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Muitos temas marcaram o ano de 2022, mas certamente algo que ficou muito em destaque foi a dificuldade enfrentada por inúmeras empresas de tecnologia, desde mudanças em seu modelo de negócios até investimentos em novas frentes que não deram tão certo e/ou apostas que ainda não vingaram.
Nesta 49ª edição, a G4 News se debruçou para mostrar exemplos de organizações que se viram obrigadas a tomar decisões importantes (e em muitos casos de forma rápida) devido a uma série de motivos:
- Atingiram um teto de crescimento e observaram muitas queixas por parte de seus consumidores/usuários;
- Não estavam vendo retorno em certos investimentos.
— Guilherme Canineo
Índice:
NETFLIX
Em qual momento se deve mudar o modelo de negócios?

De preferência, ao perceber que alcançou o teto de crescimento ou que certa estratégia que vinha funcionando agora está trazendo resultados muito abaixo do esperado. No caso de Vossa Majestade do streaming, a Netflix, isso veio com a perda de assinantes do primeiro semestre de 2022.
Essa foi a primeira vez em que a empresa perdeu mais usuários do que adicionou em 10 anos. Dentre os motivos que contribuíram para isso estão: qualidade do conteúdo, aumento nos preços de seus diferentes planos de assinatura e, acredite se quiser, fadiga de streaming.
Isso fez com que a empresa ligasse o sinal de alerta sobre outras formas de gerar capital. Ao contrário de competidores diretos como Disney, Apple e Amazon, a Netflix não possui outras fontes de receita que possam compensar os investimentos bilionários destinados à produção e licenciamento de conteúdo e acordos de exclusividade.
Uma das soluções (muito controversa, por sinal) mais imediatas foi o controle no compartilhamento de senhas. A outra foi a grande quebra de paradigma: plano de assinatura com publicidade, lançado oficialmente no começo de novembro.
Em entrevista ao The New York Times, o fundador e CEO da empresa Reed Hastings disse que havia se equivocado ao não acreditar nesse modelo, mostrando até um certo arrependimento em não tê-lo introduzido antes. Dito isso, os anúncios teriam sido introduzidos se a Netflix não tivesse experimentado essa perda de assinantes?
Uma coisa é certa: a empresa mostrou novamente que não tem medo de pivotar seu modelo de negócios quando necessário. Afinal, nasceu como aluguel de DVDs por correspondência, migrou para o streaming, passou a produzir conteúdo original e a oferecer diferentes opções de assinatura. Agora, resta esperar os próximos resultados fiscais da empresa.
- O novo plano, segundo a empresa Antenna (empresa de analytics), foi responsável apenas por 9% dos novos assinantes da Netflix em novembro.
Visão panorâmica. Algo que a Netflix deve explorar um pouco mais em 2023 é ter algumas de suas produções nas telonas do cinema, possivelmente com uma janela de exibição exclusiva menor do que 30-45 dias habituais. O motivo: os milhões obtidos pelo filme Glass Onion: Um Mistério Knives Out, que esteve em cartaz apenas uma semana.
Quem mais andou fazendo ajustes em 2022:
- Abercrombie & Fitch: as mudanças, de fato, são a continuação de um grande reposicionamento de marca que começou em 2017, visando uma maior inclusão, especialmente nos looks apresentados em suas vestimentas. Um dos principais canais utilizados: o TikTok.
- The Walt Disney Company: a partir do dia 08/12/2022, o Disney+ passou a oferecer um plano com publicidade (assim com a Netflix). Se você quiser assistir o conteúdo na plataforma sem anúncios, terá de pagar US$ 3 adicionais (por enquanto, isso é só nos EUA).
- Amazon: prevendo uma ascensão do social commerce nos próximos e uma presença cada vez maior de vídeos curtos e interfaces verticalizadas, a gigante do e-commerce introduziu o “Inspire”, permitindo compras a partir de um feed de fotos e vídeos.
- Submarino: após 23 anos operando exclusivamente online, o e-commerce brasileiro recentemente inaugurou seu primeiro quiosque físico – a ideia é buscar uma expansão nacional para 2023.
- WhatsApp: uma das novidades anunciadas pela empresa em 2022 foi o “Guia de Negócios”, em que usuários poderão buscar estabelecimentos e realizar compras sem ter que deixar o app – por ora, esse benefício será só para usuários no Brasil e na Índia.
SPOTIFY
O adeus a programas de áudio ao vivo

Quem aqui se lembra do Greenroom, aquele serviço que o Spotify lançou, em 2021, em uma clara tentativa de competir no espaço de áudio ao vivo, à época dominado pelo Clubhouse?
Se a resposta da pergunta for “não”, então você certamente entenderá o porquê a empresa decidiu, na última terça-feira (13/12), “encerrar a produção de vários programas de áudio ao vivo, afastando-se de uma área de conteúdo outrora promissora”, segundo reportado pela Bloomberg.
Vale lembrar que a entrada do Spotify neste espaço era compreensível. Afinal, o Clubhouse chegou a ser avaliado em US$ 4 bilhões, com milhões de usuários ativos. E para acelerar sua entrada no mercado, pagou, em março de 2021, cerca de 57 milhões de euros pelo Locker Room, aplicativo de áudio focado em esportes – que posteriormente foi renomeado Greenroom.
No entanto, com a flexibilização das medidas sanitárias e volta dos eventos ao vivo, por exemplo, esse tipo de conteúdo foi perdendo força. De acordo com o “2023 Marketing Strategy & Trends Report” da gigante de marketing Hubspot, 29% dos especialistas de marketing estão considerando deixar de investir em áudio ao vivo em 2023.
O mesmo relatório da Hubspot também pontuou a queda em popularidade desse conteúdo entre os membros da geração Z (nascidos entre 1997 e 2012):
- 7% optam por descobrir produtos em programas de áudio ao vivo;
- 14% participaram de “conversas” no Twitter Spaces nos últimos três meses;
- 13% frequentaram o Clubhouse.
O Spotify segue firme na sua “missão” de se tornar um dos principais ecossistemas de áudio do mundo – senão o principal. Para isso, deverá seguir tomando riscos e, consequentemente, terá acertos (podcasts) e “erros” (áudio ao vivo). Agora é esperar para ver quais serão os resultados de sua investida no mundo de audiolivros.
Quem também andou tirando alguns projetos da tomada:
- Facebook: a gigante rede social desligou seu serviço de podcast e descontinuou outros produtos relacionados a áudio.
- Google: após alguns anos investindo no Stadia, seu serviço de cloud gaming, a empresa observou que ele não conseguiu adquirir a tração desejada e, por isso, decidiu que irá encerrá-lo no começo de 2023.
- Amazon: apesar de ter investido bastante na área de saúde em 2022, a empresa fundada por Jeff Bezos decidiu fechar as portas de seu Amazon Care, serviço que oferecia consultas virtuais de atendimento de urgência, por exemplo, a seus funcionários.
- Uber: talvez você nem lembre, mas a Uber também oferecia seu serviço de delivery, o Uber Eats, aqui no Brasil. No entanto, ao ver a forte presença de empresas como iFood e Rappi, decidiu, em janeiro, que iria parar as operações dessa vertical de negócios por aqui.
- QuickBooks: tendo em vista a burocracia do sistema tributário nacional, a Intuit informou que o QuickBooks Online será desativado completamente no Brasil no final de abril de 2023.