O que é Gestão 4.0: a nova forma de fazer gestão
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O que é Gestão 4.0: a nova forma de fazer gestão

O que é Gestão 4.0: a nova forma de fazer gestão

Por:
G4 Educação
Publicado em:
10/11/2021

Tempo estimado de leitura:  16 minutos

Conceito de Gestão Quatro Ponto Zero derivou da transformação digital e da digitalização do mundo, possibilitando tomadas de decisão data-driven e a criação de negócios cada vez mais centrados nos consumidores.

Conforme passam os dias, o mundo torna-se cada vez mais digital. De acordo com o Internet World Stats, em 31 de março de 2021, 65,6% da população mundial estava conectada à internet – crescimento de 1.331,9% em comparação com 2021. Neste cenário, saber o que é Gestão 4.0 é essencial para todo gestor.

Em um primeiro momento, pode parecer que os assuntos não se relacionam diretamente. Porém, na prática, a digitalização do mundo trouxe uma série de mudanças, da forma que trabalhamos à maneira que fazemos compras – e, como não poderia deixar de ser, à forma de fazer gestão.

Com tanta tecnologia a nosso alcance, o volume de dados gerados é muito grande, os quais, por sua vez, se transformam em informações relevantes, capazes de ajudar os gestores a tomarem decisões mais assertivas e fundamentadas e, portanto, com maior probabilidade de apresentarem bons resultados.

Isso já é comprovado estatisticamente. De acordo com a PwC, empresas guiadas por dados têm 3 vezes mais chances de relatar melhorias significativas em relação à inovação, crescimento e vantagem competitiva que suas concorrentes que não adotam a mesma conduta – todos critérios de grande peso.

Portanto, saber – e além disso aplicar – o que é Gestão 4.0 pode ser um diferencial e tanto para o futuro do seu negócio, e não há dúvidas de que quem começar antes enfrentará um cenário muito menos concorrido para algo que tende a ser o padrão nos próximos anos.

O que é Gestão 4.0?

A Gestão 4.0 é uma maneira de fazer gestão que recorre à tecnologia e aos dados para ajudar na tomada de decisões dentro de uma empresa, sejam elas voltadas às equipes de Vendas, Marketing, Gente & Cultura, Customer Success, Customer Experience e afins, o que diminui significativamente as chances de erros.

Para entender melhor o que significa Gestão 4.0, precisamos olhar para outro segmento que foi fortemente impactado pelo surgimento de novas tecnologias e, inclusive, recebeu a mesma terminologia: as indústrias.

Mesmo que sua empresa não atue neste segmento ou que você não seja um dos maiores conhecedores do assunto, é bem provável que já tenha se deparado com termos como “Indústria 4.0” ou “4ª Revolução Industrial”

O termo “Indústria 4.0” foi utilizado pela primeira vez no ano de 2011, na Feira de Hannover, quando foi referido como “Industrie 4.0”. Tal iniciativa tinha como propósito fazer com que a Alemanha fosse mais competitiva na indústria de produção.

O governo alemão, então, adotou tal ideia no plano de estratégias de desenvolvimento tecnológico para o ano de 2020. Porém, como era de se esperar, o conceito não ficou restrito apenas à Alemanha e ganhou o mundo, dado todo seu imenso potencial.

Ora, se o termo referido é Indústria 4.0, então é de se esperar que tenham havido outros três marcos importantes no segmento industrial, e foi justamente isso que aconteceu. Cada nova terminologia representou uma mudança significativa nas tecnologias e recursos disponíveis às indústrias em diferentes épocas:

  • 1ª Revolução Industrial (século XVIII, ~ 1765): mecanização, introdução da máquina a vapor e do carvão.
  • 2ª Revolução Industrial (século XIX, ~ 1870): produção em massa, linha de montagem com base em eletricidade e petróleo.
  • 3ª Revolução Industrial (século XX, ~ 1969): automação industrial utilizando computadores, eletrônicos e TI.
  • 4ª Revolução Industrial (século XXI, ~ 2011): sistema cibernético, produção inteligente, redes, inteligência artificial e internet das coisas.

