Mercado de UX conta com 51% de mulheres no Brasil
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Mercado de UX conta com 51% de mulheres no Brasil

Mercado de UX conta com 51% de mulheres no Brasil

Por:
Amanda Moura
Publicado em:
10/6/2022

A estatística do mercado de UX é animadora, contudo, existe um longo caminho pela frente. Segundo o Fórum Econômico Mundial, no ritmo atual, levará cerca de 257 anos para superar a desigualdade de gênero no trabalho.

Com o avanço da inteligência artificial, internet das coisas (IoT) e muitos outros, o setor de tecnologia é um dos que mais cresce, com projeções que indicam que deve ultrapassar os US$ 5,3 trilhões em 2022. Ao que tudo indica, as oportunidades são amplas, mas por outro lado, os obstáculos também aumentam.

Embora suas soluções sejam em sua maioria, revolucionárias, o setor tech possui uma série de desafios bastante tradicionais, principalmente voltados à representatividade

A partir de um estudo feito em 157 países, a disparidade de gênero no mercado de computação se mostrou enorme: apenas 5,8% dos empregos são ocupados por mulheres. O dado foi citado em um artigo da PrograMaria.

Mas como isso se dá? Apesar da complexidade da questão, ao que tudo indica, a construção histórica tem papel fundamental nessa conjuntura:

  • 50% dos pais esperam que seus filhos sigam carreira nas áreas de tecnologia, enquanto 20% esperam o mesmo de suas filhas; 
  • 20% dos meninos pensam em engenharia ou informática na hora de planejar a carreira profissional, esse número cai para 5% para as meninas;
  • Apesar de possuírem maior escolaridade, apenas 10,7% das mulheres brasileiras estão matriculadas em cursos de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, contra 28,6% dos homens.

Como podemos ver resumidamente, uma série de questões contribuem para a construção deste cenário desigual, que acompanha homens e mulheres desde a infância até a vida adulta e que influencia inúmeras escolhas, inclusive, as de carreira.

Quando enfim  essa barreira é ultrapassada pelas mulheres, o ambiente encontrado em muitas empresas é hostil. 

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), as mulheres ganham 30% menos do que homens na área de TI, além de ocupar menos posições no mercado de trabalho, proporcionalmente.

gráfico com a representação da força de trabalho feminina
(Na imagem: representação da força de trabalho feminina)
(Créditos: Deloitte)

Enquanto líderes, as mulheres demonstram maior tendência a apoiar questões contemporâneas centrais como o bem-estar, ajudando a prevenir situações que resultam em burnout, por exemplo. Contudo, a liderança feminina ainda não é reconhecida, e são sub-representadas em muitos cargos, como aponta esse gráfico da McKinsey:

gráfico com a  representação da mulher em diversos cargos
(Na imagem: representação da mulher em diversos cargos)
(Créditos: McKinsey)

Apesar disso, o cenário está mudando, e as empresas estão mais comprometidas a atuarem em prol de mais igualdade. Neste sentido, algumas conquistas já estão sendo alcançadas, como é o caso do mercado de UX, que pela primeira vez, atingiu uma estatística relevante para diminuir a lacuna de gênero.

Nesse sentido, as políticas internas das organizações têm papel fundamental na hora de impulsionar a carreira feminina, trabalhando para incentivar oportunidades de maneira institucional.

Mulheres chegaram a 51% do mercado de UX:

Finalmente, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Panorama UX, o número de mulheres não é inferior ao dos homens no mercado de user experience, ou simplesmente UX. 

Em abril de 2021, a pesquisa apresentou uma estatística promissora, e sem dúvida, muito sonhada: 51% de mulheres e 49% de homens constituíam a área de experiência do usuário. 

É preciso comemorar toda e qualquer conquista, mas apesar do número empolgante, existe um longo caminho pela frente.

Isso porque, para compreender o cenário de maneira realista, é preciso olhar para o contexto como um todo, sempre levando em consideração aspectos que sustentem feitos como esse, cada vez mais.

Para que isso seja possível, é preciso superar algumas questões centrais da vivência das mulheres, que acabam se estendendo para suas vidas profissionais.

Em um processo seletivo, por exemplo, as mulheres tendem a não se sentirem capacitadas o bastante e se candidatam 20% menos que homens. Os homens, por sua vez, se candidatam quando consideram que cumprem 60% dos requisitos. 

Isso é um forte reflexo da cultura em que as mulheres são criadas, estimuladas a questionarem suas capacidades constantemente, e como consequência, desenvolvendo menos confiança, demorando até, para ingressar no mercado de trabalho.

Outro ponto essencial para a reflexão é a jornada de trabalho a qual são submetidas, geralmente, dupla ou até tripla, o que acarreta consequências preocupantes. Em 2020, uma em cada três mulheres considerou deixar a empresa ou reduzir o ritmo de trabalho devido ao cansaço extremo.

