5 líderes famosos com TDAH que você (provavelmente) não sabia
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5 líderes famosos com TDAH que você (provavelmente) não sabia

5 líderes famosos com TDAH que você (provavelmente) não sabia

Por:
Iara Rodrigues
Publicado em:
27/4/2022

Você sabia que o TDAH vem se tornando uma epidemia na sociedade atual? Mais importante que diagnosticar cada caso é criar um ambiente no qual o cérebro possa funcionar da melhor forma possível.  Veja algumas grandes personalidades com TDAH e um pouco da história de cada uma delas.

Diferentemente do que muitas pessoas pensam, o TDAH não afeta apenas as crianças em idade escolar. Observa-se que, além de muitas continuarem a conviver com essa situação na vida adulta, está se tornando cada vez mais comum o seu desenvolvimento após a infância.

A vida moderna e as altas demandas de tempo e atenção que surgiram nas últimas décadas estão interferindo na mente humana que, gradualmente, perde a sua capacidade de lidar com todo o volume de informação que precisa ser processado.

O TDAH pode surgir de maneira progressiva e afetar tanto a criança quanto o adulto, enquanto eles se esforçam para gerenciar tudo ao seu redor, diante de uma série de tarefas que precisam ser realizadas.

Mas afinal, o que é TDAH?

Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, esse é o significado da sigla TDAH e se trata não de uma simples patologia, mas de um distúrbio neurológico caracterizado, como o próprio nome diz, pela falta de atenção, hiperatividade e impulsividade.

Seu diagnóstico deve ser feito por especialistas, normalmente da área de psicologia,  psiquiatria ou neurologia. O diagnóstico é clínico e feito através de observação e relatos do paciente.

Suas causas podem estar relacionadas à genética ou a fatores ambientais e biológicos, originando alterações no funcionamento dos neurotransmissores, prejudicando o controle de comportamentos, atenção, memória e a capacidade de organização e planejamento.

Seus sintomas englobam a desatenção, a inquietação motora, a hiperatividade, lapsos de memória e instabilidade, podendo gerar ansiedade e depressão.

Na escola, as crianças com TDAH apresentam dificuldades de concentração com baixos rendimentos. Já em adultos, observam-se profissionais cada vez mais apressados e desfocados, enquanto tentam manter tudo sob controle.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, a OMS, aproximadamente 4% da população adulta mundial têm esse transtorno e só no Brasil ele atinge cerca de 2 milhões de pessoas. Já na infância, o TDAH afeta 6% das crianças e 6,9% dos jovens brasileiros.

Nos EUA, país com grande número de pesquisas na área, nota-se também um avanço no número de crianças e jovens com TDAH no período de 1997 a 2018. Segundo levantamento realizado pelo Statista, o número quase dobrou em pouco mais de 20 anos:

(Na imagem: Porcentagem de crianças nos EUA com TDAH de 1997 a 2018)
(Crédito: Statista)

Em 2018, foram mais de 6 milhões de crianças e jovens na faixa etária de 2 a 17 anos diagnosticas com TDAH e, nesse contexto, os meninos são mais propensos a ter esse distúrbio comparado às meninas.

No entanto, é importante salientar que pessoas com TDAH podem ser muito criativas e inteligentes. Segundo publicação da Associação Brasileira do Déficit de Atenção, existem pesquisadores que argumentam que a falha do córtex frontal, que causa a dispersão do pensamento, deixa a mente mais aberta, proporcionando melhores condições para insights.

Esse mesmo artigo relata um teste chamado de Four Sight Thinking Profile, que reflete como a resolução de problemas é feita por um indivíduo. Nele, os portadores de TDAH possuem, em sua maioria, um estilo idealizador, gerando múltiplas ideias, ao contrário de seus pares sem TDAH. Estes preferiram utilizar técnicas e ideias já conhecidas.

Acredita-se, ainda, que apesar dos testes não serem conclusivos, a falta de foco e desorganização mental gerado pelo TDAH leva o indivíduo ao improviso, buscando outras soluções, pensando fora da caixa e inventando coisas o tempo todo.

