Liderança autocrática: definição, características e exemplos
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Liderança autocrática: definição, características e exemplos

Liderança autocrática: definição, características e exemplos

Por:
Iara Rodrigues
Publicado em:
29/4/2022

O que Bill Gates, Abraham Lincoln, Napoleão Bonaparte e a Rainha Elizabeth I têm em comum? Além de líderes que marcaram a história mundial, todos eles se assemelham na maneira de liderar os seus impérios: todos são exemplos de uma liderança autocrática.

Assim como no decorrer da história da humanidade, no mundo corporativo, a liderança também é assunto de extrema importância e está sempre em discussão, já que liderar não é simplesmente estar à frente de uma equipe. O significado de o que é liderança vai muito além.

Apesar do dicionário online Dicio definir a palavra “liderar” como “dirigir como um líder”, “chefiar” e seus sinônimos serem “orientar, conduzir e nortear”, a real definição de liderança ultrapassa esses conceitos. Nesse sentido, vale a pena destacar os líderes de negócios que mais se destacaram no ano de 2021:

(Na imagem: melhores CEOs do mundo em 2021)
(Crédito: Statista)

Em linhas gerais, a liderança nada mais é do que a arte de comandar pessoas. Ela pode surgir de maneira natural ou ser um comportamento aprendido, exercitado e aperfeiçoado. Em qualquer um dos casos, cada líder tem a sua própria estratégia que conduz a diferentes tipos de liderança como, por exemplo, a liderança autocrática.

Independente da condução escolhida, um líder deve ter a capacidade de administrar pessoas e equipes, com diferentes personalidades, caminhando juntas em prol de um objetivo comum. Na liderança autocrática, isso não é diferente.

Mas afinal de contas, qual a definição de liderança autocrática? Como ela funciona e quais os seus exemplos mais conhecidos? Quais são as suas vantagens e desvantagens?

O que é liderança autocrática?

A liderança autocrática, também conhecida como liderança autoritária, é aquela que centraliza o poder de decisão. O objetivo é que, mesmo adotando uma postura mais controladora, as decisões possam otimizar os resultados coletivos.

Nesse tipo de liderança, o líder pode ser também um guia, que mesmo agindo de forma centralizadora, tem a intenção de orientar as políticas organizacionais, evitar erros, preservar o uso do tempo, conduzir o fluxo operacional, educar os novos colaboradores, dentre outros.

Um líder autocrático adota posturas bem definidas com clareza na condução das regras, esclarecendo dúvidas e questões, solucionando problemas e demonstrando a eficiência de suas atividades.

Dito isso, não se engane ao pensar que a liderança autocrática se resume a somente concentrar o poder nas mãos de um líder, de maneira dogmática, inflexível e absoluta. Existem motivos para ela existir e ainda ser amplamente difundida no meio empresarial. Vejamos:

Centralização

Na liderança autocrática, há uma estrutura na qual o líder está claramente no centro, detendo a maior parte, se não todo, o controle sobre a distribuição de carga de trabalho e responsabilidades, em formato vertical, top-down.

Hierarquia

Nessa estrutura organizacional bastante verticalizada, os colaboradores estão abaixo do líder e basicamente obedecem às suas ordens. Contudo, em alguns casos, pode haver espaço para o diálogo e questionamentos, porém a decisão final é sempre tomada por quem ocupa o posto de liderança.

Autoritarismo

O fato é que, nesse tipo de liderança, os colaboradores têm pouco espaço para expressar suas opiniões e pouco participam das tomadas de decisão, precisando seguir sempre as orientações que lhes são impostas, sem muitos questionamentos.

Obediência

O líder autocrático espera que seus liderados cumpram suas ordens e atividades pré-definidas, pois, por serem autoridade perante a sua equipe, ele se torna o centro e seus pedidos são a ordem que mantêm a hierarquia.

Supervisão

Os liderados estão sempre sob observação e supervisão do líder, o qual acompanha e confere se suas atividades estão sendo feitas como solicitado, com o intuito de manter o ambiente controlado e menos propenso a erros e falhas.

Falta de comunicação

Aqui, a comunicação é reduzida e, pelo fato do líder autocrático ter tudo centralizado em si, na maioria das vezes, ele não dispõe de muito tempo para estabelecer uma contato direto com seus colaboradores.

Pouco trabalho em equipe

Como tudo é repassado aos subordinados para que seja executado, há pouco espaço para o trabalho em equipe dentro da liderança autocrática, deixando a colaboração pouco estimulada.

Ambiente de trabalho mais rígido

O ambiente de trabalho é mais rígido e controlador e, normalmente, existem mais regras a serem seguidas. Nesse ponto, sair do que foi planejado e tomar uma iniciativa por conta própria, pode não ser visto com bons olhos.

Ao se observar os traços que permeiam uma liderança autocrática, é possível perceber que esse líder cria uma sólida estrutura dentro da instituição, com papéis bem definidos e clareza de direção aos seus liderados. Apesar de muitas vezes essas características soarem negativas, é possível obter diversas vantagens competitivas através da visão central exercida por esse tipo de gestão.

