Cultura híbrida: O que é e como aplicar
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Cultura híbrida: O que é e como aplicar

Cultura híbrida: O que é e como aplicar

Por:
G4 Educação
Publicado em:
3/5/2022

O que as maiores culturas híbridas fazem de diferente em sua cultura organizacional e no dia a dia?

Ao estimular práticas mais conciliadoras entre a vida pessoal e a profissional, as culturas híbridas tendem a se estabelecer cada vez mais em muitas empresas. Contudo, será preciso readequar alguns hábitos, construindo uma cultura organizacional alinhada com as novas necessidades.

O report anual da Microsoft, chamado Work Trend Index começa simples e direto: o trabalho híbrido está aqui para ficar. Embora possa parecer categórico, o insight é resultado de uma série de indícios consistentes que revelam acima de tudo, a mudança de um paradigma, e reitera: estamos prontos? 

Embora muita coisa tenha mudado, saímos desse momento com uma certeza: o phygital já é realidade e encontrou bastante relevância no trabalho. Seja pela sua flexibilidade, conforto ou até por eliminar o tempo de deslocamento, o trabalho híbrido tornou-se uma preferência comum entre os funcionários e pode ser um fator determinante na hora da contratação. 

O que é uma cultura híbrida?

“O futuro do trabalho será fluído, dinâmico e baseado em nuvem. Os líderes empresariais precisam encontrar maneiras de promover a confiança, construir capital social e cultural e garantir que todos estejam conectados.”

Jared Spataro - CVP na Microsoft 365

Mesmo que esse modelo consista em uma abordagem simples, não é exatamente fácil. Isso porque estabelecer uma cultura híbrida não se limita somente a escolher os dias que serão remotos ou não.

De maneira geral, esse modelo consiste em garantir maior flexibilidade para trabalhar de diferentes lugares/horários. A partir dessa característica geral, algumas empresas podem optar por escolher dias fixos ou manter o funcionário com mais autonomia para decidir. 

Para obter sucesso, as organizações precisam entender o quanto antes o conceito que permeia trabalhar nesse modelo, e como sua construção influencia as atividades, as relações e a cultura da organização.

Para obter êxito, algumas boas práticas podem te ajudar a manter o trabalho híbrido consistente entre os colaboradores no dia a dia, prezando pela qualidade e boa comunicação.

Jared Spataro, CVP na Microsoft 365
(Na imagem: Jared Spataro, CVP na Microsoft 365)
(Créditos: evento virtual  Ignite 2021, Microsoft)

“Antes da pandemia, encorajamos as pessoas a 'trazer todo o seu ser para o trabalho', mas era difícil realmente capacitá-las para fazer isso. A vulnerabilidade compartilhada desta época nos deu uma grande oportunidade de trazer autenticidade real à cultura da empresa e transformar o trabalho para melhor.”

Jared Spataro, CVP na Microsoft 365 

Uma pesquisa da Great Place to Work apontou que para 66% dos respondentes, a mescla entre trabalho remoto e presencial será mais adotada , reforçando a cultura híbrida no Brasil. Globalmente, a tendência também mantém-se forte. Em um estudo sobre o Futuro do Trabalho da Accenture, 83% preferem um modelo de trabalho híbrido ou até remoto em tempo integral. 

Embora pareça uma idealização mais futurista, esse modelo é mais mais palpável do que podemos imaginar.

58% já estavam trabalhando dessa maneira durante o COVID-19 e apresentaram menos burnout que aqueles que trabalhavam totalmente remoto, por exemplo. O burnout, muitas vezes ocasionado pela exaustão intensa, é um ponto relevante para a discussão atual.

Para além dos pontos práticos que abarcam mais comodidade, a mentalidade vem mudando e impacta diretamente a procura por um trabalho híbrido.

Se antes trabalhar sem muita ponderação era a norma, hoje, há uma preocupação crescente e consistente por alinhar trabalho a aspectos pessoais, como mais tempo com a família, maior saúde mental e aumento do bem-estar, como aponta o gráfico da Accenture:

gráfico com as principais preferências para o trabalho remoto
(Na imagem: gráfico com as principais preferências para o trabalho remoto)
(Créditos: Accenture, Future of Work Study 2021)

Quando invertemos a questão, ou seja, quais seriam os principais motivos para trabalhar in loco, há maior destaque para tecnologia, que corresponde há um espaço adequado para o trabalho fora do escritório, e também, os colegas, o que equivale aos vínculos feitos presencialmente:

gráfico com as principais preferências para o trabalho remoto
(Na imagem: gráfico com os principais preferências para o trabalho remoto)
(Créditos: Accenture, Future of Work Study 2021)

Sendo a favor ou tendo algumas ressalvas, o trabalho híbrido é uma demanda real e emergente. 