De acordo com uma pesquisa na McKinsey, as mulheres se sentem mais esgotadas que os homens, e consequentemente, estão mais propensas a desenvolver burnout e outros sintomas de esgotamento, independente do cargo:

gráfico que representa os respondentes que sofrem de burnout, stress ou exaustão, por gênero
(Na imagem: respondentes que sofrem de burnout, stress ou exaustão, por gênero)
(Créditos: McKinsey)

Diante disso, é preciso evoluir os processos de avaliação dentro das empresas. Afinal, ao olhar esses fatores, é comum que os homens disponham de mais tempo no escritório e se não, tendem a ser considerados mais "produtivos". Contudo, esse não deve ser o único aspecto a ser levado em consideração.

Com o avanço da própria tecnologia e dos modelos de gestão, é possível aumentar o leque de avaliação de desempenho, levando em consideração aspectos além da produtividade, como maior impacto e diversidade de perspectivas, que só tendem a enriquecer o ambiente corporativo, fomentando a inovação.

“Na minha indústria, não há muitas mulheres. E definitivamente em cargos de liderança, não há muitas mulheres. Então, sempre tive a intenção de tentar retribuir e fazer o que pudesse para inspirar, encorajar e motivar aqueles que precisam de um defensor.”

gerente sênior - pesquisa McKinsey 

Outro aspecto importante, é a potência da representatividade por si só, que desencadeia o que a psicologia chama de “Efeito de Ancoragem”. 

Na prática, isso funciona como uma espécie de parâmetro: ao encontrar mulheres em cargos estratégicos, entendemos que determinado ambiente valoriza a representatividade e essa prática é estabelecida como um padrão, não só para o meio empresarial mas também em outras esferas sociais, contribuindo para mudanças efetivas, principalmente de mentalidade.

Em suma, para continuar a acompanhar estatísticas como a do mercado de UX, é preciso uma movimentação conjunta, de homens e mulheres para instaurar iniciativas práticas que promovam maior igualdade, tanto de cargos quanto de salários.

Um dos primeiros passos é começar a fomentar a discussão, coletando olhares diversos para então, agir. Para isso, é preciso ter apoio da liderança executiva, além do engajamento de todos os colaboradores. 

Quais são os próximos passos importantes para acabar com a desigualdade de gênero no mercado de trabalho? 

Reshma Saujani fundadora e CEO da Girls Who Code, palestrando no TEDXTalks
(Na imagem: Reshma Saujani fundadora e CEO da Girls Who Code, organização sem fins lucrativos)
(Créditos: TEDxTalks / Divulgação)

“Ao ensinar nossas meninas a programar, não estamos apenas preparando-as para entrar no mercado de trabalho – estamos preparando-as para liderá-lo.”

Reshma Saujani - fundadora da Girls Who Code, uma organização sem fins lucrativos que visa diminuir a diferença de gênero na tecnologia

Como acompanhamos ao longo deste artigo, a forma como a divisão sexual do trabalho é feita desde a infância ajuda a estruturar os números que acompanhamos atualmente, contribuindo para a falta de representatividade feminina no mercado de trabalho, sobretudo no setor de tecnologia.

A Deloitte prevê que as grandes empresas globais de tecnologia alcançarão quase 33% de representação geral feminina em 2022, e embora as perspectivas futuras sejam boas, a criação de oportunidades deve ser construída de maneira sólida, de modo que ações pontuais façam parte de iniciativas consistentes e que se mantenham a longo prazo. 

Dito isso, o que as empresas podem efetivamente fazer para contribuir com a mudança?

Além de manter a gestão comprometida com essa questão, isso é, participando ativamente de eventos, programas e projetos voltados para diminuir essa lacuna, é preciso remodelar as experiências cotidianas das mulheres, principalmente a interação com gerentes e outros colaboradores, afinal todos devem fazer parte da solução.

Neste sentido, é preciso transformar a cultura organizacional, deixando-a mais inclusiva

Fazer parte da solução, significa estar aberto à conscientização. Ao fomentar uma mudança de mentalidade e cultura, é mais fácil atingir a esfera do comportamento, estimulando a construção de um ambiente mais diverso e inclusivo.

Em suma, para que a consciência se torne ação, é necessário treinamentos consistentes, isso é, somente uma educação contínua é capaz de transformar conceitos enraizados.

Além de tornar o ambiente de trabalho mais criativo e abrangente, empresas que estimulam a diversidade de gênero têm retorno financeiro acima da média nacional.

Um relatório global da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostrou que ao aumentar a inserção das mulheres no mercado de trabalho, a economia brasileira poderia se expandir em até R$ 382 bilhões ao longo de oito anos. Isso elevaria o PIB cerca de 3%, aumentando o poder de consumo de bens e serviços.

“Hoje, muito mais que um direito, é também uma necessidade para o desenvolvimento da área científica e tecnológica e do país, que durante muito tempo deixou de receber a contribuição da metade da população”

Nanci Stancki da Luz - coordenadora do Núcleo de Gênero e Tecnologia (GETEC) da UTFPR

O setor de tecnologia é geralmente associado a um futuro diferente, comumente, melhor. Contudo, para que ele seja possível, é imprescindível desenvolver um mercado de trabalho mais igualitário, no qual pessoas com diferentes track-records, independentemente de seu gênero, possam construí-lo, contribuindo com diferentes perspectivas.

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