Vantagens da liderança autocrática

Enquanto outros estilos de liderança, muitas vezes podem causar atrasos na tomada de decisões, os líderes autocráticos podem reagir e agir no timing certo. Portanto, decisões e projetos sensíveis ao tempo podem precisar de uma mão forte e decisiva para conduzir os processos, sem, é claro, desestimular os outros personagens envolvidos no projeto. Entre as principais vantagens desse tipo de liderança, podemos citar:

  • Agilidade para tomar decisões, visto que não é preciso consultar outras pessoas antes de seguir com a decisão;
  • Menos estresse, por não haver falta de controle das etapas do processo;
  • Influência positiva na produtividade dos colaboradores pelo fato de estar sempre presente;
  • Menos burocracia, já que tudo fica centralizado nas mãos do líder;
  • Liderança decisiva, funcionando bem em ambientes onde é necessário uma rápida liderança;
  • Gestão de crise eficiente ao enfrentar necessidades urgentes;
  • Definição clara das expectativas, com comandos claros a serem seguidos;
  • Facilidade de adaptação para novos colaboradores, pois seus papéis são bem definidos.

No entanto, apesar das vantagens oferecidas pela liderança autocrática, esse sistema pode trazer algumas desvantagens que podem afetar, diretamente, o ambiente de trabalho.

Desvantagens da liderança autocrática

Às vezes, líderes autocráticos podem levar seus funcionários a novos patamares e inspirar uma organização a atingir metas ambiciosas. Às vezes, no entanto, pode "matar" o desenvolvimento de novas ideias e produzir um alto índice de turnover. Alguns pontos de atenção a se observar ao utilizar esse modelo de liderança:

  • Cuidado com ressentimentos por parte da equipe, devido ao autoritarismo;
  • Falta de motivação, levando a uma alta rotatividade de colaboradores;
  • Ambiente desagradável de trabalho, já que os colaboradores são raramente ouvidos;
  • Cansaço a longo prazo por parte do líder, por estar tudo centralizado em suas mãos;
  • Caos sem o líder, pois na sua ausência colaboradores ficam perdidos e sem rumo;
  • Menos criatividade para realizar projetos, já que em nenhum momento ela é estimulada;
  • Desvalorização da equipe, por não terem voz nem vez;
  • Criação de conflitos, pois o emocional dos colaboradores pode ser afetado;
  • Inflexibilidade, já que só o líder pode ditar as regras.

Assim, é possível observar que, sem uma estratégia bem definida, essa liderança pode se tornar algo bem negativo. Para esse tipo de líder, ser um bom gestor significa saber quando usá-la e quando adotar uma abordagem diferente.

Exemplos de lideranças autocráticas

A liderança autocrática, mesmo contendo características mais imperativas e inflexíveis, pode ser desenvolvida de maneira eficiente em determinadas situações. Vários líderes, a sua maneira, conquistaram sucessos estrondosos por meio dela, como podemos ver através dos exemplos citados abaixo:

  • Margareth Thatcher: primeira-ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990;
  • Abraham Lincoln: presidente dos Estados Unidos de 1861 até seu assassinato, em 1865;
  • Bill Gates: fundador da Microsoft que utilizou uma mistura de lideranças autocrática e participativa;
  • Napoleão Bonaparte: líder militar da revolução francesa e imperador francês de 1804 a 1815;
  • Elizabeth I: rainha do Reino Unido entr 1533 e 1603 e
  • Steve Jobs: fundador da Apple que exercia a autocracia em alguns momentos ao não saber se relacionar muito bem com as pessoas.
(Na imagem: Steve Jobs e Bill Gates)
(Crédito: National Geographic)

Como visto, apesar da liderança autocrática está associada ao autoritarismo, ela não se caracteriza apenas por estar ligada ao poder. Há diversas outras peculiaridades que fazem parte desse sistema e que, de maneira firme e objetiva, levaram esses líderes ao hall da fama.

Mas, então, a liderança autocrática funciona?

Apesar da liderança autocrática deixar pouco espaço para soluções criativas e contribuições dos colaboradores, ela pode ser um tipo de liderança eficaz em organizações que exijam ação decisiva e que lidem com funções menos qualificadas para manter o padrão de produção.

No entanto, o líder precisa ter cuidado para não ser arrogante e, assim, poder minimizar os efeitos dos aspectos negativos desse tipo de liderança.

Não obstante, importante ressaltar que seria ingenuidade acreditar em uma “uma maneira certa” de liderar. Na verdade, o que existem são possibilidades que devem estar alinhadas aos hábitos, objetivos e competências do seu negócio em uma realidade que permanece em constante mudança.

Há, também, líderes mais democráticos e libertários, que fomentam a liderança não só do líder, mas também de seus liderados, porém, antes de avaliar qual tipo de liderança adotar, é necessário entender os prós e contras de cada uma, suas características e objetivos a curto, médio e longo prazo, para ter à sua disposição sempre um repertório diversificado de atuação.

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