Quanto à relação entre Indústria 4.0 e Gestão 4.0, uma boa citação vem do livro “Gestão 4.0 em Tempos de Disrupção”, disponibilizado gratuitamente pela Editora Blucher, com organização de Solimar Garcia e outros 10 autores envolvidos. Ela diz o seguinte:

“Diante da Quarta Revolução Industrial, e no mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo que decorre da adoção de tecnologias digitais diversas, a gestão passa a ser fator crucial no sucesso do negócio – talvez até mais do que o produto ou serviço oferecidos.”

Em outras palavras, com tantas tecnologias digitais disponíveis, especialmente em um mundo VUCA (Volatile, Uncertain, Complex and Ambiguous), é essencial ter uma gestão que consiga convergir tudo isso em prol do sucesso das empresas.

Uso inseparável da tecnologia

A transformação digital (TD) ganha mais força a cada dia que passa. De acordo com o portal Statista, o investimento em tecnologias e serviços de TD está em franca ascensão, com cifras que devem se manter altas por um bom tempo.

Com valores consolidados de 2017 a 2020 e previsões de 2020 a 2024, os investimentos em TD apontados foram os seguintes, seguidos pela variação percentual em relação ao último período:

  • 2017: US$ 960 bilhões
  • 2018: US$ 1 trilhão (+ 4,16%)
  • 2019: US$ 1,18 trilhão (+ 18%)
  • 2020: US$ 1,31 trilhão (+ 11,02%)
  • 2022: US$ 1,78 trilhão (+ 35,88%)
  • 2023: US$ 2,3 trilhões (+ 29,21%)
  • 2024: US$ 2,39 trilhões (+ 3,9%)
Gráfico do Statista mostrando o investimento global em transformação digital de 2017 a 2024

Esses investimentos vultuosos em tecnologia também podem ser considerados como reflexo de mais empresas adotando práticas relacionadas à Gestão 4.0, que depende fundamentalmente da tecnologia para que consiga trazer os resultados esperados, como também veremos mais adiante.

Processos data-driven

A cada dia que passa, mais dados são gerados. Dada a transformação digital, o mundo VUCA e todo este contexto já mencionado, era de se esperar que isso ocorresse. Porém, quando analisamos esses dados em um gráfico, o crescimento se mostra ainda mais intenso.

Também de acordo com o portal Statista, que recorreu a dados consolidados e estimativas em relação ao volume de dados criados, capturados, copiados e consumidos globalmente de 2010 a 2025, vemos que o crescimento não é linear, mas sim exponencial.

Gráfico do Statista mostrando o volume de dados criados, capturados, copiados e consumidos globalmente de 2010 a 2025

Ao compararmos o volume em zettabytes (1 ZB equivale a 1 bilhão de TB) ano a ano, a evolução se dá da seguinte forma:

  • 2010: 2 ZB
  • 2011: 5 ZB (+ 150%)
  • 2012: 6,5 ZB (+ 30%)
  • 2013: 9 ZB (+ 38,47%)
  • 2014: 12,5 ZB (+ 38,9%)
  • 2015: 15,5 ZB (+ 24%)
  • 2016: 18 ZB (+ 16,13%)
  • 2017: 26 ZB (+ 44,4%)
  • 2018: 33 ZB (+ 26,92%)
  • 2019: 41 ZB (+ 24,2%)
  • 2020: 64,2 ZB (+ 56,59%)
  • 2021: 79 ZB (+ 23,05%)
  • 2022: 97 ZB (+ 22,79%)
  • 2023: 120 ZB (+ 23,71%)
  • 2024: 147 ZB (+ 22,5%)
  • 2025: 181 ZB (+ 23,13%)

Em outras palavras, em 2021, o volume de dados é 338,89% maior do que tínhamos em 2016 e 1480% maior do que havia em 2011, o que praticamente explica por si só como a gestão data-driven é parte integrante da Gestão 4.0.