As empresas devem assumir um papel assertivo e no timing correto, focando em formular uma cultura organizacional alinhada aos novos tempos, e que atenda às características específicas que surgem com um trabalho realizado dentro e fora do escritório.

Pilares para uma cultura híbrida

De maneira geral, uma cultura híbrida deve ser construída com base em uma cultura organizacional que funcione e que seja coerente. Isso engloba:

  • Funcionários alinhados com o propósito e os objetivos de negócio
  • Comunicação eficiente e transparente
  • Tecnologia que impulsiona o desenvolvimento de soluções viáveis
  • Processos que funcionem no cotidiano

Levando em consideração esses pilares fundamentais, é possível manter todos alinhados e facilitar o engajamento nessa nova conjuntura.

Quais são as boas práticas de cultura organizacional para o trabalho híbrido?

Em qualquer empresa, independente do modelo de trabalho estabelecido, é importante que haja um alinhamento de cultura, capaz de guiar os colaboradores através de objetivos em comum, contribuindo para um maior senso de pertencimento e aumentando a retenção de talentos.

Sendo assim, para que uma cultura híbrida funcione os funcionários devem ser tratados dentro dos mesmos parâmetros: com acesso às mesmas informações, ferramentas e oportunidades, estando presentes ou não. 

Além disso, é preciso estar atento: as práticas do escritório não devem ser simplesmente copiadas para o remoto. A tendência é que não funcionem e se funcionarem, será por um breve período de tempo. Ou seja, para construir uma cultura híbrida, o ideal é focar única e exclusivamente nela.

#1 - Disponibilize ferramentas 

Trabalhar em casa ou em um café local pode ter suas vantagens e encantos, porém, ao optar por um modelo híbrido, a empresa precisa disponibilizar ferramentas que facilitem o dia a dia, proporcionando assim, mais engajamento e produtividade.

Neste ponto, não estamos nos referindo somente a notebooks e vale internet, mas sim, uma experiência agradável que abarque softwares, ambiente e até iniciativas que estimulem um vínculo maior entre os colaboradores.

Pensando nisso, a empresa pode disponibilizar mesas e cadeiras que deixem os dias de home office mais agradáveis e ergonomicamente mais saudáveis.

O Google Drive pode facilitar a colaboração entre os times, mas se quiser ir além, possibilitar que os funcionários utilizem um coworking como um tipo de benefício, pode ser uma boa iniciativa para ajudar a manter e fortalecer o vínculo.

#2 - Crie o hábito de documentar

Ao decidir implementar uma cultura híbrida já existe uma vantagem: sua empresa pode se planejar para tal. Uma vez que a distância será ocasional e recorrente, a documentação será o seu maior aliado para manter todos  informados e cientes do que está acontecendo.

Por exemplo, manter uma comunicação por Slack (evitando outros canais), ajuda a centralizar a informação.

Além disso, é possível criar pastas abertas e compartilhadas com toda a equipe sobre processos, metas e o que está em andamento em cada área, auxiliando em uma gestão do conhecimento. 

Além de possuir fins comprobatórios, ao documentar cria-se um histórico útil e relevante que pode auxiliar em decisões futuras. 

#3 - Estabeleça limites 

Um dos principais desafios do trabalho remoto é estabelecer limites. Quando estamos ou não disponíveis? 

Diferente do trabalho presencial, em que o horário de chegada e saída são mais delimitados, quando não estamos no escritório, essa linha pode ficar mais nebulosa e sobrecarregar os funcionários. 

Para diminuir impactos negativos e ruídos de comunicação, tente estabelecer diretrizes de tempo para responder e-mails, mensagens diretas, reuniões, além de um horário de trabalho claro. Por exemplo, e-mails devem ser respondidos até o dia seguinte, mensagens diretas no mesmo dia e todas as reuniões devem ser acompanhadas.

Desse modo, além de diminuir a ansiedade, é mais fácil estruturar uma comunicação eficaz.

