General Eletrics, já consagrada como uma das empresas mais tradicionais do mundo, se tornou um destaque na aplicação da transformação digital aos processos de fabricação.

A utilização do sistema de impressão 3D para o motor Advanced Turboprop (ATP) permitiu que os designers reduzissem o número de peças separadas de 855 para apenas 12, redução de 98,6% no número de componentes.

Além disso, o resultado foi que mais de ⅓ do motor (35%, mais precisamente) é oriundo da impressão 3D, o que é um grande marco, já que permite um ganho enorme de eficiência e produtividade.

Não podemos deixar de destacar o ganho operacional das aeronaves. Afinal, o motor é 5% mais leve que o anterior, o que significa que os aviões precisarão de menos combustível para atingir a mesma velocidade.

Mudanças de design também permitirão que o ATP queime 20% menos combustível e atinja 10% mais potência que os concorrentes.

4. Case de transformação digital da Timberland: tecnologia de proximidade aplicada a lojas físicas

A loja de roupas e acessórios Timberland adotou a estratégia de investimento em tecnologia de proximidade, promovendo uma experiência interativa a seus clientes, com a troca de informações entre dispositivos via Wi-Fi em sua loja na Herald Square, Nova York.

Os produtos da loja contam com uma tag que, quando um dos três tablets disponíveis no estabelecimento se aproximam delas, mostram informações sobre aquele produto, de maneira similar ao que acontece na página de um produto em lojas virtuais.

Se os compradores quiserem, podem adicionar os itens a uma “coleção” pessoal no tablet, fazer anotações e salvar os itens escolhidos, que serão enviados para seus próprios e-mails.

De acordo com Brian Prezgay, Head de estratégias globais da CloudTags, empresa responsável pela tecnologia das tags, enquanto a maioria dos apps de varejo não oferecem o suficiente para manter a atenção dos clientes, a experiência in-store pode fazer com que mais pessoas baixem o app da Timberland.

Livros de transformação digital: recomendações para aprofundar seu conhecimento

Como forma de aprofundar os seus conhecimentos em transformação digital, deixamos de recomendação dois livros como referência:

Organizações exponenciais: Por que elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que a sua (e o que fazer a respeito)

Autores: Salim Ismail, Michael S. Malone, Yuri van Geest

Título original: Exponential Organizations: Why new organizations are ten times better, faster, and cheaper than yours (and what to do about it)

Data da primeira publicação: 2014

Este livro elucida como o pensamento linear tem sido superado pelo pensamento exponencial, com foco no ambiente empresarial, conseguindo atingir impacto 10 vezes maior do que empresas tradicionais.

Waze, Tesla, Airbnb, Uber, Xiaomi, Netflix, Valve e GV são algumas das empresas pesquisadas para definição dos padrões das empresas exponenciais, trazendo tendências e tecnologias essenciais para a transformação digital.

Com a aplicação dos conhecimentos ensinados no livro, o seu negócio tem chance de atingir um rápido crescimento, de forma que também é abordado sobre a construção de um negócio escalável, que possibilita administrar a equipe e estrutura de custos advindas do crescimento exponencial.

Transformação Digital: repensando o seu negócio para a era digital

Autor: David L. Rogers

Título original: The Digital Transformation Playbook: Rethink Your Business for the Digital Age

Data da primeira publicação: 2016

A leitura deste livro proporcionará esclarecimentos sobre como adaptar o seu negócio na era digital, diante de tantos desafios e mudanças ocorridas nos últimos anos.

O livro discute a migração do mundo analógico para o digital, com as profundas transformações digitais ocorridas entre a comunicação interpessoal, com as redes sociais, comércio online e marketing digital.

Segundo o autor, o cerne da transformação digital é uma questão de estratégia e não de tecnologia.

Transformação digital: uma obrigação para quem deseja se manter relevante e competitivo

Neste artigo, vimos o que é transformação digital e como ela é indispensável para organizações que desejam crescer e se consolidar no mercado atual.

Com tantos cases, fica claro que o processo de transformação digital surge, principalmente, com a evolução de pequenas inovações com foco nas transformações de mercado e na melhoria da experiência do cliente.

Pode ser que alguns líderes pensem que o termo “transformação digital”, de tão amplamente usado, até perdeu seu poder. Porém, isso não reflete a realidade.

As diretrizes de negócio por trás dele, que instigam a repensar antigos modelos operacionais, experimentar mais, se tornar mais ágil diante das novas necessidades, expectativas dos clientes e ações dos concorrentes, continuarão a existir e a ser o ponto principal de sobrevivência e diferencial dos negócios.

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