Com um volume de dados tão intenso, é possível usar técnicas e práticas de Big Data para transformá-los em informações relevantes e acionáveis para os gestores.

Maior assertividade no planejamento

Fazer um bom planejamento estratégico sempre foi muito importante. Afinal, é a partir dele que se decide quais iniciativas serão colocadas em prática no futuro.

A grande questão é que nem sempre houve essa “previsibilidade” na gestão, seja por falta de tecnologia para sua operacionalização ou por tais soluções ainda não estarem disponíveis para a maior parte dos negócios.

Hoje, porém, a realidade é outra. Quem sabe o que é transformação digital e já a aplica em sua empresa percebe como esse grande volume de dados de que comentamos anteriormente resulta em insights e informações relevantes para a tomada de decisões estratégicas.

Logo, uma gestão verdadeiramente 4.0 é aquela que analisa seus dados e informações de maneira inteligente para que isso conduza seu planejamento de forma sustentável e eficaz.

Por consequência, torna-se muito mais fácil definir os KPIs a partir dos quais o planejamento será traçado.

Maior precisão na execução

O resultado de um planejamento assertivo não poderia ser diferente de uma execução mais precisa. Afinal, quem planeja bem o que fazer tem muito menos chances de que a estratégia saia dos trilhos.

Consequentemente, a empresa fica mais perto de atingir seus resultados a curto, médio e longo prazo, especialmente se recorrer a alguma metodologia já validada, como os OKRs (Objectives and Key Results, ou Objetivos e Resultados-Chave)

Leia também: Gestão Estratégica: conheça este método de gestão empresarial

Agilidade nas mudanças de rota

Um melhor planejamento e execução, porém, não significam que empresas que seguem uma Gestão 4.0 jamais vão errar. Afinal, isso não impede que alguns equívocos sejam cometidos ao longo do tempo.

O grande trunfo está no fato de que tais erros podem ser identificados muito mais rapidamente e, então, corrigidos também com agilidade, minimizando assim os prejuízos financeiros, funcionais e organizacionais.

Isso está diretamente relacionado com uma citação de Tallis Gomes, fundador e mentor do G4 Educação, fundador da Easy Taxi e da Singu, durante a Masterclass do G4 Educação:

“A velocidade é um dos principais ativos das companhias mais valiosas do mundo.”

Empresas customer-centric

Independente de qual seja o porte ou segmento da sua empresa, os clientes estão entre seus ativos mais importantes. Afinal, sem eles, nenhum negócio consegue se manter de pé.

Alguns dados da Sprout Social ajudam a entender melhor essa questão:

  • 64% dos clientes querem marcas que se conectem com eles.
  • Quando os clientes sentem-se conectados com as marcas, 57% deles aumentam seus gastos com aquela empresa e 76% preferem comprar com elas que com a concorrência.
  • 70% dos clientes sentem-se mais conectados com marcas cujos CEOs são ativos nas redes sociais.

Tudo isso quer dizer apenas uma coisa: os clientes querem se sentir importantes para as empresas. Este também é um pilar da Gestão 4.0: ser uma empresa customer-centric, ou seja, aquelas em que o cliente está no centro das tomadas de decisão.

Embora as empresas tenham o objetivo de atender a seus clientes, eles nem sempre são colocados efetivamente no centro das estratégias. Quando isso acontecer, é inegável que os resultados tendem a ser ainda mais satisfatórios.

Flexibilidade e volatilidade

Como já mencionado, vivemos em um mundo VUCA. A primeira letra desta sigla equivale a volátil (volatile), que em seu sentido figurado representa algo cuja opinião ou ponto de vista muda com facilidade; inconstante; mutável. Todas essas características representam bem o mundo em que vivemos.