Diante desse novo cenário, uma reestruturação formal das diretrizes de trabalho é necessário, trazendo segurança e bem-estar não somente para os funcionários mas para as próprias empresas, que garantem mais satisfação além de regulamentação.

#4 - Mantenha a comunicação alinhada 

Uma das principais maneiras de manter a comunicação alinhada, é construir o hábito de colaborar. Fomentar o compartilhamento de informações pode ser uma maneira simples e assertiva de manter os colaboradores não apenas informados, mas também impulsioná-los a compartilhar informações.

Ainda mais para quem estiver à distância, já que o trabalho 100% remoto aumenta o silos dentro da organização.

Quando conversas mais espontâneas não são mais possíveis, desenvolver o hábito de mantê-las por escrito, é ainda mais importante, garantindo que esteja de fácil acesso e acima de tudo, clara e documentada.

#5 - Incorpore soluções digitais

Reuniões assíncronas estão cada vez mais comuns, e isso se dá ao fato de que com o trabalho descolado do ambiente presencial, podemos lidar com a distância e até, com fuso-horários.

Incorporar soluções digitais no dia a dia pode ser uma maneira de se comunicar apropriadamente, facilitando processos e gerando soluções. 

Reuniões podem ser gravadas, transcritas e compartilhadas com todos. Documentos podem ser disponibilizados via Google Drive, facilitando observações e comentários sobre algum tema importante ou urgente. 

Culturas híbridas: uma nova realidade

Embora, por enquanto, não alcance todos os setores, o que estamos acompanhando é uma mudança estrutural no local de trabalho, e é inegável o impacto que uma mudança dessa magnitude possui. Não só no trabalho em si, mas na economia, na tecnologia, nos hábitos, nas relações.

Em um momento em que 40% da força de trabalho global está considerando deixar seus trabalhos, utilizar o modelo como uma abordagem estratégica visando a retenção de talentos pode ser útil e ainda, ajudar a se diferenciar no mercado. 

De maneira geral, essa abordagem parece ser o meio termo ideal tanto para funcionários quanto para empresas. Enquanto os colaboradores obtêm mais flexibilidade, às organizações, por sua vez, parecem se adaptar melhor quando são apenas alguns dias e não uma jornada 100% remota.

Diante desse contexto, toda liderança deve entender o que são culturas híbridas e como elas já fazem (e farão) parte do futuro do trabalho.

O que as maiores culturas híbridas fazem de diferente em sua cultura organizacional e no dia a dia
(Na imagem: Satya Nadella, CEO da Microsoft)(Créditos: Claudio Belli)

“Ao longo do último ano (2020), nenhuma área passou por uma transformação mais rápida do que a forma como trabalhamos. As expectativas dos funcionários estão mudando e precisaremos definir a produtividade de forma muito mais ampla - inclusive de colaboração, aprendizado e bem-estar para impulsionar o avanço na carreira de todos.Tudo isso precisa ser feito com flexibilidade.” 

Satya Nadella - CEO da Microsoft

Em suma, para desenvolver uma cultura híbrida que funcione é preciso estendê-la para além do escritório. Como? Integrando soluções digitais, alinhando a comunicação e estabelecendo o hábito de documentar.

Esses são alguns dos primeiros passos para começar a desenhar uma cultura híbrida que funcione no dia a dia, e principalmente, de qualquer lugar.

Apesar do poder de decisão dos funcionários mostrar-se relevante no retorno ao trabalho, as empresas possuem um papel central nessa reestruturação, e precisam lidar com essa mudança de maneira sábia e cuidadosa, para que apesar de eventuais adaptações, suas culturas mantenham-se sólidas e fiéis a si mesmas.

É normal que o caminho pelo qual as coisas são feitas mude, de acordo com o tempo, as tecnologias disponíveis e até influenciadas por diferentes lideranças. Contudo, a cultura organizacional deve manter-se perene independente das transformações, afinal, a mesma determina o que é imutável: valores, crenças e propósito. 

Um bom exemplo é a Patagonia, que desde sua fundação preza pela construção de uma cultura que visa equilibrar vida pessoal e profissional, além de uma preocupação latente com a sustentabilidade. Todas as suas iniciativas de um jeito ou de outro, dialogam com essa abordagem, tornando-se referência em cultura organizacional.

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