Tanto é verdade que existem exemplos ao redor de todo o mundo de famosos com TDAH, que foram capazes de gerar projetos inovadores e dominar o que é liderança para se tornarem muito bem-sucedidos nas suas áreas de atuação. Vejamos alguns deles.

5 líderes famosos com TDAH

O TDAH é um transtorno mental mais comum do que a maioria das pessoas pode imaginar. E, para quebrar vários dos paradigmas existentes ao seu redor, vale ressaltar que diversas personalidades que convivem muito bem com esse distúrbio.

Você provavelmente conhece essas pessoas, mas talvez nunca tenha imaginado que eles pudessem sofrer de tal transtorno. Estão neste rol: Tom Cruise, Fiuk, Sabrina Sato, Sylvester Stallone, Magic Johnson e até mesmo príncipe Charles, dentre outros.

Alguns casos podem surpreender e mostrar que, de fato, portadores de TDAH podem se desenvolver como ótimos líderes e desempenhar muito bem o seu papel na sociedade.

O bilionário norte-americano Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft (Crédito: Reprodução/Instagram)

Bill Gates

Norte-americano, nascido em 1955, Bill Gates é um dos fundadores da Microsoft, gigante desenvolvedora de softwares. É considerado um dos homens mais ricos do mundo e, em 2000, criou a maior fundação de caridade do mundo, a Bill & Melinda Gates Foundation.

Devido ao TDAH, Bill Gates teve problemas na escola quando criança, dizia-se desorganizado e não se preocupava em se esforçar. Em uma entrevista ao National Museum of American History, afirmou que gostava mesmo era de usar a criatividade e imaginação:

“Nós sempre criávamos nomes engraçados para algumas empresas e tentávamos imaginar como seria o mundo dos negócios. Em particular, procurávamos por empresas de computadores e o que estava acontecendo com elas.”

Mais tarde, acabou abandonando Harvard (antes mesmo de se formar em matemática). Aos 26 anos de idade fez o seu primeiro milhão e nem havia, ainda, desenvolvido seu produto mais popular.

Sua trajetória de sucesso é surpreendente, pois além de fundar a Microsoft, empresa que representa um grande marco para a humanidade, transformou em definitivo a forma como nos relacionamos com a tecnologia.

O empresário britânico Richard Branson, um dos fundadores do Virgin Group (Crédito: Divulgação/Virgin Galactic)

Richard Branson

Empresário britânico que lançou a Virgin Records, no início dos anos 70, elevou a indústria musical para outro patamar e hoje é dono da multinacional conhecida como Virgin Group, com uma fortuna estimada em mais 5 bilhões de dólares.

No entanto, como portador de TDAH, Richard Branson não passou por momentos fáceis no início da sua vida acadêmica. Na escola, esforçava-se ao máximo, mas seus resultados não correspondiam. Até que seu espírito empreendedor tomou conta e ele parou os estudos aos 16 anos.

Primeiro, criou uma revista chamada Student, que na primeira edição gratuita, faturou $8.000,00 somente em anúncios. Isso em 1966.

Em 1969, morando em Londres e rodeado pela música, Richard Branson deu início à Virgin Records, que após lançar o hit de Mike Oldfield, Tubular Bells, foi palco para as gravações dos Rolling Stones, levando a empresa a ocupar ao Top 6 das gravadoras mundiais.

Ele continuou expandindo seus negócios. Em 1980, foi a vez da Voyager Companhia de Viagens, em 1984 a Virgin Atlantic Airlines e uma série de lojas. Em 1993, uma estação de rádio e, alguns anos depois, em 1996, a segunda gravadora, V2.

O grupo Virgin alcançou 35 países, com quase 70.000 funcionários. Richard Branson ainda prosseguiu com a expansão com uma companhia de trem, de celular e turismo espacial.