Com mudanças que acontecem a todo instante, é preciso estar preparado para as demandas dos clientes, que também mudam com a mesma velocidade. Caso contrário, eles tendem a procurar outra empresa que entregue o que estão buscando.

Portanto, ter um time ágil e toda uma cultura organizacional focada em agilidade é indispensável na Gestão 4.0. Se isso não acontecer, a companhia não será capaz de acompanhar a velocidade do mercado.

Gestão horizontalizada e descentralizada

Dada a velocidade e a volatilidade do mercado, não é mais viável pensar em uma estrutura organizacional verticalizada, em que o poder de decisão vem do topo da pirâmide, ao passo que quem está mais próximo à base não tem voz ativa na tomada de decisões.

A Gestão 4.0 tem alguns princípios semelhantes ao que Tallis Gomes chama de gestão libertária, e alguns deles são justamente a horizontalidade e a descentralização da gestão.

Com decisões tomadas em conjunto por toda a equipe – o que faz todo sentido, já que muito do poder operacional vem dela – e uma descentralização da tomada de decisões, fomenta-se um espaço para o surgimento de novos líderes dentro da equipe, o que é benéfico para todas as partes envolvidas.

Essa é uma das principais engrenagens para tornar funcional o modelo de Gestão 4.0.

Quais as principais características do Gestor 4.0?

Se a Gestão Quatro Ponto Zero tem suas características bem definidas, o mesmo acontece com o gestor 4.0, que precisa estar de acordo com o que é exigido por este modelo para que todos os projetos sejam executados da melhor maneira possível.

As principais características de um bom gestor e líder 4.0 são as seguintes:

  • Autenticidade: arriscam mais do que a média, são ousados e até podem sair do planejamento em determinados momentos, mas sem abandonar a fidelidade ao que acredita.
  • Acessibilidade: fruto da gestão horizontalizada e descentralizada, o líder 4.0 é acessível a toda a equipe. Afinal, é a base da pirâmide que tem contato direto com os clientes e executa o que é necessário no dia a dia, e sem acessibilidade, muitos desses insights seriam perdidos.
  • Escuta ativa: comunicar-se é muito mais sobre saber escutar do que sobre falar. Gestores 4.0 sempre conversam muito com suas equipes, usando ferramentas como as reuniões one on one para o alinhamento de expectativas, bem como para dar – e receber – feedbacks.
  • Vulnerabilidade e empatia: ao invés da figura de alguém sisudo e inabalável, esses gestores são vulneráveis – como qualquer pessoa – e, portanto, permitem uma comunicação mais empática.
  • Geração de impacto: liderar bem é impactar toda a equipe de maneira positiva, o que reforça a importância de uma visão coletivista.
  • Criatividade: aliada à autenticidade, a criatividade consiste em pensar em soluções diferentes e inovadoras, que permitam sair dos resultados de sempre e atingir algo novo.
  • Orientado por números: para lidar com a Gestão 4.0, que é integralmente data-driven, o gestor também precisa ser orientado por dados para ajudar na tomada de decisões.
  • Transparência: aliada à vulnerabilidade e à acessibilidade, a transparência consiste em ser claro e direto no que se deseja. Ela, inclusive, aparece em um dos valores do G4 Educação: “Jogamos o jogo abertamente.”
  • Protagonismo: o líder naturalmente tem algum protagonismo sobre si, mas cabe a ele saber como promover outros a também serem protagonistas.
  • Colaboração: não há como liderar sozinho. Portanto, um gestor 4.0 precisa ser colaborativo para conseguir ajudar na obtenção dos objetivos propostos, participando ativamente de todos os processos necessários.
  • Comprometimento: por fim, um bom líder 4.0 não faz o que quer, mas sim o que precisa ser feito. Ele precisa ser totalmente comprometido, o que também passa uma imagem de mais profissionalismo e dedicação.

Para explicações mais ricas sobre cada um dos pontos abordados, acesse nosso conteúdo sobre líder do futuro.

Leia também: Tipos de liderança: conheça os principais e suas características

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