Segundo o próprio empresário, em uma entrevista no canal de Graham Bensinger, o seu transtorno com certeza contribuiu para a sua trajetória de sucesso, porque

“Você se concentra nas coisas em que é bom e, muitas vezes, se destaca nas que mais se encaixa... por isso, aprendi a delegar muito cedo e me cercar de ótimas pessoas porque eu não era bom em tudo. A Virgin não teria sido bem sucedida se eu não tivesse esse déficit.”

O empresário David Neeleman a bordo de um dos voos da Azul Linhas Aéreas (Crédito: Reprodução/Facebook)

David Neeleman

Nascido em São Paulo no ano de 1959 e filho de americanos e holandeses, David Neeleman é hoje um dos maiores empresários do ramo da aviação. No entanto, sua infância e adolescência não foram assim tão brilhantes.

Ele não gostava de ler e era um aluno mediano. Frequentou a Universidade de Utah e desistiu após 3 anos. Em uma entrevista à Veja Online, afirmou que o transtorno é algo com que aprendeu a conviver.

“Faz com que eu seja criativo. Acho que até gosto. A TDAH não é propriamente ruim. Ela faz com que você tenha bastante dificuldade de se concentrar em algo que não lhe interesse. Alguém pode estar falando com você sobre um assunto e você estar pensando em outro... O lado positivo da TDAH é que, uma vez que encontramos algo que nos interessa, temos a habilidade de hiperconcentração – quando isso acontece, tudo em volta se torna insignificante.”

O empresário, além de fundador das companhias aéreas JetBlue Airways, Morris Air, da canadense WestJet e da brasileira Azul Linhas Aéreas, criou também o ticket digital e tem ainda participações na companhia portuguesa Tap e na francesa Aigle Azur.

Não é por menos que o empresário faz parte do seleto grupo de brasileiros com patrimônio acima de 1 bilhão de dólares.

O empresário norte-americano Walt Disney, criador dos Estúdios Disney e da Disneyland (Crédito: Reprodução/YouTube)

Walt Disney

Um dos maiores empresários de todos os tempos, Walt Disney era inquieto, tinha um rápido fluxo de ideias e era portador de sintomas que levaram ao diagnóstico de TDAH, até então desconhecido naquela época. Segundo o próprio empreendedor:

“Por natureza, sou um experimentador. Até hoje não acredito em sequência. Não consigo seguir ciclos populares. Eu tenho que mudar para coisas novas. Assim, com o sucesso do Mickey, eu estava determinado a diversificar.”

Rejeitado em de seus primeiros empregos devido à “falta de criatividade”, ele criou o maior estúdio de animação de Hollywood e, hoje, os parques temáticos da Disney se estendem pela Califórnia, Flórida, França, Japão e Hong Kong.

Seus desenhos se tornaram conhecidos nos quatro cantos do mundo e ele foi capaz de construir um império que, definitivamente, conquistou e continua conquistando adultos e crianças até os dias de hoje.

Wall Disney se transformou em uma lenda e criou um legado em torno do imaginário infantil. Além disso, ele foi a pessoa que mais ganhou o prêmio Oscar em todos os tempos.

Tallis Gomes, fundador da Easy Tai, Singu e do G4 Educação (Crédito: G4 Educação)

Tallis Gomes

Eleito pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) como um dos jovens mais inovadores do mundo e considerado uma das 25 pessoas mais influentes da internet no Brasil, criou o Easy Taxi e a Singu – líder de delivery de serviços de beleza e bem-estar.

Com tanto know-how, Tallis deciciu dar um novo passo na sua carreira e em parceria com Alfredo Soares e Bruno Nardon, desenvolveu o conceito de o que é a gestão 4.0, fundando a G4 Educação, uma startup de formação educacional voltada para os negócios.

Devido a essa trajetória, no ramo de gestão empresarial, ele também se tornou palestrante em instituições renomadas pelo mundo, como Harvard, Columbia University e Duke University, sendo considerado pela Forbes como um 30 Under 30.

O que muitos não sabem é que ele também foi diagnosticado com TDAH. Por isso, relata ser hiperativo e com muita dificuldade de manter o foco em alguma coisa por muito tempo. O empreendedor afirmou, inclusive, em uma entrevista com a psicóloga Mariângela Guerra que:

“(...) não é muito fácil. Como eu passei muito tempo com TDAH, criei o hábito de fazer coisas picadas. Isso é muito ruim quando preciso concluir alguns projetos maiores que necessariamente você não dá para fazer um sprint. Quem tem TDAH como eu, se a pessoa vai bem, ela aprende a fazer as coisas muito rapidamente e aprende a ser muito eficiente. Mas têm coisas que não tem como, que são projetos maiores. Precisa ter etapas e a gente tem muita dificuldade em cumprir isso. É um trabalho quase que interno, de eu me policiar, ser meu próprio chefe, de conseguir e falar, “você precisa cumprir essa etapa”. É um desafio muito grande, eu brigo comigo mesmo o tempo inteiro.”

Como os líderes devem lidar com o TDAH

Controlar os efeitos do TDAH não é tarefa fácil e como disse Tallis Gomes, é um desafio e uma luta diária, principalmente para líderes dentro de uma organização.

Em muitos casos, medicamento é necessário e o controle do meio ambiente e do emocional, assim como o cuidado com a saúde física, são essenciais.

Por isso, é importante promover emoções positivas, livre de atmosferas ameaçadoras e que causem medo. Dormir bem, ter uma boa dieta e exercitar-se também são ótimas dicas para que o cérebro possa dar o seu melhor.

Desenvolver técnicas de organização e proteger os lobos frontais dando a eles o tempo necessário para digerir o que está sendo dito, também vão ajudar para que o cérebro não entre em pânico.

Deste modo, para controlar o TDAH é importante que no trabalho:

  • Seja criado um ambiente conectado e de confiança;
  • Haja conversas amigáveis a cada 4 ou 6 horas;
  • Tarefas maiores sejam divididas em menores;
  • Uma parte do local de trabalho esteja sempre limpa;
  • Todos os dias, sejam reservados momentos de think time, sem reuniões, emails ou ligações;
  • Antes de sair, uma lista de 4 ou 5 coisas deve ser criada para ser executada no dia seguinte;
  • Papéis não sejam acumulados;
  • As atividades mais importantes sejam realizadas no horário do dia em que você se sente melhor;
  • O foco seja mantido, até mesmo com a ajuda de uma música de fundo e
  • Um amigo possa ajudar a evitar o trabalho até tarde.

Além disso, caso haja uma sobrecarga, é imprescindível desacelerar e diminuir o ritmo do trabalho. Cruzadinhas podem ajudar, assim como escrever sobre temas neutros ou ler definições em dicionários.

Movimentar-se também é uma maneira de lidar com o estresse, assim como pedir ajuda, delegar funções ou realizar um brainstorming com um colega.

Apesar de em muitos casos os líderes terem que conviver com o TDAH em si mesmos, é importante que eles também olhem para os seus liderados e promovam em suas organizações o estímulo a um pensamento mais profundo do que acelerado e invistam em amenities que contribuirão com uma atmosfera mais leve e positiva.

TDAH: é possível viver (e liderar) bem com ele

Apesar do TDAH ser um transtorno neurológico que pode trazer grandes consequências para a vida de seu portador, é totalmente possível, com tratamento e acompanhamento, ter uma boa qualidade de vida.

E, em muitos casos, como nos exemplos de líderes mencionados, o TDAH abriu novas possibilidades, estimulando uma maior produtividade e inteligência no ambiente de trabalho.

É interessante também observar que esses famosos com TDAH não se esconderam através da doença ou se fizeram de vítimas por causa dela. Pelo contrário, buscaram o seu melhor dentro das suas limitações, com muita disciplina, para exercer diferentes tipos de liderança e se cercaram de pessoas competentes para alcançar o sucesso.

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